Sangue - Dramione escrita por Lívia Black


Capítulo 6
Capítulo 6. Surpresas noturnas.


Notas iniciais do capítulo

Dramionescos de plantão vão amar esse capítulo haha!



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Capítulo  6

—Vem por aqui, Malfoy. A estante que tem os livros sobre os artefatos mágicos.- Explicou Hermione para o loiro, enquanto percorriam um corredor cheio de prateleiras. Este, revirou os olhos. Hermione parecia muito empolgada enquanto percorria e fitava os livros, como se estivesse encantada. Já o loiro não via aquilo como nada diferente de um monte de páginas entediantes. A castanha apertou o anel na mão. – Aqui. Essa parte só tem livros sobre artefatos mágicos. Investigue esse livro aqui e veja se acha alguma coisa. –Ordenou Hermione com cara de mandona, toda intrigada com os livros, e entregando um na mão de Malfoy, que não parecia nada satisfeito.

—EI, sangue-ruim. Eu é que dou as ordens por aqui. Não vem querer dar uma de sabe-tudo mandona que não vai funcionar. – Alertou o loiro, abrindo o livro e soprando o pó que tinha na cara dela.

Hermione bufou.

—Idiota. – Sussurrou baixinho. Ele fingiu não ouvir.

A castanha folheava vários livros, no índice, percorrendo os olhos com atenção, para ver se achava alguma coisa. Mas ela não teve a tal da sorte. Draco conseguiu primeiro.

—Ei, Granger. Olha aqui. – Disse ele, percorrendo as páginas até chegar a 344, Hermione largou os outros livros prestando atenção apenas ao livro que o loiro envolvia com as mãos. Quase o tomando dele.

Ao chegar à página, havia uma foto do anel. Era o mesmo, e fazia movimentos em círculos.

—UAU...É ela mesmo. Aliança Gritherin. – Falou Hermione, comparando o anel à foto. Os olhos faiscando de emoção.

—É, tem um texto informativo aqui embaixo, Granger. – Suspirou Draco.

—ÓTIMO. Vamos lê-lo.

“A aliança Gritherin é um artefato mágico perdido a séculos no mundo da magia. Diz a versão mais famosa da lenda, que ela foi produzida secretamente por um bruxo poderoso de nome desconhecido, que ansiava que a paz prosperasse no mundo da magia. Todas as suas tentativas para esse feito foram inúteis, mas uma criação foi marcante, porque realmente teve um relativo sucesso. Conta-se que no princípio, a Aliança Gritherin, era apenas um objeto (anel) em que o bruxo, depois de décadas de estudo e análise transformou num artefato mágico. A função da aliança era, em cada 100 anos, escolher dois inimigos naturais e fazê-los conviver em harmonia, possuir uma aliança entre si, aprender a lidar um com o outro até que a rivalidade cessasse. Os inimigos que agiam juntos conseguiriam obter do artefato os mais inimagináveis poderes, e ilimitados, com o único pesar de trabalharem juntos. A aliança levou o nome de Gritherin, pois diz a lenda, que Gryffindor e Slytherin foram os primeiros escolhidos pela aliança. Possuíam certa rivalidade, mas se uniram e do artefato conseguiram muitas glórias. Não se sabe o rumo que a Aliança teve, porém ela consta como um dos artefatos mágicos mais procurados da História da Magia. E a cada geração, novos herdeiros inimigos são escolhidos.”

— Eu não consigo acreditar... – Não se conteve Draco em dizer, assim que seus olhos percorreram com interesse o texto.

—Por Merlin! Porque isto nos...Escolheu?

—Não sei sangue-ruim...Deve ser porque somos INIMIGOS...-Afirmou ele franzindo o cenho e acentuando a palavra. – E das casas de de Slytherin e ...Gryffindor...

A castanha mordeu o lábio inferior.

—Poderes...

—Eu e você...Escolhidos por um artefato mágico? E ainda por cima juntos? Depois daquela visão? O que isso significa? Que somos predestinados a algo? - O loiro franziu o cenho.

—Vem perguntar para mim! -Rebateu Hermione.

—Ainda não consigo acreditar...

—Nem eu! A primeira vez que eu sou escolhida por alguma coisa...E tem que ser com O IDIOTA DO LOIRO-AGUADO!– Exclamou revoltada.

—Olha aqui, sangue-ruim. É melhor você aprender a me respeitar...Porque se você quer os poderes dessa tal aliança aí, você tem que estar COMIGO...

—...E isso me dá repulsa!

—Sei. Não tem coisa mais satisfatória para você do que ficar ao meu lado...Uma sangue-imundo deveria se honrar pela minha companhia...

—Ah, claro. Fica aí esperando a minha honra. Só não esquece de sentar porque pode demorar um pouquinho...Cerca de toda a minha existência...! – Ironizou Hermione com um sorrisinho.

—Olha aqui, sangue-ruim...Você só fala isso porque ainda está mortinha de ciúmes de mim e da Weasley pobretona, e não consegue acreditar que eu gosto da ruiva...

Hermione chocou-se dele falar tão claramente de uma coisa que os dois evitavam verbalizar.

—Olha aqui você garoto. Pouco me interessa com quem você fica ou não fica, você é só um projeto de comensal inútil e imprestável. –Atacou destacando com ódio as palavras. -Até parece que eu teria ciúmes de você. E OUTRA, eu só continuo aqui por causa dessa droga de aliança.

—Eu vou ficar com a aliança! –Exclamou possessivo, para a indignação da garota.

—Nem pensar, eu que a encontrei!!

—Mas eu vou cuidar melhor dela sangue-ruim, passa para cá! – Afirmou ele praticamente arrancando da mão da castanha.

—EI!

—Perdeu, Granger. -Ele concedeu-lhe um sorriso maléfico.

—GAROTO TOSCO! Aiii...Como eu te odeio...Será que eu vou ser mandada para Azkaban se lançar uma AVADA em você agora mesmo!?

—Não sei, sangue-ruim. Mas eu cansei de olhar para a sua cara. Vou procurar mais alguma coisa sobre essa aliança, sozinho, no meu quarto de monitor-chefe.

—O meu nome também está aí garoto, então é bom você não sumir com isso ou..

—Fica tranquila, Granger. Nós vamos usufruir disso aqui... –Ele mostrou a aliança para ela, que desviou seus olhos castanhos para o objeto reluzente, e por uns instantes pensou em tomar o artefato da mão do loiro, mas ele já a guardava nos bolsos de sua calça. Depois de alguns segundos, Draco foi aproximando seu corpo do dela. O perfume que ele disseminava era perturbador, que ela não conseguiu evitar de fechar os olhos quando sentiu que ele se aproximava mais do que o normal. Mas ele apenas colocou seus lábios frios perto do ouvido dela, o que lhe provocou arrepios involuntários. – JUNTOS...- Afimou, acentuando dramaticamente a palavra, que na voz sarcástica dele ficava ainda mais extraordinária. Hermione pode sentir seu coração explodindo em 1000 batimentos cardíacos.

E depois ele se retirou em passos lentos, levando a aliança, e deixando uma garota confundida, sozinha, com um livro em mãos e os olhos fechados.

x-x

Draco estava no seu quarto, cheio de brasões, e troféus da Sonserina. Deitado despojadamente na cama de casal com edredons verdes e lençóis pratas. Tinha um livro de Artefatos Mágicos na mão, e ao lado na cômoda, uma caixinha com uma aliança reluzente, a qual ele adorava pressionar e ver seu nome se estampar.

“Hoje, com certeza, foi o dia mais estranho da minha vida. Primeiro aquela visão curiosa da velha...E depois esse negócio de aliança Gritherin...O que isso tudo quer dizer? Que eu e a sangue-ruim temos algum tipo de ligação? Até parece. Isso é impossível. Eu já me envolvi com ela, mas foi só porque ela estava gostosa com aquela transformação toda, e eu acabei me deixando levar. Mas ela é uma sangue-ruim idiota! Sem chances de eu infectar o meu futuro com ela, como naquela visão...Aliás, o que aquela visão queria dizer? Eu chorando pelo cadáver da sangue-ruim? Em primeiro lugar eu NÃO CHORO. Não choraria por ela. Será que aquilo realmente pode acontecer? Quer dizer...Vai estourar uma guerra aqui.Mas, é totalmente fora de cogitação eu me tornar um comensal da morte...Eu sei que ele vai me escolher, agora que ressurgiu das cinzas, afinal, eu estou infiltrado em Hogwarts, bem ao lado do velho que ele quer exterminar. Mas eu não vou virar um capenga inútil que se rasteja aos pés dele como o meu pai...! Eu não me rebaixaria a isso. Eu sou um Malfoy, puro-sangue. Não um sangue-ruim qualquer, que se subordina a alguma coisa. Além do mais agora existe esse negócio de aliança mágica. Se eu conseguir de verdade, os poderes ilimitados, mesmo que seja ao lado da sangue-ruim, eu posso me tornar um dos bruxos mais jovens e poderosos que já existiram! Eu só preciso daquela Granger, imunda e sabe-tudo para me ajudar, mas não será difícil...Eu posso seduzi-la, com a intensidade que ninguém jamais conseguiu.... Poderes...Eu já até posso enxergar o meu futuro...”

Refletiu, imaginando-se em manchetes de jornais, muito bonito, cheio de poderes novos e mais famoso do que Potter, com Granger ajoelhada a seus pés. Talvez ele estivesse exagerando, mas essa imagem era boa demais para ser alterada.

"E daí se eu preciso dela para conseguir tudo o que eu sempre desejei?"

x-x

Hermione caminhava lentamente atordoada rumando a seu quarto de monitora-chefe, que ficava no mesmo corredor que o de Draco. Ela estava confusa, sem saber como agir, ou o que pensar...

“Não sei mais no que acreditar. É possível que tudo isso seja real? Quer dizer, aquela visão pavorosa de mim mesma...Morta...E o...Malfoy - comensal chorando por mim? Não...Isso não vai acontecer. NÃO PODE ACONTECER! É impossível. E também tem esse negócio de aliança...Sei lá...Isso, talvez seja verdade, porque eu nunca me senti tão atraída a tocar um objeto...Além disso meu nome estava lá...E no livro também. Não pode ser tudo uma armação do idiota do loiro-aguado para me ridicularizar. Ele não poderia! Não...Aquilo não é coisa dele...Ai, droga, porque eu estou me sentindo tão aterrorizada por aquela visão?? Não, não, não. Se ocorrer uma guerra, NÓS é que vamos ganhar. Mas, espera. Eu iria ter que duelar com o Malfoy? Quer dizer, é o Malfoy, mas...Eu...Nossa, isso vai soar muito idiotice, mas...Não seria capaz de machucá-lo seriamente. É instintivo. Ai, mas que droga, droga, droga...”

Enquanto ela se perdia em pensamentos não havia percebido que o tempo passara muito rapidamente, e já estava anoitecendo. Adentrou o quarto, e com uma expressão cansativa se deitou na cama de edredons vermelhos.

Alguns minutos depois alguém bateu em sua porta.

—Entre. – Anunciou ela, aborrecida.

Era Harry, que empurrou a porta, e adentrou o quarto da castanha. O

olhar dele era reprovador.

—Hermione, você perdeu uma aula de Transfiguração! – Exclamou, frustrado.

—Jura? – Perguntou, em uma tentativa de ironia. – É, parece que sim. – Bufou.

O moreno a olhou nos olhos.

—O que a professora queria?

A garota vacilou.

—Bom, é que...O idiota do Malfoy estava me desconcentrando no meio da aula, e...Ela veio tirar as devidas satisfações.

—Hmmm...Isso ainda não explica o fato de você ficar andando com ele. – Acusou ele.

Ela estremeceu.

—O QUÊ? Ah, fala sério. Eu não ando com ele.

—Ahh, é mesmo? Não é o que diz o mapa do maroto.

Ela grunhiu, deitada na cama. Muito perturbada para se deixar irritar.

—Olha Harry, eu não quero ser grosseira, mas isso realmente não é da sua conta. – Disse ela em tom rude, evitando olhá-lo. Ele que ainda permanecia na porta do quarto.

—É claro que não é. Isso é do interesse do seu melhor amigo. Obviamente não sou eu. – Hermione revirou os olhos com a ironia.

Depois sentou-se na cama encarando e se sentindo um pouco culpada.

—Eu só acho que certos assuntos não deveriam ser debatidos.

O moreno desistiu da hostilidade.

—Mione, você sabe que não é legal que ande com o Malfoy, ele é um cafajeste, inútil, idiota...

—NÃO HÁ PESSOA NESSE MUNDO que saiba disso melhor do que eu Harry. Não se preocupe, são só alguns assuntos particulares. – Explicou ela, satisfeita com a resposta, em seguida se deitando novamente na cama.

—Você está bem?

—É claro que sim.

—Tem certeza?

—Óbvio, porque não estaria?

—Você está estranha hoje.

—Só estou cansada.

Silêncio.

—Ok, então vou deixar você descansar.

—Obrigada. E viu, não se preocupe, Harry. Confie em mim. –Confiar. Parecia fácil dito dessa forma.

—Está bem.

Ele fechou a porta com cuidado, e saiu do quarto.

No que restou do dia Harry ficou observando o mapa do maroto, apenas para se certificar, de que...Bom, talvez apenas porque estava com ciúmes. Quando era, mais ou menos, umas onze horas da noite, ele achou que não tinha mais nada de interessante para observar naquele mapa, todos estavam em suas camas, praticamente, só que justamente no segundo que ia guardar o mapa viu um pontinho se mover cautelosamente, rumo a porta do próprio quarto. Quarto que era tão próximo do de Hermione. Com as sobrancelhas franzidas começou a observar, sua saída do quarto, e que o pontinho... “Draco Malfoy”, também se movia em direção ao lugar que ele mais temia que ele fosse.

x-x

Hermione terminara de pentear seus cabelos. O feitiço de alisamento já estava passado, e ela não queria perder seu tempo tentando aplicá-lo da melhor forma. Já era tecnicamente tarde, então, prendeu parte dele com uma presilha, ficando até mais bonita que o normal. Depois de seu demorado banho, ela vestiu o pijama. Um short de cetim, vinho, e blusa de alcinha da mesma textura e cor. Estava calor então ela achou que precisamente esse conjunto se ajustava de forma perfeita.

Pousado em sua cômoda, ao lado da cama que ela havia acabado de se acomodar, estava um livro surrado, que ela tinha pegado na biblioteca, horas antes, depois que ele a deixara lá, sozinha. Também falava sobre a tal aliança, e todo aquele mistério confuso.

Ela ainda não acreditava que tivesse mesmo sido escolhida.

Sentada, começou a folhear o livro com interesse, analisando cada parte com muita precisão. Algo que a pudesse distrair dos pensamentos perturbadores, acima de tudo, dos fatos mais recentes.

“Ótimo, eu vou morrer no futuro, quando a guerra estourar. E o Malfoy vai chorar por mim. Isso é impossível demais. Cara, o que eu fiz para merecer isso? Toda essa bagunça?”

Quando, do nada...

TOC-TOC-TOC -Estrondo de batidas violentas na porta do quarto.

“AAAH, não. Que merda, não me diga que é o Harry com crise de ciúmes de novo, porque se for, eu vou expulsá-lo a pontapés daqui, a coisa vai ficar muito feia, e a última coisa que eu estou precisando é brigar com ele e...Argh, é melhor falar alguma coisa.”

—Eu estou dormindo! Por favor, não perturbe, porque não estou a fim de falar com quem quer que seja...! – Exclamou Hermione, grosseiramente.

—Não importa. Abre logo, sangue-ruim. -Retrucou uma voz do lado de fora. A voz que ela se deu conta que reconheceria mesmo se fosse distorcida em mil fragmentos sonoros.

—Não, e desapareça daqui! – Pontuou com ferocidade assim que soube que era Draco Malfoy.

—Não quer abrir? Então está bem. Diga adeus à sua porta. Eu tenho uma varinha, lembra, garota? – Ameaçou ele, aparentemente irritado. Ou desesperado para entrar.

—O que você quer? -Perguntou, mas sem dar tempo de ele responder. -Ah, quer saber, dane-se! – Ela deu de ombros na própria cama.

—Vai abrir essa droga de porta ou não?

—Estranho, acho que estou ouvindo vozes do além...

—Você vai ver. – Assegurou. – Bombarda! – O feitiço ricocheteou, atingindo a porta do quarto de Hermione, abrindo- a com força, ao invés de explodi-la de vez. A garota se assustou, e pegou a varinha na cômoda. –Expelliarmus. – Draco foi rápido em desarmá-la. A boca dela se abriu num “o”. E depois de alguns segundos, ele fechou a porta com classe, e pegou a varinha no chão, com elegância. Sem nunca perder a postura.

Hermione se recuperou do choque.

—Olha, eu cheguei a achar que você tivesse cérebro, mas você sempre insiste em me provar o contrário. -Comentou, ironicamente. -O que tá fazendo aqui? – Ela se levantou da cama, os olhos fixos no sorriso debochado dele. – Vê se dá o fora que quero ficar sozinha. PRIVACIDADE, entendeu?

Ele murmurou alguma coisa ininteligível, que trancou a porta.

—MERDA! O que espera fazer aqui, Malfoy? – A pergunta firme dela parecia concreta e sem temores, mas no fundo escondia um medo por trás das palavras. –Se tentar...Er...Fazer algo comigo, eu vou gritar, entendeu bem?

—Hahaha...Abaffiato! – O feitiço foi quase como uma resposta sarcástica. – Eu estou com a sua varinha, então você não passa de uma sangue-ruim indefesa, Granger. - Afirmou, tão ameaçador quanto poderia parecer. Os lábios dela tremeram sem que pudesse refrear. Não pode contestar a verdade das palavras. Sentiu a adrenalina correr pelas veias. Apenas grunhiu, insatisfeita e sentindo-se uma criancinha de 3 anos impotente.- Pode gritar a vontade... Isso me excita. -Arqueou as sobrancelhas de uma forma sedutora.

Hermione engoliu em seco com aquelas palavras. Não esperava que ele dissesse jamais algo daquilo. Aliás, não esperava que ele pudesse invadir seu quarto daquela forma e fazer isso com ela.

Por que sentia um frio na barriga insuportável? Poderia bater nele se quisesse... Ele não tentaria alguma coisa, tentaria? Porque logo ela? Uma... Nascida-Trouxa? Não, aquilo era impossível.

Não deveria sair do sério.

—Mas não se preocupe, Granger. – Continuou ele, quando não houve reação alguma da castanha, imersa em seus pensamentos. – Eu não vou te atacar, nem nada do gênero... – Ele deu uma risadinha, ela bufou, um pouco mais aliviada, internamente. –Apesar de a oferta ser tentadora. –Ele desviou os olhos para as pernas descobertas da castanha, o que a fez corar, e revirar os olhos. – Só peguei a varinha, por precaução. Eu sei que você não seria capaz de duelar comigo. – Era uma afirmação.

Ela o fitou ainda esperando por uma resposta. O que ele estava fazendo ali. Àquela hora da noite.

—Eu vim conversar. – Completou o loiro, detectando o ponto de interrogação no rosto dela.

—Não tenho nada para discutir com você.

—É, tem razão. Não temos nada para discutir. E sim, conversar. –Ele persistiu. – Estava lendo sobre a aliança? - Perguntou, reparando, observador, no livro surrado.

—Não é da sua conta. – Respondeu firme. – Mas sim. – Disse a contragosto.

—Achou alguma coisa que interesse?

—Não. Dá para evaporar logo? – Ela sabia que ele iria ignorar a última parte.

—Quer saber, acho que não temos nada para conversar mesmo...

—Demorou para perceber, não é, loiro de farmácia? - Já estava quase virando de costas para ele, mas não queria que ele a visse desse ponto de vista com aquele pijama.

Será que Draco Malfoy nunca tinha ouvido falar de privacidade não? Ela bufou, mais estressada que o normal, por não poder simplesmente ignorá-lo.

—Nossa, Granger. Você tá muito insuportável hoje... O que aconteceu?

Hermione riu com escárnio, que ela se esforçava para fazer ficar bem marcante.

—Nada. Tirando o fato de você dizer que chorar por mim é pior do que ocorrer a minha morte. -Afirmou, com naturalidade, embora estivesse surpresa com as palavras atravessando seus lábios, por puro impulso. O loiro ficou sem palavras por alguns segundos, sentindo um aperto que poderia se chamar remorso, e como ele não respondia, em choque, a garota decidiu prosseguir. - Tirando o fato de que eu compartilho um objeto mágico de extrema ligação e importância com você e.. Ah, e tirando essa sua invasão idiota no meu quarto... Não aconteceu nada. - Terminou, cínica.

—Eu não invadi nada. -Foi só o que conseguiu dizer. - Você que não quis abrir a porta!

—Ah, sim. Como se eu fosse obrigada a abrir a porta do meu quarto para qualquer um. Vá se foder, Malfoy... –Ela não estava disposta a discussões. – Com toda essa sua prepotência ridícula você tem a coragem de vir aqui e...

—Chega. -Ele interrompeu, não dando a oportunidade de ela continuar. - Que tal pararmos essa briguinha inútil e ir logo para o que nos interessa? – A castanha temia em compreender suas palavras. Mas ele se aproximava muito de onde ela estava com seu sorriso sarcástico e sedutor, apagando os momentos tensos de segundos atrás.

—O que te interessa? – Perguntou, nervosa, enquanto ajeitava o seu pijama curto, e tirava o seu cabelo do rosto, apesar de temer já saber a resposta. Ele já estava a centímetros ameaçadores dela.

—Você. –Ele sussurrou em seu ouvido, fazendo arrepiar cada parte do seu corpo. Hermione queria continuar a brigar, mas sentir a respiração quente dele próxima de sua nuca, a fazia pirar. Fechar os olhos. Por um motivo que ela não conseguia explicar. Era tão forte. Tão intenso. Ela nunca havia sentido aquilo antes. E quando seus lábios frios, e cheios de cinismo tocaram seu pescoço ela fechou os olhos, entregando-se mesmo sem querer, ao momento. Porque quando os lábios dele tocavam nela não havia mais essa de inimigos. Eles eram apenas semelhantes.

E agora ele se dirigia vagaroso a sua boca, deixando-a desfrutar de cada momento, e apreciando a sensação também, sugando seus lábios ternamente, sem envolver a língua no toque.

Mas em seguida ele encerrou, e ela, que abrira suas pálpebras de imediato, ficou meio constrangida, já que era impossível ignorar a proximidade, as mãos dele em sua cintura, e o beijo.

—Você ama alguém? – Inquiriu o loiro, firmemente. Hermione franziu a testa de leve. A pergunta era um tanto confusa e tosca.

—Hã?

—Estou perguntando, Granger.

—Se você quer saber se eu amo você Malfoy, perca suas esperanças, acho melhor de uma vez por todas você saber que...

—Shh... - Ele a calou, rindo de todas as explicações inúteis que ela estava prestes a dar, tapando a boca dela com os dedos, por alguns segundos. -Não é isso que eu estou perguntando, garota. – Fitou-a, sério. – Ama o testa-rachada, por exemplo?

—Não. -Negou Hermione no mesmo instante, compreendendo o que ele queria dizer. E por alguma razão a necessidade de negar aquilo a possuiu de uma forma absurda. - É óbvio que não...Quer dizer...Só como amigo, sabe como é e... –Ele cortou, sorrindo, tirando seu fôlego, e puxando a gola de sua blusa, aproximando seus rostos e compartilhando um selinho rápido.

—Isso é ótimo, Granger. Gosto que as garotas com quem eu saio sejam sujeitas à monogamia.

—Você é tapado ou é só impressão? – Era uma pergunta irônica. –Que monogamia?

—A sua monogamia. Em relação a mim. Você está lerda hoje, hm?

—Haha...Vai me dizer, que eu me enquadro nessa  “LISTA DE GAROTAS” que você sai? – Questionou, indignada. A voz dela era um tanto sarcástica e aborrecida.

—Depende de você. – Ele fechou a cara. – Espera, não vai me dizer que está com ciúmes das outras?...- Draco perdeu-se em risos cínicos.

Ela revirou os olhos, e meteu a mão no rosto do garoto, sem poupar força.

—É ÓBVIO QUE NÃO, idiota. E vê se cala a sua boca.

Ele esfregou o rosto, mas ignorou.

—Não recebo ordens de ninguém. Muito menos quando se trata de uma...

—De uma o quê, loiro-aguado?! – Perguntou, preparando-se para dar um tapa novamente, acentuando seu nervosismo. Já estava se sentindo idiota por ter correspondido aquele maldito beijo.

—Esquece, Granger. – A voz dele era indiferente e agora apenas sorria gentilmente. E novamente a beijou, retirando a tensão do momento. Ela retribuiu, contrariada. Mas não foi um beijo leve como os outros.

Diferente dos demais, ele foi impulsivo, e penetrou a língua com fervor dentro da boca dela, mal dando tempo para que ela fechasse os olhos, realizando movimentos rápidos e enlouquecedores. Quando mordeu o canto do lábio superior dela, abriu uma brecha para as palavras.

Hermione não podia negar o quanto gostava do beijo dele. Era tão saboroso. Aliás, todos os movimentos dele eram. Tudo nele parecia profundamente envolvente.

E ela odiava aquilo!

—Então, sim? -Perguntou ele, enquanto fazia movimentos circulares com os dedos em sua cintura.

—Sim, o quê? - Devolveu, rindo um pouco, apesar de, internamente, já saber do que se tratava.

—Você e eu. Saindo. - Esclareceu, como se ter de dizer as palavras fosse meio humilhante. Mas Hermione gostava de ouvi-las.

Ela gargalhou.

—Isso...quer dizer? Oficialmente? – Foi um pouco sarcástica e duvidosa.

—É.

—É um tanto ridículo para você não acha?

—Não... Por quê?

—O que os seus amiguinhos sonserinos e a sua honrada família vão pensar disso? – Ela mantinha o ar prepotente.

Ele se enfureceu internamente por pensar naquilo, mas ignorou.

—FODA-SE. Isso não é um pedido de casamento, Granger. Só quero ficar com você. - Disse o loiro, claramente. Em seguida começou a fazer desenhos na pele do rosto dela, cultivando um sorriso torto. - Eu sei que você também quer... - Respirou bem perto do rosto dela, onde ela mais conseguia sentir.

—Então eu aceito. – Hermione deu de ombros, fingindo que isso não significava nada. Uma parte de si achava que dizer sim era praticamente uma traição. A maior burrada da sua vida. Ele ainda era Draco Malfoy! Seu inimigo! Mas negar a proposta, enquanto ele desenhava em seu rosto e respirava em cima dele com aquele hálito refrescante, seria equivalente a masoquismo. – Apesar do pedido pra lá de educado... -Debochou.

—Eu sei que você está se matando de comemorar por dentro...

—Comemorando? Ah...Faça-me rir. Não quis dizer vomitando?

—Ah, é, então porque me beijou?

—EU TE BEIJEI? ...SIM, claro, fui eu mesma que te beijei. Assim como os pássaros mugem e as vacas voam. - Ele cruzou os braços. – Não sonha. Vai me dizer agora que eu te amo?

—Até que enfim admitiu!

—Eu não estou admitindo porcaria nenhuma. Não viaja, Malfoy. Você mesmo disse, isso não é um casamento.– Agora, além de ríspida, ela era sincera. –Porque não vaza daqui? Eu preciso dormir. – Não que isso importasse. Não que ela realmente quisesse que ele fosse embora. Mas um pouco de orgulho era bom às vezes. E talvez esfregar para ele que ele a desejava o tanto quanto ela o odiava.

—Certo...

—E devolve a minha varinha. –Era uma ordem, mas embora ele não gostasse de recebê-las, assentiu e pousou-a na escrivaninha do quarto.

—Eu vou embora, Granger. Mas antes, só uma coisinha... – Ele voltou a se aproximar dela, dessa vez com violência, feroz e sedento de contato, a impulsionando na parede. Ela já esperava mais um beijo, então cerrou as pálpebras de forma involuntária. Esperou. Mas o beijo nunca veio. Ele negou o toque em seus lábios. Apenas colocou os dedos de leve ali, fazendo-a abrir os olhos de novo.– É, parece que eu sempre tenho razão. Você me ama, Granger. –Ela abriu os olhos, enraivecida. –Assim como espera pelos meus beijos e está completamente apaixonada por mim. Há.– Ele tinha cinismo nas melodias da voz. Ela não revidou, mas bufou. –Vejo você depois. –Ele apenas sussurrou mais uma vez no ouvido da garota, e aplicou um beijo no canto de sua nuca. Mas se ela pensou que fosse ser algo lento e suave, apenas um aperitivo, mas foi muito mais do que isso. Teve o direito de sugar e morder enquanto beijava. Era algo capaz de deixar qualquer mera mortal implorando por mais, embora Hermione não quisesse admitir. Era impossível não voltar a fechar os olhos. –Não sou nenhum telescópio, Granger, mas se você pedir com jeitinho...Eu te faço ver estrelas... –Ela sorriu um pouquinho. Foi sua última frase sarcástica, antes de sair dali a deixando sozinha, com milhares de emoções e pensamentos para combater. Ainda com os olhos fechados, quase incapazes de se abrir com a intensidade do momento.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que estão achando!



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