Madara estava irritado pelo convite na sua frente, ou melhor usando sua raiva para encobrir como aquilo o atingia. Um pergaminho amarelado continha a  caligrafia formosa do Senju. Após terem lutado mais uma vez, Hashirama fez outra tentativa de acabar com a guerra. Realmente aquele conflito havia ceifado muitas vidas, suspirou cansado recordando do tempo em que eram garotos brincando no rio. Dois meninos idealizando o sonho de onde crianças não precisariam lutar, imaginando em como seria bom um acordo de paz.

Deitou no colchão pensando no qual seria o assunto daquele chamado, ainda mais por causa do lugar escolhido. O homem fez questão de escrever na carta para se encontrarem no mesmo desfiladeiro onde conversavam quando mais novos.

Ele acordou preguiçoso, era até cômico o grande líder dos Uchihas não querer se levantar por falta de vontade. Izuna veio logo avisando sobre uma reunião do clã, com certeza discutiriam alguma estratégia de batalha. 

O dia pareceu passar devagar, estava ali sentado com os anciãos falando acerca dos próximos passos, mas tudo que Madara ponderava era no tal encontro mais tarde. Tentou desvencilhar desses pensamentos, porém não podia negligenciar seus sentimentos. A ideia de ver o líder dos Senju deixava ele nervoso, as mãos tremiam desde que leu aquele pergaminho, os batimentos estavam acelerados.

A noite chegou com uma lua cheia alta e brilhante no céu, o ninja andou entre as árvores até chegar no local. Hashirama já estava lá em frente a uma fogueira, as brasas crepitavam na escuridão.

— Espero que seja importante o assunto - falou.

— Sempre impaciente, achei que não viria.

— Quase recusei mesmo.

— Então porque está aqui?

Aquela pergunta pegou Madara de surpresa, e ainda por não saber respondê-la.

— Soube que alguns Uchiha morreram num embate, apenas queria fazer companhia nesse momento difícil.

— Como se eu precisasse da sua compaixão.

— Ora deixa disso, somos amigos não é?

— Amigos? Isso é uma brincadeira sem graça?

— Sei que nossos clãs tem muitas inimizades contudo nada que não podemos superar.

— Você está bêbado?

Hashirama riu alto depois sentou perto do outro.

— Estava apenas com saudade.

— Pois eu não.

— Ah vamos lá - disse ele pegando na mão do moreno - Por qual razão viria aqui?

De novo a pergunta, pensou.

O homem deu um beijo leve na bochecha depois de Madara ter virado a face não querendo dar o braço a torcer, ambos sabiam do sentimento reprimido. Mesmo querendo afastá-lo seu corpo não obedecia, gostava dele e senti-lo perto de si.

Após isso veio o toque de lábios demorado, como queriam eternizar aquele momento. Ele logo se levantou não querendo transparecer que ficou afetado por aquilo.

— Se contar isso para alguém te mato!

— Seria ruim para a imagem dos Uchiha que o líder deles veio beijar um Senju ás encondidas na floresta? - ironizou vendo o outro corar, adorava vê-lo assim.

— Calado! - disse e saiu dali. 

Hashirama ainda ficou vendo as brasas com um sorriso no rosto, agora sabia que o amor era recíproco, amanhã mandaria outra carta.