Habitar escrita por Way Borges


Capítulo 8
Capítulo VIII - Desalento


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo lindo, como sempre digo: eu demoro, mas sempre voltou.
Estão pronto para mais um capítulo? Vamos ver a família real de Asgard, espero que gostem



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A luz da Bifrost caiu sobre eles no instante que Thor e sua mãe saíram da fazenda de Loki. Em segundos, ambos estavam em Asgard. Uma comitiva de Einherjar os esperava, causando estranheza no deus do trovão, pois não eram necessários tantos soldados para lhes acompanhar até o castelo.

Mãe e filho seguiram em silêncio pela ponte do arco-íris dentro da carruagem real, Thor estava repassando em sua cabeça a conversa que aconteceu entre Frigga e o irmão; lembranças dos castigos que presenciou Odin infligir a Loki voltaram com força, deixando-o enjoado. As palavras que seu irmão disse – antes de partirem – ecoavam em sua cabeça, e fizeram-lhe ter um lapso de entendimento; o que fez com que seu sangue fervesse em suas veias.

Era simplesmente inaceitável para Thor que Odin considerasse Loki uma ameaça desde que ele era uma criança, mas, depois de tudo o que ouviu, essa era a única explicação para a fuga de seu irmão.

Frigga estava se remoendo em culpa, sua omissão durante os anos foi jogada em sua cara, sem piedade nenhuma. Ela não poderia dizer que não mereceu cada palavra cheia de amargura, que saíram dos lábios de seu filho caçula. Passou tantos anos com raiva de Odin, por não ter ido atrás de Loki quando ela pediu, que não se deu conta que ela também tinha a sua parcela de responsabilidade na fuga do mais novo.

A rainha admitiu para si mesma que poderia ter impedido muitos dos castigos que Loki sofrera, mas escolheu fechar os olhos para as injustiças sofridas pelo seu lindo e doce menininho. E agora, quando teve a chance de revê-lo, estragou tudo agindo como se nada tivesse acontecido por medo de ter sua mentira descoberta.

Se tivesse contado desde o início a verdadeira origem de Loki, talvez as coisas fossem diferente. Sua família tinha sido construída em cima de uma mentira, e nada de bom poderia vir de uma mentira; e ainda tem os filhos de Loki. A monarca sentiu a vergonha revirar o próprio estômago, ao admitir que apenas possuía interesse em conhecer o filho biológico de seu caçula. Ela queria saber se o garoto era como o pai, porque se o menino tivesse puxado a natureza humana da mãe, ela poderia manter a mentira. Isso a fez esquecer completamente a outra criança.

A rainha se sentiu doente. Ela não estava agindo como uma mãe preocupada com seu filho, mas como uma mentirosa com medo de ser descoberta. Frigga sentia vontade de chorar, gritar, espernear; tinha errado novamente com Loki, e se perguntava que tipo de mãe era.

O barulho de um trovão arrancou Frigga de seus pensamentos autodestrutivos, ela olhou para o filho e notou toda a confusão de sentimentos nos olhos azuis celestes, Thor também estava sofrendo e a rainha tinha certeza que a culpa era dela. Se não tivesse imposto sua presença, o mais velho estaria na companhia de Loki e seus filhos, e teria mais chance de convencê-lo a voltar para casa, mas ela queria voltar para Asgard com Loki ao seu lado, assim poderia esfregar na cara de Odin sua incompetência como pai e rei.

Frigga conteve um ofego ao notar que insistiu em acompanhar Thor por orgulho. Recriminou-se silenciosamente por ter agido como seu marido, seus olhos marejaram e seu estômago se revirou, novamente. Agradeceu às Norms por não ter conseguido tomar café da manhã porque, com certeza, vomitaria.

O trajeto até o castelo, mesmo com uma chuva torrencial provocada pela instabilidade emocional de Thor, foi mais curto que Frigga gostaria. Não queria encontrar-se com Odin, mas para a sua infelicidade, ele estava esperando nos portões de Valaskjárf – cercado por guardas. Thor desceu da carruagem, sem se importar com chuva que caía ou os ventos frios que castigavam sua pele. Não queria ver o pai ou falar com a mãe, não agora que estava sentindo uma raiva assassina, mas parece que a sorte não estava a seu favor.

Odin aguardava ansiosamente a chegada de sua esposa e seu primogênito, principalmente, porque trariam Loki e sua cria. Ele queria ver o filho de perto, saber se estava bem e saudável, depois castigá-lo em um confinamento por ter fugido de casa. Durante o próximo século, o garoto não sairia das paredes do palácio! Tinha até redobrado a guarda para garantir que isso acontecesse. Afinal, Loki sempre foi muito escorregadio. Depois, se desfaria do humano que Loki tem sob seus cuidados, e procuraria uma utilidade para a criança mestiça.

Saber que o mais novo já era pai irritava um pouco Odin, pois Thor estava casado há décadas com Sif, mas ela sequer teve um alarme falso. O velho rei sonhava em ser avô, e desejava muito que seu primeiro neto fosse filho de seu primogênito, porém, Loki superou Thor novamente. Odin acreditava que a criança há de lhe ter alguma utilidade, talvez entreter Frigga. A esposa mudou muito depois do sumiço do caçula, o garoto poderia lhe dar um novo ânimo para viver, além de ser uma ótima maneira de controlar Loki, caso ele se deixe governar por sua natureza jotun e queira se vingar de Asgard.

Odin sentia-se culpado por pensar dessa maneira, afinal, se tratava de uma criança que, querendo ou não, era seu neto, mas era um rei e precisava pensar em seu povo, já que não conhecia o tamanho da força de Loki, muito menos conhecia o seu caráter ou o quanto o seu sangue ruim o influenciava. Entretanto, isso era coisa para pensar outra hora, o importante era que família real de Asgard estava reunida, novamente.

Quando uma tempestade começou a cair sobre Asgard, o velho rei teve a sensação de que algo estava errado. Não era uma chuva natural, conseguia sentir a magia primal no ambiente, somente seu primogênito conseguiria fazer tal coisa e quando viu apenas Thor e Frigga desembarcarem da carruagem real, conseguiu entender o porquê de seu filho mais velho estar com as emoções tão à flor da pele – a ponto de fazer uma tempestade cair sobre Asgard.

— Onde está Loki? – o velho rei indagou a Thor quando ele estava próximo o suficiente para ouvir.

— Agora não – o deus do trovão pediu passando pelo pai, pisando duro.

Odin iria segui-lo, não tinha gostado de ser ignorado e queria saber o que tinha acontecido, mas foi impedido por Frigga. O estado da esposa deixou o velho rei alarmado, ela estava uma bagunça, seus olhos inchados e vermelhos, o rosto abatido e pálido.

— Deixe-o, por favor, marido – ela pediu, desanimada, depois entrou no castelo deixando um Odin ainda mais curioso para trás.

— Por todos os demônios de Muspelheim, o foi que aconteceu? – o rei resmungou, sozinho.

O Pai de Todos entrou no castelo se perguntando o que poderia ter acontecido para deixar a esposa e filho tão abalados. Odin caminhou tranquilamente até seus aposentos, e encontrou Frigga na frente da janela aberta deixando a água fria tocar a sua pele. Ele se aproximou da esposa e tentou tocá-la, mas ela se afastou, encarando-o como se fosse uma espécie de monstro, depois saiu praticamente correndo para a sala de banho.

A atitude de sua rainha fez o coração do velho rei doer descomunalmente, e lhe deu a certeza de que algo estava extremamente errado. Ele fechou a janela pensando que se Thor não se acalmasse, Asgard estaria alagada em alguns minutos, mas isso não tinha importância agora para Odin. Saber o que estava acontecendo com sua esposa era sua prioridade, no momento.

Ela não sabia quanto tempo permaneceu trancada na sala de banho, mas Frigga precisava ficar sozinha para se recompor e somente ali conseguiu o que queria porque, pelo o que parece, Odin não tinha entendido que ela não desejava sua companhia. Mas, talvez, estivesse irritada demais consigo mesma e com o marido, com seus sentimentos em polvorosa e estivesse apenas procurando alguém para despejar em cima tudo o que estava preso em seu coração. Frigga suspirou derrotada quando voltou ao quarto e encontrou Odin sentado na cama, olhando para algum ponto no chão. Ela estava se sentindo indisposta e não queria conversar. Tudo o que a rainha desejava era descansar.

— Frigga?! – Odin falou, preocupado com sua rainha.

— Agora não, marido – ela pediu, cansada.

— O que aconteceu com você e o Thor? – o rei insistiu.

— Eu já falei que agora não— Frigga avisou com a voz firme e dura.

— Mas...

— Saia, Odin! – ela ordenou, praticamente gritando.

O grande rei suspirou resignado, conhecia muito bem sua rainha para saber que não adiantaria insistir naquele momento, por isso, ele saiu do quarto, mas não andou muito porque foi abordado por dois guardas que tinham como objetivo informar que Asgard sofria devido à tempestade, que não parava ou amenizava a força.

Amaldiçoando todos os demônios de Muspelheim, Odin saiu à procura de seu primogênito para fazê-lo se acalmar ou Asgard acabaria sendo afogada, mas não estava fácil encontrar o herdeiro. Somente Sif soube informar seu paradeiro: Thor, para sua surpresa, estava no quarto de Loki. O Pai de Todos entrou no quarto cautelosamente, observando os ombros caídos de seu filho e o olhar vago, em suas mãos havia um urso de pelúcia marrom desgastado pelo tempo.

— Thor? – Odin chamou, mas não obteve resposta. – O que aconteceu em Midgard? Você e sua mãe voltaram tão estranhos de lá. Por que não trouxeram Loki e a criança mestiça? – O deus do trovão piscou lentamente, e olhou para o pai.

— O Loki não quis voltar, mas eu não tiro sua razão – o deus do trovão avisou, colocando o urso de pelúcia que deu ao irmão, para que o garoto não se sentisse sozinho e com medo do escuro. – E não chame meu sobrinho de mestiço, ele se chama Narfi. E meu irmão tem DOIS filhos! DUAS crianças maravilhosas, que ele ama mais do que tudo! – Thor acrescentou com uma seriedade pouco vista pelo mais velho.

— Isso não é importante! Eu quero os dois aqui em Asgard, onde é o lugar deles.

O rei falou exaltado, fazendo o trovejante sorrir sem humor com a certeza que deveria estar sendo difícil para seu pai aceitar que Loki cuidava de uma criança, que não tinha nenhuma gota de seu sangue, e mesmo assim conseguia amá-lo como um filho. Já que ele não conseguiu amar Loki como seu filho, e vê-lo sendo um pai melhor e mais capaz deve ser um tapa no seu orgulho.

— Para o quê os quer por perto? O senhor nem ao menos gosta do Loki – as palavras de Thor surpreenderam Odin.

— Como ousa falar uma coisa dessas? É claro que gosto do Loki, ele é meu filho! – o rei praticamente gritou, o que fez o deus do trovão se erguer e peitá-lo.

— Então, por que só o torturou a vida inteira? – Thor questionou.

— Não diga sandices, moleque insolente! – Odin retrucou, afastando-se. Ele não tinha gostado da maneira como seu herdeiro comparou como tortura o relacionamento que tivera com o caçula. – Eu nunca torturei o Loki, você esta variando.

— Eu me lembro de como o senhor o tratava, agora consigo ver com mais clareza o quanto seu comportamento estava errado, e é por isso que Loki não quer voltar para Asgard. Não vamos nos reunir como família porque ele quer manter VOCÊ longe dos filhos, pois sabe o quanto a sua presença é toxica! – as palavras do deus do trovão foram como um soco no estômago do velho rei.

— Retire o que disse! – Odin ordenou rosnando, não iria admitir tamanho desaforo vindo de um garoto mimado que não sabia nada da vida.

— Não, eu não retiro. Demorei muito para perceber como o senhor é de verdade, e como eu fui um péssimo irmão. Por minha burrice, Loki não me quer mais perto dos FILHOS dele... Filhos porque Loki tem DOIS meninos... Por causa da minha burrice, eu não poderei mais sentir o perfume de produtos infantis do Narfi ou olhar nos olhos encantadores de Peter. Eu fui tão tolo em acreditar em você e na Frigga, pois achei que estivesse fazendo o que era certo para a nossa família.

— Eu nunca vi você reclamando quando eu o favorecia ou lhe dava razão, moleque ingrato! – o rei gritou, perdendo a paciência com a insolência do primogênito.

— Porque eu era uma criança tola que estava cega pela coroa, mas não sou mais – Thor afirmou decidido. – Você não merece estar na presença de Loki e de seus filhos, eles são bons demais para você.

— Ora, seu...

— Jotun! – O rei calou ao ouvir seu herdeiro pronunciar o nome da raça de feras da qual Loki pertencia. – É por isso que você não consegue amar o Loki? Por ele ser jotun?! Mas saiba que meu IRMÃO... Sim, irmão! Loki É meu irmão! Não me importa se ele nasceu de um útero ou em um cubo de gelo! Não me importo se ele foi concebido por dois jotuns se contorcendo na neve ou na magia mais negra! Loki é meu irmão, e sempre será.

Odin nunca viu tanta convicção na voz do filho, seu rosto ostentava a seriedade digna de um rei, os olhos azuis de Thor brilhavam com uma ferocidade poucas vezes vista; isso o fez sentir uma pontada de orgulho no meio de toda a raiva borbulhante em seu peito.

— Ele pode ser um jotun, mas é um pai melhor do que você foi – o deus do trovão continuou. – Loki ama os filhos de verdade, vive somente para eles e não faz distinção nenhuma entre dois. Os meninos o adoram, é tão bonito de ver como os olhos deles brilham quando estão perto do pai, como eles se sentem seguros e confortáveis, e eu estou falando dos dois. O Peter, que não tem nenhuma ligação sanguínea com Loki, fica completamente à vontade na presença do meu irmão. Muito diferente da maneira que Loki era na sua presença. Ele nem ao menos falava quando estava perto do senhor, coitado! A criação de meu irmão é tão diferente da maneira como o senhor nós criou. Sempre tínhamos a sensação de que, se não provássemos nosso valor, o senhor não nos amaria. O pior de tudo é que Loki nunca teve a chance de mostrar o seu valor porque o senhor rejeitou ele desde sempre, mas mantinha nele essa pressão para ser o melhor – Thor parou de falar e esperou o pai ter alguma reação, mas o velho rei permaneceu com sua máscara de indiferença inabalável. – Você não sabe ser pai. Eu tenho inveja do Peter e do Narfi, eles têm o pai que eu sempre quis.

Thor se calou sem entender de onde veio a coragem de falar aquelas coisas para seu pai, mas ele tinha a certeza: precisava se afastar antes que fizesse mais alguma loucura. A raiva circulava por suas veias como ferro fundido quando caminhou até a porta, mas antes de sair do cômodo, que por muitas vezes fora o refúgio de seu irmão caçula, o deus do trovão parou e, novamente, olhou para o pai, que permanecia com o rosto sem expressão.

— Loki mandou avisar que se o senhor tentar fazer algo contra os filhos dele, ele se transformará no monstro que tanto teme, e eu vou estar do lado dele.

Odin assistiu calado o primogênito sair do quarto de Loki. Sentindo o coração doer, o rei se encostou na parede e olhou o cômodo vazio, fechou com força o seu único olho, para deter as lágrimas que ameaçaram cair. Mesmo o Pai de Todos não demonstrando, as palavras de Thor o afetaram absurdamente.

O rei sabia que amava o bebê que trouxera para casa, um pequeno sopro de vida no meio de tanta morte; uma esperança de paz; porém, nunca conseguiu demonstrar esse sentimento como deveria, pois temia o dia que precisasse dizer adeus e entregá-lo para o pai biológico. Contudo, agora, Loki não o quer por perto.

A lembrança de seu caçula lhe perguntando porque não era amado, fizera-o ofegar. Na época, ficara tão ofendido com as palavras de Loki, que mandou costurar sua boca. Odin não sabia porque aquilo lhe deixou irritado, bastava dizer ao mais novo que era amado, que não demonstrava por excesso de orgulho, já que não conseguia admitir que amava um gigante de gelo, mas Loki não era apenas jotun comum. Ele também era seu filho.

O rei sabia que era muito simples tirar esse dúvida, mas, em vez disso, resolveu puni-lo; no entanto, arrependeu-se no instante da execução do castigo. Os olhos cheios de dor ainda assombravam seus pesadelos, porém, não podia parar ou demonstraria fraqueza. Mas a verdade é que Odin simplesmente não queria admitir que não sabia porque estava punindo o caçula. Ele sentia essa necessidade de subjugar e humilhar Loki, era algo tão diferente do que sentia por Thor, que só queria proteger. Odin planejava pedir desculpa pelo excesso na hora da punição, entretanto, protelou demais para fazer o pedido – por um orgulho sem sentido –, e Loki sumiu de suas vidas deixando um buraco enorme em seu coração e em sua família.

Lágrimas começaram a rolar pelo olho do velho rei, ele parecia tão humilde naquele quarto que ainda possuía muitos aspectos infantis, porém, não conseguia ligar para esse detalhe porque era doloroso demais saber que seu filho não voltaria para casa, pois o acha uma ameaça, mas não podia culpá-lo. Há poucos minutos, estava pensando em usar uma criança como escudo e ignorou completamente a existência de outra.

Como seu primogênito frisou com veemência, Loki tinha dois filhos e um deles não compartilhava nenhuma ligação consanguínea com o seu caçula, mas não havia diferença no tratamento e no amor que recebiam em casa, algo que nunca conseguiu fazer por orgulho e medo.

Ele errara muito, o Pai de Todos tinha que admitir. Sua família tinha se desintegrado. Loki o considerava uma ameaça, Thor estava com ódio, Frigga ficou mais distante do que nunca, e o único culpado era somente ele.

Na cúpula da Bifrost, o guardião da ponte suspirou melancólico enquanto assistia o sofrimento que caía sobre a família real. A tempestade que castigava a Cidade Dourada deixava tudo mais triste, mas não se arrependia de ter permitido que Loki saísse de Asgard. Fez um juramento que protegeria a coroa, e a protegeria nem que fosse de si própria. Por anos fora testemunha dos castigos impostos pelo rei ao segundo filho, e temia que toda essa indiferença e maus tratos endurecessem permanentemente o coração gentil de Loki, transformando-o em um ser amargo com um desejo implacável por vingança.

Também sabia que os atos de Odin não eram por maldade, mas, sim, por orgulho. Loki era jotun, uma raça considerada pelos reinos como selvagem, agressiva e sanguinária; entretanto, o príncipe mais novo demonstrava uma inteligência ímpar, dono de uma astúcia que impressionava à todos, e que, de muitas maneiras, facilmente conseguiu superar o irmão mais velho. Porém, guiado pelo seu maldito orgulho, Odin não conseguia aceitar que seu filho fosse superado por um jotun, e sempre menosprezou ou diminuiu as conquistas do mais novo.

Ninguém merecia viver subjugado, nem mesmo um jotun, por isso, não avisou aos reis quando notou o que Loki planejava, na esperança que o velho ditado midgardiano, de que: “só se dá valor quando se perde”, não fosse apenas mais um punhado de palavras vazias e sem sentido, que ouvira ao longo dos milênios.

Outro suspiro escapou dos lábios de Heimdall ao notar que não teria mais tempo para contemplações e lamentações, pois Thor se aproximava com velocidade. Posicionou-se na beira da cúpula, os olhos de cor âmbar se fixaram no vazio do espaço – já imaginando o que deus do trovão iria pedir.

— Como vai Heimdall? – o trovejante cumprimentou, enquanto se aproximava.

— Estou bem, meu senhor. O que deseja? – o guardião da ponte questionou educadamente, como de costume, mesmo já sabendo qual seria o pedido do príncipe.

— Meu irmão, eu quero que você me leve até ele – Thor falou, decidido a voltar e pedir perdão a Loki quantas vezes fosse necessário.

— Infelizmente, não posso fazer isso – Heimdall avisou.

— Mas por que não? – o deus do trovão indagou irritado, imaginando ser uma ordem de seu pai.

— Por que Loki não está mais no Kansas. O feitiço de ocultação sobre o pequeno pedaço de terra onde ele habita, foi desfeito. Eu posso ver a casa vazia e escura. Não há mais ninguém lá, majestade, e não há outro ponto cego em Midgard – o guardião da ponte avisa, complacente.

— Não é possível, meu irmão ama aquele lugar! – Thor falou com uma das mãos na cabeça, sentindo-se ainda mais culpado.

— Sinto muito, mas ele se ocultou dos meus olhos, novamente. Também não consigo ver as crianças ou qualquer vestígio de sua existência – Heimdall comunicou sincero, mesmo que incomodado com essa habilidade do caçula de Odin.

Grossas lágrimas rolaram pelo rosto do deus do trovão. Trovões ainda mais altos e relâmpagos mais poderosos riscaram os céus de Asgard, anunciando que a chuva não pararia nem tão cedo. Thor não estava se importando se alagaria ou não a Cidade Dourada, ele só conseguia pensar que – mais uma vez – Loki sumiu de sua vida, e desta vez poderia ser para sempre.


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Notas finais do capítulo

E ai meu povo lindo, o que acharam do capítulo? Espero que tenham se divertido vendo Thor, Odin e Frigga sofrendo com seus erros.

Obrigada CecySazs por me ajudar com a correção... minha querida au au au
Bjus meus xuxs, comentem o que acharam e lembrem-se de favoritar.



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