Epílogo

PDV Bella

Eu não sabia o que dizer quando cheguei ao estúdio e dei de cara com o Robert, ele parecia vaidoso e dono de si, pronto para atacar a qualquer momento. Sorrindo gentilmente e acenando com a cabeça passei por ele indo direto para o camarim como o Augusto, fotógrafo contratado para a campanha, havia me indicado. A conversa que eu havia tido com o Edward na noite anterior me deixou segura para tudo o que viesse a acontecer naquele dia.

Sentei na cadeira do maquiador para terminar a produção quando o mesmo pediu para se retirar por um instante, pois havia sido chamado em outro lugar - tentarei ser rápido Bella - disse o Alfonso antes de se retirar rapidamente, inclinei a cabeça sobre o encosto da cadeira fechando os olhos e respirando fundo.  Viajando nos meus pensamentos senti mãos quentes tocarem minhas têmporas massageando-as lentamente com as pontas dos dedos – não sabia dos seus dotes de massagista – comentei acreditando que o Alfonso havia voltado.

Que bom que gosta – a voz soou familiar, rapidamente abri os olhos levantando sobressaltada.

Robert – balbuciei num misto de surpresa e raiva – você não devia estar aqui, para inicio de conversa não deveria nem mesmo chegar perto de mim antes da sessão.

Não me diga que não gostou da massagem – ele sorriu vaidoso.

Não, eu não gostei não gosto e não quero que me toque você e essas suas manias de tentar se aproximar de mim na clara e óbvia tentativa de me colocar em maus lençóis não irá funcionar.

O que? Prefere seu marido playboy a mim?

Prefiro sim o marido que me ama e deu uma família a um atorzinho deslumbrado como você, não aceitei esta campanha para fazer parte do seu currículo de sedução.

E por que foi então? Não creio que nossa saída em Londres tenha sido algo em vão – ele cerrou os dentes.

Foi um acaso, uma necessidade momentânea da qual me arrependo amargamente, se soubesse que se tornaria uma pedra no meu sapato de certo teria negado, preferia ter estado entre os urubus a estar passando por esta situação agora.

Ainda diz que eu sou arrogante – ele deu um meio sorriso – adoro mulheres difíceis.

Eu não sou difícil, sou casada. Estou certa da escolha que fiz e de onde quero estar. Peço que, por favor, compreenda e que não tente transformar esta campanha em um motivo para que eu tenha problemas com o Edward, pois eu não irei te dar munição. Acreditava que você era diferente do que todos diziam, mas vejo que não. É ainda pior, é incapaz de ouvir um não, é incapaz de entender que nem todas cairão aos seus pés. Eu sou uma destas, tenho uma vida e quero mantê-la exatamente como está. Limpa, correta, com o homem que eu amo e quero ter do meu lado para sempre. – ele parou pensativo por alguns instantes, parecia ter finalmente captado minhas palavras se retirando rapidamente da sala de maquiagem ao mesmo tempo em que Alfonso entrava. Com a expressão fechada ele deu um encontrão no outro que entrava sorridente no recinto.

- Cruzes – disse Alfonso – o que deu nele? – indagou.

- Acredito que um choque de realidade meu querido – sorri incerta do que dizia para logo voltar à posição anterior a fim de que ele pudesse terminar seu trabalho.

Saindo da sala de maquiagem segui para o estúdio buscando as roupas com as quais seria fotografada. Vesti o short jeans curto com a leging preta por baixo, a camiseta preta e a jaqueta da mesma cor do jeans e botinas davam um ar meio dark ao visual, correntes compridas e pulseiras de couro preto davam os toques finais ao visual. Olhei-me no espelho e sorri, eu parecia mais uma menininha adolescente revoltadas, de acordo com o Augusto essa era a ideia, a imagem de ninfeta, que segundo ele, somente eu era capaz de passar. Robert cruzou o salão vestido em um terno social semiaberto, a gravata mal arrumada com a camisa social branca aberta até a metade do seu peito, o cinto mal abotoado passava a sensação de que ele havia sido atacado por alguma fã louca e alucinada.

Ele sorriu seu mais belo sorriso, de certo se Edward não tivesse meu coração por completo eu pudesse até pensar em dar a ele uma oportunidade de tentar me convencer e de certamente falhar, fora exatamente por isso que o meu marido havia me conquistado, ele se despiu de toda a sua fama de playboy conquistador e mudou de dentro pra fora por mim e eu o amava de toda a alma por causa daquilo. Ele era verdadeiramente o homem da minha vida e nada iria mudar aquilo, nem mesmo o conquistador Robert Pattinson.

Iniciamos a sessão e de todas as fotos as quais tirávamos ele escorregava suas mãos por locais não acessíveis a ele, pedia gentilmente que ele tentasse se conter, pois aquilo era indevido e eu não queria ter que causar nenhuma briga por causa da sua insistência. Eu sabia exatamente o que aconteceria se eu o deixasse prosseguir com aquelas mãos insistentes. Tivemos nosso primeiro intervalo e enquanto nos dirigíamos a 5ª Avenida em Nova York fui clara com ele – por favor, estou pedindo que se contenha, estaremos em locais públicos e isso não convém, Robert eu sou casada e quero me manter assim – ele apenas sorriu e puxou um maço de cigarros Marlboro do bolso acendendo um. Ele deu um trago soltando a fumaça no ar para logo em seguida voltar a me olhar.

Como quiser princesa.

Não sabia ao certo se aquilo era bom ou ruim, Robert não parecia homem de desistir tão facilmente, no entanto, eu preferia acreditar que aquele dia de fotos terminaria bem e sem problemas. Desembarcamos no nosso local de destino e logo percebi que o dia seria complicado, o local onde tiraríamos as fotos estava cercado por seguranças e policiais tentando manter a ordem, tudo graças ao ator modelo com o qual eu seria vista. Os repórteres se acumulavam insistindo por fotos de nós dois juntos, certamente no dia seguinte as fotos de ambos descendo daquela van ao mesmo tempo geraria burburinhos. Tentei não prestar atenção a todo aquele circo que havia se formado, me foquei apenas em direção ao trailer que estava parado nos esperando para outra troca de roupa. Segui até lá com Robert no meu encalço, ele tocou minhas costas numa atitude intimista acenando para todos ali presentes, afastei-me rapidamente entrando porta adentro do trailer quase que com um instinto assassino. Virando-me para ele disse em um tom alto quase gritando – eu já te pedi que não me toque que não tente fazer parecer algo que não é que não tente fingir que estamos juntos porque não estamos, sou casada e assim quero permanecer. Não me toque além do necessário para esta droga de trabalho do qual me arrependo amargamente de ter aceitado.

Se aceitou foi porque quis, porque sabe que rolou uma química entre nós – ele respondeu cínico.

Não existe química, faça com que isso entre na sua cabeça. Só existe uma pessoa com a qual a minha química acontece somente pelo olhar – eu disse fitando-o já furiosa e não conseguindo conter a altura do tom da minha voz.

E esse alguém sou eu – Edward surgiu detrás dele como uma visão de paraíso. Robert ficou paralisado ao mesmo tempo em que boquiaberto pela súbita aparição do único homem capaz de me fazer tremer, de me fazer o estomago parecer ter dezenas de borboletas voando.

Meu amor – passei por ele indo abraçar Edward – achei que nunca chegaria. – beijei-lhe demoradamente.

Desculpa a demora meu amor – ele acariciou meu rosto – a reunião demorou um pouco mais do que o necessário, avisei ao Ramon que iria demorar e que encontraria vocês aqui – conversávamos como se ele não estivesse ali.

O que? Como assim? O que o Ramon tem a ver com isso?

Ele não te contou? – virei-me para ele com um largo sorriso no rosto – Edward fará parte da campanha – continuei satisfeita voltando a ficar de frente para Edward que me olhava sorrindo, dei-lhe um beijo ainda mais demorado e só senti o esbarrão meio que nos jogando para longe da passagem, era a fúria do Robert deixando o trailer e seguindo em direção ao set. – obrigada meu amor – agradeci – obrigada por ter feito isso por mim, por nós – nos beijamos por um longo tempo até que o Ramon veio nos chamar.

Sei que os pombinhos são lindos, mas nossa campanha os aguarda. – saímos sorrindo do trailer e a essa altura os flashes piscaram mais do que anteriormente.

A sessão correu entre provocações de um lado e de outro, o clima de competição entre eles era o mais evidente possível, mas evidente também era a minha predileção pelo homem com o qual eu havia decidido casar, aquele pelo qual eu havia deixado toda a correria de uma modelo internacionalmente conhecida para ser uma simples modelo fotográfica. Edward era minha vida, era tudo aquilo que eu havia sonhado e o que eu queria para o resto da vida.

Na volta para casa passamos no China Grill, era bem perto de onde estávamos e eu subitamente senti vontade de comer comida chinesa, seguimos até a 60 West 53rd Street na 6ª avenida e lá comemos meu prato preferido, o frango xadrez com muito molho shoyu.

Tudo estava bem afinal, nenhuma briga nenhuma confusão, nada que pudesse ou fosse capaz de me tirar do estado de paixão no qual eu me encontrava de repente me senti tonta, minha cabeça rodopiava e tudo o que eu consegui dizer foi – Edward me tire daqui.

Sem entender ele perguntou – Bella, o que está acontecendo? – senti meu corpo preso, parecia flutuar e a imagem dele não estava mais tão visível, a voz dele era só um eco perdido na minha cabeça quando eu finalmente perdi os sentidos.

Seis meses se passaram desde aquele desmaio no China Grill, eu estava sentada na beira da praia vendo-o nadar naquela mesma ilha onde eu e Edward havíamos sido jogados graças ao plano de Alice, lembro-me de como a odiei e de como o culpei jogando nele todas as minhas frustrações. Mas era ali que iniciávamos uma nova historia, um novo capitulo da nossa vida tantas vezes reescrita e reinventada. Ele me conquistava todos os dias como havia prometido no dia em que aceitei ficar para sempre do seu lado. Dormir e acordar com ele era como uma renovação diária em minha vida.

Jamais pensei que poderia me entregar tanto a alguém, nunca esperaria que de tudo o que Edward fora um dia, hoje ele estaria comigo. Peter veio correndo e me agarrou pelo pescoço sorrindo e gritando - mamãe – abracei-o com força puxando-o para o meu colo e o enchendo de beijos. Ele sorria e gargalhava à medida que eu brincava com suas bochechas. Eu tinha ficado surpresa com a noticia que recebi no dia em que passei mal no restaurante chinês, Edward não saiu do meu lado nem por um segundo até o médico me olhar sorrindo e dizer que o meu mal súbito era fruto das minhas oito semanas de gestação. Agora eu estava ali, exatamente onde queria estar, onde desejei estar desde o inicio.

Edward nadava em minha direção se aproximando da beira do mar, saiu da água sacudindo o cabelo na sua mais perfeita forma, levantei com um pouco de dificuldade, pois dali a mais quatro semanas estaria tendo o nosso segundo bebê, uma menina, ela seria bem vinda e amada como toda criança merecia ser. Ele se abaixou beijando minha barriga, acariciando-a como um pai maravilhoso o qual ele já era com o Peter, participava de cada momento, havia ficado ainda mais cuidadoso com aquela gravidez. Perguntava-me a cada instante se poderia haver alguém melhor do que ele, de certo não.

Eu te amo Isabella Cullen. – ele ficou ereto me olhando nos olhos, acariciando meu rosto e selando meus lábios com um beijo gentil e cheio do mais puro amor. Peter segurava minha mão puxando-a para baixo. Edward sorriu pegando-o no colo.

Eu também te amo mamãe – ele disse com a sua voz infantil. Senti meus olhos encherem de lágrimas, abri um sorriso emocionado olhando os homens da minha vida parados naquela praia paradisíaca onde toda a nossa historia havia iniciado.

E eu amo vocês dois, meu filho, minha vida. E você Edward Cullen, meu único, verdadeiro e infinito amor.