A sala estava vazia agora, restando apenas seu corpo miúdo diante do imenso silêncio. Um contraste interessante para ela, de fato. Se sentir tão pequena quando antes era quase a rainha do mundo.

O som de passos tirou-a de seus pensamentos, e a figura esguia do garoto pareceu tomar toda a sua visão. Harry potter estava agora agachado, olhando o rosto pálido e triste da mulher. Apoiou uma das mãos sobre os joelhos de Narcissa Malfoy, quase sentindo um choque quando a mulher repetiu seu ato.

Palavras que não precisavam ser ditas rondavam os dois.

— Irei fazer o possível por eles, prometo isso — começou Harry, dando um breve sorriso para a mulher, que manteve as orbes gélidas pairando sobre o rosto dele — Será um tanto difícil para Lucius, mas conversei com ele. Talvez a sentença dele seja encurtada após meu depoimento, e ele logo voltará para casa. Para você e Draco.

— Porque está fazendo isso, Potter? — disse com dificuldade, sentindo sua garganta arranhar pela falta de uso. Não havia falado até aquele momento, não sentiu que precisava — Nós fomos horríveis com você, menino. Não deveria estar aqui.

— Meu coração me mandou estar aqui, Narcissa. Estou aqui por você e espero que saiba disso — foi sincero, sem quebrar o contato visual — Nunca irei esquecer o que você fez por mim lá. E sei o quanto sua família é importante para você, o quanto os ama. Vou tentar o meu máximo, mas temo que não seja o suficiente.

— Você tentar já é o suficiente. Obrigada, Harry.

E então vozes começaram a soar, fazendo Potter levantar e se afastar.

Narcissa viu no olhar daquele menino algo que há muito tempo não via em alguém: piedade.