Corações Perdidos escrita por Choi


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Acordei no dia seguinte enjoada, e com a cabeça doendo por ter ido dormir chorando. Você é um grande gênio, Isabella! Uma cama tão maravilhosa te esperando e você dorme no chão frio se lamentando. Francamente!

Me levantei, e percebi que minhas costas também doíam. Minha aparência não estava muito boa também. Ergui meus braços e me cheirei, fazendo uma careta para o espelho.

— Urg, Bella, melhore, só melhore! – Eu disse a mim mesma.

Tirei aquela roupa que fedia e enchi a banheira, despejando alguns sais que eu não fazia ideia da utilidade. Quando a agua estava suficiente, e com uma grossa camada de espuma, eu entrei, com os cabelos amarrados em um coque no alto.

Isso sim é um banho! Nada de água fria, nada de banheiro sujo de limo, nada de telhados caindo aos pedaços. Com isso, eu quase me esquecia dos motivos que me fizeram chorar noite passada.

Saí da banheira quando meus dedos estavam enrugados – com certeza eu tirei um cochilo –, e me enxaguei no chuveiro, lamentando deixar o banheiro.

Vi pela janela que fazia um sol agradável do lado de fora, então vesti um dos meus três shorts jeans e uma camiseta preta. Calcei meu têni e saí do quarto.

Subi as escadas para a cozinha, procurando por alguém. Esme cantarolava uma musica enquanto preparava algo no fogão.

— Bom dia – A cumprimentei no alto da escada, chamando sua atenção. Esme se virou e sorriu para mim.

— Bom dia. Dormiu bem?

— Claro – Resolvi ocultar a parte do choro e de ter dormido no chão – O que está fazendo?

— Ovos mexidos. Carlisle gosta de comer antes de ir para o serviço.

— Ele vai trabalhar hoje? – Perguntei. Hoje era sexta-feira e ele havia passado a semana inteira em um evento do trabalho, imaginei que não iria, talvez ele tivesse uma folga ou algo assim. Mas o que eu sabia da vida, não é mesmo?

— No hospital não, mas ele dá aula de manhã em uma universidade – Ela disse, despejando os ovos mexidos em um prato – O que quer comer? Temos ovos, bacon, tem iogurte na geladeira, frutas...

— Uau – Olhei espantada para ela, eram muitas opções. Esme sorriu complacente.

— Que tal uma omelete? Você e eu vamos sair hoje e precisamos de energia.

— Nós vamos? – Perguntei, surpresa.

— Claro. Você precisa de roupas, aquelas que você tem estão muito velhas.

A encarei sem saber o que dizer. Esperava que minhas economias cobrissem isso, mas imaginei que Esme não iria em alguma feirinha comprar roupas de segunda mão, como eu costumava fazer em New Orleans.

— Bom dia – Carlisle nos cumprimentou com um sorriso – Dormiu bem, Bella?

Assenti. Ele se sentou e comeu os ovos com um copo de suco de laranja. Esme preparou a omelete para mim e me entregou um copo também. De repente, me senti em um comercial de margarina, e acabei soltando uma risada involuntária.

Ambos pararam de comer e me encararam. Balancei as mãos, tentando dizer que não foi nada, mas continuei rindo. Eles eram perfeitinhos demais!

Minutos depois Carlisle se despediu e foi trabalhar. Esme saiu e disse que logo voltaria para irmos fazer compras. Fiz uma careta para sua empolgação e segui para a sala de estar.

Liguei aquela enorme TV que parecia me chamar, e coloquei em um programa que mostrava noivas escolhendo o vestido perfeito. Elas tinham péssimo gosto, credo!

Esme voltou logo e encarou a TV.

— Adoro esse programa. Já fiz vários casamentos das moças que aparecem aí – Ela me disse.

— Sinto muito por você.

Esme me olhou feio, mas não disse nada.

Descemos para a garagem. Ela tirou uma chave que estava pendurada em um suporte na parede e ligou um dos carros, o mais simples de todos, preto. Era espaçoso e confortável, mas eu sabia que de simples não tinha nada.

O silêncio no carro era desconfortável, mas eu preferi não puxar nenhum assunto. Esme não parecia gostar muito de mim. Cruzei as pernas e enrolei uma mexa de cabelo nos dedos, para tentar passar o tempo.

Esme estacionou no subterrâneo de um shopping. Quando saí, me surpreendi vendo que todos os carros ali eram chiques demais. Involuntariamente, encolhi meus ombros, me sentindo levemente exposta.

— Acho que precisamos de algumas roupas comuns primeiro – Esme me encarou com um olhar minucioso.

Me puxou para uma loja onde havia todo tipo de roupas, ela olhava as araras com atenção, puxava uma peça, avaliava o tecido e tornava a guarda-lo. Me sentindo entediada, resolvi dar uma olhada nas roupas, mas quando vi a etiqueta de preço, quis sair correndo dali.

— Esme, olha o preço disso, eu não posso pagar isso! – A encarei com os olhos arregalados, mostrando minha indignação.

— Bobagem, eu vou pagar – Ela ignorou minha reação e continuou procurando roupas.

— Mas... Esme...

— Bella, se acalme, isso não é nada.

Esme sorriu tentando me tranquilizar, mas eu me sentia em pânico. No fim, não houve nenhum tipo de acordo e Esme me empurrou para um provador com uma pilha de roupas.

Tirei minha roupa me sentindo incomodada. Provei a primeira peça, era um macaquinho de tecido listrado, confortável e bonito, o exagerado era seu preço.

O tirei rapidamente, e me olhei no espelho apenas de lingerie. Meu corpo estava abaixo do peso, o que fazia com que meus ossos ficassem em evidência, principalmente a clavícula, que quase saltava para fora.

Esme escolheu justo esse momento para entrar. Não me incomodei, estava acostumada a nudez.

— Oh! – Ela arregalou os olhos, e me olhou surpresa no reflexo do espelho. Seus olhos desceram pelo meu corpo, percebendo a magreza e os hematomas causados pelo meu trabalho. Os homens não costumavam ser gentis – Oh, Bella!

Olhei chocada para Esme. Ela estava com os olhos marejados! Ela estava quase chorando!

— Bella, sinto muito por tudo que você viveu – Ela disse, me puxando para um abraço. Me senti desconfortável, mas seu abraço era acolhedor, e ela acariciava minhas costas – Sinto muito mesmo. Fico feliz que Carlisle a tenha conhecido.

Me afastei, sem saber como reagir aquilo.

— Obrigada – Sorri para ela, um sorriso forçado de quem não sabia se socializar.

Esme saiu do provador abalada, e esperou que eu terminasse de provar as roupas. Separei as que serviram bem das que ficariam na loja e saí, entregando as roupas que eu não gostei à vendedora. Ela me sorriu simpática me dando parabéns pelas compras. Eu que deveria dar os parabéns a ela, afinal a comissão gorda seria dela.

Depois daquela loja, ainda fomos em mais três lojas de roupas, onde Esme comprou vestidos, saias, calças – dos mais variados tipos, eu só conhecia as jeans. Fomos em duas lojas de calçados e me incomodei com a quantidade que ela comprou. Eu não era nenhuma centopeia, pelo amor de Deus!

Quando finalmente ela se deu por satisfeita, guardamos as compras no carro e voltamos para comer em um restaurante no shopping. Esme possuía um sorriso enorme, como se tivesse amado as compras, apesar de não ter comprado nada para si mesma.

Estávamos em um restaurante especializado em carnes e molhos. Pedi o mesmo que Esme, temendo errar e pedir algo nojento, porque os nomes no cardápio eram estranhos demais.

— Esme... – Chamei sua atenção. Me ajeitei na cadeira, sentindo-me tímida de repente – Obrigada por hoje, você não tinha a obrigação de fazer tudo isso por mim.

Ela sorriu, e segurou minha mão sobre a mesa.

— Carlisle tem razão, você realmente lembra Bree – Seu sorriso era estranho. Não estranho ruim, era bom, mas eu não sabia decifrar, me trouxe um sentimento gostoso, que fez minhas bochechas esquentarem. Sorri involuntariamente.

— Carlisle disse que ela tem minha idade, mas ela não está na casa. Está viajando? – Perguntei, curiosa.

Esme retirou a mão e a colocou sobre o colo, suspirando em seguida. Seu olhar fixou em algum ponto durante um tempo até voltar novamente a mim.

— Ela faleceu há três anos, sofreu um acidente. Ela teria sua idade se estivesse entre nós.

A voz de Esme carregava uma tristeza profunda que doeu até o meu coração.

— Sinto muito – Eu disse, sendo verdadeira. Nunca conheci meus pais, e talvez eu nunca saberei porque fui abandonada, mas devia ser horrível perder algum filho.

Esme sorriu e encerramos o assunto, felizmente o garçom chegou com nossos pedidos, tornando o silêncio suportável.

— Bella, você tem celular? – Ela me perguntou quando saímos do restaurante.

— Não – Dei de ombros. Não me importava com aquilo, não era como se eu tivesse alguém para ligar.

Mas Esme me olhou chocada, como se de repente tivesse crescido chifres em minha cabeça. Me arrastou para uma loja de eletrônicos e ficou meia hora olhando para as opções com a ajuda de um vendedor.

— Dizem que esse é a nova moda dos jovens – Disse Esme, com um celular quadrado e grande demais nas mãos. O segurei, sentindo que ele facilmente quebraria nas minhas mãos.

Foi exatamente aquele modelo que Esme escolheu. O vendedor me resumiu que ele tinha um ótimo processamento, três câmeras traseiras, áudio e som de ultima geração. Assenti para cada descrição que ele fazia, sabendo que nada daquilo faria diferença para mim. Saímos da loja com o celular já com capinha e película, me deixando mais aliviada.

— Vamos dar uma passada na minha empresa – Esme avisou assim que entramos no casso.

Assenti, entretida com o meu mais novo celular. Era difícil segurar ele por causa do tamanho exagerado, mas o vendedor me garantiu que eu acostumaria. Ele me ensinou rapidamente a mexer, mas eu ainda me sentia insegura, eram muitas informações.

Esme estacionou o carro e saímos. A empresa era um prédio de três andares, com a fachada colorida e o logo no alto. A segui para dentro. A recepção era um lugar aconchegante, com piso de madeira, vasos com plantas nos cantos, sofás confortáveis e um pouco depois da entrada, uma escada larga com corrimão de vidro.

— Você pode me esperar aqui, Bella.

Concordei, aliviada por não ter que ficar andando por aí com ela. Me sentei no sofá, ouvindo a música pop ambiente que tocava. A recepcionista me sorriu simpática, voltando ao seu serviço.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Para animarem vocês, próximo capitulo o Edward aparece. Sim, demorou, mas primeiro eu tinha que firmar a historia da Bella para só então introduzir ele.
Estão preparadas para essa relação?
Nos vemos nos comentários!



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