— Meus pés estão me matando – Harry resmungou pelos corredores seguido dos amigos. Ron estava ao seu lado reclamando de cansaço também e Hermione e Draco seguiam silenciosamente. Já Luna e Gina estavam imersas em uma discussão acalorada cujo assunto ninguém entendia, mas elas pareciam felizes e entretidas, então não falaram nada.

— Não vejo a hora de ver meu travesseiro – Ron concordou.

— Eu não aguento mais ver grifinórios – Draco brincou – Vou comemorar quando ver as cores da minha casa mais uma vez.

— E quem prefere aquele verde e prata sem graça quando se tem vermelho e dourado? - Hermione provocou batendo o corpo suavemente no dele. Enquanto se afastava rindo, Malfoy segurou sua mão com delicadeza, fazendo seu coração pular do peito tantas vezes que a garota achou que o órgão fosse correr pela sua boca.

— Não é por preferir – Riu enlaçando seus dedos pálidos nos da garota – É pela familiaridade.

— Você tem um ponto – Harry ponderou – Mas só por isso, porque vermelho é muito mais bonito que verde.

— Gosto é algo muito pessoal – Luna comentou entrando na conversa – Eu prefiro o azul.

— Não vale, é a cor da sua casa – Gina falou com as mãos na cintura.

— Essas crianças – O grupo parou surpreso, buscando a voz rouca que resmungava, até que encontraram o dono: uma pintura com expressão enfezada encarando eles quando passaram – No meu tempo não tinha essa palhaçada de baile, de ficar até tarde caminhando pelos corredores…

Os seis explodiram em uma gargalhada, se divertindo com os xingamentos.

— É impressão minha ou eles estão cada vez mais rabugentos? - Hermione indagou limpando as lágrimas dos olhos.

— Acho que é raiva de nós porque podemos dançar – Harry constatou.

— Eu sinto pena deles – Luna deu de ombros – Eu acho que também ficaria amargurada.

— Você nunca ficaria amargurada – Gina sussurrou sentindo as bochechas vermelhas.

— Eu concordo com a Luna – Ron refletiu – Deve ser bem… revoltante.

— Mas essa é a vida deles – Harry apontou – Eles só conhecem isso.

— Mas mesmo quando você conhece só uma coisa, você sente vontade de conhecer mais – Draco comentou engolindo sua covardia – Eu só conhecia a forma rude como minha família tratava os outros, mas descobri que não precisava ser assim e quis mudar.

O clima ficou tenso, pois, mesmo que Draco estivesse iniciando uma amizade com eles, falar sobre a família do sonserino ainda era um território inexplorado.

— É sério isso? - Ron riu interrompendo o silêncio – Essa hora da madrugada e a gente tá problematizando os quadros?

— Parece que sim – Hermione riu junto e logo todos estavam à vontade mais uma vez.

— Eu vou indo, pessoal – Luna acenou se afastando do grupo – Meu dormitório é pra lá.

— Eu vou com você – Gina se apressou em dizer, seguindo a corvina – Até depois pessoal.

— Se cuida – Ron advertiu enquanto as duas se afastavam rapidamente pelos corredores escuros.

— Se cuida? - Hermione ralhou – Ela não é um bebê, Ronald.

— Elas crescem tão rápido – Resmungou.

— E se apaixonam mais rápido ainda – Harry provocou.

— Seu idiota. Se você não tivesse convidado a Luna…

— Daí o Harry não teria par – Hermione deu um tapinha na cabeleira ruiva – E sua irmã teria ficado afim dela outro dia.

— Droga de paixões adolescentes – Cruzou os braços.

— Você só fala isso porque não gosta de ninguém – Harry comentou.

— Você também não – Retorquiu. Draco apenas observava os três rindo e se provocando, sentindo o calor que irradiava da mão de Hermione.

— Quem disse? Eu gosto sim, a pessoa que não gosta de mim.

— Hummmmmmmm – Hermione cutucou as costelas de Ron – Está vendo?

— E quem é? - Ron perguntou confuso.

— Ora, Ron – Herimone riu – Você é cego?

— Não sou – Resmungou.

— Então é só um bobo – Provocou mais uma vez.

— Não sou! Me fala, Harry – Implorou chegando ao dormitório.

— Amanhã a gente retoma essa conversa – Riu envergonhado.

— Isso é injusto! – Ron reclamou mais uma vez.

— Salamandra dura – Harry sussurrou para a pintura da mulher gorda, que deu passagem com um bocejo. Ron entrou perdido em pensamentos e Potter, antes de sumir dentro da sala comunal, virou para Hermione.

— Você vem?

— Daqui a pouco.

Com um dar de ombros, os garotos desapareceram e o quadro fechou a passagem.

— Obrigada por hoje – Draco sorriu percebendo o quanto eles estavam próximos. A mão da garota continuava atada à sua e ele quase conseguia ver o calor subindo dos dedos para o peito.

— Eu que agradeço, me diverti muito. Nem sabia que você era um dançarino tão bom.

Com um riso sem graça, Malfoy afastou os cabelos loiros do rosto.

— Você está linda demais, Hermione. Não que nos outros dias também não esteja – Gaguejou começando a se sentir um idiota – Mas hoje…

— Não precisa se explicar – Riu da confusão dele.

— Hoje você brilhou mais que qualquer estrela no céu.

Hermione engoliu em seco, sentindo o corpo inteiro implorar por mais proximidade de Draco. Para sua sorte, o garoto parecia ouvir os apelos de sua pele e deu um passo a frente, prensando a garota na parede fria do castelo e deixando um espaço pequeno entre seus corpos.

Os lábios da grifinória tremiam suavemente quando Malfoy engoliu o espaço que ainda permanecia entre eles com um passo. Suas vestes pretas de festa tocavam o vestido azul de Hermione, se misturando com os babados e rendas em um choque de tons.

Hermione pegava fogo por inteiro, metade dela ainda relutava em aceitar o quanto estava atraída por aquele sonserino metido e a outra metade implorava para todos os deuses trouxas, existentes ou não, para que ele a tocasse e não parasse nunca mais.

Com delicadeza, Draco soltou a mão dela, levando os dedos até o rosto perfeito e corado da garota, tocando sua bochecha com uma carícia leve e se arrastando até o pescoço dela, deixando a mão parada. Com o dedão seguiu sua caricia pela face, tocando seus lábios macios.

Um suspiro rompeu da boca da grifinória, que não o conteve pela surpresa e leveza de Malfoy. Draco aproximou o rosto do dela, os olhos castanhos e azuis se encontraram pela primeira vez desde que adquiriram aquela proximidade.

Ouviram vozes se aproximando do corredor, o que despertou o casal de seus próprios pensamentos. Com a voz rouca e levemente trêmula, Draco sussurrou:

— Você precisa ir.

Ainda com a mão no pescoço de Hermione, o sonserino depositou um beijo no canto da boca dela, muito próximo para ser sem querer, mas muito nervoso para ser totalmente proposital, e se afastou, rompendo o calor que aquecia o peito da garota.

— Boa noite – Desejou caminhando para longe.

— Boa noite – Sussurrou sabendo que ele não a ouvia mais. Sua cabeça estava em turbilhão, repleta de sensações e sentimentos. Seu corpo tremia e o estômago estava cheio de borboletas, o que Draco Malfoy estava fazendo com ela?

— Hermione – Jorge cumprimentou.

— Você está linda – Fred completou.

— Obrigada – Sorriu amavelmente.

— Onde estão Harry e Ron? - Gina indagou se aproximando com os irmãos.

— Já entraram – Murmurou tentando se recompor.

— E o que você estava fazendo aqui? - Indagou maliciosamente, pois tinha visto Draco deixando o local pelo mesmo corredor que ela chegara.

— Deixou a Luna no dormitório? - Foi o que conseguiu formular sem esganar a mais nova.

— Sim – Gaguejou recebendo olhares dos gêmeos.

— Vamos entrar logo – Pediu torcendo para que não vissem a vermelhidão de seu rosto – Salamandra dura.