Esperei por Rose na praça de alimentação por cerca de 15 minutos até ela aparecer. Usava um vestido amarelo que fazia-a parecer tão brilhante quanto o sol. 

Nos cumprimentamos e ela logo tratou de enganchar seu braço no meu e me arrastar para a primeira loja. 

Observei a vitrine e as roupas caras expostas nela, me sentindo um tanto quanto intimidada. Até pouco tempo atrás eu mal tinha roupas, agora estava fazendo compras com minha amiga. Meu estômago deu uma cambalhota. Eu mal tinha uma amiga! Poe e Finn eram os únicos que me aguentavam. Até agora. 

De repente, a ideia de que esse era um novo capítulo de minha vida, onde tudo era possível, me inundou e alegrou a ponto de ser eu a puxar Rose e adentrar a loja. Eu podia ouvir o riso ecoando e se misturando ao dela e me senti feliz. Verdadeiramente feliz. Não por estar fazendo compras, apenas, mas por ter possibilidades. Por saber que não era um beco sem saída e toda uma vida se estendia a minha frente. 

Puxei um vestido verde da arara de roupas e mostrei à Rose. 

—O que acha deste? - Perguntei. 

Era um modelo verde claro, sem alças e levemente rodado. Parecia bonito no cabide, mas Rose entortou a boca. 

—Não acho que verde seja a minha cor. Mas você devia experimentar! 

Rose parecia estar muito habituada a fazer compras, tinha muita destreza em selecionar os vestidos que acreditava que lhe cairiam melhor. Ela falava sobe cores que combinam com o tom da pele, cortes que acentuam e volumes ilusórios. Eu ouvia tudo e não entendia nada. Eu achava que precisava apenas gostar da roupa para comprá-la... 

—Rey, imagem é uma coisa muito importante no nosso mundo! E influencia mais do que você imagina! Acha que estaríamos sendo tão bem tratadas se você não estivesse vestindo Chanel? 

Observei o pequeno símbolo na minha roupa. Parecia tão pequeno. Não era possível que tivesse peso sobre como os outros me tratavam. 

—Claro que o fato de você andar com seguranças também ajuda – sussurrou ela, apontando discretamente com o queixo para o homem que estava nos observando. 

—Eu sinto muito por isso... Com toda a empolgação acabei esquecendo de contar! 

Enganchei meu braço ao de Rose novamente e saí da loja, sendo seguida pelo segurança que Phasma havia designado para me acompanhar desta vez. O homem era tão quieto que eu quase esqueci que ele estava ali. 

Tratei de contar a minha amiga sobre minha incrível aventura do dia anterior, tendo de aguentar seu riso escancarado e piadas sobre achar estar sendo perseguida. 

—Não acredito que entrou no carro de um estranho! - Exclamou ela, um pouco mais alto. - Isso sim é perigoso, Rey! E usando apenas um biquini! Tem ideia do risco que correu? 

Observei aquela cena com mais alegria do que devia. Para alguém que não tinha família, era estranhamente prazeroso ver alguém se preocupando comigo. 

Passei a olhar o meu entorno, tentando esconder o fato de que estava feliz – feliz demais – com a preocupação dela. 

—Que tal tomarmos um sorvete antes de continuar a caça pelo vestido perfeito? 

Rose acabou por concordar e nos encaminhamos para a fila. Compramos três sorvetes e a cara do segurança foi impagável quando eu lhe estendi a casquinha que tinha comprado para ele. Parecia não saber o que fazer com o sorvete. 

—Se você não pegar ele vai acabar derretendo – disse eu, lhe estendendo o sorvete novamente. 

Ainda meio em choque ele pegou, e Rose e eu voltamos a andar. 

Precisamos terminar nossos sorvetes antes de voltar a nossa árdua busca. 

Quando voltamos a entrar em uma loja, encontramos um Bulldog em uma das araras.  

—Hey, carinha – chamei, estendendo meu braço para o bichinho que não parecia nem um pouco incomodado em estar no meio das roupas. - Como você veio parar aqui?  

Lentamente, ele saiu de baixo da pilha de roupas e veio cheirar minha mão. Não demorou muito até eu me sentar no chão e brincar com o cachorro gorducho. 

—Bb-8! BB8, onde está você? - chamou a voz de uma mulher, mas ela aina não estava em nosso campo de visão. 

—Você acha que BB8 é o cachorro? - perguntou Rose. 

—Eu espero que sim, seria um nome estranho para um filho – disse, me levantando e indo em direção a voz que continuava a chamar por BB8. 

Uma mulher de cabelos escuros que começaram a ficar grisalhos estava a poucos passos de nós, parecia aflita a procurar algo... 

—Com licença – a chamei. - Por acaso, BB8 é essa gracinha? 

Continuei a esfregar a cabeça do bichinho que parecia ter gostado bastante do meu colo. 

A mulher a minha frente me observou com atenção. Tive a sensação de já tê-la visto em algum lugar, mas não achei que fosse verdade, talvez estivesse apenas a confundindo com alguém. 

Um sorriso entortou sua boca e ela disse: 

—Ontem você salvou o meu marido, hoje o meu cachorro... O próximo seria o meu filho? 

Entortei a cabeça pensando no que ela havia dito. Então eu realmente a conhecia! 

—Ora criança, nos vimos ontem no Hilton Hotel – disse ela, pegando o cachorro de meus braços. - Você estava na livraria quando nos esbarramos. 

—Oh! Eu sabia que seu rosto era familiar! Sinto muito por não reconhecê-la de imediato 

—Está tudo bem, para ser sincera, só lembrei de seu rosto, não de seu nome... Como se chama, querida? 

—Eu sou Rey – disse estendendo minha mão para ela. - Rey Palpatine. 

Vi uma sombra tomar conta de seu rosto enquanto ela pegava a minha mão. 

—Eu sou Leia Organa Solo, sou uma velha conhecida do seu avô. 

Observei a forma como a boca da Senhora Solo se entortou ao pronunciar aquelas palavras. Aquilo não podia ser um bom sinal. 

—Eu sou Rose Tico, senhora Senadora – disse minha amiga. - É um prazer conhecê-la.