NÓS NÃO FICAMOS JUNTOS NO FINAL

escrito por: Lily Evans

capítulo um — prólogo

01.

Sim, o título é um aviso do que vai acontecer, portanto, fica nas suas mãos a decisão de continuar lendo isso.

Nunca me imaginei publicando isso: sempre foram notas e observações que escrevia no meu celular para passar o tempo, porém - apesar de ler todos esses fragmentos faça com que eu sinta não só vergonha da minha escrita, mas também faz com que eu queira eliminar a minha existência do planeta Terra -, por mais idiota que isso soe, acho que chegou a hora de tirar isso do meu peito; espero que, após apertar o pequeno botão, todas as memórias se desfaçam e a única lembrança remanescente seja uma sensação boa.

Não espero muito.

Certamente não é uma boa história, muito menos algo revolucionário. É como um relato adolescente e, no fim das contas, algo. Algo para me livrar de e algo para permanecer, por anos ou por mais, em algum fórum sujo da internet.

02.

Aos 13 anos, enquanto pulava as tarefas da minha rotina de estudos e passava o tempo circulando por abas do navegador, li a seguinte frase em um post do tumblr: “Behind the school, at the pool and at the staircase outside… in all these corners, someone is falling in love for the first time” (N/T: atrás da escola, na piscina e nas escadaria lá fora… em todos esses cantos, alguém está se apaixonando pela primeira vez.) e, apesar de saber que é uma das frases mais óbvias de todos os tempos e que definitivamente não é uma frase tocante que vai mudar a sua vida, aos 13, eu era estúpida o suficiente para achar que essas palavras significavam mais do que eram.

Por isso que, desde então, estive a procura do momento em que uma pessoa não só se apaixona pela primeira vez, mas se apaixona por completo.

Não me julgue, é um ótimo passatempo e faz com que você se sinta especialista em um assunto que não pode ser explicado.

De qualquer forma, levou seis TedTalks para reconhecer as primeiras vítimas: EMMELINE VANCE, aos 14 anos, se apaixonou, de verdade, no dia 12 de janeiro de 2013 por PETER PETTIGREW durante o recesso de inverno quando ele segurou a sua mão durante a “Sessão de Terror” na cada de Héstia Jones.

Às 22:43 do mesmo dia, JAMES POTTER beijou ELIZABETH DUNCAN pela sexta vez e eu soube, olhando para as bochechas vermelhas, que ela tinha acabado de encontrar o seu primeiro amor. 

E depois de sete anos nessa profissão, estive prestes a jogar o meu auto-proclamado título de especialista no lixo quando MARLENE MCKINNON assumiu estar “perdidamente apaixonada” por SIRIUS BLACK.

Acho que essa é a deixa para apresentar algumas coisas.

03.

Bem, meu nome é LILY EVANS, atualmente 20 anos, mas nós vamos chegar nisso.

Eu nasci em Nairn, na Escócia, e, se você já esteve por lá, sabe que não é uma cidade muito grande. Na verdade, é uma cidade tão pequena que se todos os moradores se juntassem em uma caravana para ir em algum evento, seríamos incapazes de lotar qualquer show do One Direction, ou do U2, ou de qualquer pessoa; sem contar que metade da cidade teria problemas de audição, já que a idade média dos habitantes é 67 anos, ou mais.

E, aos 8 anos, estudando numa classe com as outras 27 crianças que tinha minha idade, não imaginava que as coisas poderiam ficar piores.

#SpoilerAlert: elas ficaram.

Aparentemente, uma cidade muito pequena não era o suficiente para os meus pais e por isso nos mudamos para uma cidade minúscula chamada Hogsmead. Não se preocupe se você não conhece: Hogsmead é tão pequena que até os Elaboradores dos Mapas das Pequenas Cidades da Inglaterra a esqueceram.

E, enquanto Nairn é cheia de hotéis e turistas por conta de sua proximidade com o Mar do Norte, Hogsmead é como um condomínio privado - até as ruas recebem os nomes dos moradores.

Exemplos?

A avenida Winston Churchill foi rebatizada pelos seus habitantes e agora se chama “Av. dos McKinnon”, a praça de Espanha se tornou “a praça dos Black” devido ao mausoléu construído ao lado da igreja (o que te faria rir se você morasse em Hogsmead e conhecesse algum Black) e, dessa forma, todo mundo conhece todo mundo.

E se você ainda não acredita em quão privada Hogsmead é, deixe-me adicionar isso: as atrações turísticas são como uma piada interna. Um turista dificilmente saberia que na “Rua dos Weasley” (antes chamada “Rua da Biblioteca”) está o prédio mais bonito de todo vilarejo.

Vou te dar alguns segundos para você adivinhar qual é.

3… 2… 1… A BIBLIOTECA!

Isso só prova o meu ponto de que Hogsmead pode ser facilmente utilizada como um cenário de filme de terror, no qual uma família se muda para o pequeno vilarejo e todos os habitantes parecem guardar um segredo sombrio e se juntam aos sábados para fazer algum ritual satânico. E, sim, foi exatamente o que eu pensei quando nos mudamos para cá.

Mas Hogsmead é tão pacata e chata que se houvesse algo que a deixasse interessante, alguém tomaria alguma providência e a faria 80 vezes mais entediante que o normal. Por exemplo, o fechamento e a proibição de repúblicas na cidade.

Oh, deixe eu explicar.

Estamos a 20km e uma das mais prestigiadas universidades do país: Hogwarts. E por isso que, anos atrás, era comum ter centenas de jovens se mudando para cá em setembro e era divertido. Rostos novos e homens mais velhos usando nada mais que bermudas marrom-claro e circulando de skate como se estivéssemos em algum videoclipe estado-unidense.

Até que todos foram embora, se refugiando em outros vilarejos mais distantes que não tem ⅓ dos cidadãos com a cabeça enfiada no meio da bunda.

Claro, claro.

Águas passadas.

Onde eu estava?

Ah, certo. Eu me mudei para Hogsmead e, em vez de estudar com outras 27 crianças, o número tinha diminuído drasticamente para 12. Imagine só, aos 8 anos, se mudar para uma pequena cidade que podia muito bem ter servido de inspiração para “Mulheres Perfeitas” (aquele filme da Nicole Kidman que as mulheres são na verdade robôs) e, ao entrar numa nova escola, ser o número 13.

Honestamente? Eu não consigo imaginar cenário pior para um pesadelo.

Felizmente, me tornei melhor amiga de Marlene McKinnon, que se sentava na terceira carteira, tinha unhas pintadas com glitter, lápis das princesas da Disney e, ainda por cima, cheirava a laranja.

Sim, senhoras e senhores, minha melhor amiga era a garota que tinha um estojo cheio de canetas perfumadas.

E, bem, eu sempre achei que soubesse tudo sobre Len. Somos amigas há onze anos, estivemos juntas quando passamos pela terrível seleção para os times da queimada, compartilhamos lágrimas quando percebemos que Titanic não era um filme de romance e ela estava lá por mim enquanto eu tentava superar o fato de que JASON MCKINNON, irmão mais velho da Len, estava namorando uma garota.

Sem contar, é claro, que estou apaixonada por ela.

Vê? É por isso que entrei em choque quando ela disse que estava amando (sim, a-m-a-n-d-o) Sirius Black.

Meu Deus, Sirius Black?

Eu ainda não consigo acreditar. Não mesmo. Nunca. E, pior ainda, não consigo acreditar que eles estão juntos.

É de Sirius Black que estamos falando.

Sirius Orion Black!

Ok, isso soa imaturo e eu sou uma mulher de 20 anos, mas se você conhecesse Sirius Black desde os oito anos entenderia minha reação e, se você conhece Sirius Black desde os oitos anos, sabe que quando se trata dele você tem duas opções possíveis:

você o ama

você o odeia

E acho que com toda essa besteirada que escrevi, você já foi capaz de perceber que eu achava que Marlene e eu estivéssemos no mesmo time.

Bem, adivinhe só!

Sirius Black se tornou o sinônimo de pesadelo no DICIONÁRIO LILY EVANS em algum momento entre o sétimo e oitavo ano do fundamental.

Não é como se tivéssemos sido melhores amigos nos anos anteriores, mas as coisas eram diferentes - diferentes no sentido de que crianças não se importam em brincar juntas quando elas têm 9 anos e era até divertido rir das pegadinhas que Sirius Black tentava fazer durante as aulas -, mas então os hormônios apareceram.

E enquanto eu estava tentando dar o meu primeiro beijo com Jason McKinnon, Sirius Black tinha entrado, junto com os seus amigos, no caminho para se tornar um completo idiota.

Nós paramos de conversar por volta dos doze e, aos treze, ele e o seu melhor amigo James Potter (nós vamos chegar nele) decidiram que era engraçado contar para toda escola (não que fosse muita gente) que eu estava apaixonada por um garoto 4 anos mais velho e era por isso que eu “estava tentando parecer mais como uma garota e menos como um monstro.” e que estava falhando na missão.

Não é como se eu guardasse rancor, mas isso me levou a não só evitar a cada e a família de Len, como declarar guerra ao Potter-Black duo.

Ok. Sei que você está se perguntando por quê estou me estendendo em tudo isso, mas precisava falar tudo isso (não só porquê esse é o MEU RELATO) mas para deixar bem claro o porquê de ter feito o que eu fiz.

05.

Querido Deus,

Eu concordarei com você se você achar que é traição e que foi uma ideia egoísta: melhores amigas não deveriam se juntar com melhores amigos do seu inimigo para fazer com que um casal termine só porquê você está apaixonada por ela e porquê você acha que o mais novo namorado dela é um idiota.

Já foi tentado antes em High School Musical e não deu certo.

Por isso que eu assumo a minha culpa. Eu, Lily Evans, deveria ter dito “NÃO” quando REMUS LUPIN apareceu, duas semanas atrás, e me pediu ajuda para terminar o namoro McKinnon-Black,

Mas, Deus, você não acha que essa punição é mais séria que o necessário?

Fingir estar em um relacionamento com James Potter? Só porquê eu fui pega e porquê ele me odeia e quer me fazer sofrer?

Céus, eu não quero que Marlene descubra tudo isso… e por isso que eu prometo ir em todas as missas futuras se você atingir James Fleamont Potter com um raio e me livrar desse fardo.

Ou então me acertar com um raio.

O que importa é a liberdade.

Estarei esperando pelo seu sinal divino.

Atenciosamente,

Lily Evans.