Pieces Into Place escrita por éphémère


Capítulo 1
Prólogo




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As dobradiças antigas pareceram guinchar em um doloroso lamento quando a porta de entrada fechou na cara de Rose estrondosamente. Enquanto o baque ecoava pelos becos escuros daquela rua suja e estreita, ela soltou a respiração com pesar. Ainda via os contornos do senhor Flint contra a luz alaranjada que atravessava as cortinas da janela da sala, ainda ouvia enquanto, aos berros, ele amaldiçoava ela e sua linhagem inteira por fazer uma brincadeira de tamanho mau gosto.

Mas não queria desistir tão cedo. Usando de todo o autocontrole que ainda lhe restava naquela noite, Rose saiu sem revidar, andando rente ao meio fio, mais devagar do que gostaria. Seus pés estavam doloridos, e as batatas de sua perna não latejavam assim nem após uma longa partida de quadribol.

Ela queria chorar. Não porque ainda não tinha conseguido o que estava procurando, não porque se sentia terrivelmente frustrada. Queria chorar porque os rostos magros, pálidos e de olhos fundos que vira no decorrer daquele dia a assombrariam por, no mínimo, um mês inteiro. Queria chorar porque não parava de pensar nas reações de espanto, ódio, tristeza e insulto que recebera momentos antes de outra porta fechar, erguendo-se diante dela como uma muralha de ferro.

Abaixo da luz débil de um dos postes da rua, Rose parou de andar subitamente. Resistindo ao desejo gritante de sentar ali mesmo, na sarjeta, puxou de suas vestes uma pequena caderneta e, por alguns instantes, apenas folheou as páginas que, naquele dia, exalavam uma leve essência de morango. Olhava para a tira de céu noturno que ainda aparecia entre os recortes dos prédios, que se amontoavam e pareciam se precipitar de forma inquisidora sobre a rua estreita, e tentava recuperar a respiração que as lembranças daquelas imagens perturbadoras lhe tiraram.

Ainda sob um torpor que pregava seus pés no lugar e carregava seu peito de um peso agoniante, Rose riscou o nome Flint da lista que tão cuidadosamente elaborara três dias atrás, aproximadamente uma hora após receber uma carta do Profeta Diário.

Enquanto passeava os olhos mais uma vez sobre os escassos sobrenomes que ainda restavam no pergaminho, sentiu-se ainda mais drenada; contando com aquela última visita aos Flint, tinha feito um total de doze visitas. Doze visitas infrutíferas, e apenas oito sobrando.

Guardando a caderneta de volta nas vestes, a Weasley sacou a varinha e esgueirou-se para o beco mais próximo para aparatar.


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