Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 53
Assunto Principal


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
*perdão pelo capítulo enorme.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789213/chapter/53

Kevin Narrando

Cheguei com Rafael no domingo após termos saído para comer fora e fui cumprimentar Otávia e Yuri que estavam conversando com Arthur na copa. Aproximei da ponta da escada e antes de subir com o Rafael foi quando vi os três.

— Dá a chave do seu carro. – Rafa chegou perto de mim e pediu. – Esqueci o meu celular lá. – dei o olhar de análise que ele tanto odiava.

— Por que isso? – perguntei baixo após me virar pra ele.

— Isso o que Kevin? – ele não gostou nada do questionamento. – Odeio quando você usa esse seu jeito analítico comigo. E você sabe disso.

— Tá bom. Mas eu sei que você só deixou o telefone lá porque o meu já estava e você quer mexer nele. Tá desconfiando que eu esteja trocando mensagens com Murilo? Acha que é por isso que eu deixei meu celular no carro? – ficamos nos olhando. Ele se demonstrou magoado e eu vi que estava enganado. – Desculpa. É que você pensa tanto nele.

— Será que sou eu que penso? – pegou a chave e saiu.

— Você vacilou. – Otávia concluiu e sorriu.

— Nossa, mas é enxerida né? – o irmão mais novo dela criticou. – Se eles estavam conversando baixo não era pra você forçar a audição. – ela o bateu e eu não consegui prestar mais atenção nos dois, só pensava em Rafael e nessa atitude dele.

— Cadê aqueles imbecis? – perguntei tentando me distrair e olhando a área da piscina não vendo ninguém.

— Foram embora agora mesmo. – Arthur respondeu. Rafael voltou e me entregou minha chave e avisou que iria dormir.

— Você disse que a lua de mel iria acabar na primeira briga, acho que já pode decretar o fim. – olhei para aquela sardenta idiota.

— Não foi uma briga. E ele não tá chateado. Ele já havia dito antes que iria chegar e dormir, eu só iria subir pra me despedir mesmo.

— Como você sabe que ele não tá chateado? – ela me desafiou.

— Ele é meu namorado, eu o conheço.

— Mas não sabia que ele não estava desconfiado minutos atrás.

— Eu tinha certeza que ele não iria lá buscar o celular. Não sei o motivo. – respirei fundo.  – Vou pra casa. – me despedi deles e assim que entrei no carro vi que não estava errado, como quase sempre acontecia. Havia uma caixa pequena perto do meu celular e nela estava escrito “Porque não tem graça quebrar as linhas do limite sem você.”. Sorri antes de abrir e vi um escapulário, dois ingressos e uma espécie de bilhete-carta, não era tão pequeno quanto o primeiro, mas nem do tamanho do segundo. Comecei a ler o papel.

“É meio irônico eu querer te ver com o símbolo de algo relacionado ao que nos afastou e quase nos separou, só que de alguma forma eu senti que um escapulário iria te trazer um pouco de proteção física e espiritual e te mostrar o quanto eu me preocupo com você e o quanto é especial pra mim. E como pôde observar na frase que escrevi na caixa, eu quebrei a maior linha do limite de todas com você e espero que agora você esteja pronto para também quebrar outra comigo, a entrada já está em suas mãos. Eu te amo.”

Peguei os ingressos e vi que era de salto duplo de paraquedas. Fiquei uns cinco minutos mais ou menos pensando em como eu fui imbecil no fim daquela noite e na forma fofa que ele encontrou para demonstrar que me ama. Coloquei o escapulário e voltei para dentro da casa, indo até o seu quarto onde o encontrei deitado. Praticamente pulei em cima dele e o abracei forte.

— Queria ler suas mensagens né? – ele perguntou fazendo cara de bravo.

— Mas você não queria pegar o seu celular. – conclui e sorri. – Eu nunca falho. Vou dizer isso quantas vezes forem necessárias.

— Soberbo. – ele criticou antes de me beijar. – Gostou? – olhou o escapulário.

— Muito. Ninguém nunca pensou em mim com tanto carinho. Não sei nem retribuir ao seu cuidado.

— Quem cuida de mim aqui é você, se esqueceu desse detalhe? – nos beijamos demoradamente e infelizmente lembrei que ele tinha que acordar cedo. Então me despedi mesmo não querendo ir embora.

Nessa segunda iriamos nos mudar temporariamente para a cobertura do hotel e eu estava levando as minhas coisas quando recebi uma mensagem de Alice. Devia ter ido vê-la nessa tarde, mas levar tudo o que eu precisaria por esses dias me tomou mais tempo do que eu imaginava. Até que fiquei sabendo que alguém entrou na casa dela. Fui pra lá correndo. A primeira pessoa que vi foi Arthur, tão óbvio. O mais importante era que ela estava bem, mas ainda precisávamos descobrir quem havia sido esse invasor. Pra isso convoquei Ryan e Alexandre. E ainda bem que terminou bem.

No outro dia bem cedo fiz o exame de DNA para iniciar a um novo plano para reconquistar a confiança do meu pai e voltar estar ao lado dele. Não podia me virar contra ele dessa forma, eu sabia que assim as coisas só seriam piores e mais difíceis.

Depois de ter a gravação do funcionário dele que me ajudaria mais a aproxima-lo e de quebra ele confiaria ainda mais em Arthur, passei a tarde com Alice, o que me fez concluir como retribuir ao presente de Rafael, mesmo que fosse por uma brincadeira dela.

— Kevin eu estava brincando. – ela disse e riu enquanto entrávamos na loja religiosa.

— Dizer que eu deveria dar um terço a ele me deu uma ideia. – comecei a ver os produtos. – Vou dar um escapulário também.

— Nossa! Foi mais ridículo que a minha ideia. – ela riu alto me fazendo fuzila-la.

— Não mesmo. Por que eu tenho um contexto. E você tá fazendo o que eu te pedi pra não fazer.

— Sendo parecida com você? Oh, que pena. – ela ironizou mais uma vez.

— Ainda bem que encontrei vocês! – Yuri nos abordou ao entrar rapidamente na loja.

— O que você tá fazendo aqui? – franzi a testa.

— Eu disse a ele onde estávamos. Algum problema? – suspirei desistindo de discutir com Alice.

— Preciso de ajuda. É sobre Giovana. Eu não sei como me comportar perto dela, não sei como agir e o que dizer.

— De novo? – ela questionou e eu ri. – Esse é o seu irmão Kevin. – seu comentário soou altamente depreciativo.

— Vocês não entendem. Tá muito mal resolvido a nossa situação.

— Você já conversou com o Alexandre como eu te indiquei? – ele me olhou e ficou sem respostas. – Tá sem coragem né? Se continuar covarde assim é melhor esquecê-la.

— Confie nele, dessa vez ele está certo.

— Eu sempre estou certo.

— Cala a boca Kevin. – ignorei Alice e escolhi o meu presente.

O caminho até a casa Yuri foi falando e falando e a Alice tentando rebater toda a sua visão da situação e eu apenas torcendo por todos os sinais estarem abertos e eu me livrar daquilo o mais rápido possível.

— Ei. – falei ao ver Rafael assim que coloquei os pés na copa. – Chegou agora?

— Já tem um tempo. – seu tom de voz, seu olhar e sua postura me mostrava que ele estava tenso. – Tem alguém te esperando. – apontou para a área da piscina. Fui rápido e vi Danilo.

— Estava demorando. – respirei fundo.

— Amanhã. Ela vai mandar alguém dar em cima de você amanhã. Mas não é qualquer investida, dentro disso ele vai soltar coisas que realmente pode acabar com o seu namoro.

— Tipo o que?

— Não sei se o seu namorado foi burro ou se ela inteligente o suficiente, mas ela sabe que ele tem ciúme do seu amigo. – franzi a testa. – Aquele... A bicha caótica, expansiva e alegre. – só podia ser o Luiz. – E pode acreditar, mesmo eu não conseguindo descobrir ao certo qual é a história que ela vai soltar, eu tenho certeza que vai mexer com ele porque é isso que ela faz. – passei a mão de forma agressiva no rosto e andei em círculos por poucos segundos.

— E como ela vai fazer isso?

— Não sei Kevin. Mas já tem um bom tempo que ela está envolvida nisso, não vejo minha irmã fazer mais nada além de se fechar nesse mundo louco dela.

— Agora conta uma novidade. – ironizei.

— Ela não tá pensando só nisso. Diana sabe que mesmo se eu estivesse espionando e não dissesse nada, você saberia que ela estava no meio e então você iria confronta-la e ela te tiraria ainda mais do sério e é aí que tudo aconteceria. Você seria filmado não por uma câmera, mas por várias e talvez até uma testemunha e então... Ou você faz o que ela quer ou lida com as consequências.

— Mas... – ele me mandou calar.

— Você pode me dizer que por ser um Montez ou por ser filho do seu pai que não tem boa índole, não iria ser punido, porém você iria mesmo conseguir lidar com o julgamento de todos depois de cometer tamanho erro? E ainda mais do Rafael, acabaria com toda a admiração dele por você. E não é pra menos.

— Chega desse papinho. – estava mais nervoso do que eu queria. – Vamos partir para ação. Preciso saber quem é o cara que vai dar em cima de mim, é um alto que está indo em sua casa a noite?

— Não sei. Talvez seja só o brinquedo sexual dela, ela precisa disso pra se inspirar.

— Você parece incomodado... – o olhei diretamente. – Tá com ciúme dela? Ela te controla é isso. E agora ela tá usando esse cara pra trazer o controle de volta.

— Não é nada disso. É que... – quando abri a boca para manda-lo se foder já que ele iria enrolar ele voltou a falar. – Isso também faz parte de mim. E eu percebi que eu sou sim um pouco igual a Diana.

— Já vi gente devagar, mas você se superou nessa. Mesmo assim parabéns pela descoberta. – respirei fundo.

— Desculpa interromper. – Alice chegou ao meu lado. – Arthur e Rafael acabaram de ir pra aula. E eu devo dizer que o seu namorado veio se despedir de você e mudou de ideia... E como eu não sou burra... Acho que ele tá com ciúme.

— Esse garoto tem ciúme de todo mundo? – Danilo questionou com muita impaciência. – Assim fica ainda mais fácil pra ela. E a escolha de TODOS deveria ser respeitada, pra mim não é uma opção dar em cima você. Posso ser assim? Eu tenho esse direito? Que saco!

— Por que você está tão irritado Danilo? – perguntei com preguiça.

— Seu namorado me tem como uma ameaça quando eu já deixei claro um milhão de vezes que isso não vai acontecer. É desrespeitoso. – dei uma risada. – O que você tá rindo?

— Nada. Vamos logo discutir o que fazer?

— Qual é o plano de ataque? – Alice se enfiou no meio da conversa.

— Você! – conclui de forma espontânea. – Você é o plano.

— Como assim Kevin?

— Não sabemos quem, mas alguém irá dar em cima de mim e o pior é que já incomodado com isso, Rafael será provocado com algo que ele não consegue controlar que é o ciúme que ele sente por Luiz. Então, é só você tira-lo de cena antes que seja dito qualquer coisa.

— E quem garante que eu estarei com vocês?

— Você vai ficar sempre com a gente. E não sei como, mas vai ter que ser convincente para conseguir fazê-lo não querer ouvir o que o cara tem a dizer.

— Fácil. Murilo. – ela sorriu. – Vou dizer a ele que recebi uma mensagem do Murilo e a gente precisa conversar. Não existe no mundo Luiz ou qualquer um que seja mais importante que o meu irmão.

— E quando forem conversar vai dizer o que? – cruzei os braços e a encarei sabendo que ela não diria nada.

— Invento uma história. Digo que ele está se apaixonando, mas eu estou com medo de aconselha-lo a seguir em frente, não por vocês dois e sim por preocupação com ele.

— Vocês acham que ele não vai perceber? – olhei para Danilo após sua pergunta.

— Já terei me livrado desse cara antes disso acontecer.

— Parece que você arrumou uma forma simples e fácil de livrar disso... Mas eu ainda duvido um pouco que vá dar certo.

— É ela que está sendo simples... Estou agindo de acordo.

— Então sem chance de você ficar nervoso e ir pra cima dela né? Não vai se descontrolar?

— Se fosse perder o controle com a sua irmã já teria perdido há muito tempo.

— Olha lá em Kevin, estou arriscando minha pele nisso por você e até agora você não pensou em uma forma de detê-la.

— Pensei. Mas eu estou muito ocupado namorando. – sorri debochadamente. – O que eu posso fazer? Você já notou como aquele ser é lindo e sedutor?

— Tá. Essa é a deixa pra eu ir embora. – ele ia saindo e se virou. – A Otávia está bem?

— Perfeitamente sem você por perto. – minha resposta não foi muito agradável o que o fez ir mais rápido.

— Eu iria dizer algo pior, mas graças ao seu irmão sou uma boa pessoa. – falei e Alice riu.

— Você sempre foi uma pessoa boa, o Murilo só trouxe isso a tona.

— Falando nele, como ele está? – nos olhamos.

— Acho que bem. Ele não tem ligado muito, diz que tá ocupado com o curso.

Deixei Alice desabafar o quanto sentia falta do irmão antes de ir para o hotel. Assim que cheguei meu celular tocou, meu pai. Até que demorou muito.

“Que história é essa de você fazer um exame de DNA?”— ele perguntou antes que eu dissesse qualquer coisa.

— Tenho minhas dúvidas. – respondi em um tom de voz normal.

“Como se eu não te conhecesse. O que você quer com isso Kevin?”

— Eu já disse. É só isso? Vou desligar.

“Por que eu não seria seu pai?” – ele começou a ficar nervoso. – “Você está ofendendo sua mãe desse jeito!”

— E você a respeita muito quando a trai né?

“O assunto aqui não é esse. E eu não estou traindo mais. Ela me deu uma segunda chance!”

— Acredita mesmo que eu vou cair nisso?

“Kevin eu estou trabalhando e parei tudo pra te ligar só pra saber qual o motivo dessa loucura toda. Anda logo.”

— Interessante você dizer isso... Viajou assim tão de repente né?

“O que quer dizer com isso? Estou na capital com o meu sócio de Alela, o vizinho do seu irmão. Ele tinha que comprar uma empresa e precisava de mim.”

— Comprar empresa? Achei que já era demais virar sócio de um hotel grande e renomado.

“Tá se fazendo de sonso né?”— ouvi sua respiração. – “É uma empresa pequena de suporte técnico. Você sabe muito bem o que significa Kevin.”

— O que ele faz? Só o hotel não era o bastante?

“Você não iria querer saber. Só saiba que perto dele sou um traficantizinho de terno inútil.”

— Você é assim perto de qualquer um. – minha maldita língua. – Ainda mais quando escolhe apenas um filho. - contornei.

“Ciuminho? Sério? Você ainda não disse o motivo do exame.”

— Por acaso você me ligaria se eu não tivesse feito?

“Não. Tenho mais o que fazer, você sabe muito bem disso.”

— Então. Pensa um pouco.

“Não acredito. Paguei anos de terapia pra você pra não ser esse carente idiota, mas parece que não funcionou.”

— Vou começar a estudar. O curso que você escolher. E volto a trabalhar no hotel. Percebi que não faz sentido nada do que eu estava fazendo.

“Que tal conhecer uma garota também?”

— Tchau pai. – não iria fingir até aquele ponto. Minha ideia inicial era perguntar sobre Alice estar novamente em perigo por causa dele, mas nem isso eu consegui por ter ido longe demais.

Rafael Narrando

Sai na faculdade e vi Kevin me esperando ao lado do carro de Arthur. Fiquei olhando pra ele. Sei que não era fácil conviver comigo. O meu ciúme era um defeito que eu teria que aprender a controlar. Mas nesse momento eu só conseguia pensar no que eu estava sentido.

— O que você tá fazendo aqui? – tentei manter a neutralidade em minha voz, mas acho que não foi muito eficaz.

— Vim te buscar. – sabia que minha expressão ficou ainda pior. – Qualquer um ficaria feliz em ver que o namorado está esperando por ele. – fiquei em silêncio o encarando. Ele sabia que eu não estava de boa e fingir que nada acontecia me deixava ainda mais puto.

— Vocês vão brigar? Por que eu quero ir pra casa dormir. – Arthur falou e olhou nós dois.

— Não. – Kevin desencostou do carro. – Se te deixa melhor eu tinha algo pra fazer aqui. – ele me falou e meu amigo perguntou o que era no mesmo instante. – Inscrição no curso de administração.

— Por que você tá fazendo isso? – o tom de voz de Arthur era dramático demais e eu fiquei perdido.

— Pela Alice. Era necessário. Não achou que era pra estar perto dele né? – ele apontou com a cabeça pra mim. – Até porque acabamos de ver que ele não iria querer isso.

— Kevin espera. – pedi ao vê-lo saindo.  E ele não me ouviu.

— Você tá brincando com o fogo. – Arthur avisou e me olhou preocupado.

— Toma. – joguei minha mochila em cima dele. Fui atrás dele e parei em sua frente. Ele ficou me olhando com aquele olhar expressivo que mostrava exatamente o que ele estava sentindo. E por se tratar de Kevin, qualquer coisa que ele sentia vinha acompanhada de confiança e... Isso era sedutor em um nível extraordinário.

— Nunca transei em um estacionamento de uma faculdade, acho que vai ser a primeira vez.

— Nossa você é tão idiota. – reclamei.

— Eu? Devia tá vendo a forma como você está me encarando. E eu não sei o motivo de ainda me surpreender quando me olha assim do nada.

— É só o efeito do seu olhar. E você sabe disso. – ficamos nos olhando. – Desculpa. Mas... Ver a forma como você estava tão concentrado com o que o Danilo dizia... Fez com que eu sentisse ciúme.

— Se a Alice fosse um homem eu estava fodido né? – abaixei o rosto. – Ele estava falando sobre Diana e você devia saber disso. O meu pai e a Diana sempre vão ser dois assuntos que vão ter minha extrema concentração.

— É isso que eu não gosto em você. – engoli seco após a minha fala.

— O que eu deveria fazer? Viver e fingir que nada acontece? Ele não é só um empresário que sonega impostos como todo mundo pensa. Ele é bem pior. Não posso deixa-lo fazer o que ele quer, até porque entre as vontades dele me controlar está no topo. E essa garota... Ela é doente. E eu não sei como funciona a cabeça dela, pode ir desde armações ridículas até... Algo grave. Se você não se preocupa comigo, eu me preocupo. – pensei que ele tentaria sair, mas ele ficou imóvel.

— Lógico que eu me preocupo. Só não quero... – não sabia explicar o meu ponto de vista sem tornar aquela conversa pior.

— Você tem ciúme da atenção que eu dou a tudo isso? Isso é sério Rafael? Você queria que eu me resumisse ao nosso namoro? Que minha vida fosse apenas nós dois?

— Era assim com o Murilo. – falei baixo.

— Claro. – ele suspirou. – O assunto principal. Sempre de volta à tona. – ele olhou pra cima e depois fechou os olhos. Após um tempo me olhou de forma séria. – Vamos embora.

— É só o nome dele surgir que o assunto acaba. – falei antes de segui-lo. Quando chegamos perto do seu carro ele não destravou o alarme. Fiquei esperando e nada. Não estava afim de perguntar o que era. Só que se passasse mais um minuto eu iria ter que perguntar. Não foi preciso. Ele veio até a mim e começou a falar.

— Desculpa pela demora, estava me acalmando. – agora ele parecia normal. – Eu te amo demais e tem um presente pra você lá dentro. Não queria te dar nesse clima. Prometo que eu vou me concentrar em você quando eu conversar com o Danilo e vou me dedicar menos ao tinhoso e a psicopata.

— Você tá falando sério ou tá dizendo só pra me agradar e acabar com isso?

— Quando eu menti pra você? – ele ficou muito sério. E demonstrou que perderia a paciência de novo.

— Foi mal. Só que... Você mudou de postura tão rápido.

— Como você vai conseguir entender que eu faço qualquer coisa por você? – o abracei rapidamente e ele correspondeu. Senti verdade em suas palavras.

— Sou a pessoa mais sortuda que poderia existir. – me afastei e o olhei.

— Não joga essa sorte fora. Sabe que eu não tenho paciência. Vem.

Fiquei ainda mais emocionado e feliz quando vi que o presente era um escapulário judaico com medalha da estrela de Davi e outra de Chai. Eu sabia que a estrela de Davi é um símbolo também conhecido como escudo de Davi usado por seguidores do Judaísmo. Ela apresenta diversas interpretações e que está presente em várias manifestações culturais e religiosas. Segundo Kevin ela tem o significado de proteção, união dos opostos, bem como a ligação entre o céu e a terra. E para ele, isso representava muito nós dois e eu não podia negar o quanto ele estava certo.

Do outro lado, Chai é um símbolo judaico representado pelas letras do alfabeto hebreu chet e yud. Significa “vida” e é utilizado por homens e mulheres como um medalhão pendurado à volta do pescoço, que tem o intuito de proteger aqueles que o usam. Tudo que ele queria, era que eu, assim como ele, estivesse protegido. E isso era amor em sua mais simples expressão e verdadeiro significado.

Arthur Narrando

Pensei que conseguiria levar o lance com Letícia pra frente, mas estava enganado. Fora da cama eu a comparava com Alice o tempo todo. Todo aquele entusiasmo e maravilha se enfraqueceram e ela percebeu isso com o meu afastamento. Não namoraríamos, isso estava bem claro. E eu agradecia imensamente por ela não ser sem noção, iludida ou grudenta. Pelo contrário, ela me deu espaço e pareceu entender a situação.

Aquela quarta iria ser pior do que eu imaginava. Kevin combinou de usarmos minha mãe como isca com Caleb. Ela ia de vez em quando a um SPA que não havia sinal e então eu dei de presente a ela o resto da semana lá e eu diria a ele que ela sumiu.

— Que bom que voltou de viagem. – falei aflito assim que ele chegou. – Não consigo falar com minha mãe e ela está há um tempo sumida. Sabe dela?

— Não. Mas ela gostava de ir pra um lugar que é bem afastado e tem... – o cortei.

— Ela não está lá, já liguei pra recepção. – Kevin entrou na sala para completar o teatro.

— Alguma notícia? – respondi negativamente. – Minha mãe tá preocupa também. Disse que se derem vinte e quatro horas é melhor ligar pra polícia.

— Primeiro entram na casa da Alice. Agora minha mãe some. Não tem nada a ver com os seus problemas né? – o encarei.

— Ninguém nunca iria descontar algo em minha ex esposa. – sua certeza me fez rir.

— Você subestima demais os seus inimigos. Com pouca observação dá pra ver que ainda a ama. – Kevin concluiu o olhando.

— Eu amo sua mãe! – ele ficou aborrecido.

— Talvez ame as duas. Sei como é isso. – sorriu o provocando. – Ela tá em perigo. Anda logo e diz o que é dessa vez. É o Eugênio de novo não é? Pelo que contei.

— Se ele tivesse pegado Luna ele já teria entrado em contato, só pra eu saber. Ele tá me ameaçando, mas não fez nada ainda. Se fizer vai ser financeiro, nada disso que tá pensando.

— Então você não tem nada a ver com a tentativa de assalto à casa de Vinicius?

— Ele é rico. Anda com um carro caro. Tem uma academia enorme. Por que eu seria responsável por um mísero roubo? Vocês não acham que eu já roubo demais? – ele deu um sorriso que me deu vontade de soca-lo. – O faturamento dele não é nada mal. Ofereci uma parceira, mas ele não quis. Acreditam?

— Você sabe que ele tá pra te arrebentar tem um tempo né? – Kevin perguntou sorrindo.

— E ele sabe que nesse dia eu vou bota-lo na cadeia. – ele se sentou na beirada da mesa. – Vou te contar como vai ser. Não vou reagir. Um transeunte vai registrar tudo e ele vai ser acusado de lesão corporal gravíssima, que são crimes que geram detenção de dois a oito anos. Sei que ele vai provocar uma incapacidade ou deformação permanente, conheço a força dele. – ele piscou após sua fala.

— Prefere ficar deformado só pra vê-lo preso? – perguntei abismado.

— Não. Prefiro que não aconteça nada disso. Mas se acontecer eu já avisei a ele que é esse o resultado. Sem perdão. Ele vai me bater até a quase morte, mas ele vai ficar os oitos anos preso.

— Tá explicado porque ele ainda não fez nada.

— É, ele não é burro. – ele se levantou. – Satisfeitos? Não tenho nada a ver com essa história toda.

— Por que o cara não roubou nada? – meu irmão cruzou os braços.

— Eu tenho que saber isso? Que pergunta mais imbecil. Arthur cadê sua mãe?

— Não sei. – continuei com a mentira.

— Se não soubesse você estaria desesperado. – péssima atuação a minha.

— Ainda estou com esperança dela aparecer.

— Não me faça ter que dar um jeito de rastrear o carro dela.

— Você se preocupa demais com ela né? – sorri. – Estou começando a acreditar no Kevin. E... Vocês estão sempre mantendo contato... Ela diz que aguentou tudo de você porque te amava muito... Será que... Vocês dois não tem um caso né? – tentei não ficar nervoso.

— A verdade é que... – ele de um sorriso enquanto encarava o nada. Depois me olhou. – Luna se perde no meu jeito sem escrúpulos. E por vezes ela me compara com Ravi. Já jantamos algumas vezes juntos durante todos esses anos e sim, quase rolou uma traição. Mas eu não poderia fazer isso.  – Kevin deu uma crise de riso.

— Você tá tentando dizer que ela deu mole pra você e você não quis? – ele perguntou ainda rindo. – Sua idiotice tá cada dia maior.

— Não foi isso que eu quis dizer. Disse que nos atraímos e eu não fui adiante por dois motivos. Um e o principal foi por ela. Sei que ela ama aquele nerd ridículo. E o segundo é porque eu nunca deixei o amor me atrapalhar.

— Realmente. Na verdade amor é o que menos importa pra você. – conclui.

— Vamos trabalhar? Já batemos papo demais por hoje. Cansei de ser pai, agora vou voltar a ser o chefe. Kevin vá para o seu setor agora. – ele revirou os olhos e foi sair, mas Caleb o chamou de volta. – Eu avisei por mensagem que queria que você fizesse Economia, percebi que vai começar a fazer Administração. Você não viu?

— Vi e respondi que era pra ir se foder. Você não viu? – segurei o riso.

— Você mesmo disse que eu escolheria!

— Mudei de ideia. Tchau sete pele. – ele saiu e não aguentei e ri da expressão de Caleb.

— O que significa isso? – ele perguntou franzindo a testa.

— Demônio. – sorri. – Cada dia ele inventa um apelido novo pra você, mas todos tem o mesmo significado.

— Ele devia se inscrever no pré ao invés da faculdade. – ele reclamou e foi pra dentro da sua sala me deixando trabalhar em paz. E até que eu já havia me habituado aquele serviço, aquele ritmo e aquele emprego. E estava feliz por Rafael estar em meu lugar e estar indo tão bem, Ravi me contou antes de ontem que ele era esforçado, inteligente e muitas vezes fazia mais do que sua obrigação. E se ele continuasse tão bem ele iria mantê-lo no cargo e até aumentar seu salário. Não contei nada disso a ele para ele não ficar entusiasmado. Mas confesso que eu aguardava ansiosamente a hora que ele viria me contar que recebeu essa notícia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Demorei de novo :( e dessa vez sem desculpas já que a obra por aqui nem começou. Foi uma semana péssima, apenas.
Posso ficar feliz que o Arthur não vai namorar né? Luna no SPA e eu só queria tá com ela :(( kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk comentários altamente relevantes.
até amanhã quase com certeza ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Perfeito XIV - Versão Arthur" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.