Nothing Holding Us Back escrita por Lo


Capítulo 8
Capítulo 8: In between


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!

Cheguei com um capítulo novo pra vocês!

Leiam as notas no final do capítulo, ok?

Boa leitura!



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Capítulo 8

“I’ve never bought into that ‘you just know’ notion. Love is a tricky thing. Sometimes it feels like an undeniable force that hits between the eyes and doesn’t let up. Other times, it’s malleable, questionable. It’s truth hidden in and amongst external obstacles and internal circumstances that have formed who you are, what you expect in the world, and how you can accept love."

Londres, 15 de Julho de 2019, Casa dos Potter. 7:14 a.m. 

A comemoração do noivado de Ron e Hermione levou algumas horas a mais que deveria, levando em consideração que quatro dos seis adultos presentes precisariam trabalhar no dia seguinte. E embora a ruiva estivesse com sono quando chegou ao seu quarto, não conseguiu dormir imediatamente. Seus pensamentos rondavam o dia fora do comum que ela tivera, e ali, finalmente com a cabeça no travesseiro macio e os olhos fixos no teto branco, ela sentiu a adrenalina finalmente ir embora de seu corpo até que conseguisse adormecer. 

A manhã seguinte chegou preguiçosa, e Ginny acordou cansada, como se tivesse dormido menos de uma hora. Lutou contra a vontade de ficar na cama, e levantou-se sabendo que naquela manhã todos saíriam para trabalhar e ela não poderia estar dormindo quando Albus acordasse. Sentiu-se levemente triste ao abrir as cortinas do quarto e encontrar um céu nublado. Com toda certeza, os dias de sol eram uma das coisas que ela mais amava e sentiria falta do Brasil. 

Durante o banho quente, começou a pensar sobre o que precisava fazer naquela semana, e, sem dúvidas, fechar o contrato do apartamento que ela e Hermione tinham encontrado há alguns dias era a prioridade. E então outra informação surgiu em sua cabeça: como contaria a Albus sobre Harry? 

Ela se lembrava perfeitamente quando, no dia anterior, havia sugerido que ela e Harry conversassem com o menino no dia seguinte. Pois o dia seguinte havia chegado, e, pensando melhor, ela não sabia se era exatamente uma boa ideia deliberadamente soltar a informação para o filho como se não fosse nada. Além disso, havia tantas outras coisas nas quais ela e Harry precisavam entrar em um consenso sobre o que fazer. Guardou os pensamentos para si, já que eles provavelmente teriam tempo para conversar sobre aquilo. 

Quando finalmente chegou à sala de jantar, apenas Hermione estava sentada à mesa tomando café tranquilamente. A morena a olhou assim que ouviu seus passos e sorriu para a amiga abertamente. 

— Bom dia! - a morena falou alegremente — Achei que você não apareceria nunca! Eu preciso da sua ajuda 

— Bom dia, Mi! - cumprimentou calmamente — Sem desespero, sou toda sua! No que posso ser útil? 

— Eu preciso que você marque um horário com a organizadora de festas por mim! - respondeu imediatamente 

— Já? - a ruiva questionou e riu da ansiedade da amiga 

— Eu sei, mas mesmo que Ron e eu iremos demorar um tempo ainda para nos casarmos, não quero ter a menor possibilidade de perder a pessoa perfeita para nos ajudar! - respondeu sabiamente e Ginny sorriu para ela 

— Conte comigo! 

— Como você está? - Mione questionou a olhando atentamente 

— Acho que estou bem! Preciso conversar com Harry hoje - adicionou enquanto bebericava o café em sua xícara — Sobre contarmos dele para Al 

— Eu acho que você não tem nada com que se preocupar - a morena piscou para a amiga, que sorriu levemente — De qualquer forma, posso ajudá-la com o que precisar 

— Obrigada, Mi! - disse estendendo a mão para apertar a de Hermione que estava à sua frente. A morena sorriu abertamente — Eu não sei o que seria de mim sem você 

— Esse universo paralelo não existe, Gi - as duas se encararam cúmplices e sorriram uma para a outra. Após alguns segundos, Hermione levantou-se — Mas agora eu preciso trabalhar 

Ginny riu, e despediu-se brevemente da amiga, que logo deixou a casa. A ruiva encarou as paredes brancas à sua volta, e sentiu-se sozinha por um tempo. Subiu até o quarto de Albus e abriu a porta com cuidado, encarando de longe o menino que ressonava tranquilo em sua cama. Refletiu sobre como havia construído sua vida em torno das necessidades que ele tinha, já que achou que sempre estaria sozinha. Ela ficou ali, naquela mesma posição, sentindo um pouco de paz com o som baixinho da respiração de seu filho. 

Harry, que dormia no quarto próximo dali, acordou assustado e ofegante. Olhou o ambiente assustado, até, depois de alguns segundos, perceber que estava em seu quarto na casa de seus pais. Mesmo estando ali há alguns dias, às vezes ainda acordava desorientado, como naquele dia. Sentou-se na cama e alcançou o copo com água que estava sobre a mesa de cabeceira. 

Em momentos como aquele, demorava algum tempo para ele se encontrar completamente, o que ele atribuía à mudança de fuso-horário, ambiente e rotina. 

Haviam se passado 6 dias desde que Harry retornara à Londres. E dificilmente ele poderia pensar que seus planos para o futuro poderiam mudar em tão pouco tempo. Ele sempre tivera foco em tudo que fazia, e isso incluía muito planejamento, que desde o dia que conhecera Albus, seu filho, ele já não tinha mais tanto. Descobrir que tinha um filho havia mudado muita coisa dentro do rapaz em muito pouco tempo, e isso o deixava confuso em relação ao que deveria fazer dali em diante. Mas estava na hora de finalmente começar a pensar no futuro novamente, conciliando os planos antigos com a novidade. 

O moreno deitou-se novamente e encarou o teto do quarto, imaculadamente branco. Ao contrário do que esperava, seus pensamentos não foram puxados para seus planos, mas para o sorriso da ruiva que estava em algum lugar daquela casa naquele momento. 

Ginny havia sido sua primeira namorada. Ela fora a única garota que ele havia sentido que valia a pena fazer tudo por ela. Sem perceber, estava sorrindo ao pensar em como o Harry de 18 anos olhava para Ginny e, de repente, sentia qualquer resquício de cansaço, dúvida ou medo esvair-se de seu corpo. Para estar com ela, valia a pena contorcer completamente seu tempo. E então ele percebeu que quando conhecera Albus, não havia sido a primeira vez que mudara seus planos. 

Eles eram adolescentes, irresponsáveis, felizes e apaixonados demais para pensar que um dia o conto de fadas iria acabar. E acabou dois dias antes que ela retornasse ao Brasil. 

Londres, Casa dos Weasley, 23 de junho de 2011

— Eu tentei falar com o treinador Snape depois do treino, mas ele não estava muito no clima de ouvir sobre táticas de jogo 

Harry contava enquanto seus dedos corriam pelos cabelos ruivos e longos da menina que estava deitada em seu peito. Àquele ponto, Ginny se esforçava para manter os olhos abertos diante do sono que começava a alcançá-la. Os dois estavam deitados na cama da menina ao que parecia ser, pelo menos, duas horas. 

— O treinador Snape nunca está muito afim de ouvir nada, amor! - ela respondeu manhosa, e desencostou o rosto do peito dele para olhar os olhos verdes que ela tanto amava — Porque nós estamos falando sobre o Snape? - questionou sentindo-se mais acordada de repente. Forçou seu corpo para cima, e encostou seus lábios no pescoço de Harry, beijando-o levemente. 

— Quando você faz assim, eu não sei nem quem eu sou, imagina quem é o meu treinador - murmurou com a voz rouca 

A mão de Harry subiu firme pela coxa da ruiva que estava apenas coberta por um short jeans. Sentiu seu corpo respondeu a cada centímetro de pele que sua mão percorria. Ginny colou seus lábios rapidamente, inclinando-se o suficiente para envolver os quadris do namorado e sentar-se em seu colo. 

— O universo só pode estar de brincadeira comigo - Harry resmungou quando teve que parar de beijá-la após seu celular tocar incessantemente pela segunda vez. A ruiva bufou irritada pela interrupção, ergueu seu tronco, dando espaço para ele pegar o celular, mas continuou sentada onde estava. 

— O que foi? - indagou curiosa ao ver a cara de quem não esperava por aquele ligação 

— Que estranho, meu pai nunca me liga essa hora - Harry franziu o cenho e atendeu à ligação, enquanto Ginny desistia e deitava-se novamente ao seu lado. — Oi, pai? 

A menina tentou distrair-se com o próprio celular, enquanto Harry respondia  ao pai que estava com ela, e onde eles estavam. O restante da conversa ela não fora capaz de identificar por causa das respostas genéricas. 

— Preciso ir, Gin - ele anunciou assim que encerrou a ligação. — Não sei o que aconteceu, ele nunca insistiu tanto para que eu fosse para a casa. 

— Que estranho! Me avisa se acontecer alguma coisa? - pediu, Harry apenas assentiu, preocupado com o que James tinha de tão urgente para falar com ele.

— Claro que aviso! - ele levantou-se da cama e calçou os tênis que estavam jogados de qualquer jeito sobre o tapete felpudo do quarto — Até amanhã, Gin - despediu-se, inclinando-se para beijá-la — Eu te amo 

— Eu também te amo! 

A resposta dele restringiu-se a um sorriso, e logo ela o perdeu de vista quando ele deixou seu quarto. Mesmo que não quisesse, forçou-se a levantar da cama e terminar as tarefas de casa que teria que entregar no dia seguinte, enviou emails com algumas fotos para seus pais e tentou relaxar no banho. Naquele dia não tivera resposta de seu namorado. 

— Bom dia, Ron! - cumprimentou assim que entrou no carro que ele buzinava na frente da casa incansavelmente. 

— Bom dia - o menino respondeu com a voz seca, fazendo-a rir do mau humor 

— Você falou com Harry ontem à noite? - perguntou displicente 

— Não depois que ele foi embora, por quê? 

— Por nada - finalizou a conversa, engolindo sua curiosidade. Ela provavelmente descobriria a causa da ligação misteriosa em alguns minutos. 

Assim que chegaram à escola, o coração de Ginny deu um pequeno salto ao ver Harry parado ao lado de seu carro esperando por ela. Harry, por sua vez, apenas sorriu ao vê-la descendo rapidamente do automóvel que seu melhor amigo conduzia e vir em sua direção. Sorriu ao vê-la tão linda.

— Bom dia Gin! - Harry desejou e colou seus lábios, fazendo-a sorrir para ele finalmente 

— Bom dia! - respondeu o olhando fixamente — A que devemos tanta alegria? 

— A algo incrível que aconteceu ontem! - o menino respondeu ansioso. Praticamente nenhum outro momento feliz de sua vida comparava-se àquele. Ainda sorrindo, puxou de dentro de sua mochila o envelope grosso de cor amarronzada. E riu ao ver os olhos de sua namorada arregalarem-se ao perceber o logo estampado no canto do invólucro. 

— Ai, meu deus! - a voz que ele tanto amava saiu alterada da garganta da ruiva. Com as mãos trêmulas, Ginny pegou o envelope das mãos dele e puxou de lá de dentro uma série de folhas. Seus olhos correram pela primeira delas com atenção. Sentia seu coração batendo forte contra o peito, como se quisesse sair pela boca — Harry, você entrou! - ela gritou animada, pulando no pescoço dele. Ele sorriu para a animação dela e envolveu a cintura de sua namorada em um abraço gostoso. — Parabéns, amor! 

— Eu entrei, Gin! - ele murmurou enquanto acariciava o rosto dela, ainda não acreditando plenamente em suas próprias palavras. 

— Harry, você vai para Harvard! 

A pequena comemoração no estacionamento da escola só durou até que o inspetor aparecesse para colocá-los para dentro. Àquela altura, Ron, Neville e Hermione haviam se juntado ao casal na comemoração do mais novo aluno de Harvard. 

— Fiquei preocupada quando seu pai ligou ontem! - Ginny comentou com Hermione enquanto caminhavam lado a lado em direção à sala de aula. 

— Meu pai é um idiota - ela respondeu rindo, e a ruiva a acompanhou — Ele assustou todo mundo, e quando Harry chegou, parecia que ele ia levar o sermão do século! Eu e mamãe não estávamos entendendo nada! 

Ginny revirou os olhos e riu ao ouvir aquilo, porque aquele tipo de brincadeira não poderia ser mais a cara de James. Nos dois primeiros períodos, as meninas fizeram provas. Mas o que realmente desestabilizou Ginny foi dar-se conta de que dia estavam naquele mês. Ela não precisava confirmar em nenhum calendário para saber que aquela era a penúltima semana de aula na escola. 

Toda a alegria que estava sentindo desde aquela manhã esvaiu-se rapidamente ao se lembrar que aquilo significava que em alguns dias ela deveria estar dentro de um avião retornando à vida que deixara para trás em seu país. Claro que ela sentia falta de seus pais, mas não conseguia deixar de sentir-se completamente diferente, como se naquele ano de intercâmbio tivesse se tornado outra pessoa. Ela não conseguia imaginar sua vida sem as pessoas que havia conhecido e convivido ali na Inglaterra. 

E embora aquilo a entristecesse, o que mais a devastou foi pensar que, inevitavelmente, Harry e ela não seriam mais um casal. Aquele pensamento machucava numa intensidade que ela não conseguia descrever, mesmo que ela soubesse por todo o tempo que aquilo um dia aconteceria. 

Os dias que se seguiram, não a deixaram melhor. Em todos os momentos que estava sozinha, ela apenas conseguia pensar no relacionamento que eles haviam construído juntos, e como Harry havia deixado sua vida melhor em tantas formas que ela não conseguia contabilizar nos dedos. Ela tinha certeza que Harry estava pensando no mesmo. E ele estava. Mas nenhum dos dois tinha coragem para tocar no assunto, então apenas aproveitavam cada segundo na presença um do outro. 

— Você está bem? - Ron perguntou parado na porta do quarto que logo não seria mais de Ginny 

— Não, Ron! - respondeu, já sentindo o nó formar-se na garganta e os olhos arderem com as lágrimas que ela não queria derramar — Estou tentando criar coragem para deixar as coisas como elas têm que ficar. 

— Eu vou sentir sua falta, ruivinha - ele murmurou próximo dela, e sem conseguir refrear o choro, Ginny o abraçou e chorou enquanto Ron acariciava seus cabelos com calma. 

Quando finalmente conseguiu controlador-se, olhou para o quarto. Encontrou duas malas prontas encostadas na parede e uma aberta com o restante de seus pertences. Os dedos finos correram pelo porta retrato sobre a mesa de cabeceira. Na foto, estavam ela, Hermione, Harry e Ron em uma tarde de calor na piscina dos Potter. Respirou fundo, tentando controlar o choro que novamente se formava. 

Desceu as escadas correndo e saiu de casa com a bolsa jogada sobre o ombro e as chaves do carro de Ron presa entre os dedos. Quando, alguns minutos depois, parou o carro em frente à casa tão conhecida, ela não tinha ideia de como havia chegado até ali. Suas mãos tremiam incontrolavelmente, e o nó na garganta não parecia que se desfaria tão cedo. 

— Oi, Gin! - ouviu a voz melodiosa de Harry do outro lado da linha 

— Oi, amor! - murmurou baixinho, tentando não chorar antes da hora. Harry que estava deitado tranquilamente em sua cama, sentou-se imediatamente ao ouví-la. 

— O que vou, amor? - ele questionou preocupado 

— Estou na frente da sua casa, você pode vir aqui um pouquinho? 

Harry não negou o pedido. Mas quando se levantou, sentiu as pernas bambearem. Ele sabia exatamente em que dia estavam, e isso incluía a informação de que a garota que ele amava iria embora dali dois dias. 

Ginny tirou a chave do contato e a guardou em seu bolso. Encostou-se na lateral do carro, pois não sabia se conseguiria sustentar seu corpo sem o apoio, e então esperou até que Harry aparecesse. Ele estava descalço e com os cabelos bagunçados, e ela sentiu vontade de chorar imediatamente.

— O que foi, Gin? - Harry questionou com a voz rouca enquanto acariciava a bochecha da ruiva carinhosamente. O coração dele batia descompassadamente, sabendo exatamente o que aconteceria nos próximos minutos, mas que ele recusava-se a admitir até que acontecesse de fato. 

— Você sabe o quanto eu te amo, né? - ela perguntou com um fio de voz, e ele sorriu, sentindo os olhos arderem. 

— Não mais do que eu te amo, Gin! - respondeu sério. Nenhum dos dois duvidava dos sentimentos do outro. 

— Ron já estaria dizendo como somos um casal grudento demais para os níveis glicêmicos dele! - ela brincou, fazendo com que os dois rissem. Mas a felicidade esperada diante da risada não chegava aos olhos deles. — Mas você sabe por que eu estou aqui, não é? 

Harry a encarou sem conseguir encontrar as palavras para respondê-la. Ela conseguiu ver a mágoa estampada nos olhos verdes que ela tanto amava, e então não conseguiu refrear o choro. O moreno a envolveu em um abraço apertado, como se ao segurá-la em seus braços, fosse possível que eles fossem à qualquer lugar juntos. Deixou também que algumas lágrimas escorressem por seu rosto, e sentiu-se no direito de segurá-la por tempo indeterminado. 

— Você sabe que não precisa ser assim, né? - questionou depois de algum tempo, e ela o olhou 

— Eu queria que isso fosse mais fácil, amor! - respondeu tentando secar as lágrimas que agora se misturavam à máscara de cílios e deixaram o rosto alvo em caos — Você me conhece muito bem, Harry, e por isso você sabe o quão impossível para mim é achar as palavras certas para te dizer adeus. Mas eu preciso fazer isso. 

— Gin, por favor - ele implorou com a voz tão fraca que ela finalmente percebeu os olhos dele brilhando com as lágrimas. 

Ela se colocou na ponta dos pés, apoiou-se nos ombros dele e colou seus lábios uma última vez. E enquanto assistia Ginny dar as costas e entrar no carro, Harry sentiu-se perdido com a dor que ele não havia conhecido em nenhum momento de sua vida, mas que agora o assolava. 

***

Ginny tinha sido a primeira pessoa a quebrar seu coração, e, mesmo depois de anos, a lembrança da última vez que ele a havia visto ainda o machucava. Por meses, ainda que já na faculdade, Harry lidou com aquela dor e com a saudade da melhor forma que conseguia. Aos poucos, aprendeu a estocar todo o sentimento que tinha por ela em alguma parte de si que ficava bem longe das lembranças. 

Por um tempo, depois de conseguir se reerguer minimamente, ele se deixou conhecer algumas meninas, que em sua maioria eram da faculdade. Nenhuma delas tinha o apelido de Gin, era ruiva e incansavelmente teimosa e amável. Após algum tempo, finalmente decidiu seguir em frente. Namorou por dois anos e meio uma menina de sua turma de medicina. Cho sempre havia sido simpática e inteligente. Mas no fim, eles queriam tantas coisas diferentes que suas vidas simplesmente não poderiam seguir um mesmo caminho. 

Harry forçou-se a sair do mundo de pensamentos que pairavam em sua cabeça e levantou-se. O céu estava cinza, completamente diferente do dia anterior completamente ensolarado. 

Quando finalmente saiu de seu quarto, a casa estava silenciosa. O que o levou a crer que seus pais e sua irmã já haviam saído para trabalhar. Albus provavelmente ainda não estava acordado. 

Antes que Harry descesse as escadas para procurar algo para comer, percebeu a porta do quarto de Albus aberta, e a silhueta de Ginny encostada no batente. 

— Desculpe, não quis te assustar - ele disse baixo, depois que ela o olhou com os olhos arregalados à aparição repentina. 

— Tudo bem, não se preocupe! - ela sorriu para ele

— Você sempre fica aí velando o sono dele? - perguntou curioso 

— Não. Mas tem dias que olhar para ele assim, tão calmo, é a única coisa que consegue aquietar meu coração - murmurou sincera, sem olhar para Harry que estava parado atrás dela, também observando o menino. Ele quis abraçá-la, mas não soube se o carinho seria bem-vindo. — Queria conversar com você 

— Quer descer? - indagou — Se ele acordar, nós com certeza iremos ouvi-lo 

A ruiva apenas assentiu, e puxou a porta, deixando-a entreaberta. Os dois caminharam em silêncio para o andar inferior, e sentaram-se frente à frente na mesa que há alguns minutos ela tomara café da manhã com Hermione. 

— Está tudo bem? - Harry questionou após encher sua xícara com a dose de café que precisava para acordar definitivamente. 

— Eu estive pensando - ela começou, e sentiu-se nervosa, de repente. — Na verdade, é algo que eu tenho feito muito nos últimos dias - confessou e ele sorriu para ela — Quando te disse ontem que hoje poderíamos conversar com Al sobre você, eu estava animada e feliz com os termos que nós havíamos chegado e que me pareciam tão impossíveis de ser alcançados. 

Os olhos azuis pairaram nos verdes e Harry apenas assentiu, pedindo que ela continuasse 

— Bom, eu realmente acho que nós precisamos conversar com Al. Mas eu não quero que absolutamente nada nesta experiência tão incomum seja traumático para nosso filho, Harry. - Ele sorriu ao ouvir a referência 

— O que quer dizer, Gin? - perguntou, mesmo que achasse que estava entendendo onde ela queria chegar. 

— Eu acho que nós deveríamos procurar uma ajuda profissional. Talvez seja o caso de nós conversarmos com um psicólogo e procurarmos a melhor forma de trazer essa mudança gigantesca para a vida dele. Eu e você somos adultos, em geral, nós conseguimos lidar com as coisas. Mas ele só tem 7 anos, Harry. 

Quando terminou de falar, ela encarou as próprias unhas. Harry a olhava sem que ela pudesse ler em sua expressão o que ele estava pensando. 

— Mesmo que eu queira ser absurdamente impulsivo com isso, acho que você está certa - o moreno respondeu finalmente, concordando com as preocupações da ruiva. E mesmo que soubesse que ela estava certa, o que ele mais queria era subir até o quarto do filho, segurá-lo nos braços e contar a ele que é seu pai. 

Os dois suspiraram, e se olharam enquanto um silência levemente constrangedor de instaurava na mesa.

— Podemos procurar alguém para nos atender ainda nesta semana, e então partir daí, tudo bem? - Harry indagou olhando-a nos olhos e ela sorriu levemente para ele, assentindo. — Como será depois, Gin? 

— Como assim? 

— Como será depois que as férias de verão acabarem? 

— Nós vamos pensar em algo. Não posso deixar de pensar que nosso timing para tudo isso não poderia ser mais conveniente. - ela disse encarando a xícara que apertava entre os dedos — Quero dizer, você quer voltar para casa, e eu e Al não temos porquê continuarmos morando no Brasil quando não temos mais ninguém lá. 

— Depois de ter Al na minha vida, voltar para os Estados Unidos não seria uma possibilidade - ele confessou, e ela sorriu para ele. Harry quis, impulsivamente, apresentar que também queria que ela estivesse presente, mas sem motivo, calou-se para aquela informação. 

— Para qual área você se candidatou? - a ruiva perguntou curiosa — Na residência - completou explicativa. Harry sorriu ao sentir o tópico da conversa mudando. 

— Cirurgia - Harry respondeu sorrindo e Ginny se perdeu por alguns segundos no sorriso dele. 

— Sinceramente, Harry, como pode gostar tanto de sangue? - perguntou rindo levemente, e ele gargalhou. 

— Não é bem assim, mas é bem legal! - a voz dele soava ansiosa e com muita expectativa. 

— É exatamente assim! - ela revirou os olhos para ele — Você vai viver cortando as pessoas - Harry riu, novamente, com vontade, mas antes que ele pudesse respondê-la, ouviu os passos de Albus na escada. Preparou-se para se levantar e buscar o menino, querendo garantir que ele, sonolento, não caísse nas escadas, mas a mão de Ginny pairou sobre a sua e o segurou no lugar — Fica tranquilo, ele sempre demora para levantar, está bem acordado. 

O tempo que levou para que ele constatasse que ela estava certa, foi o mesmo que ele apreciou o toque gostoso dela em sua mão. Brincou com os dedos de Ginny enquanto a encarava. Ela o olhou confusa, mesmo assim sorriu para o carinho singelo. 

— Oi, mamãe! - Al disse animado, quando finalmente descobriu onde a ruiva estava. — Oi, tio Harry! 

Harry sorriu para ele, já perguntando como havia sido sua noite. Ginny por sua vez, dedicou-se a preparar o leite com achocolatado que o menino tomava todos os dias pela manhã. 

A ruiva sentiu o sorriso em seu rosto aumentar quando os viu juntos, tomando café da manhã, e percebendo que, mesmo recente, aquela cena parecia completamente normal. Sentiu falta apenas da mão de Harry sobre a sua.




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Notas finais do capítulo

Termino mais um capítulo querendo passar por cima da minha própria história para fazer esses dois serem perfeitos! Mas não é fácil.

Por favor, me contem o que vocês estão achando!
Quero muito saber sobre esse capítulo, porque, particularmente, eu tive bastante dificuldade para escrevê-lo.


Acho que vocês notaram que os últimos capítulos tiveram um espaçamento maior entre eles. Por isso, gostaria de explicar.
Mesmo com a quarentena em que todos estamos (ou deveríamos estar), eu ainda estou em fim de semestre na faculdade. E ser tudo online, dificulta absurdos as coisas.
Tenho tentando manter um ritmo que seja saudável para minha saúde mental, e para isso estou tentando dividir meu tempo entre meus estudos, escrever para vocês, ler e ver série (que são duas paixões). Por isso, pode ser que eu demore um pouco mais para entregar os capítulos para vocês. MAS, não se preocupem. Vou garantir que o espaço entre os capítulos não seja maior que 2 semanas!

Espero de coração que vocês entendam!

Enquanto isso, quero que saibam que eu AMO receber os reviews de vocês e que me deixa muito feliz saber a opinião de vocês e também perceber onde estou deixando lacunas, assim posso completa-las durante os capítulos seguintes!

Não se preocupem se algo não aparecer imediatamente no capítulo seguinte, eu vou provavelmente encaixar mais para frente, onde faça sentido (pelo menos na minha cabeça, rs)

Bom, chega de falar! Obrigada por mais um capítulo que vocês estão comigo, e até o próximo!

Beijinhos ♥



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