Corações Perdidos escrita por Choi


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Me perdoem o sumiço, eu esqueci de postar hahaha
Mas agora estou aqui, e prometo não demorar muito
Espero que gostem, boa leitura!



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As palestras pela manhã ocorreram normalmente, mas as da tarde foram canceladas porque os palestrantes tiveram imprevistos e não puderam comparecer.

— É uma pena que não ouviremos o Dr. Sebastian, ele é um dos melhores no ramo da pediatria – Victoria se lamentou. Eu me lembrava vagamente que pediatria era sua segunda escolha de especialidade, ela ama crianças.

— Pelo menos poderemos explorar a cidade – Riley tinha os olhos brilhando.

— Você não veio aqui se divertir, Dr. Biers – Marcus cortou a animação de Riley. Ele murchou como se fosse uma criança que teve seu doce arrancado de suas mãos. Fiz uma careta e desviei o olhar.

— Você sumiu ontem a noite, Dr. Cullen, estava se divertindo? – James perguntou, passando seus braços sobre meus ombros. Eu os tirei discretamente.

— Não, Dr. Campbell, eu fui jantar fora – Respondi, mesmo que não fosse da conta dele. Victoria riu ao meu lado, percebendo que o jeito de James me incomodava.

— Vamos lá, Dr. Campbell, não irrite ainda mais o Dr. Cullen – Ela disse divertida, puxando James para longe de mim.

Ele reclamou com ela, mas logo estava derretido ao seu lado. Acho que ele gostava tanto dela porque sabia que ela não era uma mulher como todas as outras. De repente, esse pensamento me incomodou. Uma mulher “como todas as outras” seria uma mulher fácil, certo? Bella me veio a mente, e o pensamento de que ela era como essas mulheres me irritou. Bella não era dessa forma, mas o machismo a colocava neste lugar, assim como muitas outras mulheres.

A verdade era que mulher nenhuma deveria ser julgada pelo tipo de vida que levava, escolhas não definiam ninguém.

Todos se dissiparam na recepção. Marcus voltou para o quarto dizendo que iria descansar. Victoria e James foram almoçar juntos no restaurante do hotel, ela havia elogiado muito o lugar e dissera gostar da comida. Riley abandonou o hotel na primeira oportunidade, tentando conter a animação na nossa frente.

Eu também voltei para o quarto. Me joguei na cama, as cortinas estavam abertas e um vento fresco vinha das janelas. Pensei em Bella novamente, e lembrei do estado de sua casa. Como ela conseguia morar ali, afinal?

Quando me senti entediado demais, decidi ocupar meu tempo. Bella disse que seu quarto estava com goteiras, eu poderia arrumar isso. Não era o cara mais indicado para reparos manuais, mas definitivamente sabia mexer com algumas ferramentas.

Tomei um banho e vesti uma roupa confortável. Uma calça de moletom e camiseta. Guardei a carteira no bolso e peguei as chaves do carro. O caminho até sua casa estava fresco em minha memória ainda.

Parei em uma loja de construção próximo ao seu bairro e comprei tudo o que precisaria. Como eu imaginei, a chave estava debaixo do tapete e eu pude entrar. Com a claridade do dia, eu podia ver a casa melhor, mas a situação continuava tão horrível ou pior do que eu havia reparado na noite passada.

Nos fundos da casa havia uma escada, o que me ajudou e muito. Concertar o telhado me custou algumas horas. As telhas estavam cheias de rachaduras, mas consegui concerta-las com selantes e cimento. A demora havia valido a pena e agora não haveria mais goteiras, mas a situação do quarto não melhorara, as paredes estavam mofadas e o chão de madeira rangia ao pisar, a água havia se infiltrado e inchado a madeira.

Infelizmente, apenas trocando o piso resolveria aquela situação.

Pesquisei na internet alguma solução para as paredes mofadas e descobri que não era tão difícil assim tirar as manchas. Vesti as luvas de borracha novamente e cobri minha boca e nariz com uma mascara.

Felizmente, Bella tinha os materiais que eu precisaria. Fiz uma mistura com produtos e peguei uma bucha, começando o trabalho de tirar o mofo.

O dia começava a escurecer e eu sabia que logo meu serviço teria que parar, afinal a casa estava sem energia.

Quando a noite finalmente chegou, acendi a lanterna do meu celular e com o auxilio dela, guardei tudo onde eu achara.

Estava cansado, suor escorria pelo meu pescoço e fazia minha camiseta grudar em meu corpo. Fazia tempo que não fazia tanto trabalho manual, meus dias eram resumidos a salas de cirurgia. Esme sempre preferiu contratar profissionais, e por isso eu raramente tinha oportunidade de fazer algo assim em casa.

Na minha adolescência, quando meus pais não tinham muitas condições financeiras, meu pai resolvia todo e qualquer problema estrutural da nossa casa, e me ensinou muitas coisas. Ele era pedreiro, um profissional muito bom. Me dava uma pequena satisfação saber que eu ainda levava jeito para coisas como aquela.

Ouvi a porta ser aberta e soube que Bella estava chegando. Eu não possuía seu número de telefone, então não pude avisar que vinha lhe fazer uma “visita”. Na escuridão, não enxerguei a cadeira da cozinha e tropecei nela, os produtos em minha mão caíram no chão, fazendo um barulho alto. Ouvi o grito de susto de Bella ainda na sala.

— Quem está aí?

Eu ia responder, mas antes que eu pudesse fazer isso, ela apareceu na porta da cozinha com um taco de baseball estendido para o alto em posição de ataque. A cena seria engraçada se eu não fosse a pessoa a ser acertada com aquilo.

Ativei novamente a lanterna do meu celular em um balanço rápido, a luz cegou seus olhos e ela cambaleou para trás, mas rapidamente veio para cima de mim novamente.

— Você acha que uma luzinha vai me incomodar, seu filho da puta? – Ela gritou alto. Antes que o taco me acertasse, eu o segurei.

— Calma, calma, calma! Sou eu, Bella, Carlisle.

E para provar, virei a lanterna para o meu rosto, fechando os olhos por causa da luz intensa. Bella se acalmou e eu a soltei, já que agora não havia mais perigo de eu ser agredido.

— Você está louco? O que faz aqui? – Me perguntou. Sua voz subiu algumas oitavas, indignada. Bom, acho que eu também ficaria se alguém invadisse minha casa.

— Eu estava concertando o teto do seu quarto – Respondi como se fosse obvio, mas eu sabia que não era.

Bella abaixou o taco e o encostou na mesa. Massageou a testa e me olhava como se buscasse paciência para lidar comigo.

— Não faça mais isso. Depois do que você disse ontem, sobre alguém invadir, eu fiquei paranoica – Ela disse.

E de repente, a luz da cozinha se acendeu e um barulho energia se ligando foi ouvido. Havia voltado, finalmente. Era bom não estar no escuro, Bella parecia gostar ainda mais.

— Finalmente! – Ela jogou as mãos para o alto, aliviada.

Se moveu na cozinha. Ela parecia tão perdida nos armários – antigos, com madeiras inchadas e algumas portas que não fechavam–  como qualquer estranho ali. Se irritou com uma das portas, e bufou.

— Eu ia fazer um café, mas foda-se, eu não quero mais – Disse irritada, batendo as mãos nos shorts.

— Eu faço.

Bella me olhou como se não acreditasse muito em mim, mas não disse nada, apenas se sentou em uma das cadeiras e esperou. Imitei seu gesto anterior e procurei pelo pó, coador e algum bule. Claro, o pensamento de que aquele armário cairia sobre mim a qualquer momento, não me deixou.

— Esses armários são seguros? – Perguntei para ela enquanto colocava agua para esquentar.

— Nunca caíram em cima de mim, isso deve ser alguma coisa.

A olhei feio. Não caíram ainda, e eu não queria ser o azarado.

Permanecemos longos minutos em silencio. Eu nunca saberia dizer o que Bella estava pensando, ela possuía aquela expressão séria e um olhar profundo de quem já viveu muitas coisas, mas que não dizia nada. Quando ela sorria, entretanto, a história era outra. Me lembrava uma criança inocente, que tinha tudo para viver. Eu acreditava que Bella também possuía muitas coisas para viver.

Coloquei o café na garrafa e a deixei sobre a mesa. Peguei duas xícaras e as lavei, por precaução. Me servi de café, apreciando o gosto amargo.

Bella se levantou e abriu a geladeira, tirando uma caixinha de leite. Misturou leite e café, e bebeu um gole, sorrindo em seguida. Guardou o leite novamente e se sentou na minha frente.

— Você não me contou muito, mas eu tenho certeza de que mora em outra cidade – Ela iniciou uma conversa depois de um tempo em silêncio – Quando vai voltar?

— Eu moro em Atlanta, é uma boa cidade, você iria gostar – Sorri para ela – Daqui dois dias. Estou participando de uma conferência médica pelo hospital em que trabalho.

— Entendi – Murmurou.

Eu não saberia dizer o que se passava na cabeça dela, mas a minha havia um pensamento fixo: eu não poderia abandonar Isabella. Como ela ficaria nessa casa decadente sozinha? E a vida que ela levava... Bella merecia muito mais. Esse mais eu poderia dar para ela, assim como dei para os meus filhos.

O pensamento de deixa-la aqui me causava dor, como se eu fosse abandonar Emmett, Edward, Alice ou Bree. Mas o que eu faria? Leva-la comigo? Como explicaria para Esme? Ou para os meus filhos? Eles certamente entenderiam errado, principalmente ao saberem da profissão de Bella.

— Sabe, eu nunca me afeiçoei a ninguém – Ela disse baixinho, abandonando a xícara vazia sobre a mesa e cruzando os braços – Mas você é legal, doutor, então deixarei me visitar. Só não apareça de surpresa, por favor.

Ela riu. Se levantou e foi para o banheiro. Eu continuei no mesmo lugar. Meu celular no bolso vibrou e quando o peguei, percebi que a bateria estava acabando. Tinha mensagens de Esme e de Edward.

“Está tudo bem?”

“Você não me responde”

“Carlisle, estou preocupada”

“Victoria disse que vocês tiveram uma folga... sim, eu a contactei”

Essas eram as mensagens de Esme, com um longo espaço de tempo entre cada uma. Suspirei, imaginando que ela realmente estava preocupada, eu não era o tipo que não respondia.

As mensagens de Edward possuíam o mesmo contexto.

“Pai, mamãe me avisou que você não está respondendo, ela está preocupada. Retorne o quanto antes, por favor”

“Pai? Está tudo bem?”

“Aconteceu alguma coisa? Estamos preocupados com o seu sumiço, mamãe está uma pilha de nervos”

Respondi Esme primeiro, dizendo a ela que eu havia me distraído com algumas coisas e não havia pego no celular. Disse a mesma coisa para Edward, praticamente. Ele possuía um apartamento no centro da cidade, mas as vezes passava noites em nossa casa. Eu não sabia onde ele estava, portanto respondi aos dois.

Haviam muitas chamadas perdidas, não só dos dois, como de toda minha família, e de Victoria. Ela devia ter se preocupado também. Lhe enviei uma mensagem dizendo que estava tudo bem, ela me respondeu logo com um breve “Ok, fico aliviada”.

Bella saiu do banheiro vestida em uma camisola e com uma toalha enrolada nos cabelos. A maquiagem estava borrada ao redor de seus olhos, o que a dava uma aparência engraçada.

— Eu vou dormir, você... pode fazer o que quiser – Ela bufou.

A observei caminhar para o quarto, ela observou tudo e depois me encarou novamente, tentando segurar um sorriso.

— Está habitável. Quem diria que um médico seria habilidoso nessas coisas, ein – Ela riu alto, e foi para a sala.

Suspirei, perdidos em meus pensamentos. Deixei as xícaras dentro da pia e resolvi ir embora. Quando passei por Bella, ela dormia de bruços, toda torta, os cabelos molhados espalhados pelo travesseiro. Uma perna estava jogada para um lado, e a outra reta, o que fez com que sua camisola subisse e sua bunda inteira aparecesse.

Deus, essa menina não tinha nenhum pudor mesmo!

Peguei o lençol abandonado no canto e a cobri o máximo que eu pude sem acorda-la. Sussurrei um boa noite e deixei a casa.

Do lado de fora, sua vizinha fumava. Era uma jovem mulher de pele negra. Quando me viu saindo, me olhou estranho, como se me acusasse de alguma coisa.

Ignorei e fui para meu carro, fazendo meu caminho de volta para o hotel.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Eu simplesmente amo essa relação da Bella e do Carlisle >.



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