C'est ce que vous êtes escrita por pnsyparkinson


Capítulo 1
tu peux décider de croire en toi




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Faltava exatamente um mês para que as aulas de Hogwarts retornassem e Dominique nunca pensou que ansiaria por isso, até acontecer. Estar em casa nunca havia sido tão ruim, e a garota se sentia uma estranha, deslocada. 

Sempre esteve nas sombras de seus outros irmãos e estava tudo bem para ela, pelo menos antes. Agora, porém, era sufocante e irritante não ser notada. 

E ela estava exausta. 

Exausta de ser sempre a segunda, exausta de não receber atenção dos garotos, exausta de se sentir inferior. 

Estavam reunidos em volta da mesa de jantar quando a filha do meio dos Delacour-Weasley se sentiu explodir e isso chocou sua irmã, que arqueou as sobrancelhas perfeitamente desenhadas e abriu os lábios rosados e macios para soltar algum xingamento em francês. Victoire era incrível no francês assim como sua mãe, e isso acabou irritando ainda mais a ruiva quando fez um sinal para que a irmã se calasse, levantando-se da cadeira de forma rápida. 

Fleur suspirou e Bill apenas observou sua princesinha se retirar, pensando no que poderia ter causado aquilo em sua garotinha.

Louis olhou dos pais para a irmã mais velha, sem entender o que havia acontecido. Voltou a se concentrar em seu jantar quando Victoire exalou alto, levantando-se também.

 — Vou falar com ela, mère. 

[...]

Dominique correu pelas escadas, até chegar ao segundo andar da casa em que morava com a família. Em seus olhos claros, lágrimas grossas pareciam nublar a visão. Foi até seu quarto e trancou a porta, se jogando na cama para abafar os soluços que sabia que logo mais lhe fariam companhia. 

Conseguiu ouvir os passos ritmados da irmã mais velha pelo corredor, parando em frente a sua porta. A sombra do corpo esguio de Victoire passando pela fresta debaixo da porta. Suspirou, abraçando o travesseiro para se fazer invisível, alheia aos pedidos para que a porta fosse aberta.

Eram bruxos, era óbvio que com um simples feitiço a maçaneta iria girar. Mas Toire jamais faria aquilo consigo, assim como ela também não faria com a irmã. A loira esperaria pacientemente o momento em que a caçula se abriria consigo, mesmo que demorasse uma semana ou mais, ela era paciente. 

 — Soeur, estarei esperando por você no nosso lugar especial quando quiser conversar, ok? Eu amo você, Nique.

E com aquilo, se afastou. Descendo as escadas de dois em dois degraus, Dominique sabia. Voltou a se afundar contra a  maciez de seu travesseiro, pensando em — finalmente — colocar o que sua mente tanto desejava em prática.

[...]

A casa dos Delacour-Weasley era como o porto seguro que todos eles precisavam. Pelo menos era isso que os três filhos de Fleur e Bill diziam, já que cada cantinho era especial. 

A grande árvore no quintal, com a antiga casa de brinquedo dos irmãos continuava lá exatamente por esse motivo. Dominique caminhava incerta pela grama verde, o capuz cobrindo seus cabelos e o olhar baixo quando chegou até a escadinha de corda e madeira, presa no tronco firmemente para que não houvessem quedas. Respirou fundo e subiu um degrau de cada vez, com seu coração martelando dentro da caixa torácica.

Seus pais estavam na sala com Louis, assistindo um programa de TV trouxa que seu avô Arthur tanto falava. E nenhum sinal de Victoire por ali, o que a levou até o quintal.

Ao chegar no topo da escadinha, abriu o pequeno alçapão que dava entrada a antiga casinha de bonecas. O cheiro de doces fez seu estômago roncar e foi audível o suficiente para arrancar um risinho da mais velha, que estava com um pacote de feijõezinhos em seu colo enquanto olhava as estrelas pela janela da casinha.

— Meus braços estão abertos para você, Nique. 

E com isso, a mais nova sentiu o peito apertar novamente. Caminhou com passos calmos até estar ao lado da outra, sentando-se sobre o cobertor também.

— Seu plano é dormir aqui hoje? 

— Meu plano é dormir aqui com a minha irmãzinha, então sim. O que aconteceu? 

A preocupação na voz doce e angelical fez o estômago da mais nova revirar. Não gostava de deixar sua família preocupada, muito menos sua  irmã. A ruiva suspirou, mordendo o lábio. Estava tão cansada.

— Não aguento mais ser a segunda opção, Vic. Me sinto tão... de lado - deitou a cabeça sobre o ombro da mais velha, com os cabelos ainda cobertos pelo capuz — É como se eu fosse invisível, e só existissem você e Lou. Cansativo demais, eu só acho que explodi hoje no jantar. 

Tristeza pareceu nublar os traços delicados de Victoire, que passou o braço livre pelas costas da garota, mantendo-a perto. Recostou sua cabeça sobre a dela, deixando um beijo em sua testa. Notou algo estranho, porém, quando um fio quase platinado escorregou fora do tecido. 

— Você não é a segunda opção de ninguém, Dominique. Nunca! Você é a melhor no quadribol, seus artigos sobre história da magia são os mais bem escritos. Seu gosto para filmes e músicas é impecável, fora o gosto para roupas. E sua beleza é única, só sua. As pessoas comentam sobre como seu cabelo parece fogo, brilhante e bonito. E suas sardas formam a constelação mais linda que já coloquei meus olhos. Sua voz cantando as músicas de ninar da vovó aquece meu coração e caso não saiba, cabecinha de fósforo, a irmã favorita do Louis é você - disse Victoire, com a voz suave e sincera — Todo mundo vê você, soeur. Basta você mesma fazer isso, uh? Tu peux décider de croire en toi.

A mais nova franziu o cenho, se afastando levemente para limpar os olhos e as bochechas, não conseguindo eliminar completamente o caminho das lágrimas. Engoliu em seco e retirou o capuz, mostrando os fios loiros pela primeira vez.

Em um pequeno momento, havia utilizado um feitiço em seus cabelos, antes avermelhados. Seus ombros caíram quando a mais velha colocou uma mecha atrás da orelha, levando os dedos até seu queixo logo após.

— Ficou bonito, Nique. 

— Mas não sou eu - disse, com a voz entristecida.

— Não é você, mas pode ser se quiser. É uma decisão sua, sabe? Se quiser mudar seus cabelos, continuaremos te amando. Só queremos te ver feliz.

— Papai vai ficar chateado - disse a mais nova, deixando um risinho escapar por seus lábios.

— Ele vai - concordou, lembrando da felicidade que o homem sentia por ter uma menininha com seus cabelos. E sardas. O pacote completo — Mas ele irá entender.

— A frase em francês, o que ela quer dizer? - perguntou encabulada, sentindo as bochechas avermelhadas e quentes — Não sou tão boa quanto vocês...

A mais velha sorriu terna, olhando nos olhos de sua irmãzinha.

— Você pode decidir acreditar em si mesma.

[...] 

Os cabelos ruivos esvoaçavam pela plataforma 9 ¾ enquanto corria até o vagão do trem. Havia demorado tempo demais se despedindo dos pais e dos avós, que estavam ali para acompanhar mais um ano de seus inúmeros netos e netas.

Dominique respirou fundo quando entrou, logo sendo recepcionada por Rose e Albus, que lhe deram alguns doces antes de entrarem na cabine. Iria dividir com os irmãos e Teddy, como sempre fazia e estava a procura deles quando seu corpo trombou com o de James Sirius, que rapidamente a impediu de cair no chão. A garota sorriu para o melhor amigo e primo, cutucando as costelas dele. 

Foram juntos até suas respectivas cabines e não tardou para que ruiva dormisse, com a cabeça no colo do irmão mais novo enquanto Teddy contava como havia sido as férias com seus avôs e seus pais.

O expresso chegou ao seu destino e a viagem nas carroças foi rápida, logo adentrando os terrenos do imenso castelo. Foram destinados ao salão para ver o sorteio dos novos ingressantes e para sua própria surpresa, Dominique estava sorridente. 

A primeira semana passou e com ela o primeiro fim de semana veio. Os Delacour-Weasley faziam planos no corredor, com Teddy e Albus Potter, quando um avoado James apareceu e junto dele um amigo, que não conseguia tirar os olhos da ruiva.

— Oi Dominique - disse o garoto, Gregory. Ela o conhecia, claro. O achava lindo, também. E não conseguia entender a razão pela qual ele estava trocando gentilezas com ela — Eu queria saber se você quer, sabe... hm...

James Sirius riu, empurrando levemente o ombro do amigo. 

— Desembucha, Greg. Ou Nique vai achar que você não sabe falar com uma garota bonita.

A garota revirou os olhos para o primo, com um sorriso preso nos lábios. 

— Você quer sair comigo um dia desses? Um encontro - falou em um fôlego, deixando a mais nova de boca aberta — Se você não quiser tudo bem, finge que nem falei isso... 

— Se você parasse de tagarelar, talvez conseguisse ouvir minha resposta - disse, rindo baixinho — Adoraria sair com você.

E então o loiro fez uma pequena comemoração, James começou a rir, Albus sorriu em aprovação e Teddy fez dois joinhas com os polegares. E Victoire a olhou, dando seu mais belo sorriso e uma piscadela.

Dominique estava finalmente acreditando em si mesma.


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