Para Antares escrita por Dreamy Impossible


Capítulo 3
Um Caminho para o Passado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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De olhos fechados Yashiro sentia a brisa da tarde em seu rosto. Já estava na hora de ir embora há um bom tempo, mas sua preocupação e frustração a prendiam naquele banco ao pôr do sol. 

 

— Pensei que já tivesse ido, Yashiro.

 

Assim que ela abre os olhos, dá de cara com uma expressão séria de Hanako encarando-a. Ela se assusta com a situação inesperada e não consegue dizer nada. Ele completa. 

 

— E pensei que tivesse jogado o lixo fora. 

 

Ela olha para as mãos e percebe que segurava a carta. Imediatamente ela tenta escondê-la e colocar dentro dos bolsos. Ela se levanta e se pronuncia. 

 

 — E… eu pensei que não fosse mais de te ver hoje. Você desapareceu sem dar explicações, Hanako-kun.

 

O Sétimo ainda olhava fixamente para o bolso onde ela havia guardado a carta. Aquilo o aborrecia. Primeiro despreza a carta e depois pede ajuda de Mitsuba. Está com medo que eu leia a carta ridícula que ganhou? Ele abaixa o chapéu preto para cobrir o rosto e vira de costas. 

 

— Eu tenho responsabilidades como líder dos Mistérios, não preciso me justificar com minha assistente. 

 

— Hunf, talvez não pra sua assistente, mas para a sua amiga sim! 

 

 Naquele momento, nem o biquinho irritado de Nene desconcentraria Hanako. Para ele, que ainda estava magoado, era difícil voltar agir normalmente depois de tudo. Droga, Tsuchigomori, preciso consertar o que me fez fazer e acabar com tudo isso agora. 

 

— Yashiro. Quero que me dê essa carta está em seu bolso. 

 

 Ela olha confusa para o fantasma e coloca a mão no bolso para segura-la. O qu… Então ele sabe quem enviou a carta…? Ele sabia dela desde o começo…!?

 

— ..-Espera! Essa carta é minha, como você sabe dela? O que você sabe que eu não sei?

 

— Yashiro. Não me faça pegar a força. Entregue. A. Carta. 

 

 A imposição de Hanako só fortaleceu o sentimento de posse de Yashiro. Naquele momento, ela jamais entregaria qualquer coisa. A carta, o comportamento de hanako, essa atitude agora… para a garota peixe, tudo tinha alguma relação. 

 

— Não! Por que você quer ela?

 

— Yashiro…

 

— Me explica o que está acontecendo, Hanako-kun! Por que você tá estranho, o que essa carta tem a ver? Por que você não me diz nada?!

 

 — ... Você não me deixa escolha, Yashiro. É a sua última chance antes que eu te transforme em um peixe. 

 

— Pois transforme se você quiser! Eu não me importo! Não vai tirar nada de mim!

 

Ela grita para o colega e sai correndo para o portão da escola. Hanako segura sua mão impedindo-a de fugir. Visivelmente abalado, ele aperta o maxilar reprimindo-se. Ele engole saliva e mantém o tom mais baixo.



— Essa carta… não é algo bom. Eu só quero evitar problemas. Por favor, me dê e te deixo ir embora. 

 

 Eu não quero ir embora, quero que me conte o que está acontecendo. Foi o que ela pensou em seu íntimo enquanto abaixava a guarda um pouco arrependida por ter gritado.

 Ela encarava o rosto que preencheu sua mente durante esses todos aqueles dias estranhos. Um rosto de um garoto indecifrável.

 Ela sente algo saindo de seu bolso. Hanako tinha pego a carta sem que ela pudesse fazer algo. Yashiro reage tentando recuperá-la enquanto Hanako se esquivava flutuando. 

 

 — Para, me devolve! Isso não é justo!

 

 Ela não pode fazer nada quando a carta é envolta por uma chama azul e transformada em cinzas. Os olhos vermelhos encheram-se de lágrimas. Mesmo sabendo que pudesse ser algo ruim, que poderiam nem ser sentimentos verdadeiros, ela tinha ficado feliz por receber algo. Aquelas palavras lindas e talvez mentirosas tinham tocado seu coração. 

 

— Por...quê…?

 

— Porque isso é uma provocação ao meu passado.

 

 Sem entender o real significados daquelas palavras, ela começou a soluçar e correu para longe. Hanako já não segurava sua mão. E nem virava de costas para ver sua amada indo embora.

 

[...]

 

 A pele pálida e as olheiras caracterizavam a menina de olhos vermelhos. Nene tinha dormido muito mal por causa da briga da tarde anterior. 

 

— A próxima a ler é… Yashiro Nene. Página 41, por favor. 

 

 Ela ignora o pedido pro professor e continua olhando fixamente para a folha do caderno. 

 

— Nene-chan…? O professor está esperando. 

 

 Aoi avisa. E sem alternativas, ela se levanta lê o que foi pedido. 

 

— Senhorita Yashiro, está se sentindo bem? Gostaria de passar na enfermaria?

 

 Ela apenas balança a cabeça negativamente e volta a se sentar. A aula segue enquanto a garota encarava o próprio caderno. Ele nunca me conta nada e faz coisas que eu não entendo. Ela repete na sua mente várias vezes a justificativa que recebeu.

 

Porque isso é uma provocação ao meu passado.

 

...isso é uma provocação ao meu passado.

 

 ...uma provocação ao meu passado.

 

... meu passado.

 

[...]

 

— Quieto, Akene-kun, Nene está dormindo!

 

 Aoi repreende o seu mais fiel admirador romântico. Ela já estava acostumada com as diversas declarações que recebia do amigo de infância, mas naquele momento, ela iria cuidar de sua melhor amiga. 

 

 — Se você acordá-la, nunca mais vou reconhecer a sua existência, Akane-kun.

 

 A voz doce era um contraste para a declaração incisiva e cruel da garota de olhos e cabelo índigo. E com isso, ela conseguiu um silêncio absoluto de todos os garotos da sala, mesmo que tivesse se dirigido apenas a Akane.

 Assim que conseguiu o silêncio desejado, ela volta a encarar a melhor amiga dorminhoca. Nene vai sentir sede quando acordar, melhor comprar algo para ela. E com esses pensamentos, vai até a amiga e cuidadosamente e mede a temperatura de sua testa para decidir se pegaria uma bebida quente ou fria. Em seguida, ela se retira da sala para comprar a bebida.



 Enquanto essa cena ocorria, um ser invisível entra na sala e para na frente da carteira da menina dorminhoca. Ele espera Aoi se distanciar e suspira aliviado. Ao menos Yashiro tem uma boa amiga. Agora, ele encara com tristeza o rosto pálido da garota em sono profundo e hesita um pouco em pôr as mãos no cabelo prateados.

 

— Desculpa por te fazer sofrer, Yashiro.

 

 O garoto dos olhos de âmbar se inclina e aproxima os lábios da testa de Nene. Aquele breve contato foi o suficiente para incendiar o peito do garoto fantasma. O contato foi mais demorado do que planejou. Quando se afastou brevemente, veio-lhe o impulso de descer um pouco mais o rosto e selar beijo que ele realmente queria.

 

— Eu não serei egoísta novamente. Então, bom sono, Yashiro.

 

  Sussurrou roucamente enquanto domava o seu impulso de tocá-la mais. E logo em seguida, saiu. 

 

 [...]

 

Ela abriu os olhos um pouco cansada. A sala estava um pouco vazia já. Yashiro havia dormido o período todo. Droga, vou precisar pegar as anotações com a Aoi. Assim que ela se espreguiça na carteira, nota uma bilhetinho e uma garrafinha de suco. 

 

"Nene-chan,

 

Não se preocupe, depois eu te passo todas as anotações. Fiquei muito preocupada com você, mas não quis te acordar. Por favor, me conte o que aconteceu com você depois. Conte comigo sempre. 

Se hidrate! Beijinhos

De sua melhor amiga, Aoi."

 

 Ela sorriu com o bilhetinho carinhoso. Aoi era uma ótima amiga, às vezes assustadora, mas muito boa para ela. Ela guarda o bilhete dentro da bolsa e toma o suco que ganhou. Mas inevitavelmente aquele bilhete lhe fez recordar da carta queimada na tarde anterior.

 

Então aquela carta tem relação com o passado de Hanako.

 

 Ela termina de tomar o suco e se levanta batendo as mãos na bochecha para despertar. Eu já sei o que vou fazer pra entender essa história. 

  Ela então sai da sala e caminha até a sala dos professores. Ao chegar e notar que estava vazia, resolve ir até a biblioteca. Chegando no local, ela procura por entre as prateleiras um rosto familiar. 

 

— Precisa de algo?

 

A voz adulta e masculina surge do outro lado da prateleira. Era Tsuchimogori.

 

— Sensei! Preciso de uma ajuda sua.

 

— Ai, ai. Esses jovens problemáticos sempre me atormentam. Quase sinto vontade de me aposentar. 

 

 Reclama o Quinto Mistério indo em direção da aluna. Antes que Nene pudesse se pronunciar, ele faz um sinal pra ela ficar em silêncio. Logo ele retira do bolso um amuleto e gruda na testa dela. 

 

— Sensei…?

 

Logo ela percebe uma corrente elétrica a sua volta e vê que algo caiu. Era um dos hakujoudai de Hanako.

 

— Isso é apenas uma intuição: O que vai me pedir não é algo que o Honroso Número Sete deva saber. Correto? 

 

 Yashiro olha admirada para o professor. Tinha se esquecido que era monitorada e aquilo poderia atrapalhar seu plano. E realmente, o que ela iria pedir era algo que Hanako jamais permitiria. 

 

— ...Sensei. Tem um lugar que eu quero ir. Hanako me disse uma vez que "era um lugar que não é lugar nenhum". Quando eu estive lá… bem, eu encontrei uma porta. E quero encontrá-la de novo. 

 

 O bibliotecário aranha olhava com tédio para a menina determinada e aproxima a mão para arrancar o Papel Selo da testa dela. Ele não estava nem um pouco surpreso com o pedido. 

 

— Hm… entendo. Mas você sabe que naquele lugar enorme e sozinha, você tem grandes chances de morrer.

 

 A menina olha pra baixo e aperta a saia do vestido com as mãos. Ela sabia dos riscos, mas precisava tentar. Afinal, ela já tinha ido lá uma vez e sabia qual porta estava procurando.

 

— Bem, eu não vou impedi-la. O Honroso Número Sete provavelmente ficará furioso se descobrir aonde você foi. 

 

— Depois me desculpo por tudo, mas eu realmente preciso ir! 

 

O professor dá de ombros e se vira para a prateleiras e abre um livro aleatório. Aparentemente seu título era Os melhores Modelos para Cartas de amor! 2° edição. Ele retira do meio do livro um papel amarelado e velho. Ele encara o papel alguns segundos, olha para Nene, depois volta a olhar a nota. Em seguida ele guarda a nota dentro do bolso e coloca o livro em cima da mesa.

 

— Escuta, pirralha. Provavelmente as Escadas de Misaki podem te levar até o Lugar Nenhun. Peça ajuda aquela raposa estúpida para isso. Vou te entregar algo para ajudá-la também. Mas antes eu preciso de um favor. 

 

— Qual favor? 

 

— Quando você chegar no seu destino, quero que coloque este bilhete dentro de um livro igual a esse.

 

 Ele disse enquanto escrevia num papelzinho algumas coisas e depois apontava para o livro de poesias românticas. E ele completou.

 

— Ah, esse bilhete está amaldiçoado, se algum humano tentar ler o que está escrito, vai se transformar em um legume permanentemente. Entendeu? 

 

 A menina prateada gelou  e tremeu enquanto pegava o bilhete das mãos do professor. Eu com certeza não lerei, nunca, nunca, nunca!. Mas assim que pega o papel, se dá conta de algo. 

 

— Sensei… o senhor nem perguntou o que vou fazer lá e qual porta vou procurar. 

 

— Isso é porque já é óbvio para mim. É a porta onde você viu Amane Yugi ainda vivo, certo?

 

 


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Notas finais do capítulo

Oláaa, obrigada por chegar até aqui! Se você se sentir confortável, por favor, comente!

Isso mesmo, vamos fazer uma Viagem no Tempo no próximo capítulo e encontrar nosso querido Amane Yugi. Depois daquele episódio/capítulo que ela encontra com ele na antiga sala de aula, sempre me perguntei o que aconteceria se eles tivessem interagido mais. E acho que vocês vão gostar do que eu planejei para esse capítulo rs

Espero que tenha gostado ♥ Beijinhos, fiquem em casa e se hidratem!

Até o próximo capítulo!



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