Amor escrita por Priy Taisho


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Há um tempinho eu publiquei uma one-shot de Inuyasha e agora, depois de tanto tempo, estou publicando algo para o fandom de Naruto hahah
Pretendo voltar com as minhas histórias, não posso dar prazos, mas digo que "em breve".
Aconselho a leitura da história com as músicas: Fallin e From the dining table, ambas do Harry Styles.
Boa leitura e espero que gostem!



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— Eu vou embora!

Sakura gritou ao entrar no quarto. Ela bateu a porta com força e eu pude ouvir o estrondo vindo do andar de cima.

Uma parte minha queria ir até lá e impedi-la de fazer as malas.

Queria puxá-la para meus braços e convencê-la a ficar.

Mas a outra parte... Estava esgotada.

Entendo que muitas pessoas dizem sobre “o amor supera todas as coisas”, “não existe um obstáculo que o amor não pode superar”, “a pessoa que você ama permanecerá na sua vida pra sempre”. Dessa última frase eu podia concordar.

Sakura estaria comigo para sempre, independentemente de qualquer situação maldita que a vida resolvesse nos guiar. Ela era o amor da minha vida e eu sentia isso por todos os meus poros, mesmo com tanta raiva que eu sentia naquele momento.

Nós estávamos brigando rotineiramente por quase quatro meses.

Por causa do meu emprego, por meu ciúme, por cobranças que nós dois tínhamos para impor um ao outro.

Estávamos desgastados e exaustos.

Mas ainda nos amávamos, isso era claro como água. Claro como as lagrimas que ela derrubou no exato momento em que decidiu correr para o quarto e se trancar lá.

Eu devia correr até ela e tentar encaixá-la em meus braços, até que seu choro cessasse. Devia me desculpar, embora não achasse que a culpa de tudo era minha... Não inteiramente, ao menos.

Mas as palavras dela ainda rodopiavam em minha cabeça. Ainda doíam como pequenas navalhas sendo fincadas em minha pele.

A porta do quarto foi aberta e Sakura desceu as escadas segurando apenas uma mochila preta. Todas as coisas dela não cabiam ali, eu sabia e ela também sabia disso.

Ela tinha substituído o vestido preto, por jeans e um casaco de moletom azul que um dia foi meu. Acredito que no momento da raiva ela não tenha percebido que ainda carregava uma coisa minha consigo, além da aliança de casamento que ligava nós dois.

Seus olhos me encararam repletos de remorso e ela abriu a boca para me dizer algo, mas fechou os lábios, permanecendo apenas com a expressão mais magoada que eu já havia visto em suas feições.

— Tem certeza de que quer ir? – Minhas palavras saíram em um sussurro involuntário. – Você não precisa...

Sakura pareceu surpresa que eu fosse o primeiro a quebrar o silencio, mas disfarçou no instante seguinte, me deixando pensar que talvez fosse um delírio meu. E talvez fosse. Eu não sabia se ainda era capaz de causar qualquer outra sensação que não fosse raiva.

— Preciso ficar longe de você. – Ela falou seca e eu continuei a encará-la. Ela não tinha estipulado quanto tempo pretendia ficar longe. – O que temos um pro outro aqui, Sasuke? – A princípio, não respondi.

Nós tínhamos um casamento de três anos, que surgiu de um namoro de adolescentes. Tínhamos inúmeras histórias para contar, porres que compartilhamos ao longo do tempo, nossos sonhos, nosso amor e uma pilha de brigas constantes que estavam nos destruindo.

— Tudo o que sempre tivemos. – Foi o que respondi. Os olhos de Sakura encheram-se de lágrimas e ela respirou fundo, em uma tentativa frustrada de manter-se impassível. – Sakura...

— Nós não temos mais nada. – Ela me interrompe. – Nada, Sasuke! Nós somos duas pessoas que não foram feitas para ficarem juntas. Nós estamos destruindo tudo o que construímos, eu e você simplesmente...

— Não podemos deixar tudo ruir! – Aumentei meu tom de voz e me levantei, saindo de minha postura impassível. – Sakura, é uma fase.

— Não, Sasuke. Não é uma fase. – Sakura rebateu irredutível. – Isso é o fim. Nós vamos continuar brigando, você vai continuar focado no seu trabalho estupido, eu vou continuar pegando no seu pé, você vai encher a porra do meu saco toda vez e nós vamos continuar brigando! – A voz dela aumentava a cada frase. – Eu. Não. Aguento. Mais. – As palavras foram acompanhadas de lágrimas grossas que escorreram por suas bochechas rosadas.

Eu esperava que ela não estivesse sentindo dor em seu coração. Não da mesma forma que eu sentia.

— Eu já te disse, Karin não passa de uma modelo. – Justifiquei, pela milésima vez. – Ela sabe que eu sou casado.

— Ela te respeita como um homem casado, Sasuke?

— Eu não me importo se ela me respeita ou não. – Respondi sério, esperando que Sakura entendesse o que eu estava dizendo. – Não me envolveria com ninguém que não fosse você, Sakura. Porque eu te amo, nenhuma outra mulher tem tanto poder sobre mim quanto você. – Dei um passo em sua direção e mais uma vez, para minha surpresa, ela não recuou.

— Sasuke, eu não consigo. – Minha esposa disse com a voz entrecortada. – Não existe só uma supermodelo, não há só uma Karin que pode enviar aquelas mensagens pra você. – Trinquei meu maxilar no momento em que me recordei das fotos que Sakura havia visto. – E é seu trabalho conviver com elas diariamente! De fotografá-las em roupa intima, de viajar com elas, eu... Eu não posso, a minha cabeça fica uma loucura! Eu me sinto insegura, Sasuke!

Karin, a modelo que Sakura estava referenciando, tinha conseguido meu número particular de alguma maneira e me encaminhado fotos intimas demais, com legendas provocativas, onde perguntava se as fotos estavam de meu agrado ou não. Não eram fotos profissionais e nem do meu interesse.

— Sakura, você não precisa. – Me senti confiante para me aproximar dela mais alguns passos. – Você é a pessoa que eu amo, eu preciso te dizer isso quantas vezes? – Sussurrei e ergui o braço para tocá-la.

— Eu também te amo. – Ela disse rápido. Eu já estava bem próximo, poderia envolve-la em um abraço a qualquer momento e foi o que eu fiz. Sakura repousou a cabeça em meu ombro e respirou profundamente. – Mas imagine se Sasori me mandasse algo desse tipo.

Senti todo o meu corpo se enrijecer.

Sasori Akasuna, era amigo de Sakura e também tinha sido pauta de nossas brigas nos últimos meses. Ele nunca tinha concordado com nosso relacionamento e sempre fez questão de incentivar Sakura em romper o que tínhamos desde a briga mais infantil até aquelas em que Sakura realmente cogitava a separação.

Depois que casamos, o posicionamento dele não mudou e bem, não posso dizer que ele é uma das minhas pessoas favoritas em nosso ciclo de amizades. Corrigindo, no ciclo de amizades de Sakura.

— O que você quer dizer com isso? – Me afastei de Sakura o suficiente para encará-la. – Sasori já te mandou algo do tipo?

— Não Sasuke, ele não fez. – Ela respondeu rapidamente. – Estou te colocando em uma situação hipotética! O que me diz?

— Não há comparação! – Retruco irritado. – Você tem contato com ele. Você gosta dele e sabe que ele não gosta de mim! Eu não me surpreenderia se descobrisse que aquele imbecil é apaixonado por você. – Sakura desvia os olhos e o gesto chama minha atenção.

Ela fazia aquilo quando queria esconder algo.

Antes que eu falasse alguma coisa, o telefone dela começou a tocar. Não consegui identificar o nome no visor do aparelho e ela o enfiou no bolso da calça mais do que depressa.

— Há quanto tempo? – Foi o que perguntei, tentando manter meu tom de voz o mais neutro possível. Falhei. A raiva estava me consumindo. – Há quanto tempo você sabe, Sakura?

— Há quatro meses. – Ela respondeu voltando a me encarar. – Ele se declarou pra mim, no dia em que nós fomos à uma cafeteria juntos. Disse que eu podia considera-lo como uma opção.

Exatamente o tempo em que nós havíamos começado a brigar incansavelmente.

Me afastei e passei a mão pelo meu cabelo em um gesto nervoso. Eu queria gritar e gritar até que minhas cordas vocais estourassem.

— Aquele filho da puta... – Rosnei e meus olhos voltaram-se para Sakura no instante em que o celular dela voltou a tocar. – Como você pode me esconder isso? ELE QUER QUE VOCÊ ME DEIXE POR ELE! – Aumentei meu tom de voz e, mesmo que eu não tenha um histórico violento, Sakura se encolheu.

— Eu não te escondi. – Sakura respondeu receosa. – Omiti. Não queria que você tivesse mais problema com ele do que já tem.

— Você acha que... Quem está te ligando?! – Interrompi minha frase ao ouvir o toque do celular dela novamente. – É ele, não é? Me deixe atender!

— Não, você não tem o direito de atender o meu telefone. – Ela retrucou puxando o celular do bolso da calça e dispensando a ligação novamente. – Sasuke, ele é apenas meu amigo.

— Ele não quer ser só seu amigo! – Apontei para ela. – Sakura, esse cara... – Fui interrompido pelo barulho da campainha, seguido de batidas na porta.

Sakura fechou os olhos e seus ombros enrijeceram.

— Sakura, você está ai??

O efeito da voz de Sasori fora como um balde de água fria para mim. Eu me senti traído.

— Sakura!

Ela não respondeu, apenas me encarou como se dissesse que aquilo não era o que eu estava pensando e inferno, eu não fazia ideia do que estava pensando.

A presença de Sasori não era uma mera coincidência, ele estava ali por Sakura, para tirá-la de mim.

— Você ligou pra ele? – Murmurei cruzando meus braços e Sakura abriu e fechou a boca diversas vezes. – Pediu para que ele viesse até aqui?

— Pedi uma carona para a casa dos meus pais. – Ela respondeu em um murmúrio. – Sasuke, não é o que você está pensando, eu só...

— Ele sempre foi sua segunda opção, não é? – Rebati acidamente. – Depois da declaração, é claro que você percebeu que era apaixonada por ele e estava procurando um motivo para terminar comigo. – As coisas começavam a se encaixar em minha cabeça de uma forma absolutamente insana.

— Sasori não é sequer uma opção! – Sakura disse exasperada. – Sasuke, não existe ninguém pra mim além de você. Isso tudo não é sobre Sasori, simplesmente...

O toque irritante do celular dela recomeçou e foi acompanhado das batidas insistentes na porta.

— Eu não me importo com ele...

— Você tem razão. – Eu disse asperamente. – Nós não temos nada para nos oferecer, vamos continuar nos magoando, uma vez atrás da outra. – Dessa vez, eu que sentia minha visão ficando turva por conta das lágrimas que estavam se formando em meus olhos.

— Sasuke...

— Você queria ir, não é? – Falei amargurado. – Vá, antes que perca sua carona. – Aconselhei começando a caminhar para longe dela. – E faça esse imbecil parar de bater na minha porta ou não responderei por mim.

— Você precisa me escutar! – Ela disse agarrando a alça de sua mochila. – Não é por isso...

— Boa noite, Sakura. – Olhei para ela uma última vez, antes de começar a subir as escadas.

Uma parte minha queria que Sakura corresse atrás de mim e deixasse o babaca do melhor amigo dela na chuva, sozinho, como ele deveria ficar.

Mas não foi o que ela fez.

Do andar de cima, eu acompanhei o exato momento em que a porta de entrada foi destrancada e de como ela chorou no ombro dele compulsivamente.

Eu quis descer e puxá-la para os meus braços.

Mas não o fiz.

Sasori a levou naquela noite e a culpa era toda minha.

X-X-X

6 meses depois...

Eu era bom em ignorar a maioria das coisas.

Pessoas falantes, barulhos insistentes, Naruto – meu melhor amigo –, ligações insistentes e telemarketings.

Movimentações barulhentas durante a manhã, eram particularmente, meu ponto fraco e com esse pensamento, desliguei meu despertador.

Ao meu lado, provavelmente em um dos maiores porres de sua vida, estava Karin.

O cabelo ruivo estava espalhado pelo travesseiro e ela vestia apenas o sutiã rendado e cheirava a álcool.

— Sakura. – Praguejei mentalmente enquanto sacudia o ombro da garota levemente. Por sorte, ela não havia escutado. – Karin, acorde.

Como uma gata manhosa, Karin abriu seus olhos e espreguiçou-se na cama, me lançando um sorriso repleto de segundas intenções.

Particularmente, eu estava arrependido.

— Pegue suas coisas e vá embora. – Falei tentando soar o mais gentil possível. Não havia formas de dispensá-la diretamente sem ser um completo babaca. – Quer que eu peça um táxi pra você? – Perguntei esfregando os meus olhos enquanto saia da cama.

— É assim que você recepciona suas amantes?

Olhei para ela e um sorriso de desistência surgiu em meus lábios.

Karin estava de pé e caminhava em direção ao seu vestido, que estava largado sobre o criado-mudo.

— Eu não tenho amantes. – Respondi. – Não diga como se não fosse a primeira vez que isso aconteceu.

— Não é a primeira vez se considerarmos os meus sonhos. – Karin sorriu lascivamente. – E vamos lá, Sasuke, foi divertido.

— Foi, realmente foi. – Concordei. – Mas não vai acontecer de novo.

Karin manteve o sorriso nos lábios e com máxima destreza, subiu o zíper traseiro do vestido, e jogou o cabelo para trás, antes de colocar os óculos de grau.

— Claro que não, precisei de seis meses e umas doses de álcool pra conseguir te levar pra cama depois da sua separação. – Ela disse em um tom sarcástico. – E eu não me arrependo.

Karin era exatamente como Hinata – namorada de Naruto – havia me dito que ela era. Ela não se incomodava com nada, contanto que alcançasse seus objetivos. Eu poderia me sentir usado, se ambos não tivessem concluído seus objetivos com êxito.

Ela queria dormir comigo e eu, bem, queria me vingar de Sakura após ver uma foto dela e de Sasori em uma rede social.

Nós não estávamos juntos e não nos falávamos há meses.

E o vazio dela era como um buraco negro dentro do meu peito, que eu tentava a todo o custo suprir.

Trabalhar não havia ajudado, beber e dormir com outras pessoas muito menos.

Não que eu tivesse dormido com mais de duas, contando com Karin.

— Bom, eu sei onde fica a saída. – Ela disse jogando a bolsa sobre o ombro. – Mas quer uma dica?

Não respondi, mas aguardei até que ela decidisse continuar.

— Eu ligaria para ela. – Fiquei impassível, mas as palavras de Karin me surpreenderam. – Está na sua cara que ainda sente falta da sua ex. – Ela parou em minha frente, roubou um selinho de mim e foi embora.

Enquanto caminhava para o banheiro, pensei sobre as palavras de Karin.

Era péssimo admitir, mas ela estava certa.

X-X-X

Dez meses haviam passado desde o término.

Enquanto eu arrumava a minha gravata e tentava organizar meu cabelo, foi impossível não pensar que hoje seria a primeira vez que eu veria Sakura.

Possivelmente.

A festa de noivado de Naruto e Hinata aconteceria na casa dos pais dele, em um jantar para o anuncio formal.

Eu já sabia de tudo, ajudei Naruto com o pedido e tinha recebido um convite para ser padrinho de casamento.

Fiquei feliz por Naruto e muito mais impressionado por meu amigo cabeça de vento decidir dar um passo tão grande em seu relacionamento.

Peguei a garrafa de vinho que estava sobre a mesinha da sala e as chaves do carro, saindo de casa com o coração palpitando em expectativa.

Era ridículo pensar em como a ausência de Sakura tinha me afetado.

A decoração de nossa casa – sim, nossa casa – continuava a mesma. Eu ainda seguia a rotina que nós tínhamos estipulado, realizando as compras de casa nas quartas-feiras e pagando alguém para fazer a limpeza nas terças e sextas.

Aos sábados eu tomava café na padaria da esquina de casa e pedia um croiassant, acompanhado de um café amargo. Eu não costumava comer muito durante a manhã, mas o croiassant era algo que Sakura pedia religiosamente – e eu fazia questão de pegar ao menos um pedaço, todas as vezes.

Era solitário.

Eu sentia falta do cheiro de lavanda das velas perfumadas que ela insistia em espalhar pela casa, das músicas animadas domingo de manhã e das coisas que não fariam sentido se não fossem feitas por ela.

Para os outros, eu estava firme como uma rocha.

Comentava sobre o assunto somente com Naruto, quando o mesmo trazia o assunto à tona. Com ele, eu era totalmente sincero. Falava sobre a sensação de solidão, sobre a saudade e sobre como meu coração doía ao me lembrar dela.

Para as demais pessoas, eu estava bem. Tínhamos terminado amigavelmente – mentira – e o processo de separação estava em andamento. Eu era um homem divorciado e bem sucedido.

Nem eu, nem Sakura tínhamos dado entrada no divórcio.

Para isso, tínhamos que conversar e ela não tinha atendido minhas ligações, nem respondido minhas mensagens.

Quando estacionei em frente à casa de Naruto, cogitei a ideia de ir embora.

Agarrei a garrafa de vinho e ignorei meu lapso de medo, tocando a campainha e exibindo meu melhor sorriso.

Naruto abriu a porta e seus olhos iluminaram-se ao me ver.

Ele vestia um terno e tenho certeza de que mantinha a gravata por insistência de sua mãe, o cabelo loiro continuava arrepiado como sempre e os olhos azuis pareciam cada vez maiores.

— Que bom que veio, Teme! – Falou puxando-me para um abraço. – E chegou bem no horário, meus pais estão me enchendo o saco por causa do cabelo. – Murmurou ele em um cochicho nada discreto.

— Tia Kushina devia aceitar que para alguns casos não existem soluções. – Falei bem humorado e Naruto, com falsa indignação, me socou levemente no ombro. – Onde está todo mundo?

— Estão nos fundos. – Naruto respondeu puxando a garrafa de vinho de minhas mãos. – Muito obrigado, Sasuke. É o favorito de Hinata.

O Uzumaki me guiou até o jardim.

A decoração era branca e possuía luzes da mesma tonalidade, que faziam um caminho improvisado até a mesa de jantar.

Haviam lanternas no chão e flores por todos os lados, eu sabia que havia dedo de Ino Yamanaka ali e não me surpreendi ao vê-la olhando para a decoração com um sorriso satisfeito nos lábios, antes de ter sua atenção chamada por Sakura.

Sakura, por sua vez, estava linda. Ela havia cacheado o cabelo rosado e usava um vestido verde que ressaltava a cor de seus olhos, as bochechas estavam coradas e eu tinha certeza de que aquela não era a primeira taça de champanhe que ela tomava.

Os olhos dela se cruzaram com os meus e em um movimento nervoso, ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Sakura ainda usava nosso anel de casamento.

Confesso que fiquei tentado em chama-la para conversar, principalmente quando ficamos um de frente para o outro durante todo o jantar.

— Olá, Sasuke. – Ela me cumprimentou com um sorriso pequeno.

— Olá, Sakura.

Foram nossas únicas palavras durante toda a noite.

Fiquei tentado em oferecer um lenço para ela, que começou a chorar enquanto ouvia as declarações de amor de Naruto e Hinata.

Ino estendeu para ela um lencinho cor de rosa e Sakura agradeceu em um murmúrio.

O fim da noite chegou como uma bala e quando dei por mim, estava entrando em meu carro, observando de longe a Haruno entrar em um táxi junto da melhor amiga.

É patético dizer que cheguei em casa e bebi muito naquela noite, mas foi o que eu fiz e é uma parte crucial dessa história.

Crucial, dolorida e humilhante.

A princípio tinha começado como uma maneira de ocupar minha cabeça e quando dei por mim, estava chorando por Sakura. Patético, eu sei.

Uma parte minha queria acreditar que a aliança que ela usava ainda era a nossa, aquela que tinha meu nome gravado no interior em letras cursivas e douradas. A outra, a parte alcoolizada e que gostava de me sabotar, cogitava a ideia de que aquela aliança era de outro.

De Sasori.

Imaginar que Sakura seguia a vida tão bem, em partes, me deixava feliz. Ela não tinha se prendido em um sentimento que estava lhe fazendo mal, não como eu havia feito.

Ela não precisava de mim, não como eu precisava dela.

— Sakura, oi. – Eu não sabia se ela ia entender minhas palavras alcoolizadas, mas o celular estava grudado em minha orelha. – Eu não acho que você queira falar comigo, mas eu quero falar com você e... Quero me desculpar, mais uma vez, por tudo o que fez com que nós nos separássemos. – Murmurei sentindo meus olhos lacrimejarem. – Nós não nos víamos há tanto tempo e hoje só me fez ter certeza do quanto que eu sinto sua falta. Sinto sua falta todos os dias, Sakura. – Ri desgostoso e pressionei ainda mais o telefone contra a minha orelha. – Até meu telefone sente falta das suas setenta ligações por dia. – Brinquei esperando que ela achasse graça, eu não estava achando, mas valia a pena tentar. – Eu... Enfim, talvez um dia você me ligue e diga que sente muito também. As coisas não deviam desmoronar desse jeito. Eu... Eu ainda amo você.

Encerrei a ligação e deixei o celular sobre a mesinha de centro da sala.

Dormi no sofá, usando uma almofada como travesseiro.

Eu estava lúcido o suficiente para ir até o quarto e me deitar, mas preferi continuar ali, seria mais fácil justificar para mim mesmo que eu tinha sido um bêbado impulsivo quando me arrependesse da ligação na manhã seguinte.

Não sei se vocês já tiveram a sensação de acabaram de fechar os olhos e no instante seguinte, já eram sete da manhã e o sol batia contra as janelas da sua casa te acordando com a claridade.

Foi o que aconteceu comigo.

O sol me acordou, mas o que me fez levantar do sofá foi o barulho incessante das batidas na porta.

Eu me arrastei, imaginando que o carteiro tinha decidido que passaria mais cedo.

Girei a tranca e por um momento, achei que estava alucinando.

Sakura estava parada em minha frente, usando chinelos e o mesmo vestido da noite anterior. Os cachos do cabelo tinham se desmanchado e ela ainda tinha maquiagem dos olhos, embora boa parte dela estivesse borrada.

Ela não devia ter tomado um porre como eu, mas no mínimo, não havia dormido também.

— Recebi seu recado. – Sakura falou rapidamente. – Eu também sinto muito, Sasuke. – Meu coração palpitou, mas a surpresa tinha me tornado semelhante a uma maldita estátua de cera. – Posso entrar para que nós possamos conversar?

Dei passagem para ela e pela primeira vez em meses, soube que eu iria tomar café na padaria da esquina, acompanhado da mulher que eu amava, pronto para roubar um pedaço de croissant.


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Notas finais do capítulo

Fim!
O que vocês acharam? Mereço reviews?
É uma perspectiva um tanto... diferente do amor, hã? ahahaha
Um beijão e até a próxima!



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