Corações Perdidos escrita por Choi


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou!

Vocês são maravilhosas demais, amei os comentários e já que pediram tanto, aqui está o capítulo.
Eu amei escrever ele!
Espero que gostem também
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787962/chapter/5

— Me desculpe – Bella disse ao se afastar, a voz rouca e o rosto inchado pelo choro e pelo machucado, só então pareceu notar Esme – Oh, eu não tinha te visto.

— Eu percebi – Esme disse com uma voz fria. Eu suspirei, bagunçando os cabelos novamente.

— Bella, esta é minha esposa. Esme, esta é Bella – As apresentei. Bella me encarou de olhos arregalados.

— Eu não... Bom... Prazer, Sra. Cullen. Me desculpe por aquilo, não é nada do que está pensando – Bella disse em um tom amedrontado, acho que o olhar frio de Esme havia colocado medo nela.

— E o que eu pensei, Bella? ­— Esme não tentou esconder o sarcasmo.

Não pudemos continuar a conversa porque o oficial nos chamou, Bella sentou-se novamente em sua frente e eu ao seu lado. Esme continuou de pé, atrás de mim.

— O que aconteceu? – Perguntei, preocupado.

— A Srta. Swan agrediu...

— Eu não agredi ninguém! – Ela interrompeu o policial, voltando-se a mim, ele a olhava feio – Eu estava trabalhando, normalmente, quando meu chefe me chamou. Ele é um homem horrível, tem mais de quarenta anos e trata as garotas como lixo. Ele quis me forçar a fazer sexo com ele, eu me recusei, e ele me agrediu. Meu olho roxo não te diz nada? Eu posso ser uma prostituta, mas exijo respeito– Encarou o policial, e a olhava com uma expressão de escárnio enquanto digitava algo no computador.

— O Sr. Connor está no hospital com uma fratura na cabeça e outra no pênis, além de ter torcido a mão, Srta. Swan. Está agora na sala de cirurgia.

— Você esperava que eu simplesmente aceitasse ele me forçar? Eu não tenho a mínima vergonha de admitir que desloquei a porra do pinto dele.

Meu sangue fervia por saber que um filho da puta havia tentando força-la a algo. Como ele podia? Ela trabalhava para ele. Provavelmente deve ter pensado que ela era uma garota fácil, espero que a recuperação dele seja bem difícil e dolorosa.

— Eu espero que ele tenha uma hemo...

Segurei seu braço para que ela parasse de falar, apesar de ter agredido ele para se defender, ninguém acreditaria nela. Eu via na expressão do policial que para ele, ela era só uma prostituta se fazendo de difícil.

— Quanto é a fiança?

Acertei tudo com o policial, e em menos de uma hora depois, estávamos saindo da delegacia. Esme nos esperava do lado de fora, mas antes que saíssemos, Bella me chamou.

— Me desculpe por te ligar. Ontem você esqueceu um dos seus cartões na minha casa, eu não queria, mas... não tinha mais ninguém para chamar. Se eu soubesse que sua esposa estava aqui, eu não teria feito isso.

— Bella, está tudo bem, o importante é que está bem – Eu sorri para ela, tentando tranquiliza-la – Vamos, temos que tratar esses machucados.

— Eu só me defendi – Bella disse, novamente nos prendendo no mesmo lugar – Eu sei o que eu sou, mas ele me humilhou, me subjugou, me disse coisas horríveis... quando eu vi que ele ia tirar minha roupa eu...

— Bella – Me aproximei dela, colocando as mãos sobre seus ombros e fazendo me encarar com aqueles grandes olhos chocolates – Eu não vou te julgar por isso. Eu sinto muito pelo que esse filho da puta tentou fazer, e você está mais que certa em se defender. Fico feliz que tenha feito isso, sinceramente. Espero que a recuperação do filho da puta seja bem dolorosa!

Ela riu levemente, e eu a encarei confuso.

— Você disse um palavrão – Ela respondeu como se fosse algo de outro mundo. Eu também ri e dei de ombros.

— Não estou mentindo.

Bella abaixou os olhos, e passou as mãos pelo rosto violentamente. Quando ergueu novamente, vi o caminho de maquiagem preta que sua mão havia feito pelo rosto, além das lágrimas prestes a cair.

— Obrigada por ter vindo – Murmurou. Eu a abracei.

Acariciei seus cabelos para consola-la, até que ela se sentiu mais calma e se afastou. Saímos da delegacia e notei que Esme vira a cena pelo vidro, mas não sei se ela pôde ouvir.

— Você está bem? – Esme perguntou para Bella. Ela tentava manter a voz firme, mas eu sabia que estava preocupada também. Ela ouvira a história que Bella contou.

— Estou melhor, obrigada.

Bella assentiu, e olhou para mim e para os lados, levemente confusa.

— Ok... eu vou... – Apontou para uma direção – para casa.

— Nós te levamos – Esme disse, para minha surpresa. Bella e eu nos encaramos, e vi um pequeno sorriso se formar no canto dos lábios de Bella. Ela assentiu e nos acompanhou até o carro.

O caminho foi feito em um silêncio desconfortável. Eu podia ouvir Bella batucar as unhas na porta do carro, e pelo retrovisor, vi que ela mexia as pernas, ansiosa.

— Você... fez uma boa viagem, Sra. Cullen? – Ela perguntou, receosa.

Esme pareceu acordar de algum torpor, e suspirou, assentindo.

— Sim, a viagem foi rápida e bem calma.

— Carli... O Sr. Cullen já havia comentado sobre a senhora, e sobre os filhos de vocês.

Franzi o cenho. Bella nunca me chamava de Sr. Cullen, e também nunca ficava daquela forma com ninguém. Na verdade, ela era sempre espontânea e muito verdadeira. Talvez não quisesse me deixar em mau lençóis, querendo que Esme entendesse nossa relação e não entendesse errado. Era o que eu queria, afinal.

— Eu imagino – Esme foi breve em sua resposta e o carro ficou silencioso novamente.

Parei em frente a casa dela, e ouvi seu suspiro no banco de trás.

— Obrigada... por tudo – Bella sorriu para mim pelo retrovisor e saiu, correndo descalça com os sapatos nas mãos até a entrada de sua casa.

Continuei ali por um tempo, sem saber o que dizer a minha esposa.

— Vamos para o hotel – Disse Esme, sem me encarar.

Assenti, derrotado.

No quarto, Esme observava tudo. Coloquei sua mala perto da minha e me sentei na cama, abrindo alguns botões da camisa. Ela parou na varanda aberta, observando a noite iluminada de New Orleans.

Depois de muitos minutos, ela voltou ao quarto e sentou-se no sofá próximo a cama, de frente para mim.

— Já faz três anos que Bree faleceu – Ela disse de repente – Sinto que nosso casamento também morreu um pouco depois disso. Eu tentei enganar a mim mesma, dizendo que estava tudo bem, mas a verdade é que... nunca conversamos sobre isso, ou sobre Bree, é como se ela tivesse deixado de existir e isso me magoa muito, Carlisle.

— Isso é culpa minha. Depois do acidente, eu me afastei de você e dos nossos filhos, deixei que o hospital virasse minha casa. Eu sinto muito, Esme, sinto muito por ter te abandonado quando você mais precisou.

A encarei sabendo que meus olhos estavam lacrimejantes. Não queria chorar. Esme também parecia emocionada. Nunca havíamos conversado francamente sobre o assunto, e estava mais do que na hora.

— Eu também não ajudei – Deu de ombros – Não te culpo por sentir o que sente por Bella. Vendo vocês dois, eu entendi que você a vê como uma filha, e ela também sente algo paternal por você, Carlisle. Por mais estranho que seja, acho que essa garota amansou seu coração. Isso me deixa um pouco aliviada. Bree era nossa caçula, nossa pequena, e sinto que quando ela se foi, levou um pedaço muito grande de você com ela.

— Depois que Bree faleceu... foi como se o mundo perdesse a cor. E isso é tão injusto! Temos outros filhos, tenho você...

— Carlisle, eu entendo o seu sentimento. Eu sou mãe e sofro todos os dias quando levanto da cama e percebo que ela não estará na mesa para tomar café da manhã conosco.

Esme escondeu o rosto nas mãos, chorando silenciosamente.

— Bella te tocou de alguma forma. Quando vi vocês dois juntos, era como se eu tivesse o antigo Carlisle de volta – Ela disse me encarando.

— Eu só... não pude aceitar e me conformar com essa vida que ela leva. Ela tem só dezessete anos, a idade que Bree tinha quando... – Vacilei.

— Eu sei – Esme suspirou, vindo se sentar ao meu lado – Estou disposta a tentar de novo, Carlisle. Tentar retomar nosso casamento, nossa vida, sem esquecer Bree. Não podemos esquecer nossa filha e fingir que ela nunca existiu.

— Ela continua viva em meu coração – A encarei, levando sua mão para meu peito, a apertei. Esme sorriu e se aproximou, tocando nossos lábios.

A beijei como a muito tempo não fazia. Um beijo cheio de desculpas, arrependimento, gratidão e amor. Gratidão por Esme nunca desistir de nós, mesmo eu sendo tão complicado.

— Eu te amo – Sussurrei quando nos afastamos, a respiração entrecortada, e nossas testas juntas.

— Eu também te amo.

 

 

 

 

Acordei na manhã seguinte sentindo meu coração mais leve. As coisas não estavam completamente resolvidas, e Esme e eu ainda tínhamos um longo caminho para percorrer, mas havíamos dado o primeiro passo.

Quando estava abotoando a camisa, Esme acordou. Vestia uma camisola clara que mostrava muito do corpo belo. Me aproximei e a beijei, acariciando seus cabelos ruivos escuros e cacheados.

— Dormiu bem? – Perguntei.

— Apesar de ser uma cama estranha, dormi sim. Vai para o evento?

— Sim, hoje é o último dia. Quer vir?

— Você sabe que eu odeio esses assuntos médicos. Vou dar uma volta, pode me emprestar o carro?

— Claro. Mas vamos tomar café juntos, tenho tempo ainda.

— Ok, vou tomar um banho.

Esme demorou menos de vinte minutos para se arrumar, e quando terminou, admirei a beleza da minha esposa. Usava uma calça jeans escura e justa, uma blusa branca de babados e uma bota de salto. Esme nunca havia perdido a jovialidade de quando nos conhecemos, apesar dos anos que se passaram.

Descemos de mãos dadas para o restaurante. Encontramos minha equipe tomando café juntos, eles a cumprimentaram e ficaram surpresos por sua presença. James foi o único a soltar uma piada sobre estarmos aproveitando a viagem para ter uma pequena lua de mel. O ignorei e fomos para uma mesa separada.

— Como está a empresa? – Perguntei depois de fazermos nosso pedido.

— Temos três eventos até o fim de semana, que vai ter mais dois casamentos. Está bem puxado, mas deixei as meninas tomando de conta. Confio em Rosalie para cuidar de tudo.

Esme possuí uma empresa de decoração de eventos há mais de vinte anos. O que havia começado com algo pequeno, hoje era uma das mais requisitadas do estado e ela estava sempre ocupada com diversos tipos de eventos. Rosalie é nossa nora, esposa de Emmett, que havia começado como garçonete, mas quando Esme viu que ela possuía talento, a promoveu até chegar na onde está hoje, como braço direito de Esme.

— Ainda bem que temos Rosalie. Ela deve estar muito feliz.

— Sim, está. Mas aquele assunto do bebê ainda a deixa um pouco triste – Rosalie e Emmett vinham tentando engravidar a muitos anos, e recentemente haviam iniciado um tratamento que prometia dar frutos, mas até agora nada.

— Vai dar certo, eles só precisam ser pacientes.

— Eu não vejo a hora de termos um netinho, sei que o filho deles vai ser a coisinha mais fofa desse mundo – Esme sorriu apaixonada.

— Que não venha com o temperamento de Emmett.

Rimos e continuamos a conversa até que nosso pedido chegou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Não se esqueçam de comentar, significa muito para mim saber o que estão achando da história.
Ah, um pequeno spoiler do próximo capítulo: será narrado pela Bella. Provavelmente daqui em diante a maioria dos capítulos serão narrados por ela, tendo alguns pela visão do Carlisle ou do Edward.
Beijos