A Ilha - a Descoberta do Amor escrita por velgoncalves


Capítulo 6
Capítulo 5 - Pileque


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que comentem...



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Capitulo 5 – Pileque.

 

 

PDV Bella

 

Os flashes continuavam piscando quando Alice me colocou no seu carro e me levou embora. Emmett e Rosálie estavam voltando com Edward. – gostei da forma como foi direta – Jasper analisou.

– Não gosto que interfiram na minha vida, esses repórteres abusam. Se meu pai ou Jake estivessem aqui hoje... – pausei – mas minha mãe está doente e ele precisou fazer–lhe companhia e Jake... Bem, ele simplesmente não está.

– Eu sinto muito – Alice virou–se para trás e segurou minha mão. – ainda é cedo e nós não comemos nada, não gostaria de jantar conosco? Ela mudou de assunto rapidamente.

– Não sei, a minha mãe... – tentei recusar.

– Se acontecer algo, seu pai te liga. Ou melhor, liga para ele e procura saber... Se não houver problemas, nós vamos. Se sua mãe tiver piorado nós a levaremos para casa. – Jasper incentivou a esposa.

– Está bem. – peguei o celular e liguei para o meu pai que garantiu que estaria tudo bem. Contei–lhe sobre o ocorrido na festa, expliquei minhas palavras e quase chorei ao lembrar que meu melhor amigo não estava comigo. Meu pai incentivou meu passeio, disse que eu sou muito caseira e que merecia mesmo espairecer para colocar as idéias em ordem. Alertou–me sobre Edward e pediu que eu não chegasse muito tarde. – qualquer problema me avise está bem pai?

– Sim filha. – ele desligou. A essa altura Jasper já havia ligado para os irmãos no carro de trás e informado nosso novo itinerário. O restaurante Blue Hill está localizado na 75 Washington Place no histórico de Greenwich Village, Manhattan, entre Washington Square Park e 6th Avenue, e entre Waverly Place e West 4th Street. Um restaurante simples e muito procurado.

Seguimos diretamente para lá e chegamos praticamente juntos. Naquela altura, eu já me sentia mais confortável na presença dos Cullen, mantive–me afastada do ex namorado da minha amiga. Embora eu estivesse triste, não era cega. Eu podia perceber seus olhos em mim e definitivamente não podia deixar de notar que ele era ainda melhor e mais bonito do que nas paginas da revista. Fiquei vermelha com o pensamento. Meu sonho veio instantaneamente à cabeça.

– Isabella está vermelha? – Emmett observou – ainda nem bebemos ou começamos a contar intimidades e você já corou?

– Emmett! – Edward interveio – o que a garota vai pensar de nós?

– Que vocês são uma família? – eu respondi... – famílias fazem isso, não se sintam acanhados porque eu sou uma intrusa. E por favor, me chamem apenas de Bella.

– Você não é uma intrusa Bella. – Alice colocou a mão no meu ombro. – Nós é que gostamos de sair assim, em grupo... Sempre juntos. Não gostamos da interferência de outras pessoas que se fazem de amigas para passar informações aos paparazzi. Olha que isso já aconteceu bastante.

– Nossa! Engraçado que o meu pai fala que eu nunca saio, nem falo amigos. Desde pequena eu sou assim.

– Então seja bem vinda ao nosso grupo, se quiser ficar claro! – não achei que aquela idéia fosse boa. Eles pareciam uma família tão centrada, amigos uns dos outros. Percebi como intercederam por Edward na festa, como me ajudaram sem se preocupar com o que iriam dizer deles. Eu estava me sentindo uma completa estranha. Mas por incrível que pareça, estava adorando poder contar com aquelas pessoas. – não fique tímida, só aceite que irá sair um pouco mais do que está acostumada.

– Você não saía com o eu namorado? – Emmett perguntou.

– Bem, sempre que eu ou ele estávamos na cidade sim. Eu tenho uma agenda super apertada e ele sempre estava atendendo algum cliente de outro estado. Billy quer que ele assuma os negócios da família. Por isso ele precisou ir para Forks. – justifiquei. Eles ouviram sem interferir, eu precisava desabafar e naquelas pessoas encontrei o conforto que precisava. – sempre fomos melhores amigos do que namorados. Eu e Jake nos descobrimos juntos... Em tudo! Mas eu não estava pronta para largar tudo e ir com ele entendem? Eu tenho 19 anos, no inicio da minha carreira e ainda quero fazer muita coisa antes de me enterrar numa cidade do interior sei lá por quanto tempo. – respirei. – eu amo o Jake, muito. Mas decidimos ‘dar um tempo’ para sabermos o que se passa verdadeiramente em nossos corações. – finalizei.

– Vocês foram o primeiro um do outro? – Emmett indagou – Ele te esperou tanto tempo? Eu não teria essa força de vontade, esse cara é um herói. – Rosálie deu uma cotovelada no seu estomago. Todos riram.

– Foi sim e ainda é! Jacob teve que aturar fofocas, viagens e tantas outras coisas.

– Você é sempre assim? Tão passiva? – dessa vez foi Edward quem perguntou.

– Como assim passiva?

– Tranquila, doce... Gentil...

– Acho que tenho meus defeitos também, intempestiva, teimosa, cabeça dura.

– Você acredita que Jacob seja o homem da sua vida? – dessa vez Jasper quis saber.

– Ainda não sei – sorri amargamente – é isso que estamos tentando descobrir nesse breve tempo que estamos dando.

– Já chega – Alice interrompeu – estamos parecendo repórteres... – vamos beber e esquecer os problemas. Você bebe Bella? – ela indagou.

– Pode ser um suco?

– Nããão! – eles responderam todos juntos – vamos te estrear... – gritaram todos de uma vez. – gargalhando logo em seguida.

 

 

PDV Edward

 


Aquela noite estava sendo diferente de todas as outras, eu nunca senti vontade de estar com uma mulher se não fosse para deixá–la despida, principalmente das suas roupas e dos seus pudores. Com Isabella era diferente, só bastaram cinco minutos de conversa para perceber que ela não era uma mulher tão fácil de decifrar. Ela amava o noivo, ou ex noivo. O que quer que ele fosse, nada que eu quisesse, eu conseguiria com ela. Tudo o que nós queríamos era diversão, uma noite regada a muita bebida e folia.

Bella parecia despreocupada, nem ao menos me dirigia o olhar, no entanto eu, fiquei completamente cego pela sua beleza. Embora não estivesse nenhuma vontade de investir nem mesmo em um simples casinho. Ela não seria uma vitima para mim, aparentemente amadurecida demais, ela me olhou sem julgamento, sem deslumbre. Era a primeira vez que uma mulher me olhava sem nenhuma segunda intenção e aquilo era verdadeiramente estranho.

Bebemos muita tequila, vodka, vinhos dos mais diversos e a conversa, ainda fluía solta. Bella já estava bêbada fazia muito, já havia sorrido e chorado. Lamentado o fim do namoro e brindado ao inicio de uma nova vida, Alice a seguia nos seus devaneios dividindo as emoções, Rosálie se fingia de forte, mas eu podia vê–la enxugando uma lagrima de riso ou de tristeza de vez em quando. Emmett, nosso grande bebê logo se tornou o melhor amigo da garota que acabamos de conhecer.

 Com o resto de consciência que lhe restou, ela disse que deveríamos ir para casa, mesmo estando completamente bêbada, ela se lembrou da mãe que estava adoentada. – preciso ir pra casa... – ela piscava os olhos tentando enxergar melhor, estou vendo tudo em dobro. – ela sorriu espontaneamente. Não sei dizer o que, mas naquele momento algo estranho estalou dentro de mim. Bella era tão menina, tão responsável... Tão cheia de certezas. Voltei rapidamente do meu devaneio, aquilo devia ser efeito da bebida.

– Vamos lá pessoal a Bella está certa, vamos embora. Amanhã nós ainda trabalhamos... – convidei meus irmãos a irem embora.

– Antes de ir, no entanto, eu gostaria de fazer um convite a nossa nova companheira. – Emmett gritou levantando o copo. – que tal se fossemos dar um passeio de barco nesse fim de semana?

– Barco? – ela pareceu assustada.

– Boa idéia Emm – Alice gritou. – vamos Bella, será bem legal.

– Não sei gente, preciso conversar com meu pai primeiro. – ela ficou relutante em aceitar.

– Vou deixar meu cartão com você – Alice entregou um cartão cor de rosa na mão dela. – me liga para que possamos combinar melhor. Vamos fazer ainda melhor, me dá o numero do teu telefone que eu mesma te ligo. – coloquei a mão na cabeça bagunçando o cabelo, Alice era mesmo difícil, quando ela colocava algo na cabeça, não desistia até conseguir o que queria. Era bem provável que convencesse Isabella antes mesmo de a deixarmos em casa.

– Ok, ok gente, já está na hora de irmos para casa. – chamei mais uma vez, dessa pelo menos, eles obedeceram sem reclamar.

Emmett deixou que Rosálie dirigisse seu jipe a contragosto, embora soubesse que ela estava mais lúcida. Alice levou Jasper praticamente carregado até o seu carro, eu iria pegar um taxi e deixar Bella em casa antes de ir para o meu apartamento. Seguimos rumo a Greenwich Village, bairro que ela morava. Depois eu voltaria para a 5th Ave no central park, que era onde eu morava.

No caminho Bella parecia adormecida, já eram 2 horas da manhã e a menina, ou mulher estava adormecida em meus braços – Bella – chamei, eu não sabia qual era a casa dela, eu precisava de um sinal nem que fosse feito de fumaça, ela precisava balbuciar algo. – Bella, por favor, acorde – pedi mais uma vez... Nada. Sem pensar duas vezes pedi que o motorista fizesse a volta e nos deixasse no meu endereço.

Carregá–la para cima não foi tão difícil, liguei para Alice informando o ocorrido e pedi que avisasse a família de Bella que minha cunhada tomaria conta dela. Deitei–a na minha cama, retirei seus sapatos de salto, ela não usava meias, não precisava, sua pele era perfeita. Os pés dela eram bem pequenos se comparássemos a sua altura. O vestido preto ainda estava ajustado ao seu corpo, porem fedia a álcool, imaginei como eu iria fazer para retirá–lo sem parecer que eu estava cometendo um crime. Fui surpreendido por uma idéia que vi num filme uma vez.

Joguei um lençol sobre seu corpo e retirei no tato sua roupa deixando–a aparentemente só de calcinha. Não iria me arriscar tirando–a também, então preferi ir para a sala e me aconchegar no meu sofá. 

 

 

PDV Bella

 

 

Acordei numa cama estranha, numa casa estranha e sem roupas. Meus olhos percorreram aquele lugar, eu nunca havia estado ali antes. Procurei algo que deixasse claro onde eu estava, um porta retrato... Nada. Minhas roupas estavam arrumadas delicadamente sobre uma poltrona de frente para a janela. O que havia acontecido na noite passada afinal? Eu só me lembrava de ter bebido com os Cullen. Edward. Só podia, aquele apartamento era masculino demais. O que ele havia feito comigo afinal?

Antes que eu pudesse ter alguma reação, ele apareceu na porta do quarto de short e camiseta, seu cabelo ainda estava molhado. Como ele conseguia ser tão bonito? Meu deus, o que eu estava pensando? Eu dormi com Edward Cullen? – antes que pense algo. – ele disse antes que eu perguntasse. – não aconteceu nada entre nós. – ele levantou as mãos em posição de defesa.

– E como eu vim parar nua, na sua casa? – balbuciei.

– Fui te levar para casa. Você dormiu que nem uma pedra no taxi e como não sabia seu endereço completo, pedi ao taxista que nos trouxesse para cá. Pelo menos estamos seguros...

– Isso não explica falta de roupas.

– Você estava com um odor horrível de álcool, juro que só vi o seu dedão do pé, nenhum centímetro de corpo a mais, bem talvez o tornozelo... – ele sorriu.

– Meus pais, minha mãe – lembrei – eles devem estar preocupados.

– Fique calma, Alice ligou para eles. Disse que você está com ela. Logo mais ela vai passar para te deixar em casa, não seria legal que te vissem saído do prédio onde eu moro junto comigo. – ele pareceu preocupado?

– Obrigada. – agradeci.

– Não agradeça, sei o que você tem passado, acredite, um dia você vai se acostumar. – ele parecia solitário. – eu gostaria de fugir um dia, sumir no mundo sem deixar rastros.

– Olha que os sonhos se realizam, cuidado com o que deseja.

– Trouxe isso para você – ele estendeu um copo para mim.

– Eu gostaria de vestir algo primeiro, se não se importa.

– Claro! Espero na sala. – ele disse se retirando. Nunca imaginei que Edward Cullen pudesse ser gentil.

Cheguei à sala e ele estava sentado de frente para o lap top aparentemente escrevendo algo. Os cabelos desalinhados aumentavam o seu charme. “Ângela tinha razão” pensei “ele deve ter fugido do Olimpo”. Sem perceber minha aproximação ele deu um gole no liquido que estava na caneca verde de detalhes dourados. Estava completamente concentrado, era tanto que não percebeu a minha aproximação. – atrapalho?

– Claro que não – ele sorriu, seus dentes alvos e a expressão divertida me deixaram completamente à vontade. – sente–se, seu café está esfriando. – sentei na cadeira ao lado da dele quando o vi fazer um sinal com o dedo indicador. Rapidamente ele se levantou e foi até a cozinha voltando com uma cesta cheia de frutas e cereais.

– Como sabe que eu gosto dessas coisas?

– Internet. – ele sorriu – enquanto dormia tive que comprar algumas coisas, sabe? Não fico muito em casa e nunca recebo ninguém aqui, então minha geladeira estava completamente vazia e se eu tinha que comprar algo, que fosse algo que minha visita apreciasse.

– Obrigada... Sabe? Eu fazia outro juízo de você.

Após alguns segundos de silencio ele falou – serio? O que pensava de mim? – seus olhos cresceram ante a expectativa das minhas próximas palavras.

– Eu pensava que você era uma pessoa completamente diferente da que eu conheci ontem e isso é o que interessa. Você conseguiu mudar meu conceito em relação a sua pessoa – sorrimos juntos. – obrigada por ontem.

– Disponha. – ele me olhou profundamente, como se me analisasse, ele não estava me cobiçando. Desejando–me, ele estava apenas me avaliando. Ficamos em silencio por alguns segundos, quando ele finalmente ia abrir a boca para dizer algo, Alice entrou saltitando e cantando meu nome porta adentro.

– Bella, minha querida, eu trouxe uma roupa para que tome um bom banho antes de ir para casa. Não quero que seus pais pensem que eu a deixei sujinha... Estou louca para conhecê–los.

– Alice, não precisava...

– Precisava sim, agora vai que nós precisamos ir. Deixei meu numero com seu pai e ele já me ligou agora pela manhã. Eu disse que você estava dormindo... – olhei confusa quando ela olhou para mim e em seguida para Edward. – vai, vai, vai. Você tem fotos para fazer.

Lembrando–me do compromisso vespertino corri para a direção que ela apontou, ainda ouvi sussurros entre ela e Edward na sala, mas não pude prestar a atenção.

 

 

PDV de Alice

 

 

Era tão bonitinho ver o Edward agindo como um bobo, se ele estivesse se vendo como eu o vi ao entrar na sala, certamente não acreditaria. – Você esta caidinho por ela admita.

– Não estou Alice, a garota ficou aqui porque eu não sabia seu endereço, não aconteceu nada. Eu juro!

– Não vai fazer com ela o que fez com as outras, ela está sofrendo e você não vai fazê–la sofrer mais.

– Juro que não pensei em ficar com ela. O que alias, é muito estranho... Será que meus hormônios estão envelhecendo?

– Acho que está convivendo muito com Emmett. Talvez você esteja pensando com a cabeça certa dessa vez. – ele fez uma careta e eu sorri. – pense bem Edward, ela tem a possibilidade de fazer novos amigos e de aprender a amar novamente. Se você fizer com ela o que faz com todas as outras, estará acabando com os sonhos da garota. – eu o adverti.

– Eu juro que não houve nada, eu dormi no sofá... Veja, ainda está tudo bagunçado. Confesso que tirei o vestido dela, por debaixo do lençol, mas também não vi nenhuma linha... Nem mesmo a do seu ombro. A única coisa que eu fiz foi ver os pés dela enquanto retirava seu sapato. – ele se defendeu.

– Serio? Você não está mentindo para mim não é?

– Eu juro Alice, e confesso que estou assustado. Uma mulher como esta dormindo na minha cama, só de calcinha e eu dormindo no sofá? – ele passou as mãos no cabelo, Edward era um homem maravilhoso, muito gentil e educado. Um irmão amoroso, filho dedicado, cunhado engraçado e profissional muito competente. Era uma pena que ele não se permitisse amar de verdade, mas todo aquele cuidado com Bella me deu uma idéia. E se eu me juntasse aos meus irmãos para uni–los, já que ela está vulnerável e ele perdido entre as pernas e as delicias femininas, não seria nada ruim se pudessem ajudar um a o outro.

Com aquela idéia eu sabia que conseguiria matar dois coelhos com uma cajadada só.

– Alice, esse seu sorriso me assusta. – ele disse me olhando desconfiado.

– Não há com o que se preocupar Edward... Tudo tem um jeito.

 

 

PDV Bella

 

 

Eu estava mesmo era com vergonha de usar aquele vestido que Alice havia me trazido. Curto em excesso, porém muito belo, o vestido era azul com um grande decote em V nas costas. A frente um pouco mais recatada escondia completamente o colo dos seios deixando a mostra somente uma parte do pescoço.  Eu não podia negar sua beleza, entretanto, não era o estilo de roupa que eu costumava usar.

Cheguei à sala e fiquei um tanto desconcertada pelo modo como Edward me olhou, seus olhos me visualizaram do dedão dos pés até a ponta do cabelo, ele me analisou por completo. – não sei se estou bem com esse vestido, acho melhor usar o meu. – ia me retirando quando a voz masculina disse.

– Você não está só bonita, você está... Maravilhosa! – ele quase gaguejou.

–Sério? – perguntei descrente.

– De verdade – ele respondeu rapidamente.

– Vamos, vamos... – Alice saiu me puxando pela mão. – precisamos chegar logo antes que Charlie Swan me mate. Embora tenha sido muito gentil, não quero abusar da sua paciência, eu soube que ele é uma fera quando se trata de você é verdade? – ela seguia me puxando e falando, eu mal podia entender o tanto de coisas que ela falava. Paramos na porta enquanto Edward a abria para nós.

– Meu pai não é uma fera – eu o defendi. – Adeus Edward, muito obrigado pela sua hospitalidade. – saímos deixando–o parado a frente da porta. Ele esperou que entrássemos no elevador, mesmo quando as portas se fecharam, ele permaneceu lá, de pé.

 

PDV Edward

Eu ainda estava boquiaberto pela forma como ela estava vestida, eu devia estar ficando louco ou então meus hormônios haviam adormecido. Não podia dizer que não senti vontade de experimentar os seus lábios rosados, entretanto, os olhos amedrontados e tristes da noite anterior frearam minhas intenções. O mais engraçado era que nesses momentos, eu me dava bem. Com aquela garota foi diferente e não foi o fato de ser amiga de Ângela que me parou. Foram suas lágrimas.

Arrumei–me demoradamente ainda refletindo sobre o assunto, o que levaria Jacob Black a se afastar de uma criatura tão doce quanto Isabella Swan? Ela era diferente de todas as outras mulheres que eu já havia conhecido. Completamente desprovida de interesses, ela nem ao menos sabe o quanto é sensual. Minha cabeça dizia que eu deveria cortejá–la, aproveitar–me da sua vulnerabilidade, mas meu coração me alertava para algo diferente. Desde quando meu coração se rebelava? Sim, desde que a vi naquele terraço, desde que minha família interferiu na festa da Dior, desde a noite passada quando bebemos juntos.

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo, Bella era uma garota de 19 anos, com uma carreira promissora e cheia de ideais. Naquela manhã quando pesquisei seus gostos na internet não consegui me reconhecer, nunca havia feito nada somente para agradar por agradar uma mulher. Um presente caro, não me custava muito, porém com Bella senti outra necessidade... A de protegê–la. A de bater no seu futuro ex noivo por tê–la deixado a mercê dos ávidos repórteres. Sentei no sofá da sala para calçar o sapato ainda inconformado por não ter podido levá–la em casa.

Se meus irmãos pudessem ouvir meus pensamentos, certamente estariam fazendo chacota de mim agora. Edward Cullen, encantado por uma garota que nem conheço direito. Repreendi–me mentalmente. Além do mais, ela é amiga intima de Ângela Weber. Nunca ficaria comigo, ele deve conhecer meu histórico, meus vícios e minha fama.

Calcei o sapato rapidamente, peguei o paletó é fui trabalhar, o meu dia precisava começar.

 

 

PDV Bella

 

 

    Alice falava desesperadamente, eu podia até jurar que ela estava empolgada para ser minha amiga. Embora fosse uma pessoa sociável, eu nunca me permiti fazer muitos amigos. Eu era muito tímida e medrosa. Jake foi para mim um presente, se aproximou quando estávamos nos primeiros anos do jardim de infância. Sempre teve um sorriso lindo, cheio de vida. Isso havia me cativado tal qual a raposa do pequeno príncipe.  – POR QUE ME CATIVASTE? – perguntei a Alice em voz alta 

– O que? – ela perguntou sem entender.

– Por que me cativaste? – ela começou a sorrir

CATIVAR – ela falou alto com uma sonora gargalhada. Eu estava me sentindo feliz. Começamos a encenar a cena do pequeno príncipe, um romance lindíssimo de Antoine de Saint–Exupéry.

Eu – Quem és tu? ... Tu és bem bonita...  Alice – Sou uma raposa... – Ela respondeu...  Eu: vem brincar comigo... Estou tão triste...  Alice: ...eu não posso brincar contigo! Não me cativaram ainda.  Eu: ...ah! Desculpe–me... O que quer dizer "cativar"? Alice: ...tu não és daqui... Que procuras?  Eu: procuro amigos... Que quer dizer "cativar"?  Alice: ...é uma coisa muito esquecida... Significa criar laços.  Eu: ...criar laços?  Alice: exatamente! Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos! E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma simples e mortal raposa igual a cem mil outras raposas. Ah! ...mas se tu me cativas... Nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo, e eu serei para ti a única no mundo...

E a raposa continuou... – Alice narrou sorrindo. – Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol... Conhecerei seus passos, um barulho que será diferente dos outros.  Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca... Será como música aos meus ouvidos... E depois, olhai! Vês lá longe os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma... E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado.  O trigo, que é dourado, fará lembrar–me de ti... E eu amarei o som do vento que passa no trigueiral... Por favor, cativa–me!

Eu: Bem quisera, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas outras coisas para conhecer.

A gente só conhece bem as coisas que cativa – disse Alice imitando a voz da raposa – Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo... Anda... Vamos lá... Cative–me!

Que é que preciso fazer... – perguntei como se ainda fosse o príncipe.

É preciso ser paciente – ela respondeu com voz de raposa – Tu te sentarás primeiro, um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto dos olhos e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal – entendidos. Mas a cada dia, tu te sentarás cada vez mais perto... E...

No dia seguinte o principezinho voltou. – ela narrou.

 Alice: Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro horas da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.  Quanto mais à hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas então... Estarei inquieta e agitada; descobrirei o preço da felicidade. Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei à hora de preparar o coração...

E assim foi... O principezinho... Cativou a raposa. – dessa vez eu narrei. – Um dia chegou a hora da partida... E a raposa disse:  Alice– Ah! Eu vou chorar.  Eu: a culpa é sua disse o principezinho, eu não queria te fazer mal... Mas tu quiseste que eu te cativasse...  – Quis... – disse Alice.

Eu: mas tu vais chorar? 

– Vou – disse Alice!  – Então nada sairás lucrando... – eu disse! – Eu... Lucro sim – ela concluiu –... Por causa da cor de teus cabelos, ao olhar os campos de trigo tu estarás sempre presente em meu coração...

Após finalizarmos nosso dueto, começamos a rir – nós seremos grandes amigas Bella. Pode acreditar. E não se esqueça nunca: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixe seu comentário antes de sair...