Guilty ones escrita por Aislyn


Capítulo 2
Visitante indesejado


Notas iniciais do capítulo

Estendam o tapete vermelho para a entrada do personagem mais... fresco? Rico? O típico CEO clichê das histórias? XDD

Boa leitura!



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— Se eu não fiz nada, o que aconteceu?

 

Shiroyama sabia que, a partir do momento que decidiu tirar a culpa de cima dos ombros do namorado, ela voltaria para si. E sabia também que devia ter ido preparado para responder qualquer questão. Devia ter se preparado antes mesmo de voltar para casa, ou até mesmo antes de cometer aquela besteira, mas ele não costumava pensar tanto antes de agir e agora pagava por isso.

 

— Eu… saí com um amigo ontem. Acho que comentei com você que ia encontrar uma pessoa da minha cidade natal… E o passeio não saiu bem como eu esperava…

 

O certo seria dizer que perdeu o controle durante o passeio, mas não queria deixar o namorado mais paranóico do que ele já estava. Hayato não precisava nem sonhar com o tipo de controle que perdeu! Se ele tivesse brigado com o amigo, saido no soco ou talvez se tivessem causado algum acidente de trânsito, seria mais fácil contar e perdoar…

 

— Não queria te preocupar. Sinto muito.

 

Contudo, alguma coisa naquela confissão fez o peito de Izumi apertar e ele pensou no pior. Takeo havia comentado sobre encontrar um amigo de Mie mas, o que podia ter dado errado? Pelo que conhecia do Takeo daquela época, ele era bastante irresponsável, então imaginava que os amigos também seriam.

 

— Vocês não roubaram ou mataram ninguém, não é? – Hayato forçou uma risada, sentindo seu coração bater descompassado. Roubar um carro seria algo idiota e a pior coisa de adolescente que passou por sua cabeça. Seria perdoável, mas não explicava a atitude do namorado. Brigar também entraria na lista, mas se algo não saiu como esperado… será que foi tão grave assim? Duvidava que Takeo batesse em alguém a ponto de machucar seriamente, apesar que o nome de Jack, o baterista da banda que fazia parte e com quem o namorado já se estranhou, surgiu em sua mente.

 

— Hayato?! Eu não sou um vândalo!

 

— Bom… se vocês só discutiram ou se você ficou contando vantagem sobre suas conquistas depois que veio pra Tóquio, então tudo bem… – não era aquilo! Uma vozinha na cabeça de Hayato insistia e ele tinha certeza que não era aquilo! Sentia todo seu corpo tremer por dentro enquanto tentava manter o sorriso – Não tem problema ser um pouquinho egocêntrico, afinal você saiu de uma cidade pequena e queria descobrir o mundo, não é?

 

* * *

 

Um carro branco último modelo estacionou à frente do prédio e o homem ao volante conferiu o endereço no papel, confirmando também o nome do edifício, para não haver enganos. Saiu do veículo, travando a porta com o controle, ajeitando o cabelo loiro escuro com a mão, mesmo que não tivesse um fio fora do lugar, assim como o terno sem amarrotados.

 

Lançou um olhar analítico para a fachada, não disfarçando a careta de desgosto quando entrou na recepção. Para uma banda que estava começando a se destacar, aquele não era o tipo de lugar que apontaria como a moradia de um músico. Era bem localizado, limpo, mas ao mesmo tempo sem grandes atrativos. Contudo, era a cara do amigo. Takeo não vinha de uma família rica, então sabia o quanto precisava trabalhar para conseguir o que queria e, com isso, não gastava de forma leviana.

 

Confirmando com a recepcionista que o amigo morava ali, afastou-se do balcão para fumar enquanto a moça ligava para falar com um dos donos do apartamento, pois não podia deixá-lo subir sem autorização, por mais bem apessoado que parecesse.

 

— Senhor? – a moça chamou após colocar o fone no gancho, chamando a atenção do visitante – Izumi-san está descendo para recebê-lo.

 

— Izumi? – aquela recepcionista era idiota ou o que? Não pediu para falar com nenhum Izumi! Mostrou o nome do amigo no papel. Será que ela leu apenas o número do apartamento? Não era possível que o amigo tivesse feito aquilo de brincadeira e informado o endereço errado… Bom, era bem possível, na verdade. Mas podia ser algum empregado também, não é? Decidiu esperar e, caso fosse um engano, ligaria para Takeo pedindo o endereço certo.

 

Enquanto divagava sobre o amigo não ter mudado nada nas atitudes e responsabilidade, as portas do elevador se abriram para permitir a saída de Hayato que encontrou facilmente o visitante de seu namorado, já que não havia mais ninguém esperando.

 

Na descida pelo elevador, Hayato se perguntou se era o mesmo amigo que Takeo encontrou dias atrás. Não sabia como era essa pessoa, mas imaginou que teria uma idade aproximada do namorado e, quem sabe, o mesmo estilo para se vestir e agir, o que poderia render alguma brincadeira indesejada. Contudo, suas divagações não o prepararam para o tipo de homem que encontrou.

 

— Com licença? É você quem está procurando por Shiroyama? – tendo a atenção voltada para si, Hayato foi alvo de uma análise de cima a baixo, recebendo uma careta de desgosto – Eu sou o companheiro dele, Izumi Hayato. Prazer.

 

— Companheiro? Tipo acompanhante de luxo? É assim que chamam casos de uma noite por aqui? – aquilo fazia mesmo o estilo do amigo. Takeo não havia mudado nada! Trazer casos de uma noite pra casa, deixando a pessoa ficar por ali quando não estava. Era muito irresponsável – Onde ele está?

 

Hayato encarou-o horrorizado, sem se importar em esconder a surpresa pelo tipo de atitude que o visitante tinha. Pelo visto ele não estava atualizado com a nova vida que Takeo levava.

 

— Meu namorado não está. – Hayato pronunciou de forma lenta e clara a palavra namorado, para ter certeza que não ficariam dúvidas – Ele precisou sair. E você, quem é?

 

— Namorado? – o rapaz sorriu esnobe, negando com um aceno – Pelo visto não conhece bem o Shiro. Acha mesmo que ele ia perder tempo em um relacionamento sério com você?

 

Shiro? O rapaz mal o conhecia e saia chamando o seu namorado por apelidos? Não gostou nada daquela intimidade.

 

— Coloque na sua cabeça que, quando enjoar, ele vai te chutar sem pensar duas vezes. Eu já namorei com ele, conheço o tipo de gente que ele se envolve apenas por diversão.

 

— Você deve ser o tal amigo da adolescência, não é? Ele comentou sobre alguém que veio de sua cidade natal… – Hayato precisou se segurar para não partir pra cima do rapaz. Ele era muito abusado! – Sinto informar, mas o Shiro que você conheceu mudou muito.

 

— Claro que mudou… – viu o amigo há poucos dias e, tirando alguns traços na fisionomia, ele tinha apenas crescido – Se eu fosse você, ficava de olho aberto. Ele é bom de lábia, passa qualquer um pra trás.

 

— Bom, pelo visto eu consegui passar a conversa nele também, já que estamos juntos há um bom tempo. – eram só alguns meses, já que Hayato negou todas as investidas de Takeo no começo da banda, até o guitarrista provar que mereciam uma chance, mas aquele homem não precisava saber disso – Terem saído na adolescência não deve ter te dado uma boa imagem de como ele realmente é.

 

— Conheço ele e sei do que estou falando. – o rapaz apagou o cigarro que queimava esquecido na mão, caminhando para a saída do prédio – No que depender de mim, não vai demorar muito para reatarmos. Nós não terminamos de verdade. – após descer dois lances da escada, se virou mais uma vez, ditando em tom de ordem – Diga a ele que eu volto para visitar de novo.

 

Hayato agradeceu a saída repentina do homem, pois sua cabeça girava com aquela revelação de ex-namorado, causando-lhe náuseas. Uma sensação de dejá vù tomou conta de sua mente: lembrou-se de quando seu ex apareceu num show, deixando Takeo enciumado. Abraçou-se enquanto observava o visitante se afastar no carro, imaginando se Takeo se sentiu da mesma forma.

 

Quando retornava para dentro do apartamento é que Izumi pensou que podia ter revidado. Devia tê-lo parado, devia ter gritado que não havia volta pra eles e que precisava esquecer o passado. Takeo havia seguido em frente e o escolheu para estar a seu lado.

 

Pensar no namorado o fez querer falar com ele. Takeo não havia dito para esse amigo que estava em um relacionamento sério? Não falou dele? Depois de todo o trabalho para ficarem juntos, não era algo que ele teria vontade de contar? Hayato se sentiu inseguro e também decepcionado. Pegou o celular jogado no sofá, discando o número de Takeo, mas desligou antes que a chamada completasse. Precisava manter a calma. Era melhor falar pessoalmente, esclarecer tudo para não haver mal entendidos. Suspirou fundo, se jogando no assento e buscando o número da irmã. Ela o ajudaria a colocar a cabeça no lugar.


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Notas finais do capítulo

Continua!



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