Isolated escrita por Fanfictioner


Capítulo 7
Sem mãos bobas


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amadinhos! COmo estão? Em casa, lavando bem as mãos e as compras, né?
Confesso que fiquei meio desapontada capítulo passado, ficou como um dos maiores até agora, cheio de Jily e bem fofo, e só tive um comentário! Poxa gente, as opiniões de vocês são muiito importantes, e ajudam muito a eu saber como a história está sendo recebida!
De qualquer maneira, aí está uma atualização um pouco mais curta, mas igualmente divertida e importante... Vejo vocês nas notas finais!



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Dia 05 de 15

Como se soubesse do que acontecera na madrugada, Madame Pomfrey apareceu muito mais cedo do que o habitual na sala dos monitores. O sol recém começara a irradiar pela janela acima da cama de Lily quando a enfermeira entrou, carregando seus apetrechos habituais na típica bandeja flutuante.

— Bom dia, Potter, senhorita Evans. – sua voz soou alta demais para a cabeça dolorida de James, que jogou a coberta sobre a cabeça, e o corpo absurdamente doente de Lily, que gemeu, afundando-se mais sob os lençóis. – Mas o que aconteceu aqui? Vocês estão péssimos!

— Lily teve muita febre. Eu tentei chamá-la, Madame Pomfrey, mas você não atendeu a lareira. – James falava baixo e devagar, sonolento. – Ela alucinou, e eu não tinha da poção que você usou ontem de manhã.

— Pelas calças de Merlin! – e correu em direção à cama de Lily, sentando-se ao lado da cabeça da menina numa cadeira recém conjurada – Senhorita Evans, senhorita Evans, preciso que fale comigo. Pode falar comigo?

— Posso. – Lily gemeu novamente. A preocupação fez James, pouco a pouco, sentar-se em sua cama, atento à avaliação da enfermeira de Hogwarts. – Está tudo doendo.

— Ela convulsionou, Potter? – Madame Pomfrey perguntou, olhando os olhos de Lily com a luz de sua varinha apontada na direção deles.

— Não! Por Merlin, não! Eu teria surtado se isso tivesse acontecido. Preparei um banho morno de banheira para ela, para que a febre diminuísse na água. – comentou, oportunamente deixando de fora a parte de que tinha entrado junto na banheira, e agradecendo que a atenção da enfermeira estava em Lily e não podia ver-lhe as bochechas coradas demais

Madame Pomfrey continuou analisando Lily. Mediu a temperatura, que voltava a subir, olhou dentro da garganta da menina, (“Ah, pelo amor de Merlin!”), e então, entregando um frasco de poção para Lily, levantou-se, consternada.

— Senhorita Evans, dado a piora no seu quadro geral, e o estado de lesão da sua garganta, eu terei de encaminhá-la ao Hospital St. Mungus, para que eles a examinem melhor. Receio que eu não tenha perícia medibruxa o suficiente para tratá-la. Eu acredito que tudo esteja piorado devido a... bom, uhm... a falta de anticorpos bruxos que a sua origem traz, senhorita Evans. Não é sua culpa, óbvio, ter nascido trouxa, mas claramente não podemos esperar que seu sangue... uhm, aguente... aguente nossas doenças, entende?

Era de uma total falta de sensibilidade tudo que Madame Pomfrey dizia, fazendo o rosto de James esquentar em chateação e raiva. Ela não podia ser mais atenciosa? Já era o suficiente que Você-Sabe-Quem estivesse matando nascidos trouxas lá fora, não havia necessidade de fazer Lily se sentir pior colocando em seu nascimento a culpa de sua doença estar grave.

James via que Lily, apesar de doente demais para falar algo, estava sentida e magoada, além de preocupada por precisar ser levada ao hospital. Talvez estivesse com medo do que esperar, já que provavelmente nunca tinha estado em St. Mungus, e mesmo sabendo que a menina não era frágil e nem precisava ser defendida, como o incidente com Snape no 5º ano deixara muito claro, James sentiu que não podia deixar a enfermeira falar com ela daquele modo.

— Não fica preocupada, Lily. St. Mungus é excelente, e cheio de medibruxos muito competentes para cuidar muito bem de você. Como Madame Pomfrey disse, lá eles têm mais perícia, e não vão ter problemas com o fato de você ter nascido trouxa para tratarem de você. – a ironia claramente presente

Lily deu um sorriso agradecido, sem, no entanto, olhar James nos olhos, ao passo que a enfermeira enrubesceu dos pés à cabeça, percebendo o quão racista tinha sido, e decidindo, sabiamente, que o melhor era não insistir naquele assunto.

Não levou muito tempo para que Lily se levantasse e trocasse seu pijama de flanela por uma roupa quente e socialmente apresentável. As calças de inverno e o suéter verde de lã combinavam com um cachecol preto e a capa de viagem que Marlene tinha, por algum motivo, colocado na bolsa de roupas da amiga. James apreciava a vista que tinha de Lily enquanto ela penteava os cabelos, tentando, falivelmente, não pensar nas cenas da noite anterior.

Quando Madame Pomfrey terminou de dispor as poções na bandeja do quarto e de trocar os lençóis suados de febre da cama de Lily, a menina estava pronta para ser levada ao hospital.

— Potter, eu não devo demorar com a senhorita Evans no hospital. Você está se sentindo bem? – perguntou, dando um aceno de varinha para que seus pertences voltassem a flutuar a seu lado.

— Estou com dor de cabeça, e meus olhos ardem, mas não vou morrer nas próximas horas. – brincou, arrancando um risinho de Lily e fazendo a enfermeira torcer a cara, insatisfeita com a piada infame.

— Ótimo! A poção que você deve tomar para a dor está na bandeja, e quando eu voltar, faço sua avaliação e trago os outros remédios. – e sem esperar que James tivesse tempo de retrucar outra piadinha, saiu, com a bandeja levitando e Lily a seguindo, usando uma máscara de proteção, recém conjurada, no rosto.

Após beber a poção, ainda sentindo o sono pela noite mal dormida, James entregou-se aos braços de Morfeu e dormiu até depois do meio dia, acordando com o almoço já posto à mesa pelos elfos domésticos. Não havia muito o que fazer se não estudar, e James, que sempre fora muito ativo e falante, sentia falta de ter alguém com quem conversar e se distrair.

Precisava admitir que se acostumara à onipresença de Lily ali, fosse conversando durante uma refeição, fosse ficando calada, concentrada nos livros e pergaminhos, dando a James a oportunidade de observá-la com carinho, prestando atenção aos detalhes dos cabelos ruivos.

Sirius e Remo também faziam falta, muito mais do que Pedro, que estava distante esses últimos meses. Tudo era sempre muito leve com os marotos, e James pensava que, se estivesse na torre da Grifinória, já teria se juntado a Sirius numa corrida de vassouras em torno da sala comunal. Remo reclamaria uma ou duas vezes da ideia, advertindo-os, mas então ignoraria, já que o próprio monitor-chefe Potter não estava ligando, e ficaria atirando feitiços fumacentos no ar, para atrapalhá-los.

— Veado?! Veado, tá aí?!

Como se por mágica, Sirius o chamava pelo espelho, displicentemente esquecido sobre a mesa de cabeceira.

— Almofadas! Ei, estou aqui! – respondeu, sorrindo, quando pode enxergar o amigo ao invés do próprio reflexo. – Como vão as coisas aí?

— Um poço de tédio sem você. Passamos a manhã toda estudando, obrigados pela Alice e pela maluca da Dorcas. Agora até meus trabalhos de poções estão em dia! Poções, Pontas! Deve ser o primeiro trabalho de poções do trimestre que eu vou entregar ao velho Slug!

James riu do seu lado do espelho. Sirius era famoso pelo seu desleixo em poções, embora fosse extremamente habilidoso. Remo apareceu logo em seguida, contando algumas amenidades e perguntando sobre a saúde de James.

— Estou bem, meio ruim ainda, mas Madame Pomfrey vem me medicar mais tarde, quando voltar do St. Mungus com Lily.

— St. Mungus? A ruiva foi para o hospital? O que houve? – Sirius estava genuinamente curioso e preocupado. James riu, sem humor. Se Almofadinhas soubesse um único terço de tudo!

— Uhm... eu espero que ela melhore logo. Ela me deixou bem maluco essa noite. – e sorriu, rindo do duplo sentido de suas próprias palavras. Sirius sorriu com malícia, e Remo riu, pedindo mais detalhes.

Então, pouco a pouco, James foi contando todo o ocorrido, tentando não se demorar demais nem dar excessivos detalhes sobre o banho de banheira compartilhado. Embora preocupado com a colega, Sirius não refreou gargalhadas, nem mesmo evitou chamar James de veado, galhudo e similares quando soube que vira a ruiva seminua.

— A gente ficou. – James soltou, levemente chateado com as piadinhas do amigo. Não pretendia expor nada do ocorrido, mas não aguentava mais que Sirius insinuasse que ele devesse ter feito algo, já que sua própria consciência queimava por ter sequer beijado Lily.

Sirius ria alto, então, ao primeiro momento, as palavras de James não foram compreendidas.

— Como é, Pontas? Cala boca, Sirius! – Remo resmungou, dando um peteleco na orelha de Almofadinhas.

— A gente ficou. Lily e eu. – suas orelhas avermelharam-se, e ele se arrependeu de ter falado isso. Era como se, naquele momento, deixasse de ter sido algo entre ele e Lily, e perdesse toda a boa aura que aquilo tinha sido, ficando menos real.

Sirius se engasgou, e Remo estava realmente confuso. James não ousou acrescentar nada, sentindo-se idiota o suficiente de ter externado o que acontecera.

— Como é? Você e a Evans?! Como?!

— Ué, como! Ela me beijou, Almofadinhas! Quer saber detalhes de quem colocou a língua primeiro, agora?! – não sabia bem porque, mas sentia uma raiva genuína de Sirius. Sabia que seria escarniado, e já estava com pensamento demais na cabeça para ter de dar atenção ao humor ácido de Sirius sobre ter sido Lily a tomar uma iniciativa.

Houve silêncio por um momento, James sentia a raiva se avolumando, irrefreável, de um jeito que o fazia querer espatifar o espelho para não precisar ver a presunção de Sirius no reflexo. Remo, do outro lado do espelho, crispou os lábios e abriu bem os olhos, expressando bem sua surpresa pelo tom de James, embora parecesse compreensivo.

Sirius não esboçou reação. Essa era, provavelmente, uma das coisas que James não gostava no amigo (quase irmão). A criação de Sirius na família Black instituíra nele uma impassibilidade que beirava a psicopatia. Sabia ficar com o mesmo semblante de tédio, independentemente de estar magoado, muito chateado, cheio de irritação ou mesmo com extrema dor, era persistente, e não tinha por hábito expor seus sentimentos menos elevados senão em tom de sarcasmos e escárnio. Nesses momentos, James sempre sentia que, no fundo, Sirius poderia ser um Comensal da Morte, se quisesse. Esse pensamento lhe dava alguns arrepios.

Mas, ao mesmo tempo, era sempre consolador, quando desses momentos, pensar que, diariamente, era uma escolha de Sirius não ser como sua família de sangue.

— Você está bem? Digo, com isso? Foi bom? – ele perguntou algum tempo depois, com o mesmo tom leve, e James soube que Sirius não o exporia ao ridículo porque, apesar de qualquer coisa, ele conhecia os sentimentos de James por Lily, e não seria imbecil com seu melhor amigo, não se tratando de algo tão sério.

— Estou confuso. Não falei com ela mais do que meia dúzia de palavras depois disso. E hoje pela manhã acordei com ela indo ao hospital. Não sei se será estranho quando ela chegar, logo menos, e acho que será pior ainda se tivermos que ficar juntos em um clima ruim. E tenho medo de ela não lembrar do que houve, e me acusar de assédio ou coisa do tipo.

Remo negou com a cabeça.

— Por mais que ela tenha lembranças não muito claras, acho difícil que ela não lembre, já que disse que ela estava consciente e falante. E Lily parece conhecê-lo bem o bastante para saber que você não faria isso com ela.

— Conscientemente não, jamais! Mas sem a intenção, sem saber... estou realmente preocupado com isso.

— Veado, escuta. – James voltou sua atenção a Sirius, sentindo que a raiva que tinha antes estava adormecida. – Não culpo você por ter ficado todo bobão perto da ruiva, não no estado em que as coisas estavam, e nem vou dizer que você foi um herói por ter sido respeitoso, porque afinal era o mínimo, ela estava maluca e semiconsciente. Agora, um beijo, que ela te deu, o qual você não fez nada além de corresponder...

— Sem mãos bobas, né Pontas? – Remo repreendeu, num tom sério

— Sem! Completamente sem mãos bobas, juro!

— Então esfria a cabeça. Na pior das hipóteses ela vai ter uma vaga lembrança e você vai ter que mostrar a ela de novo como foi esse beijo. Não pira, Pontas! Você deve ser o cara mais de boa e respeitoso que eu conheço. Até o Aluado passa mais o rodo do que você!

— Ei! – Aluado reclamou, corando

— E vocês passam o pano para mim, né? Como se eu fosse santo! – ria, mais aliviado, embora houvesse um resquício de culpa em meio a seus sentimentos

— Quer se martirizar e fazer uma sessão de masoquismo? Eu consigo os instrumentos! – delicadamente Sirius sugeriu. – Olha, se está perturbando tanto, fale com ela quando chegar. E sem essa ladainha toda!

— Pergunta o que ela lembra, Pontas, e se está tudo bem. Lily é uma pessoa razoável, não será injusta com você. Não foi com o Seboso! – James riu, era verdade. Lily era justa e bondosa até mesmo com pessoas que a chamavam de sangue ruim

— Ei! Vocês querem jogar Snap Explosivo? Alice foi pegar o baralho! – Pedro entrou no quarto, convidando os colegas. – Ei, Pontas! Indo firme aí?

— Tudo firme, Rabicho! Eu preciso ir ao banheiro. A gente se fala, pessoal! – Sirius acenou em resposta, e Remo desejou melhoras antes de sumirem da imagem do espelho, deixando James com seu reflexo.

A tarde se arrastou numa vagareza monótona e modorrenta, fazendo James ficar jogado na cama boa parte do tempo, brincando com o velho pomo de ouro. Houve uma meia hora em que se dedicou, verdadeiramente, a fazer anotações de herbologia, mas quando a pena manchou seu pergaminho, James perdeu a paciência. Pouco depois a noite caiu, e Madame Pomfrey só apareceu após o jantar, visivelmente cansada e sozinha.

— Aonde está a Lily? – perguntou logo de cara, esquecendo até mesmo de cumprimentar a enfermeira

— Ela ficou internada, Potter. Estava muito fraca, e no começo da tarde passou a esverdear. Deram uma poção realmente forte e a deixaram inconsciente para que ela recuperasse a mucosa da garganta, estava muito machucada. Disseram que mandariam notícias ao longo dos dias, mas ela não deve retornar antes de sábado. – James ficou bem aturdido, a preocupação latente e o desejo por saber mais.

— Mas... mas e o que falaram da febre? E da alucinação? Ela vai ficar bem?

— Acalme-se, Potter! Não quero ter de internar outra pessoa! Ela ficará bem! O medibruxo que está cuidando dela inclusive me parabenizou por ter diminuído a febre com um banho, disse que o estômago dela está bem lacerado pelas poções fortes, vão passar a injetar tudo pela veia. O senhor esteve de parabéns como cuidador dela, senhor Potter. – ela sorriu, enquanto media a temperatura de James.

Aliviado, embora não menos preocupado, James não comentou mais nada, apenas deixou-se ser examinado, desejando poder ficar logo sozinho e livre da enfermeira.

Com Lily sedada claramente tudo ganhava proporções maiores. Não queria ter de esperar até, no mínimo, sábado para vê-la. Queria vê-la ali, naquele instante, cuidar dela, estar com ela, conversar sobre aquele beijo inesperado. Queria poder ter certeza de que ela ficaria bem.

— Seu corpo está se recuperando muito bem, Potter. Eu diria que não deve passar de domingo esses sintomas. Então bastará mais uma semana esperando que o contágio desapareça e poderá voltar à sua vida normal, fora desta sala. – o tom de Madame Pomfrey era convidativo, mas nada parecia menos promissor do que a ideia de sair dali e não poder estar com Lily durante sua convalescença.

Percebendo a preocupação de James, a enfermeira teve o bom senso de não alongar a conversa, deixando as novas doses de remédio sobre a bandeja e dando recomendações rápidas de cuidado.

— Ela ficará boa logo, senhor Potter. E em muito breve poderão ficar juntos de novo.  – James enrubesceu, mas não negou e nem mesmo tentou se explicar. Madame Pomfrey foi embora em seguida.

Enquanto bebia suas poções e uma xícara bem quente de chá, James se deixava afundar nos lençóis macios e nos pensamentos doloridos, revisitando vezes demais a sensação e a imagem da boca de Lily colada na sua menos de 24h atrás.


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Notas finais do capítulo

Ah meu Merlin, esses dois ainda vão render eim?!
O que acham que vai acontecer agora com a Lily sedada? Alguma aposta?
Espero vocês nos comentários!



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