The boy with the kaleidoscope eyes escrita por Rose blu, manu


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

One-shot wolfstar escrita para o amigo secreto dos beatles no twitter, em parceria entre @heyheyweasley e @fivefalcone no twiter



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Branco. Era a única coisa que o Remus viu durante anos e apesar dos enfermeiros serem bem carismáticos e gentis, eles não tiravam os brancos das malditas paredes. Os médicos poderiam ser práticos e as vezes sarcásticos, mas isso também não tirava o humor negro e a ironia do Lupin.

E só os deuses - ou quem sabe a loba - poderia proteger ele, sua mãe e os funcionários daquele hospital que parecia ser totalmente, absolutamente sem vida, sem graça, sem cor. A única coisa que sempre parecia trazer cor era a música e quando estava com seus fones, tudo parecia um pouco melhor.

Havia passado muito tempo ali, tanto que havia perdido as contas de quantas vezes ouviu a mesma frase “Eu sinto muito, não há mais nada que podemos fazer pelo seu filho”, mas olha só quem continuava ali. Havia sido muito tempo ali dentro, primeiro teve peritonite aos 5, pneumonia aos 12 e quando achavam que estava tudo bem, aos 15 Remus Lupin foi diagnosticado com leucemia e veio uma longa espera por um transplante de células tronco, é, não era a melhor das vidas. O garoto não lembrava de um dia ter pisado em uma escola, então todos seus anos de estudo, foram administrados pela própria mãe e havia visto muitas das outras crianças doentes com quem conversava irem embora com o passar do tempo.

Aos 19, Remus não conhecia muito além daquelas paredes brancas e vazias. A música tocava alta nos fones de ouvido enquanto estava deitado naquela cama, tocando uma bateria imaginária no ar, isso era algo que ele sentia falta em cada internação, poder tocar, mas as enfermeiras não suportariam alguém as interrompendo com uma bateria e também “não tem como esterilizar uma bateria inteira para você”. Mas era isso, o grande dia, sua saída finalmente. Dúzias de transfusões de sangue, acompanhamento e tédio, mas havia acabado.

— Bom dia Remus, pronto para sair? - a doutora Weasley entrou sorrindo maternalmente para ele, acompanhada pela mãe de Remus.

“I’ll play the part but I won’t need rehearsing

And all I gotta to do is act naturally

Well, I’ll bet you I’m gonna be a big star”

Remus se sentou na cama de súbito, ainda de fones, apontando para as mulheres e cantando alto, causando risadas nelas.

— Vemos que está novamente preso em seu mundo de músicas.

— Eu posso fazer o que se é o meu jeito se sair? - o Lupin cedeu tirando os fones e sorrindo para elas. — Hoje é o grande dia.

— Sim Remus, hoje é o grande dia. - Molly Weasley sorriu para ele, depois olhou para sua prancheta.

Hope Lupin caminhou feliz até o filho o abraçando, não havia sido fácil criar o menino sozinha, trabalhar e ensinar tudo a ele, desde matérias escolares até bom comportamento, mas olha só, seu menino havia crescido e saía do hospital agora, ela sentia que podia chorar bem ali e não parar jamais, mas não iria, porque era um dia alegre e apenas alegria era permitido.

— Pronto para voltar para seu quarto de verdade? - ela perguntou, se separando do rapaz para depositar um beijo em sua testa.

— Chega de paredes brancas para sempre, eu nem acredito nisso, achava que ia morrer de tédio com a cor delas. - sua mãe tentou o repreender, mas o sorriso que tentava esconder não permitiu e afinal, a própria médica estava rindo disso.

— Apenas suas paredes azuis, com pôsteres do Ringo e uma bandeira do Liverpool. Até fiz seu bolo favorito.

— Vai dar tudo certo agora, mãe. Tenha fé. - Remus disse, e a mãe o abraçou novamente.

Enquanto o rapaz abraçava de volta a mãe, olhou para a médica parada ali no canto olhando tudo, não pode impedir de que um sorriso surgisse em seu rosto e a gentil mulher o devolveu um igualmente repleto de alegria sorriso. Era isso, chega de branco por favor, havia vencido mais essa afinal.

. . .

Nunca se sentiu tão vivo e tão animado por finalmente voltar para a sua casa - não que tivesse passado muito tempo naquela casa - mas era hora de voltar ao que sua mãe considerava normal. Era bom dormir em uma cama que não tinha aparelhagem médica, com suas coisas que não eram brancas. Os discos que insistia em possuir e que a mãe metodicamente limpava quando preocupada, a bateria no canto, os pôsteres e livros que cobriam o máximo possível. Sua mãe havia feito bolo e pelos deuses, não imaginava que estava tão ansioso para poder comer chocolate.

As primeiras semanas foram sem dúvidas as mais difíceis, a rotina era simples, assistiam alguns filmes que passavam na televisão e uma ou outra vez convenceu a mãe a deixá-lo guiá-la em uma dança ao som dos discos dos beatles, a mãe ainda o estava mimando pela volta, então ele estava comendo muito bem, obrigada.

Ajudava a mãe quando era preciso, o que era raro. Porque ela evitava que ele fizesse qualquer tipo de esforço, mas Hope Lupin tinha noção de que Remus já era um homem de 19 anos e que precisava - necessitava - se sentir útil. Então ela mandava ele limpar seu quarto ou aparar a grama, mesmo que com o inverno, essa última tarefa fosse desnecessária. Era o mínimo que ela poderia oferecer, mas o medo de parar no hospital era maior e não permitia que ele fizesse tantos esforços.

Com essas pequenas mudanças, com os filmes e a comida boa. Com a dança ao som de Beatles a vida ia seguindo aos poucos, talvez não estivesse em uma faculdade, saindo de casa ou qualquer coisa, mas não era ruim. Um dia o Lupin decidiu fazer diferente, uma volta não seria a pior das coisas, que mal faria uma pequena ida ao parque a menos de 7 minutos de casa? Nenhuma, correto? Bom, ao menos para Remus, então sua mãe não precisava saber de nada.

Então lá estava ele rodeado por crianças cheias de sonhos, a grama coberta pela neve branca e fofinha e pais distraídos, e por fim, Remus com seus fones de ouvido e mãos dentro dos bolsos, havia nevado nos dois dias anteriores, então o ar ainda era gelado, mas incrivelmente puro. As orelhas de Remus estavam protegidas, mas o mesmo não podia se dizer de seu nariz que parecia que ia cair a qualquer momento.

— Valeu, a gente te procura caso decidamos por você. - uma voz pronunciou bem perto até de Remus.

Mais precisamente, na garagem a 3 metros de distância dele, um cara de óculos e cabelos arrepiados, vestido por uma jaqueta de coura cafona, estava com os braços esticados para o alto, tocando na porta da garagem que estava aberta.

— Eu vou estar esperando. - o que estava do lado de fora sorriu, mas a forma com que o de óculos sorriu de volta, deixou claro que ele não devia ter tantas esperanças assim, Remus conhecia bem aquele sorriso, davam muitos daqueles no hospital.

Então com um puxão, a porta da garagem foi fechada novamente. O Lupin se aproximou e viu um papel grudado nela, seria um sinal do universo para tentar? Ou uma sequência louca de coincidências? Mas para falar a verdade, de que importava isso? O moreno apenas bateu levemente no portão, relendo mais uma vez o cartaz.

“The Marauders - a procura de um baterista

15 e 16 de dezembro, ligue +44 2075141700 ou bata no portão”

— A gente não falou que ia ligar? - a mesma voz questionou, enquanto Remus via a garagem ser novamente aberta muito perto de seus pés.

Os rapaz de óculos o encarou por um instante, o Lupin quase poderia dizer que ele estava envergonhado ou arrependido da confusão, mas não chegava a tanto. Ele deu uma olhada dentro da garagem e viu os instrumentos, um casal no sofá e alguns salgadinhos, era um espaço convidativo para uma banda de garagem.

— Acho que pra mim vocês não falaram nada. Meu nome é Remus, eu vi o anúncio do lado de fora.

— Seja bem-vindo Remus, o meu nome é James, pode entrar. - o rapaz não estendeu a mão ou fez nenhum comprimento, mas sorriu genuínamente para ele, dando espaço para que ele se infiltrasse no espaço deles, antes do portão ser novamente fechado. — O que trouxe aqui?

— Minhas pernas? - uma risada feminina foi ouvida, ela havia gostado da piada, por algum motivo que Remus não entendia.

— Bom, a que riu é a Mary, não é da banda, mas é uma amiga, e o do lado é o Peter, o baixista, como você sabe, eu sou o James e canto nessa banda. - ele fez apresentações rápidas, então se sentando em um banquinho que tinha ali no canto e o encarando bem. — A questão Remus, é que todos nós aqui temos um motivo para estar aqui, é um sonho, a música nos move, lidar com a vida, blá blá blá. Eu quero saber o seu.

Remus Lupin soltou o ar, mesmo que não soubesse que o prendia, foi como se esperasse por essa pergunta a vida inteira, então ele apenas sorriu. — Os Beatles, mas principalmente, Ringo Starr.

— Porquê? - foi a vez de Peter se aproximar.

— Porque eu tive peritonite, pneumonia e leucemia tudo antes de ter idade para dirigir. E quando se passa mais tempo no hospital que no lugar que chama de casa, tem que se agarrar em algo. E por coincidência, Ringo Starr também era um músico doente na infância. - disparava tudo com muita rapidez e certeza, estava tão absorto na própria resposta, que não viu o momento que James e Peter trocaram sorrisos. — Então James, a sua resposta é, porque a música foi a única coisa que me impediu de morrer de tédio entre exames e cirurgias.

— Perfeito, pode tocar. - James disse, entregando as baquetas que havia acabado de pegar na mesa atrás de si.

O moreno estava chocado, era isso? Você respondia uma pergunta e recebia baquetas para tentar entrar na banda? Ele encarou as baquetas na mão de James e lembrava que sua mãe havia falado sobre estranhos, sobre as coisas da rua não estarem esterilizadas e tantos outros medos dela. Mas ele já havia saído de casa, não? Assim como entrou naquela garagem e decidiu que faria aquilo, então quando ele pegou aqueles pequenos pedaços de madeira e se sentou na bateria azul e branca escrito com o que parecia ser canetinha “THE MARAUDERS”, tudo em maiúsculo, o Lupin apenas fechou os olhos e se permitiu tocar, com todo o seu coração, que agora parecia bater no ritmo das baquetas e ele é pura música agora.

As palmas chegaram e elas vieram antes mesmo da música que Remus tocava acabar, mas quando ele parou viu James e Peter aplaudindo, Mary ainda estava no sofá, mas sorria quase maternalmente para ele. Porque todos eles tinham sempre esse mesmo sorriso quando se tratava dele? Mas não importava, porque os outros dois não sorriam assim, eles estavam apenas alegres, genuinamente e isso aqueceu o peito de Remus.

— Se você topar, adoraríamos de ter conosco. - o loiro disse.

— Vai ser um prazer. - Remus sorriu, percebendo que se sentia sem fôlego.

— Seja bem-vindo a família, bom, falta um integrante que é o meu irmão, mas acho que ele vai gostar de você. - James explicou estendendo a mão para ele, era um convite, a um mundo totalmente novo.

. . .

— Meu filho, você tem que entender que isso não é seguro. São estranhos e quanto a se cansar… - Hope Lupin dava um sermão no filho que estava sentado no sofá.

Já havia se passado dois dias que estava na banda e a mulher ainda não acreditava nisso, havia ficado preocupada ao retornar do mercado e não ver o filho, mas quando ele chegou, sua primeira reação foi abraçá-lo, mas agora, ele achava que a mãe queria era bater nele como uma criança que aprontava.

— Mãe. - ele se levantou do sofá, andando a mulher que era bem mais baixa que ele e a abraçando. — Eu estarei sentado, com as minhas própria baquetas que são esterilizadas pela senhora, juro que não vou me drogar e sempre volto para cortar a grama ou, sei lá, jogar sal na varanda pro gelo não acumular.

— Remus…

— Eu tenho 19, só estou tocando bateria como sempre, não armando um assalto ao banco. - a mulher se remexeu dentro do abraço do filho, o rodeou com seus braços e então se afastou apenas o suficiente para encarar seus olhos.

— Acho bom mesmo o senhor não usar drogas ou ficar bêbado, lembre de sua saúde e eu vou estar lá nas apresentações para te ver, então espero que esteja um arraso.

— Eu te amo, mãe. - ele beija o topo da cabeça da mãe e depois abre um sorriso carinhoso.

— Também te amo, meu menino.

. . .

O Lupin bateu na porta da garagem de James e logo foi recebido pelo rapaz, era isso, o primeiro ensaio oficial deles. Se sentia ansioso para isso, tinha o número dos meninos e havia colocado no grupo deles, mas não havia falado nada ainda, apenas via suas conversas até tarde sobre algum filme que ele não havia visto e eles marcando o ensaio, então ali estava ele, vendo James e Peter sorrirem, enquanto arrumavam tudo.

— Eu vou te contar um segredo Remus, na próxima, você pode tocar a campainha na porta vermelha aqui do lado, dona Euphemia Potter, minha mãe, iria adorar te conhecer. - James comentou ocasionalmente depois de fechar o portão e ir ajeitar o microfone.

— Vou me lembrar disso na próxima. - Lupin ficou em um canto enquanto observava James arrumar tudo e Peter que estava ali a mexer no celular e murmurar palavras sem nexo às vezes. — O que ele está fazendo?

— Provavelmente jogando ou quem sabe falando com a namorada. - solta um riso irônico — Ele só não diz quem é a pessoa, algo que irrita não só eu, mas o Sirius.

— Só irrita porque os dois são insuportáveis. - Pettigrew resmunga e abre um sorriso carinhoso para o Lupin. — Ei Remus, tudo bem?

— Hey Pete! Estou bem - e estava sendo sincero, pela primeira vez estava se sentindo verdadeiramente bem. — Quem é Sirius?

— Daqui a pouco ele aparece e se apresenta. - Potter para e olha para os dois rapazes presentes — É vocês vão se dar bem sim.

Aquilo era de grande importância para o garoto, os primeiros amigos. Ou pelo menos ele achava que seriam amigos, só os deuses seriam capazes de entender como ele gostaria de ter amigos. Talvez foi assim que Ringo Starr se sentiu ao conhecer os outros beatles, como se pela primeira vez encontrasse seus amigos no mundo.

E era uma sensação boa, sem dúvida alguma e tinha algo interessante em estar com aqueles caras. Remus vagou até a bateria, aquele era o único instrumento que sempre estava lá, afinal, era muito trabalhoso para desmontá-la. Se sentou no banquinho da bateria, deixando a mochila no chão ao seu lado, pegando apenas as baquetas que trouxe de casa, um pequeno capricho da mãe e também, elas tinham as estrelinhas de canetinha feitas quando ficou internado por causa da pneumonia.

— Olá meros mortais. - a porta que conectava a garagem com o resto da casa foi aberta, e um garoto anunciou sua presença ainda parado nela.

Ele tinha cabelos longos que iam até a altura dos ombros, era alto, quase tanto quanto o próprio Remus, se vestia com aquela jaqueta de couro que o Lupin tinha certeza que James usava no outro dia, mas nele, não ficava tão brega assim. Remus ainda pode ver suas unhas de longe, pintadas de cores diferentes e isso combinava, de algum jeito insano, combinava com seus olhos, que tinham um brilho quase insano que era possível ver dali, de quase dois metros de distância, no banco atrás da bateria onde Remus se sentava.

— Você deve ser Remus, meu nome é Sirius. - ele chegou mais perto e estendeu uma mão por cima do instrumento.

— Prazer. - ambos apertaram as mãos e Remus, por um segundo que fosse, viu como se fosse uma estrela cadente passar pelos olhos do rapaz e ele dar um sorrisinho.

— Esse, é o meu irmão, o Sirius, também responde por “ei cara da guitarra”.

— A verdade é que eu sou um astro e um dia, todos irão ver. - Sirius levantou um dedo e parou com as duas pernas afastadas e o dedo ainda em riste em um movimento um tanto brega.

— Ok, Rachel Berry. - Peter comentou, largando de vez o telefone e passando a correia do baixo pelo pescoço. — Pronto para tocar?

— Um momento. - o Black já estava acostumado as mesmas referências de Peter, então apenas se inclinou para mais perto de Remus. — Você está pronto? Porque eu ainda não te ouvi tocar, mas falaram que é bom, está pronto?

— Com certeza estou.

Então eles tocaram, e pela primeira vez em muito tempo, Remus sentiu um pertencimento, tinha que estar naquela banda, precisava com todo seu ser e quando Sirius, ainda tocando a guitarra, o encarou, ele soube que talvez, também precisasse tê-lo perto de si.

. . .

 

— Lupin. - a voz de Sirius atraiu a atenção dele enquanto guardava suas coisas depois de mais um ensaio da banda, faziam bastante deles e isso era algo bem legal, na verdade. — Amanhã vai ter jogo do Liver, não sei se você torce, mas minha mãe vai fazer um almoço e o Peter sempre vem, quer também?

— Eu adoraria. - Remus sorriu ainda com as baquetas na mão, vendo o sorriso de Sirius crescer. — E sim, eu torço pro Liver.

— Perfeito, amanhã às 11? - James se aproximou passando o braço por cima do ombro do irmão.

— Estarei aqui. - o mais alto passou a mochila pelos ombros. — Agora eu tenho que ir, eu vou a pé até em casa e eu prefiro ir antes que volte a nevar.

— Eu te acompanho. - o Black se ofereceu.

— Não precisa, Sirius. Minha casa não é muito longe.

— Mas eu tenho que ir fazer algumas coisas mesmo.

— Six…

— Na verdade, nossa mãe pediu pra ele ir no mercado. - James comentou piscando para Sirius.

— Bom, então vamos?

— Vamos. - o Lupin se rendeu ao Black, se virando para os outros companheiros de banda. — Tchau.

— Tchau Remuxo. - Peter gritou.

— Até a próxima Rem. - James disse mais baixo, como se soubesse de algo que o outro não soubesse.

Então Sirius e Remus abriram o portão da garagem e deram começo a curta caminhada até a casa do mais alto. As nuvens cobriam o céu e fazia um pouco de frio, Remus esfregava as mãos em busca de aquecê-las um pouco.

— Devia usar luvas. - Sirius chamou a atenção de Remus.

— Geralmente eu uso, mas hoje eu esqueci. - ele soltou uma risada, mas que não tinha alegria alguma. — Minha mãe vai querer me matar se perceber se eu esqueci elas.

— Fica com as minhas. - ele tirou as próprias luvas e entregou ao mais alto, Remus ficou por um instante encarando a mão do moreno parada no ar estendendo o par de luvas para ele, antes que ele se irritasse e pegasse a mão do Lupin colocando o par nelas.

— Você não precisa fazer isso.

— Só coloca logo. - Sirius enfiou as mãos nos bolsos e encarou o caminho, então não viu o sorriso de Remus enquanto colocava as luvas. — Sua mãe é um pouco superprotetora, né? Ela sempre liga para saber se você chegou e te manda água e um lanche.

— Eu diria que ela se preocupa comigo, e já teve motivos pra isso.

— Quais? - os olhos cinzas de Sirius encontraram os de Remus e então, o leve desconforto que ele geralmente sentia ao falar de sua saúde não estava tão ali, afinal, eles eram uma banda, certo? Amigos, certo?

— Porque eu sou doente. Ou melhor, já fui doente. Eu já tive peritonite, pneumonia e leucemia, além de doenças comuns de crianças, e quando se é uma mulher que seu namorado te abandonou grávida e depois descobre que a coisa que seu filho sabe fazer de melhor é ficar doente, acho que você se acostuma a ficar preocupada o tempo todo.

— Você tem uma boa mãe.

— Eu concordo.

— E de pais eu entendo, então eu entendo mais a pessoa que você é agora.

— O que quer dizer? - Remus para encarando Sirius, o que faz o moreno parar também.

— Você é meio calado e no seu canto, tem algo com Ringo Starr e quando toca bateria, é como se seu coração tocasse junto, a música te salvou como fez comigo e sua mãe, você também idolatra ela, isso é bom, é bom amar as pessoas.

— Chegou a essa conclusão com o meu histórico médico?

— Sim. - o Black sorriu voltando a andar, mas não por muito tempo, porque a próxima casa era a de Remus.

— É aqui.

— Bom, está entregue então.

— Obrigado por me acompanhar. - mas o Black apenas piscou se afastando de costas, enquanto o Lupin abria a porta de casa.

— Meu filho, que bom que chegou. Eu acabei de voltar do trabalho, pode me ajudar no jantar se quiser enquanto me conta sobre a tarde de hoje. - a voz de sua o recebeu assim que entrou em casa.

— Isso quer dizer ficar sentado cortando uma coisa ou outra enquanto você faz tudo? - Hope o encarou daquele jeito que o fazia saber que estava sendo repreendido por falar assim, mas que ela queria rir. — Por mim tudo bem.

— Então vamos logo.

. . .

 

A porta da casa dos Potters se abriu e uma mulher ruiva abriu um sorriso materno para Remus. Ela era sem dúvidas bonita e com aqueles olhos, com certeza era a mãe de James, tinham os mesmos olhos castanho esverdeados.

— Você deve ser o Remus. O novo amigo dos meninos que eu ainda não tinha tido o prazer de conhecer.

— Sou eu mesmo, é um prazer conhecê-la senhora Potter. - a mulher o puxou para um abraço inesperado.

— Me chame de Euphemia, ou Euphe, pode me chamar de tia se estiver confortável com isso. Agora entre, o almoço está pronto.

— Obrigado… Euphe. - ela sorriu o guiando até a sala de estar.

— Chegou quem estava faltando. - James gritou se levantando do sofá ao ver o amigo.

— Olá. - James, Peter e Sirius se levantaram para cumprimentar o amigo, em seguida, ele se dirigiu ao homem ainda sentado no sofá. — É um prazer conhecê-lo, senhor Potter.

— É um prazer conhecer você também Remus, pode me chamar de Fleamont, afinal, é amigo dos meus filhos.

A conversa ali era bem mais fácil do que o Lupin julgou que seria, os pais de James e Sirius eram gentis, e o assunto não era algo difícil de se manter ali, o garoto poderia se acostumar a ficar bem ali, sentado em uma mesa de jantar bonita e cheia, não que fazer as refeições apenas com a mãe fosse ruim, mas sabia que ela também queria ter mais gente.

— Remus querido, está tudo bem? - a voz de Euphemia despertou Remus do pequeno transe.

— Sim, desculpe, eu não estava ouvindo.

— Tudo bem, meu pai perguntou que tipo de música você gosta. - Sirius explicou.

— Bom, eu gosto de indie, também escuto um pouco de pop, mas principalmente, gosto dos Beatles. - Remus mexeu com o garfo as verduras em seu prato, e encarou Fleamont que sorria.

— Eu amo os Beatles, gostava de ouvir os discos dele com meu pai, isso é algo que me orgulho de ter passado aos meus filhos. James vive tocando as músicas deles em seu violão e Sirius, você devia mostrar os pôsteres em seu quarto, ele é um grande fã. - o mais velho dos Potters contava entusiasmado. — Também guarda alguns discos lá, você irá adorar ver.

— Querido, acho que você deveria perguntar ao Sirius se ele quer levar o Remus até o quarto dele antes de comentar isso. - Euphemia repreendeu o marido.

— Ah sim, me desculpe.

— Tudo bem, se você quiser Remus, posso te mostrar os discos no meu quarto. - Sirius se ofereceu.

— Eu irei adorar.

— Que incrível e porque não… - James começou, mas seu telefone tocou. — É a Lily!

— Então vai atender. - Sirius mandou, enquanto todos assistiam James dar um gritinho e sair da mesa para atender a ligação.

— Será que um dia ele não vai ser tão emocionado? - Peter indagou.

— Se for igual ao pai, não. - Euphemia comentou se levantando da mesa, enquanto Fleamont soltava uma exclamação. — Todos já terminaram? Querem a sobremesa antes do jogo?

— Eu não sou emocionado.

— Pai, você 30 anos depois de casado com a minha mãe continua gado. - Sirius disse sorrindo. — Eu adoraria a sobremesa.

— James tem um abismo por essa garota ruiva chamada Lily. - Peter se aproximou de Remus para explicar. — Eles se conhecem desde criança e sempre foi assim, mas parece que finalmente ela está dando uma chance para ele.

— Ele é emocionado.

— Para com isso Sirius. - Remus o repreendeu. — Ele não pode evitar, acho que ele crê que vive em um filme de romance, onde ele com certeza é a mocinha clichê apaixonada.

O Black riu, se levantando e ajudando sua mãe a tirar os pratos.

— Sabe Lupin, cada vez, gosto mais de você. - Sirius comentou.

Mais tarde, o Black abria a porta de seu quarto para que o Lupin passasse. As paredes eram pretas, mas tinham dezenas e mais dezenas de estrelas coladas no teto que ele sabia que brilhariam no escuro, e pareciam ser o que trazia a magia ao lugar. E tinham pôsteres dos beatles, bem ao lado de uma parede de fotos com Sirius, sua família, aqueles que Remus julgou serem seus amigos e uma moto, que ele tinha certeza que já tinha ouvido o rapaz comentar dela.

— Aqui estão os discos, só tem os meus favoritos, mas lá em baixo tem todos dos beatles e deles solo, meu pai gosta de dançar ao som deles com a minha mãe.

— Acho algo legal, dançar com alguém ao som de beatles. E o seu quarto é incrível. — Remus comentou se aproximando da vitrola, que tinha um dos discos nela. — Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, o meu álbum favorito deles.

— O meu também, principalmente…

— Lucy in the Sky with Diamonds. - ambos disseram em uníssono. E logo, sorriram um para o outro.

— Gosto do seu gosto musical Lupin, o que mais será que temos em comum? - Sirius colocou a agulha novamente no disco e a melodia logo começou a tocar, a melodia, já na metade, de within you without you.

— Não sei, qual seu livro favorito?

— Livro? Quer mesmo seguir por esse caminho? - Sirius disse enquanto deitava em sua cama. — Orgulho e preconceito.

— Uau.

— Surpreso? Jane Austen é um clássico. Mas eu também gosto de asiáticos podre de ricos. E o seu?

— Costumava ser o apanhador no campo de centeio, mas virou tudo e todas as coisas.

— Agora eu estou surpreso, você parece emanar essa aura cult, que bebe café e critica quem lê Percy Jackson. Mas seu livro favorito é um romance entre adolescentes, uau. - Sirius se apoia sobre os cotovelos, para encarar Remus que continuava em pé perto da vitrola.

— Ei, eu gosto de café e de Percy Jackson. A questão é que eu me vi na protagonista, quando se vive em um hospital, você passa a ver muito a cor branca e passa a não gostar dela na maior parte das vezes.

— Mas ela conhece o mundo, tem um romance que a fez enxergar as cores.

— A música sempre coloriu o meu mundo, mas talvez, eu também espere alguém que me mostre o mundo, ao menos o seu próprio mundo, e todas as cores dele.

Então a música mudou, e Sirius a conhecia de cor, logo se colocou de pé e andou até Remus.

— Quer dançar ao som de beatles?

— Com você? - e ergueu a sobrancelha direita.

— Não, com Merlin. Claro que comigo, vambora Remus, você disse que acha legal.

O mais alto cedeu, e logo Sirius tomou uma de suas mãos enquanto colocava a outra no ombro dele, os conduzindo para uma dança que deveria ser valsa, mas bem mais rápida.

— Filme favorito? - o Black questionou.

— Nunca consegui decidir um, e você?

— Meu malvado favorito. Tem uma cor favorita? - Sirius girou Remus, com uma leve falta de graça, e então eles voltaram para dança.

— Azul, azul petróleo para ser mais específico.

— É muito clichê se eu dizer que a minha é preto?

— Por causa do seu nome? Um pouco.

— Também acho, por isso é amarelo. Palavra favorita?

— Isso é sério? - Sirius fez que sim com a cabeça e Remus pensou por um instante. — Metamorfose.

— É uma boa palavra, realmente boa. A minha é amor.

— Também é uma boa palavra. - foi a vez de Remus criar coragem e girar Sirius, enquanto o mais baixo cantarolava a música.

Send me a postcard, drop me a line

Stating point of view

Indicate precisely what you mean to say

Yours sincerely, wasting away”

Então Remus se juntou a ele na canção, enquanto ainda dançavam.

“Give me your answer, fill in a form

Mine for evermore

Will you still need me, will you still feed me

When I'm sixty-four”

Remus só percebeu o quão próximos estavam quando a respiração de Sirius bateu em seu rosto, tão próximo dele, seu estômago se remexeu, como em todos aqueles romances clichês de merda, como se tivesse em uma montanha russa, o que era irônico, porque Remus nunca pode ir em uma montanha russa, mas o Black estava bem ali, tão perto de seus lábios.

Então batidas na porta foram ouvidas, Sirius sorriu como se guardasse a verdade para todos os segredos do universo e se afastou, a porta foi aberta e James e Peter entraram. Estava tudo bem, devia ter sido bobagem da cabeça de Remus mesmo, não era real. Ou será que era? Bom, ele já não sabia mais.

. . .

— Hoje antes de todos irem, tenho uma grande notícia para vocês. - James anunciou enquanto eles arrumavam as coisas após de outro ensaio.

— Sem cerimônia, James. - Sirius falou.

— Nós teremos o nosso primeiro show para o público. - o Potter falou e soltou um gritinho, que foi seguido por outros de Sirius que correu para abraçar o irmão.

— Isso é sério? Você não tá brincando com a gente, certo? - Peter falou enquanto se aproximava cautelosamente de James.

— É verdade Pete. Lembra de Slughorn? Nosso antigo professor de química? A nova namorada dele é sócia do três vassouras, ela precisava de alguém pra tocar lá e ele queria passar uma boa impressão, perguntou se ainda tínhamos a banda porque lembrava da gente no show de talentos. - o Potter explicou com toda a calma do mundo, mas o que acontecia é que ninguém estava calmo no momento, todos estavam animados.

— Eu… Não sei nem o que falar. - Remus disparou se sentando no sofá da garagem. — Isso é incrível.

— Então posso confiar com ele? Vamos tocar?

— Com certeza. - Sirius comentou. — Todos de acordo, né?

Quando todos ali confirmaram, se tornou real, a the marauders faria seu primeiro show, e não havia nenhuma opção a não ser incrível.

— Eu nem consigo acreditar nisso. - sentado no sofá Remus respirava fundo, ele ia fazer um show, isso estava se tornando tão real. Olhando no relógio, viu que estava atrasado e se levantou. — Tenho que ir agora.

— Eu te acompanho até em casa. - Sirius disparou.

— Six, eu…

— Deixa ele, é bom deixar o cachorro dar uma volta de vez em quando. - James comentou discando com o número de seu antigo professor de química.

— Remmy, me deixa te acompanhar até em casa. - o moreno pegou na mão de Remus e o encarou bem nos olhos.

Era interessante porque desde o momento deles no quarto, Remus estava se sentindo estranho, principalmente nos pequenos momentos que se permitia pensar em Sirius Black. Mas olhando em seus olhos, ele notou algo diferente, aquele brilho insano que ele possuía no primeiro dia, ainda estava lá, mas agora, parecia como um sol, e queimava, profundamente.

E Remus Lupin nunca quis tanto aceitar a companhia de Sirius Black até a sua casa.

— Eu…

— Meninos, temos visitas. - a porta que ligava a garagem ao resto da casa se abriu e Euphemia Potter passou por ela radiante, sendo seguida por Hope Lupin. — Essa é a senhora Lupin, mãe do Remus.

— Oi mãe, estranhei que não tinha chegado ainda. - Remus se afastou lentamente de Sirius, indo ao encontro da mãe.

— Fiquei presa no trabalho, está pronto? - o garoto fez que sim com a cabeça, então se virando para dizer tchau aos amigos.

— Está tudo bem Remmy? - a pergunta veio de James, em um tom preocupado.

— Sim, só tenho alguns exames de rotina. Bom, tchau. - Remus teve certeza que corou um pouco, então acenou e foi em direção a porta.

Hope e Remus foram levados até a entrada da casa por Euphemia, onde as mulheres se despediram como se fossem velhas amigas. Logo, eram novamente apenas mãe e filho entrando no carro dos Lupins, em direção ao hospital. Uma cena tão comum entre eles, que chegava a ser assustador.

— Não pense por um momento Remus, que eu não vi você quando entrei na garagem.

O garoto se remexeu no banco um tanto desconfortável. — Como assim?

— Você de mãos dadas com um dos garotos. Qual deles é? O Peter? Talvez o...

— Aquele é o Sirius, e não foi nada demais. - Remus olhou em direção a janela, lamentando por não estar em qualquer lugar que não naquele carro, tendo aquele assunto.

— Bom, ele é um rapaz muito bonito. Eu só quero que você saiba, que se estiver

acontecendo algo entre vocês, adoraria recebê-lo um dia para um jantar, para que você possa nos apresentar.

— Você? - Remus se sentia paralisado. — Isso é sério? Você não está… Tipo… Surpresa? Acho que as mães geralmente ficam de ver seus filhos de mãos dadas com outros caras, eu sei lá.

— Remus, eu te conheço desde que você estava dentro de mim. Além de que sempre vi como você olhava aquele garoto que ficava no quarto ao lado no hospital, aquele Dirk. - ela desviou os olhos da estrada é encarou o filho, então olhando novamente para frente, mas deixando a mão esquerda no ombro do filho. — Eu só quero que você seja feliz e honesto comigo, tem algo entre você e o Sirius?

— Não. - ele sussurrou.

— Uma pena, um rapaz lindo sem dúvidas.

— Nunca conte isso ao Sirius, o ego dele irá apenas se inflar. - mas no final, Hope apenas riu pondo um ponto final no assunto.

. . .

— Tem certeza que não quer que eu fique? - Hope perguntou novamente ao filho, ambos dentro da carro em frente ao três vassouras.

— Você tem um emprego, não vou atrasar suas coisas. O show começa só às 18 horas, vai dar tempo de você chegar.

— Certo, mas qualquer coisa me liga, você sabe que eu não vou largar o telefone e eu… - Remus falou a mãe beijando sua bochecha enquanto abria a porta. — Até mais.

— Até mãe, eu te amo.

— Eu também te amo, se cuida. - o garoto já fora do carro, puxou o capuz no pequeno trajeto até a entrada.

Lá dentro estava aquecido, e tinha um clima bem agradável na opinião do Lupin. Os meninos estavam sentados em uma mesa no canto conversando com uma moça.

— Olá?

— Olá, você deve ser o Remus. Eu sou a madame Rosmerta, sou uma das donas aqui do local, o resto dos meninos me contou que você estava preso no trânsito. - a mulher loira com aparência gentil começou a falar animada.

— Olá Remus. - Sirius disse.

— Que bom que chegou, ficamos preocupados com sua demora. - James comentou casualmente, abrindo espaço para Remus no banco.

— Madame Rosmerta estava comentando sobre o show. - Peter continuou, mas ele parecia um tanto distraído.

— Bom, o pub está aberto já, mas a apresentação só começa às 18 horas como combinado, então terão alguns clientes enquanto vocês ajeitam tudo. Podem montar os instrumentos e ensaiar no tempo de vocês, como o combinado, vão tocar até às 22 e depois podem pedir o que quiserem da cozinha, por conta da casa. Fiquem a vontade. - então ela se afastou sorrindo, sumindo por uma porta, que eles acreditavam levar até a cozinha.

— Bom, os instrumentos estão na van que eu e o Sirius viemos. - James explicou, Remus o encarou por um instante a mais, era interessante como ele tinha essa aparência de ser o líder, e não havia problema algum nisso. — Remus, eu sinto muito, tivemos que desmontar a bateria pra trazer, vai dar um trabalho maior para trazer até o palco e montar.

— Eu ajudo ele, você e o Peter trazem o resto e passam o som, depois nos juntamos a vocês. - Sirius se ofereceu, antes mesmo que Remus pudesse falar algo.

— Ok, vamos lá. - Peter começou a falar, mas seu celular tocou e ele se afastou na hora. — Vão na frente.

— E aí está a namorada misteriosa dele. - James brincou.

— Talvez seja um namorado, por isso ele não conta quem é. - o Lupin sugeriu.

— Não, ele contaria se fosse. - James cortou, mas Remus apenas levantou a sobrancelha em dúvida.

— Ele sabe que entre nós ninguém iria discriminar ele, afinal, eu mesmo sou bi. - o Black completou casualmente, isso fez Remus paralisar por dentro.

Porque isso mudava tudo, não é mesmo? Fazia com que talvez não fosse total imaginação dele todos esses dias, claro, tinha a chance de ser sim e o Sirius apenas não estar interessado nele, mas ao menos, não tornava completamente sem sentido a ideia de que talvez, alguém gostasse, mesmo que remotamente, dele.

— Ok, vamos lá? - Peter voltou cortando os pensamentos de Remus.

Logo foram até a parte de trás do pub onde Sirius havia estacionado, nevava um pouco e realmente daria um pouco de trabalho levar todas as partes da bateria para dentro, mas Remus e Sirius estavam fazendo um bom trabalho de equipe.

— Acho que foi tudo, só faltam os pratos. - disse Sirius relaxado, já do lado de fora da van encostado na porta, enquanto girava um dos pratos, e esperava Remus que continuava a olhar do lado de dentro atrás de qualquer coisa que pudessem ter esquecido.

— Acho que você está certo. - Remus desceu da van com cautela, segurando suas baquetas e o outro prato.

— Você ainda vai descobrir Lupin, que eu sempre estou certo.

— Já percebeu que você tem algo com meu sobrenome? Gosta de me chamar por ele?

— Gosto, é um sobrenome bonito. - Sirius então limpou a neve que caía no cabelo de Remus e no seu próprio. — Devia começar a usar um gorro também, junto com as luvas.

— Eu prefiro capuz, mas parece que dessa vez você não tem um gorro para me dar.

Sirius sorriu se aproximando mais de Remus, era esse o momento? Bom, ele não sabia, mas não era Sirius Black se não tentasse. — Remmy?

— Sim?

— O que você faria se eu tentasse te beijar agora?

Então Remus corou, fortemente. Foi como levar um soco no estômago e sentir todo o ar sair de seus pulmões com a dor, mas não havia dor e de alguma forma, aquilo foi bom.

— Isso. - então se inclinando, o Lupin encostou seus lábios nos de Sirius e puta merda, aquilo por si só já era perfeito.

As mãos de Sirius foram até os ombros de Remus, logo se dirigindo até a nuca e o cabelo, que ficava cada vez mais coberto pela neve. Ao se separar, o Lupin encarou o Black por um instante, nem achava que aquilo era um beijo por completo, mas parecida tudo.

— Ah, mas não acabou mesmo. - então antes que pensasse, Remus foi puxado novamente contra os lábios de Sirius.

Quando suas línguas se encostaram e as mãos de Sirius estavam novamente em seu cabelo, Remus levou as mãos até as bochechas do Black, elas eram quentes, Remus não usava luvas e seus dedos estavam congelando, mas o rosto de Sirius se mantinha quente, como se uma chama vivesse dentro dele. E na verdade, o Lupin acreditava que era isso mesmo, a vida emanava de Sirius de uma forma única, então ele era inteiramente calor, podia ter o nome de outra estrela, mas Sirius Black era a porra do sol, e ter isso por perto, ter ele por perto, tornava os dias mais incríveis. Remus considerava cada dia longe de um hospital um dia bom, mas ao lado de Sirius, o mundo ganhava novas cores, e era tão idiota assim um beijo significar isso?

— Eu acho que me apaixonei por você, sabe, faz um tempinho que eu acho isso. - Sirius disse ao se separarem novamente, então se abaixando para recolher o prato que havia derrubado no chão. — E você não precisa falar nada agora, só vamos entrar e nos preparar pro show.

— Sirius…

— Sério, não diz nada, daí se uma hora você dizer, vai parecer mais sincero. Só quero saber se você tá de boa com a gente se beijar outras vezes. - quando Remus concordou com a cabeça, o Black apenas sorriu o puxando novamente para dentro do pub.

James e Peter estavam no pequeno palco de madeira onde os instrumentos foram montados, e ajustavam o som, quando Sirius apareceu sorrindo e carregando um prato, ainda de mãos dadas com um Remus totalmente vermelho de vergonha, não foi preciso dizer nada, todos sabiam do necessário.

 

— Vocês foram tão lindos meninos. - Hope disse abraçando o filho após eles descerem no palco no fim do show.

— Maravilhosos, estou tão orgulhosa. - Euphemia completou, os levando até a mesa, onde também tinha a presença de Fleamont Potter.

— Eu ainda não apresentei vocês formalmente, mas essa é Hope Lupin, minha mãe. - Remus disse orgulhoso apontando para a mãe. — Mãe, esses são James, Peter e Sirius. Os meus amigos.

— É um prazer conhecer todos vocês, acho tão bom que Remus conheça pessoas novas. - a mulher deu um abraço forte em cada um.

— Foi uma bela apresentação, rapazes. - Fleamont disse mais contido, naquele momento, Peter olhou ao redor.

— Ele não veio, né? - o loiro disse baixo.

— Sinto muito Peter, ele avisou que não poderia vir. - Euphemia respondeu segurando a mão do menino por cima da mesa.

— Sem problemas, ele nunca vem a coisa nenhuma mesmo.

— O pai dele é meio ausente. - Sirius sussurrou no ouvido de Remus.

— Que?

— O pai do Peter, ele perdeu a mãe há alguns anos e desde então o pai mergulha no trabalho para superar, eles se afastaram bastante. Euphemia e Fleamont Potter também são figuras paternas para ele. - ele terminou, antes de começar a olhar o cardápio, como se estivesse acostumado demais a falar desse assunto.

— Querido, vai querer comer algo? - Hope questionou ao filho.

— Batatas, eu acho. - Remus checou o cardápio, antes de confirmar.

— Sabe, gosto como tem um bom relacionamento com a sua mãe, isso é algo bonito. - Sirius comentou.

— Acho que você já comentou sobre isso, paternidade é um assunto que lhe interessa?

— Bom, eu vim de um lar abusivo, onde aos 16 anos eu fui espancado até que eu criasse coragem para juntar minhas coisas e fugir para casa do Fleamont e da Euphemia, eles são meus pais, os únicos que jamais tive e morrerei afirmando isso. - Sirius o olhou com aquele brilho louco, mas havia tanta fragilidade ali, que Remus teve que segurar sua mão.

— Você tem uma bela família.

— Tenho mesmo. - o Black completou, agora brincando com os dedos de Remus.

Então Sirius o olhou, não mais que isso, mas isso significava muito mais do que apenas um olhar, e então Remus percebeu. Não foi como um raio caído do céu ou um bilhete formal o avisando, mas foi como terem tirado uma venda de seus olhos, como se o mundo ganhasse novas cores e ele estivesse em um maldito barco navegando em um rio feito de tangerina e marmelada, com flores de celofane amarelas e verdes no céu e outras coisas que não tem sentido, porque Remus tinha certeza absoluta que estava apaixonado há um tempo por Sirius Black, e a paixão era isso, uma mistura de coisas que não faziam sentido.

— Tem certeza que não tem nada entre vocês? - Remus ouviu sua mãe sussurrar para ele.

— Talvez agora tenha algo.

. . .

Naquela tarde, enquanto Remus terminava de se arrumar, Sirius chegou um pouco cedo demais. O Lupin penteava o cabelo na frente do espelho, quando o outro chegou até seu quarto, parado na soleira da porta, com os braços cruzados assistindo o outro se arrumar.

— Não acha que está um pouco adiantado? - Remus questionou agora andando em direção a cômoda.

— Um pouco. Dava para me ver do espelho?

— Não, mas você é discreto como um elefante entrando em um apartamento.

— Ou talvez. - o Black entrou finalmente no pequeno cômodo azul. — Você apenas não consiga deixar de sentir a minha presença quando eu me aproximo.

— Já pensou em tratar todo o seu narcisismo? - o Lupin se virou na direção de Sirius, o vendo a menos de um metro de si agora.

— Não. - mais um passo se aproximando. — Pronto?

— Quase, só tenho que procurar meu casaco. - outro passo.

— Quer que eu te espere aqui?

— Não… Você pode esperar lá embaixo se quiser. - e de repente, Sirius Black estava tão próximo dele que quase não conseguia mais respirar.

Então as mãos de Sirius estavam em seu rosto, enquanto seus lábios estavam colados os seus, e novamente, Remus estava beijando Sirius, e continuava glorioso. Levou suas mãos até a cintura do Black o aproximando mais de seu corpo, enquanto ele aprofundava o beijo. As mãos de Sirius em seu rosto eram quentes e enquanto elas desciam por seus ombros, braços e tronco, deixavam uma trilha de calor perceptível até por cima das roupas. Remus sempre tinha o corpo frio demais, Sirius se questionava se ele até mesmo tinha febre, pois parecia ser capaz de manter o corpo em temperaturas baixas, mas seus lábios eram quentes, e isso era bom, muito bom. Porque Remus Lupin era uma analogia interessante, o garoto gelado por fora que queimava por dentro, mas ao que ele era uma analogia, ele não sabia dizer, talvez a si mesmo, talvez a vida, talvez ao nada.

— Tudo bem, eu vou te esperar lá na sala. - Sirius disse ao se separar de Remus. — Não demore, a sessão começa em meia hora.

— E você está 15 minutos adiantado.

— Se tem uma coisa que meus progenitores me ensinaram é, esteja sempre na hora certa, no local certo. - o Black dizia andando de costas para a porta do quarto.

— Eu sou o lugar certo? - Remus perguntou, mas recebeu apenas um dar de ombros  antes que o Black saísse.

A pequena e aconchegante casa do Lupins chamava a atenção de Sirius da forma mais positiva possível, as fotos nas paredes que acompanhavam o crescimento de Remus, os cartões de dia das mães e dos pais na lareira, o chocolate quente que Hope Lupin ofereceu a ele quando chegou e apenas ela estar ali, trazia uma espécie estranha de conforto ao rapaz.

A senhora Lupin estava no sofá lendo quando Sirius terminou de descer as escadas, ela apenas ergueu os olhos do grosso exemplar que lia e o encarou com doçura, então retirando os óculos de leitura.

— Sirius, você se importaria de se sentar um pouco comigo? - ela questionou deixando o livro na mesa de centro.

— Claro. - ele se dirigiu até o sofá amarelo da casa.

— Obrigada, Remus sempre demora para se arrumar. Acho que passei tanto tempo falando sobre higiene e estar bem agasalhado que ele passa muito tempo para se aprontar. - ela riu como se fosse uma piada que apenas ela entendesse, como algo de mãe. — Sabe querido, eu gostaria de falar sobre você e meu filho.

— Senhora Lupin, eu quero que você saiba que…

— Me chama de Hope, por favor. - a mulher interrompeu Sirius. — E antes que comece um discurso igual ao que o meu primeiro namorado fez pro avô do Remus, eu tenho que falar algo. Eu conheço você, assim como seus pais e irmão, sei que é uma pessoa boa Sirius. Criei Remus para ser bom e ter pessoas boas ao seu redor e acredite em mim, sou uma mãe super protetora, então sei que você é uma pessoa boa para o meu filho, apenas quero que você saiba que cada vez que meu filho espirra mais de uma vez em pouco tempo, eu tenho medo que ele tenha pneumonia de novo, quando ele fica com febre eu me desespero, eu tenho medo a cada check up no hospital…

— Hope… - Sirius pegou a mão da mulher que fez uma pausa para respirar fundo, quando ela abriu abriu os olhos novamente lacrimejava.

— Cuide dele Sirius, seja a pessoa boa que sei que é. Confio nele e em você, mas cuide do meu filho ou eu mesma vou te mandar para o hospital.

— Vou cuidar. - o Black proferiu solene, então a mulher sorriu, limpando as lágrimas que se formavam em seus olhos. — Sou apaixonado por seu filho afinal.

— Isso é bom, realmente bom.

— Também acho.

— Mãe? Sirius? Tá tudo bem? - Remus descia os últimos degraus da escada encarando o rapaz e sua mãe com apreensão.

— Tudo ótimo. - Sirius disse se levantando, mas ainda encarando a mulher. — Pronto?

— Sim.

— Onde vão? - a mulher perguntou animada.

— Ao cinema. - responderam em uníssono.

Remus caminhou até os dois no sofá e após depositar um beijo na bochecha da mãe com um breve “até mais”, ambos partiram em direção ao carro de Sirius. Era um carro vermelho meio retrô, que o Black fez questão de abrir a porta do carona para Remus. E logo eles estavam a caminho do cinema, nevava um pouco aquele dia, ainda mais tão perto do natal, as ruas cheias de pessoas carregando sacolas e crianças passando encantadas por vitrines de lojas, Sirius ligou o rádio e começou a mudar de estação a procura de algo.

— Para nessa. - Remus falou, enquanto a melodia de Lucy in the Sky with Diamonds começava.

“Picture yourself in a boat on a river

With tangerine trees and marmalade skies

Somebody calls you, you answer quite slowly

A girl with kaleidoscope eyes”

— Sua música favorita. - Sirius falou voltando com as duas mãos no volante.

— Você lembra disso.

— Claro que lembro, você disse no dia da nossa dança.

— É a sua favorita também. - Remus se remexeu inquieto no banco por um instante. — Ela me lembra você.

— Porquê? - o Black desviou os olhos para ele o encarando com um sorriso, antes de voltar a olhar para estrada.

— Um dia eu te conto….

— Mas você me deixou curioso agora, Lupin. - o Black começou. — Tipo, essa música significa algo? Eu sempre acho que é só…

— Eu sou apaixonado por você, Sirius. - o garoto soltou simplesmente, fazendo com que o Black ficasse chocado e pisasse sem querer no freio.

“Lucy in the sky with diamonds

Lucy in the sky with diamonds

Lucy in the sky with diamonds

Follow her down to a bridge by a fountain

Where rocking horse people eat marshmallow pies”

— Puta que pariu. - o Black falou enquanto voltava a andar com o carro.

— Eu acho que reagi um pouco melhor que você. - Remus disse sorrindo da forma com que Sirius ainda parecia chocado.

— É que eu não esperava por isso.

— Não esperava que depois de dançar com você, te beijar e aceitar vir em um encontro, eu estivesse apaixonado? - Remus indagou confuso, enquanto Sirius estacionava o carro na frente no cinema.

— Sim?

— Uau… - o Lupin proferiu com um ar debochado.

— Bom, ao menos eu posso fazer livremente isso agora. - ele começou, atraindo a atenção de Remus.

Então Sirius se pegou novamente beijando Remus, colocando as mãos em sua nuca, enquanto sentia as mãos dele em sua cintura e puta merda, ele queria aquilo pro resto da merda da vida dele.

“Picture yourself on a train in a station

With plasticine porters with looking glass ties

Suddenly, someone is there at the turnstile

The girl with kaleidoscope eyes”

. . .

Remus encarou a própria janela novamente, tendo certeza que havia escutado algo vindo de lá. Então de novo, um barulho simples de algo sendo arremessado em sua janela. O Lupin deixou o livro que lia em cima da cama e foi em direção a janela, abrindo a cortina pode ver o exato momento em que o barulho se repetiu, com um pedra sendo jogada no vidro. Ao se aproximar mais e olhar para baixo, pode ver no quintal da frente de sua casa, Sirius sorriu ao vê-lo na janela e acenou, obrigando Remus a abrir a janela e se inclinar para falar com o rapaz.

— É quase meia-noite e você achou que era uma boa hora para fazer o maior clichê romântico na minha janela? - Remus questionou, se esforçando para soar alto o bastante para que Sirius escutasse, mas não sua mãe que dormia.

— Sim. Gostou? - o Lupin pode ver, mesmo a distância, a sobrancelha dele se arqueando como se o desafiasse.

— Gostei… Mas tá frio Sirius.

— Eu tô bem aquecido. Pobre do James que não trouxe um casaco tão quente.

— O James tá aqui? - ele se inclinou um pouco mais procurando o outro amigo.

— No carro, é o meu piloto de fuga.

— Porque precisa de um piloto de fuga?

— Vai que eu decido assaltar um banco?

— Na véspera de natal?

— Talvez. - o Black riu. — Na verdade, a gente passou na casa da Lily antes.

— A crush do James?

— Sim, ele quis roubar a minha ideia, mas eu não deixei exatamente, então passamos um pouco antes e ele deixou o presente de natal dela lá.

— E ela gostou? - Remus apoiou o cotovelo na janela, criando um apoio para sua mão, que segurava sua cabeça agora.

— Gostou, era uma pulseira com um pingente de lírio.

— Isso foi fofo.

— Não sabia que era um romântico, Lupin.

— Praticamente todos gostam, mesmo que um pouco, de romance. - Remus rebatou, recebendo um sorriso de Sirius.

— Bom, isso é sempre bom. - o Black olhou em seu pulso, para o que Remus percebeu ser um relógio. — É meia noite, então oficialmente, feliz natal, Remus Lupin.

Então Remus riu. — Veio aqui pra me desejar natal a meia noite?

— Exato.

Então Remus se afastou da janela, sem tempo para calçar algum sapato, ele apenas saiu silenciosamente de seu quarto, descendo as escadas e chegando logo até a entrada da casa. Sirius estava um pouco afastado por estar bem perto da janela de seu quarto, mas não foi preciso muito para chamar a atenção do moreno, que andou até a porta.

— Feliz natal, Sirius Black. - Remus  disse antes de puxar o mais baixo para um beijo na soleira da porta.

. . .

Quando abriu os olhos, Remus quis fechá-los novamente por conta da luz forte, encarou bem ao seu redor, branco e mais branco, porra. Ele havia voltado afinal.

Se apoiou nos ombros para olhar ao redor, era, por coincidência ou não, o mesmo quarto de hospital que antes. Olhou ao seu redor, as paredes brancas e o quarto vazio, vendo na cômoda ao seu lado uma jarra de água e um copo, disposto a se servir.

Remus se lembrava de acordar tarde naquele dia, com a cabeça doendo um pouco e espirrando, sua mãe mediu sua temperatura e se assustou, não se lembrava de mais nada, então provavelmente ele tinha apagado de sono. Porra, tantos dias para voltar e tinha que ter sido justo no natal.

A porta se abriu mostrando sua mãe. Ela parecia preocupado, mas ao ver o filho acordado, sorriu, então correndo para poder abraçá-lo.

— Que horas são? - Remus questionou.

— Ainda 14 horas, querido. - ela disse passando a mão pelo cabelo dele. — Chegamos a menos de meia hora, a doutora Weasley fez alguns exames rápidos em você. Também tem uma visita.

— Tenho?

— Sim. - ela sorriu andando até a porta e a abrindo. — Pode entrar Sirius, ele está acordado.

—Remmy. - o Black disparou se aproximando dele, parecia preocupado. — Sinto muito.

— Porque?

— Se você não tivesse ido pro frio ontem, talvez não tivesse acordado mal. Foi tudo culpa minha, agora você pode ter algo novo que te prenda no hospital de novo e… - Sirius parecia que ia ter um treco bem ali na frente de Remus, obrigando o Lupin a interrompê-lo.

— Six, isso não faz o menor sentido.

— Faz sim, me escuta… - mas ele nunca iria terminar seu raciocínio, pois a porta foi aberta novamente.

O rosto gentil de Molly Weasley, com os olhos brilhantes e o cabelo cuidadosamente preso em um belo penteado, apareceu na porta em um pedido silencioso para entrar.

— Remus… Não esperava te ver tão cedo.

— Sinto muito por isso, sei que no natal trabalha menos por conta das crianças.

— Mas por você vale a pena demorar uns minutinhos a mais, além de que vai ser bem rápido.

— Certeza? - Hope Lupin comentou, desesperada para que fossem boas notícias.

— Sim. - Molly continuou com seu típico sorriso amável. — Fiz alguns exames rápidos e te demos remédio pra febre que baixou logo, você está apenas com um leve resfriado, está tudo bem. Foi um grande alarme falso.

— Graças a Deus. - e não sabia qual dos membros da sala que havia falado isso parecia mais aliviado, Hope, Sirius ou Remus.

— Está liberado Remus, aproveite seu natal.

— Muito obrigado doutora, feliz natal. - Remus se despediu a vendo sorrir e deixar a sala. — Viu, tudo ok, podemos ir para casa aproveitar o natal.

— Sim, podemos. - Hope disse encarando feliz seu filho, seu bebezinho, que estava bem. — Vou ao banheiro e então levamos Sirius para casa.

— Você me pregou um grande susto, Lupin. - o Black disse após ver Hope sumir pela porta do banheiro.

— Eu? Você não estava se culpando pela minha nova doença menos do um minuto atrás?

— Isso foi antes quando eu achava que você estava novamente com pneumonia. - Sirius se defendeu.

— Quanto drama, Black. - Remus se sentou na cama, se apoiando nos braços e então ficando com seu rosto na mesma altura que a de Sirius e jogando suas pernas para fora da cama.

— Que bom que você gosta então, Lupin.

— Que bom…

Então Remus foi pego novamente por um beijo de Sirius, o moreno tinha as mãos na cintura dele, quase em suas pernas que pendiam para fora da cama, o Lupin levou as mãos até os cabelos do Black aproveitando a maciez dos fios do cabelo dele, enquanto sentia o beijo se aprofundar e bom, talvez o quarto branco tivesse agora um pouco de cor, contando que Sirius estivesse nele também, com a vida emanando dele, sua paixão e seus olhos de caleidoscópio.


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