To all the boys i've loved before escrita por Aurora Blackburn


Capítulo 4
Ex's and Oh's




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— Você promete que não vai esquecer de escrever?

— Eu nunca esqueceria, Domi! - disse minha irmã mais velha, enquanto eu e Louis nos preparamos para subir no Expresso em direção a Hogwarts. 

Victoire estava preparada para ir direto para a chave de portal em direção a Beauxbatons assim que o trem partisse. Ela tinha passado os últimos 20 minutos dando instruções 

— Domi, vamos nos encontrar em Paris nas suas férias! - ela dizia, animada, ainda tentando me consolar sobre sua viagem. 

— Você acha que papai deixaria? 

— É claro, é a cultura da nossa família. Ele tem que deixar. 

— Não se preocupe, é claro que papai vai deixar, já que o Ted vai com você. - Louis completou, abraçando Vic mais uma vez. - Boa sorte, maninha. 

Louis já era o mais alto de nós três com apenas 14 anos. Ele dá um beijo na testa de Vic, como se ela fosse uma criança, antes de sair correndo pela plataforma em busca de sua namorada. 

Vic pega minha mão, aproveitando que papai está entretido conversando com tio Percy e me faz prometer que vou continuar escrevendo para ela mesmo que a vida em Hogwarts fique agitada. 

— Minha vida, agitada? - eu rio, ainda segurando sua mão, pensando na besteira que ela acabou de falar. Quando que minha vida, a entediante jornada de Dominique Delacour-Weasley ficaria agitada?

— Nunca se sabe… Esse ano você vai poder participar do Baile de Inverno, qual melhor ocasião para uma mudança de cenário? 

Ela se referia ao tão aclamado Baile que acontecia pouco antes das férias de Natal. Somente os dois últimos anos podiam participar. Victoire tinha sido a rainha da edição passada, para a surpresa de...ninguém. 

Foi neste baile que Ted a pediu em namoro, quase um ano atrás. 

— Como se eu fosse participar do baile. - ri, vendo ela acenar para algumas garotas na plataforma. 

— Eu terminei com ele ontem. Depois do jantar. - ela disse, tentando não mostrar nenhum sentimento. - Já estava na hora. -  Sua voz está calma e firme. Qualquer pessoa que olhasse para ela pensaria que está tudo bem. E provavelmente estava, já que Victoire controlava tão bem seus sentimentos que sabia exatamente o que estava fazendo. 

— O quê? - rebati. - Eu não entendo porque vocês tem que terminar, não é como se não desse para você pegar uma chave de portal e visitar ele em Hogsmead nos finais de semana…

— Dominique, eu não vou para a França só para estudar. Eu vou para conhecer, para saber como foi a vida da mamãe enquanto ela morava lá. Absorver a cultura, ter a experiência. Não faz sentido eu voltar para a Inglaterra uma vez por semana e não é justo eu prender Theodore em um relacionamento a distância que ele obviamente não quer. 

Ela dizia todas as palavras com firmeza, fazendo com que eu ficasse em dúvida se ela realmente pensava aquilo ou se já tinha deixado um discurso pronto para essa situação. 

— Estou te falando porque sei que são amigos e não quero que vocês se afastem por minha causa. 

Tarde demais. 

— Teddy nunca impediria você de fazer alguma coisa. Ele não é assim. - digo, ainda tentando entender como Vic pode deixar alguém como Ted para trás - Não é tarde demais, sabe? Você pode ir até ele agora e dizer que mudou de ideia. 

Olho para o fundo da plataforma e vejo um conjunto de pessoas com cabelos escuros entrando. Harry Potter, empurrando o carrinho de Lílian Luna, acompanhado de Ted, James e Albus. Logo atrás vejo as madeixas ruivas de Lily e sua mãe, Ginny. 

— Acabou, Dominique. - ela completa, com aquele tom que mamãe usava quando não queria mais conversa. 

Vejo que seu ex namorado passa reto, ignorando sua presença na plataforma. E por tabela, ignorando minha presença. Mas eu já estava acostumada com isso.

Me despedi da minha irmã, ainda sentindo uma pontada no estômago pensando que estaria mais sozinha do que nunca. Após me despedir de papai e tio Percy, subi no trem, procurando uma cabine vazia onde pudesse terminar de ler Querido John pelo resto da viagem.

Eu sabia que em algum lugar do trem minha família estava reunida, comendo besteiras e falando sobre tudo que aconteceu durante as férias. James, Albus, Lily, Roxanne, Lucy, Louis, Fred, Hugo, Rose, Molly e Teddy deviam estar se espremendo em uma cabine no final da locomotiva, rindo como se não houvesse amanhã. 

Por mais que eu sentisse vontade de ir para lá, eu tinha um bloqueio. Não queria ver Rose falando sobre Scorpius. Não queria pensar em James Sirius. E não queria fazer Ted lembrar de Vic.  

Não consigo parar de pensar no romance entre eles. Tenho certeza que se depender dele, logo eles estão juntos de novo. Ted faria tudo pela minha irmã. 

Mas sei que não depende só dele. 

Vic não irá voltar. 

Ela não é o tipo de garota que termina e volta por impulso; quando decide uma coisa, é aquilo mesmo. Sem enrolação, sem arrependimento. 

É como ela disse: acabou, simplesmente acabou.

— Dominique? - ouvi uma voz chamar. Olho para a porta do vagão, me perguntando quanto tempo fiquei parada pensando em tudo que estava acontecendo. Vejo um conhecido rosto: um garoto loiro, de pele pálida e olhos azuis vibrantes. 

Scorpius usava as vestes de monitor da Sonserina e segurava sua varinha na mão direita. 

Com o susto, derrubei o livro que eu lia em sua direção, ao que ele prontamente pegou o chão.

— Já estamos quase chegando. - ele informa, cumprindo seu dever como monitor. 

— Tudo bem. Obrigada. 

Ele sorri, meio sem graça, lendo o título do livro e me entregando o livro de volta.

— Sempre um romance, não? - ele sorri, ao que apenas confirmo com a cabeça e vejo o garoto saindo da cabine. 

É muito estranho ter intimidade com alguém e… De repente não ter mais. 

Hoje acredito que eu não sinta mais nada por Scorpius. Nada além da saudade de ter alguém por perto para me ajudar e ser ajudado. 

Ele também perdeu sua mãe muito cedo. Astória Malfoy sofria de uma maldição no sangue que não permitiu que ela visse seu filho crescer. 

Draco, o patriarca, fez tudo que podia para ajudar a esposa. Incluindo pedir ajuda para Hermione Granger, a pessoa mais esperta que conhecia. 

Foi assim que Rose se aproximou de Scorpius e todo o romance começou. 

No início, eu também era amiga de Rose. Ela é, acima de tudo, minha prima de sangue. 

Mas eu sempre tive essa mania de me afastar das pessoas quando acho que não sou bem vinda, e foi assim que eu deixei que eles se aproximassem. 

Sai da cabine, olhando para os lados e vendo que estava na parte mais próxima do começo do trem. Não demorei muito para pegar minha mala e seguir em direção ao castelo. 

— Ei, maninha! Quer ajuda? - Louis apareceu, pegando meu malão e carregando com sua mão livre.

Louis nunca me ajudava de livre e espontânea vontade. 

— O que você aprontou? - perguntei, sem delongas. Ele colocou a mão no peito, como se estivesse ofendido. 

— Não posso ajudar minha irmã mais velha? 

— Você? Não sem querer nada em troca… - estreitei os olhos, vendo meu irmão colocar minha mala em cima da carruagem mas deixei ele me ajudar. 

Ouvi Louis falar sobre Lucy, que nos últimos quatro anos tem sido minha colega de quarto, a viagem inteira e finalmente entendi: ele queria uma desculpa para entrar no quarto e ver a namorada. 

Cheguei ao castelo, me dando ao trabalho de subir com Louis até meu quarto apenas para ser expulsa, junto com Roxanne, quando os dois começaram a se beijar na porta do quarto. 

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— Bom dia, cunhadinha! - ouvi a voz extremamente animada de Lucy ecoar pelo quarto. As vezes sinto inveja de Molly e Lily, que dividem quarto com Rose. 

Rose sempre está mal humorada de manhã. Ou seja, elas nunca precisam conversar. 

Lucy, com apenas 14 anos, estava super-animada com o seu namoro com o meu irmão.

Até ano passado, Victoire lidava com esse tipo de coisa. Ela dava conselho para nossas primas e fazia questão de saber se todos estavam bem.

— Bom dia, Lu. - respondi, esfregando os olhos e vendo que Rox ainda estava dormindo. Lucy, ao contrário, já estava pronta e com todos os materiais dentro da pequena mochila que ela sempre carrega pelo castelo. - Você sabe que ainda são 6h, né? 

— Eu sei!!! - o ânimo dela era até fofo, mas se ela continuar assim logo vai ficar irritante. - Mas vou no corujal mandar algumas cartas para minha mãe e depois vou encontrar seu irmão. 

Ela saiu saltitante, enquanto eu tomava coragem para ir me arrumar. 

Ontem terminei Querido John, então vou aproveitar que acordei cedo para poder explorar a sessão de literatura trouxa da biblioteca, já que na correria esqueci de pegar mais livros. 

Cumprimentei Rox, vendo que tinha enrolado demais no banho e já eram quase 7h30. Dei um petisco para a coruja, que havia acabado de chegar com a primeira carta de Vic e coloquei no bolso, seguindo correndo para a biblioteca. 

Como sempre, acabei esbarrando em algumas pessoas no caminho o que só me atrasou ainda mais. 

Pelo visto não vou conseguir tomar café, ah! 

— Ei, Weasley! 

Olhei para trás, não reconhecendo a voz que me chamou. 

Observei lentamente: as vestes pretas com detalhes amarelos, os cabelos escuros e longos demais que combinavam com a barba mal feita que ele chamava de estilo: Henry Blackburn. 

— Henry? - me surpreendi. Acho que não falava com ele desde os nossos 8 anos. Henry tinha um sorriso tímido e carregava duas edições de Hogwarts, uma História, uma atual e uma dos anos 80. 

— Obrigada pelo bilhete. - ele sorriu, mostrando um envelope muito familiar com um pequeno bilhete dentro. 

— Bilhete? 

— É, foi você que escreveu, não foi? Vi que a data é de quase dez anos atrás, mas achei muito legal você mandar para eu lembrar e...

Não. 

Não, não não. 

Sem pensar muito no que estava fazendo, arranquei o envelope amarelado da mão do garoto.

Como Henry conseguiu aquilo? 

"O que é isso?" 

Consegui ouvir a voz de Louis ecoar na minha cabeça enquanto eu ligava os pontos.

"Não posso ajudar minha irmã mais velha?"

Se Henry estava com aquilo, isso significa que alguém tinha mexido nos meus bens mais preciosos. 

Mas como Louis teria pego e mandando tão rápido?

"Vou no corujal mandar algumas cartas…"

Lucy. 

Sai correndo, deixando o garoto sem entender nada para trás, em direção ao meu dormitório para pegar as outras cartas. 

Isso não pode estar acontecendo, pode?? 


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