Loucos e Ricos - Assassinatos na Rua Arvoredo- escrita por Beykatze


Capítulo 1
O Pescado


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :D
Boa leitura ♥



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Catarina andou suavemente pelas ruas de Porto Alegre, caçando o rico alemão recém chegado à cidade. Tinha visto o homem entrando no teatro e viu seu corpanzil saindo pelas portas principais, entretanto, no meio de tantas pessoas bem vestidas e perfumadas, Catarina perdera o homem de vista.

Ficaria uma fera consigo mesma se não o encontrasse pelas ruas da cidade, pois ele fedia a riqueza e estupidez. Cataria chegava a tremer imaginando o quanto ele carregava consigo nos bolsos recheados do paletó de tecido caro feito sob medida.

Pulou uma poça de água suja, cuidando para não sujar a barra do vestido ou tropeçar nos paralelepípedos tortos, quando avistou os fios loiros saindo da cabeça quase careca de sua presa inocente.

O homem saia sozinho na noite e andava tranquilamente, apreciando a cidade e se deliciando com a peça que tinha acabado de ver. Catarina esperou que a rua ficasse deserta, apenas com eles dois, pois as outras pessoas presentes no espetáculo já tinham seguido seus caminhos, para poder se aproximar sem levantar suspeitas futuras.

— Com licença, senhor – Cataria falou em alemão. Ela e José, seu marido, desde que o homem desembarcou em Porto Alegre estavam estudando sua pessoa. Ele era solitário, talvez estivesse ali para morar ou apenas visitando, tinha muito dinheiro, vinha da Europa e era distraído como se estivesse com a cabeça nas nuvens – Estive observando-o no teatro – Deu um sorriso tímido – Gostou da peça?

— Oh – O homem mostrou os dentes, contente analisando a beleza da jovem – Achei espetacular.

Catarina começou a acompanhar a caminhada do homem. Ela vestia um vestido azul caríssimo que José comprara apenas para essas ocasiões e que exaltava suas curvas e seios, um xale leve que levava nos ombros e usava os cabelos louros presos em um coque com pedras brilhantes, deixando o pescoço e busto levemente expostos.

— Qual seu nome? – Ela indagou.

— Wagner Fischer. Meu pai era pescador – Explicou o sobrenome, arrancando uma risada da moça – E o seu?

— Catarina Palse – Direcionou seus olhos de um profundo azul para Wagner – Está a passeio na cidade?

— Sim. Vim conhecer as maravilhas do Brasil – Comentou insinuante para ela. Catarina precisou de muito esforço para não sorrir vitoriosa, era assim toda vez que eles se perdiam na ideia que ela passava: quase saltitava de alegria, mas se controlava para não entregar sua personagem.

— E está aproveitando a estadia?

— Ah, senhorita... Sempre se pode aproveitar mais.

— Concordo plenamente – Assentiu. Era o momento da jogava final. Fingiu tremer e se cobriu ainda mais com o xale – Está uma noite fria, o senhor poderia me acompanhar até em casa?

— Claro, onde mora? – Perguntou apoiando sua mão pesada nas costas alvas de Catarina.

— Aqui perto. Chegaremos logo – Ditou com um sorriso malicioso. Sentiu os dedos dele deslizando por sua pele e parando acima das nádegas. Wagner tinha, sem sombra de dúvidas, mordido a isca. Riu da ironia internamente.

— Certo. E você mora há quanto tempo aqui?

— Alguns anos apenas – Deu de ombros como se não fizesse diferença. José sempre dizia que ela não podia falar demais, pois acabaria entregando algo, então evitava falar sobre si e fazia muitas perguntas sobre os homens, assim eles ficavam ocupados falando de si mesmos e esqueciam de todos os problemas – Moro sozinha na Rua do Arvoredo.

— Entendo. Eu estou hospedado aqui perto também. Gosto de caminhar pelos lugares, acho que prestamos mais atenção nas coisas.

— Definitivamente, senhor – Concordou. Um rato fugiu de suas vozes mais adiante. A cidade era cheia deles e de homens como Wagner. Catarina gostaria de se livrar dos dois tipos – Porto Alegre à noite é muito interessante.

— De dia também – Ponderou o homem. Apenas mais alguns metros e estariam em casa. O estômago de Cataria pulava com as borboletas.

— Mas nos diferentes horários vemos o lugar de diferentes maneiras – Explicou – De dia vemos tudo com clareza, mas de noite as coisas sempre ficam mais abertas à imaginação.

— Isso sim – Sorriu concordando. Seu rosto rechonchudo amassando os olhos claros no ato.

— Além disso, a noite pode ser cruel – Estremeceu ao falar isso e viu que atraiu a atenção de Wagner.

— Como, senhorita?

— Ora, os crimes. Nem podemos mais nos divertir à noite – Piscou para ele parando na porta de casa. Seu xale deslizou para baixo junto com a mão dele. Catarina se enojou, mas permaneceu sorridente e insinuante.

— Mas, já que estamos em segurança podemos nos divertir o quanto quisermos, senhorita – Ele sorriu adentrando a residência escura. Catarina fechou a porta suavemente e o guiou pelos cômodos sem luz – Onde estamos indo? – Perguntou com uma leve suspeita na voz.

— Ao meu quarto – A mulher sussurrou, acalmando os temores do homem, que se aproximou e acariciou seus cabelos louros enquanto buscavam o local.

— Catarina – Uma voz masculina e sinistra falou quando a dupla entrou em algum lugar, desconhecido ao homem pela escuridão. O chão era grudento e as paredes não cheiravam bem. Wagner, assustado, afastou as mãos da mulher, pensando se deveria correr ou sair de fininho. A mulher fechou a porta rapidamente, deixando-o amedrontado.

— Tudo certo, José – Ela falou em português, deixando Wagner confuso. Uma lamparina foi acesa, exibindo um homem claro, com olhos enormes e barba rala sentado em uma poltrona. Ele levantou e avançou calmamente na direção deles.

— Senhorita – Wagner chamou pela mulher, indo exigir uma explicação ou ajuda, mas teve sua garganta cortada com velocidade, impedindo-o de fazer algum som além de um gemido baixo e engasgado.

O corpo caiu com um som úmido e nojento que nem mesmo arrepiou os ouvidos acostumados de Catarina e José. A mulher retirou o vestido caro ficando apenas com a roupa de baixo enquanto observava o homem sangrar sobre o chão que teria que limpar mais tarde, e foi ajudar.

— Veja os bolsos de cima enquanto eu vejo os de baixo – O homem recomendou na língua da esposa largando a faca cheia de sangue e apalpando as vestimentas do alemão. Catarina deu um gritinho animado quando encontrou, nos bolsos internos do paletó, como ela esperava, um maço de notas altas. José apresentou a ela mais notas guardadas nos bolsos da calça larga.

— Esse homem vai nos deixar ricos com tanto dinheiro – Comentou com um sorriso nos lábios pintados.

— E com as linguiças também – Riu – Olhe quanta carne para Claussner usar.

— O coitado terá trabalho – Falou auxiliando o marido a retirar as roupas de Wagner – O pai dele era pescador – Contou despertando o riso de José – Mas acho que fomos nós que o fisgamos.

— Eu te amo, Catarina – Declarou limpando as lágrimas do divertimento enquanto se esticava sobre o corpo para depositar um beijo delicado na boca alegre da mulher.

— Eu também te amo, José – Respondeu – E nós dois vamos ficar loucos de tão ricos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥
Me contem ai nos comentários o que vocês acharam da oneshot :D
E até uma próxima história
Beijinhos ♥