— Amor. Ele chamou com calma, balançando de leve o seu ombro.
— Já amanheceu? Ela murmurou sonolenta. 
— Ainda é cedo.  Eu estou indo trabalhar, vou demorar para chegar, por que estou escalado para o plantão da noite. Avisou com a voz baixa e Bella pareceu despertar.
Sentando-se na cama, ela passou a mão pelos cabelo desalinhados e o abraçou. Um abraço forte e apertado.
— Se cuida. Pediu com a voz rouca.
— Você também. Ele pediu beijando seus cabelos e saiu.
Ela não deveria ficar preocupada, mas ficou. Este era seu trabalho, a profissão que ele amava e se dedicava mesmo nos tempos mais difíceis e ela se pegou o amando ainda mais por isso.
Suspirou e de onde estava, fez uma breve oração a Deus, pedindo que o protegesse.
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— Bom dia. Edward cumprimentou entrando na sala dos médicos. Era cedo, mas Jacob já estava ali. Eles surpreendentemente, vinham se dando bem, nestes meses de trabalho. 
— Bom dia. Madrugou hoje. Jacob falou julgando que ainda faltava um tempo para trocar o plantão.
— Você também. Já estava aqui antes de mim. Edward falou aproveitando o café fresco e tomando um gole.
— Cheguei cedo. Jacob murmurou e Edward o analisou por um momento.
— Você parece preocupado. Edward comentou.
— E você parece feliz. Devolveu a suposição.
— Eu tenho motivos para isso.
— Eu também.
— Certo. Edward disse sentando a frente. _ O que aconteceu? Jacob o olhou desanimado. 
— Por que você está feliz? Edward inspirou fundo buscando não perder a paciência com o jovem amigo. Ainda era muito cedo para isso. 
— Minha família está de volta. Explicou. _ E você? 
— Nessie me pediu um tempo.
— Quem? Edward perguntou franzindo o cenho e Jacob o olhou, indignado.
— É sério isso? Nessie. Minha namorada. Eu falei sobre ela.
— Ah. Edward falou buscando na memória. _ A garota da biblioteca.
— De tudo o que eu falei foi sobre ela, foi só isso que você gravou?
— Desculpa. Minha cabeça estava cheia nos últimos tempos. Mas, você estava dizendo que ela pediu um tempo. Ela disse o motivo?
— Algo sobre não poder contar comigo. Garotas são tão complicadas. Ela simplesmente não entende o quão perigoso é ficar perto de mim neste momento, e que eu estou fazendo o melhor que posso para mante-la bem.
Edward suspirou. Sua expressão assumindo o tom serio e compenetrado.
Ser médico e ser capaz de salvar a vida de alguém era um dos sentimentos mais incríveis que alguém poderia sentir. Uma autorrealização. Mas exigia tempo, dedicação, e, muitas vezes a vida pessoal acabava ficando em segundo plano.
— Você gosta dela? Edward perguntou.
— É claro que sim. Jacob revelou no mesmo instante.
— Então diga a ela como se sente. Respondeu simplesmente e Jacob o encarou.
— Cara, todo mundo sabe pelo que estamos passando. Não é mistério para ninguém. Revidou azedo e suspirou tomando um grande gole de café. _ Foi mal, é só que esta situação esta mexendo com a minha cabeça. Não quero perde-la. Revelou a ultima parte mais para si mesmo do que para Edward. O que não o impediu de ouvi-lo. _ Ela disse que precisava de um tempo para analisar nossa relação.  O que eu posso fazer? Os ombros caídos, e os olhos tristes.
Edward entendia o sentimento. Era horrível perder quem amava, ainda mais, quando o problema era com você mesmo.
— Defina sua relação então. Faça ela entender que apesar das exigências do seu trabalho, que apesar de toda esta loucura, ela é importante. Nunca a deixe se sentir menos que isso. Jacob, as mulheres gostam quando um cara demonstra o quão apaixonados são, seja com palavras ou gestos, não importa a forma, mas ela precisa saber o quanto você a ama. Pense nisso. Edward concluiu se levantando. _ Preciso retirar os equipamentos de proteção. 
— Valeu Edward. Jacob murmurou. _ Estou com a cabeça cheia agora e preciso dar um tempo nisso ou vou enlouquecer. Revelou também se levantando.
Os dois saíram da sala, caminhando sentido ao almoxarife do Hospital, onde todos os dias eles retiravam o equipamento de proteção.
— Mas você disse que sua família voltou. Fico feliz por você. Jacob falou mais calmo, mudando totalmente o rumo da conversa. 
— Obrigado.
— Seu pai foi mesmo embora?
— Sim, ele disse que já havia ficado tempo o suficiente. Explicou.
— Ele é uma figura. Um grande medico. Aprendi muito trabalhando com ele. Edward sorriu concordando com um aceno e logo se concentraram em retirar os equipamentos e se preparar para mais um dia.
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Isabella piscou sonolenta ouvindo o barulho do portão na garagem. Com um bocejo espreguiçou-se na cama, sentindo os músculos doloridos pela má posição que dormiu.
Apesar de de terem ficados tanto tempo longe, sentia falta do calor do corpo do marido aquecendo o seu, o que a fez entrar madrugada a dentro acordada.
Envolvendo o corpo em um robe felpudo e quente, ela escovou os dentes e ajeitou os cabelos antes de descer para a cozinha. A esta altura, Edward já tomava banho no banheiro do andar debaixo, local onde eles combinaram que ficaria somente para uso dele, sempre que chegasse do trabalho. Uma medida de proteção necessária.
Após colocar a cafeteira e a torradeira para funcionarem, ela optou por fazer um suco natural também.
Edward a encontrou organizando tudo em uma bandeja, assim que adentrou na cozinha vestindo um pijama quente e confortável.
— Já esta de pé? Ele perguntou ela sorriu indo abraça-lo.
— Bom dia amor.
— Bom dia. Ele disse recebendo-a em seus braços. Sua mente correu para o tempo em que plantões como este eram mais um motivo para discussão e ele balançou a cabeça espantando os pensamentos nada bem vindos.
— Café para mim e suco com torradas para você. Explicou se soltando dele e pegando a bandeja na mesa. _ Vamos?
— Deixa que eu levo isso. Ele ofereceu pegando a bandeja de suas mãos. _ Theo e Lavinia ainda estão dormindo?
— Sim, eles só vão acordar mais tarde. Como foi o plantão? Muito cansativo eu imagino. Começou abrindo a porta do quarto para ele entrar e o seguiu.
— Sim, mas eu já estou acostumado, então não fica tão pesado. Ele disse pegando uma torrada e suspirou aproveitando o sabor.
— Estão boas? Ela perguntou o imitando. Apesar de terem geleia e outros acompanhamentos em casa, Edward preferia a boa e velha margarina. Pensou.
— Estão ótimas. Minhas preferidas. Comentou dando mais uma mordida e bebendo o suco.
— Eu sei. Ela sorriu o admirando por um momento.
— Obrigado amor. Mas porque eu ganhei este café da manhã especial? Não que eu esteja reclamando. Se apressou a explicar ao notar seu sorriso morrer.
— Bem, eu quis fazer isso. Acordei com o barulho do carro na garagem e resolvi que seria bom preparar um lanche antes que você dormisse. Explicou simplesmente e ele sorriu, tocado com seu gesto. _ Eu não quero mais brigar Edward. Ela começou e Edward franziu o cenho. Até onde lhe constava, eles haviam feito as pazes e estavam bem um com o outro. 
— Também não quero. Ele disse a abraçando forte, fazendo com que os dois deitassem na cama. O lanche totalmente esquecido, quando ele começou a beija-la.
— Para. Ela pediu sentindo o corpo arrepiar. _ É sério. Estou falando sério. 
— Está bem. Estou todo ouvidos. O que foi? Perguntou analisando sua expressão.
— Nós estamos bem agora. Nos acertamos e isso é ótimo. 
— Eu também acho. Pontuou deixando um beijo em seu ombro.
Bella suspirou, ponderando se devia levar a conversa adiante. Ele estava cansado, ela sabia disso, e pensou que deveria deixar para outro momento.
Com o passar dos anos e a convivência a dois, ele sabia quando ela tinha algo a dizer.
— Mas... lhe deu abertura para continuar.
— Mas eu acho que devemos conversar. Colocar tudo a limpo. 
— Como assim? Ele perguntou se afastando um pouco de modo que os ficaram apoiados nos travesseiros, lado a lado, olho no olho.
— Edward eu te amo. E sei que você me ama. E ainda assim, nos magoamos muito. Por que precisamos de mais que amor em um casamento. Precisamos de cumplicidade, de parceria, de diálogo,  de confiança.
— Eu confio em você. Ele disse rapidamente e ela suspirou. 
— Não é apenas isso. Nós paramos de conversar. De realmente conversar. Lembra no início? Sempre conversávamos, tomávamos as decisões juntos, planejávamos nosso futuro juntos mesmo quando as coisas estavam difíceis e com o tempo acabamos perdendo isso. Fomos nos afastando, deixando de ser um casal, para ser duas pessoas dividindo o mesmo teto. E eu não quero que isso volte a acontecer. Não quero voltar a fase onde nossos filhos sintam que há um cabo de guerra dentro de casa. Não quero mais ter que ouvir de alguém que meu filho prefere a casa dos outros, por que seus pais não param de discutir. 
Edward tomou uma respiração sendo atingindo por sua última frase. Ele sabia de tudo isso. E estava disposto a tentar fazer diferente. Pensou. 
Bella esperou em expectativa alguma reação de sua parte o que não veio.
— Está vendo? É disso que eu estou falando. Você se fecha, se cala e eu fico no escuro. Reclamou.  
—  Por que nem todo mundo precisa falar o tempo todo Bella. Se aborreceu apoiando as costas na cama e encarando o teto. 
— Certo. Eu falo demais. Mas pelo menos, não tenho medo de dizer o que estou pensando, o que estou sentindo. 
— Você quer mesmo saber o que eu sinto? Quer que eu diga? Perguntou sentando-se na cama.
— Vá em frente. Desafiou, imitando seu gesto. 
— Eu sei que pisei na bola com o Theo e estou pronto para consertar isso. Mas preciso de um tempo Bella. Não dá para resolver tudo de uma hora para outra. Agora, pode parar de me pressionar? Cada vez que você faz isso, faz eu me sentir como um garoto irresponsável, e não como o seu marido. Não como o pai dos nossos filhos.
— Eu não sabia que você se sentia assim. Ela falou reflexiva, e um sorriso minusculo surgiu em seus lábios. Bella espalmou sua mão sobre o rosto dele em um carinho ha muito esquecido. _ Eu quero isso Edward. Quero que possamos nos tornar capazes de dizer um ao outro quando estamos chateados ou magoados e não amontoar coisas dentro de nós.
— Você tem razão. Precisamos dialogar mais. Concordou após refletir sobre as palavras dela. _ Vou tentar melhorar nisso, prometo Isabella Cullen. Brincou usando seu sobrenome de casada e ambos riram. Toda tensão se dissipando.
— E eu, Edward Cullen, a partir de agora, me comprometo a não ficar te cobrando o tempo todo. Pelo menos a tentar. Corrigiu sob o olhar dele, o beijando em seguida.
— Você vai sempre me convencer assim? Ele perguntou apertando sua cintura. 
— Por que não? Deu de ombros inocentemente e levou um susto quando Edward girando seus corpos se colocou sobre ela. _ Você não esta cansado? Murmurou com a voz abafada no pescoço dele. 
— Para você, nunca, meu amor. Revelou a beijando com vontade, saudade e um gosto a mais de recomeço. De que finalmente, uma barreira entre os dois era vencida.
Bella suspirou se deixando levar. O coração aos saltos. Após anos de casamento, ele ainda fazia seu coração bater acelerado no peito, e o sangue correr soltos em seus veias, aquecendo cada centímetro do seu corpo e pela reação de Edward, ele se sentia da mesma forma.
O amor não se resume apenas a momentos felizes e declarações para o mundo ouvir. E ali, na intimidade do casal, eles demonstravam o quanto se amavam e estavam dispostos a lutar, a travar cada batalha, para que seu casamento florescesse mais uma vez.