Dramione | Seis anos depois escrita por MStilinski


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

oi gente! demorei um pouquinho mas voltei haha

primeiramente, queria agradecer de coração pelos comentários, vcs são sensacionais! também queria agradecer muito muito muito a leitora Lyanna que recomentou a fic! suas palavras realmente me deixaram muito feliz e mais animada ainda com o desenvolvimento da história! a todos, obrigada pelo apoio! ♥

bom, vamos ao capítulo...não me matem! haha

boa leitura!



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O beijo não durou nem mesmo um minuto.

Eles se afastaram como se de repente notassem que estava beijando um Dementador e se encararam, os dois pares de olhos tão distintos de duas pessoas tão opostas totalmente assustados e surpresos.

Hermione estava mais surpresa do que assustada. Não esperava que iria beijá-lo, foi uma ação totalmente inconsciente, mas ao mesmo tempo a sensação dos seus lábios encostando nos de Draco trouxe um arrepio em cada mínima parte do seu corpo, a eletricidade correndo nas veias, a ardência no toque tão simples e ingênuo.

Hermione manteve os olhos em Draco e ele apenas piscou. Exatamente um segundo depois ele passou o braço ao redor da cintura de Hermione e a puxou e então os lábios deles estavam se tocando outra vez. Ela passou as pernas ao redor dele e então estava no colo de Draco, passando uma das mãos pelos fios loiros do cabelo dele e a outra mão no pescoço de Draco, como se para se certificar de que ele realmente estava ali e que ficaria ali.

Os dedos de Draco percorreram toda a lateral do corpo de Hermione, parando no seu quadril e ele a girou, colocando Hermione deitada no sofá e ficando sobre ela, as mãos por baixo da blusa que ela usava, subindo pelas coxas de Hermione, os dedos fazendo pressão na pele dela a cada centímetro que subia, como se Draco estivesse se certificando de relembrar cada mínimo pedaço dela.

Eles não pararam de se beijar em nenhum instante, porque ambos pareciam sentir falta daquele beijo e de como os lábios se encaixavam tão bem em cada micro movimento. Hermione desabotoou a camisa de Draco e ele se afastou apenas alguns centímetros dela para tirar a blusa e jogá-la no chão da sala. Quando voltaram a se beijar, os dedos de Hermione percorreram o caminho do tronco e da barriga de Draco, sentindo os músculos firmes e aquele toque – como todo o resto – trouxe a sensação elétrica por todo o seu corpo, dos dedos dos pés até seu último fio de cabelo.

Draco puxou a blusa de Hermione de uma só vez até tirá-la e jogá-la no chão, evitando o máximo para que eles não ficassem sem se beijar por tanto tempo – poucos segundos agora pareciam horas depois de seis anos. Apesar disso, quando Hermione estava somente de roupas íntimas na frente dele, Draco se afastou alguns centímetros e observou Hermione, os olhos cinzas percorrendo a visão do corpo dela por algum motivo que Hermione não conseguiu desvendar, mas se sentiu envergonhada.

Draco voltou a beijá-la, uma das mãos segurando o cabelo de Hermione e a outra subindo pela coxa dela novamente. Hermione começou a abrir o cinto de Draco quando sentiu os dedos de Draco se aproximando do meio de suas pernas.

Naquele momento seu cérebro voltou a funcionar. Ela não poderia ir para a cama com Draco por mais que seu corpo implorasse por aquilo. Ela não podia ser fácil assim, porque não sabia como as coisas seriam no dia seguinte, não sabia se todo aquele calor e atração e energia iriam embora assim que toda a questão com a Marca Negra acabasse – porque se tudo aquilo fosse embora significaria que Draco também iria e Hermione passaria os próximos seis anos tentando bloquear todas as lembranças desses dias e principalmente dos beijos e dos toques dele. Não podia ser magoada desse jeito outra vez.

Com esses pensamentos na cabeça, Hermione empurrou Draco e se levantou em questão de segundos, a respiração ofegante. Draco pareceu não entender e a encarou com o cenho franzido ainda do sofá, a calça aberta e sem camisa.

— Eu fiz alguma coisa? – ele perguntou, parecendo genuinamente confuso.

— Eu não posso. Quero dizer... é melhor não. Eu vou subir.

— Posso subir junto?

Hermione fuzilou Draco com o olhar, porque pelo sorriso cínico dele ele claramente não entendia a confusão que ela estava sentindo naquele momento e como aquilo estava sufocando-a, então ela apenas pegou a camisa de Draco do chão e a vestiu e deu as costas para ele.

— Hermione! Ei! – Draco saiu correndo da sala, parando no hall de entrada enquanto ela subia as escadas decidida. – O que foi que aconteceu? Eu fiz alguma coisa?

Hermione parou em um dos degraus, olhou para Draco apenas alguns segundos e então terminou de subir as escadas de uma vez. Quando entrou no quarto e fechou a porta, não teve nem mesmo segundos de silêncio antes de várias batidas seguidas na porta do cômodo tomarem seus ouvidos.

— Hermione, abra a porta. – Draco falou, do corredor – Dá para você falar o que aconteceu? Parecia estar tudo bem até dois minutos atrás!

Hermione ficou em silêncio.

Como ela poderia falar o que havia acontecido? Não podia explicar a ele que estava confusa devido a todas as coisas que ele andava falando para ela, não podia dizer que todos os antigos sentimentos que ela trabalhou diariamente por seis anos para guardar em gavetas secretas dentro do seu cérebro estavam a solta outra vez. Como admitiria isso? Não podia!

— Hermione, você ainda está aí? – Draco falou novamente, a voz sem tanta urgência dessa vez.

— Sim. – ela respondeu, ainda com as costas grudada na porta, sem mexer nenhum músculo; não tinha certeza se realmente queria impedir que Draco entrasse.

— O que houve?

— Só... Olhe, você mesmo disse que estava cansado. Vá descansar.

Draco ficou em silêncio alguns segundos.

— Eu fiz alguma coisa?

— Não.

— Então o que houve?

— Só vá descansar, Draco, seu dia vai ser longo amanhã.

Silêncio outra vez.

— Você quer... conversar? – Draco disse – Você sabe...sobre o que aconteceu.

Hermione achou até mesmo engraçado. Quando eles estavam no seu breve relacionamento anos antes, era sempre ela que ia atrás de Draco e insistia para que ele falasse o que estava o incomodando, porque Draco era um garoto completamente fechado e praticamente inexpressível. Ele se abria com ela o máximo que conseguia, mas Hermione conseguia ver o quão não-natural era para Draco falar sobre o que ele sentia, mas, apesar disso, ela sempre insistia, porque ele sempre parecia melhor depois que expressava o que precisasse.

Agora era Draco quem insistia para que ela conversasse e se abrisse e era Hermione quem fugia e evitava. Uma grande inversão de papéis.

— Não. Acho que não. – ela disse, depois de alguns segundos – Vamos apenas esquecer.

O silêncio durou mais dessa vez, pelo menos um longo e completo minuto.

— Eu não quero esquecer. Não vou esquecer. – Draco disse.

Hermione se surpreendeu totalmente com as palavras, mas tudo só serviu para confundi-la ainda mais. O que ele queria dizer com aquilo? Porque Draco já havia dito aquilo uma vez e mesmo assim não demorou para esquecê-la algum tempo depois e por seis anos inteiros. Ela não sabia se podia confiar.

— Só vai dormir, Draco. Por favor. – Hermione falou, quase uma súplica.

O silêncio durou mais do que a última vez e Hermione só soube que Draco havia ido embora quando escutou a porta do quarto ao lado abrir e fechar segundos depois.

Ela ficou mais alguns segundos na mesma posição e depois caminhou até a cama e se deitou, se enrolando com o cobertor até ficar totalmente tampada e encolhida, como uma bola.

Pensava no beijo de Draco, no toque dele na sua pele, na sensação eufórica que tomava seu corpo. Como ele podia causar tudo aquilo nela de uma só vez era algo que Hermione nunca conseguiria entender. Seu coração ainda estava acelerado, mas, acima de tudo o que ela sentia, ela estava totalmente confusa.

Não sabia o que nada daquilo significava e grande parte do seu cérebro teimava em racionalizar absolutamente todas as partes da sua vida. Sabia que todos os seus sentimentos por Draco estavam de volta e temia isso. Temia porque não sabia o quanto daquilo era recíproco e não queria se machucar novamente.

Nem mesmo tinha noção do quanto tudo aquilo havia a machucado, afinal nunca conseguiu pensar muito sobre o assunto porque passou mais tempo evitando pensar no nome de Draco do que realmente lidando com a dor.

Ela nunca entendeu por que Draco ter ido embora a machucou tanto. É claro que foi também pelo óbvio fato de que ela estava apaixonada por ele e ele simplesmente a deixou sem dar a mínima desculpa, mas havia algo mais. Os meses em que eles ficaram juntos se conhecendo e temendo um pelo outro quando enfrentavam perigos por causa dos seguidores de Voldemort, fez com que Hermione criasse uma certa dependência de Draco e vice-versa. Ela contava que ele estaria ali para ela depois de um momento em que eles quase morriam ou quando ela acordava no meio da noite com pesadelos da tortura de Bellatrix.

A questão é que uma guerra muda quem você é. Tira pedaços da sua alma, pedaços da sua formação. Você não volta a ser quem era depois de uma guerra. Quando toda aquela destruição terminou, Hermione se viu totalmente perdida. Seu físico e principalmente o psicológico ficaram totalmente abalados diante de todas as mortes e de todo o caos. Ela não era mais a melhor amiga do Menino Que Sobreviveu, não tinha mais a pressão de um mundo em colapso sobre suas costas, não tinha mais que apenas sobreviver sem pensar muito adiante por que tudo ao redor era perigoso... Até se livrar de todas as trevas com as quais ela conviveu desde a infância foi uma mudança que a marcou, algo que a deixou totalmente fora de si.

Presenciar todas as mudanças ao seu redor e tentar se encontrar novamente naquele mundo em que ela havia perdido tanto foi algo desafiador. Depois de um tempo Hermione retornou ao passo que a Hermione de onze anos pensava que ela estaria vivendo naquele momento – ajudando a reescrever leis de um mundo mais justo, começando a trabalhar em um cargo público, saindo da casa dos pais, vivendo momentos bons com os amigos. Quase roboticamente ela voltou ao plano que sempre havia arquitetado para sua vida.

E em toda essa busca por si mesma, essa tentativa de se encontrar depois de tudo que ela havia deixado para trás durante a guerra, em todos esses momentos Hermione esteve sozinha. Tinha os pais e os amigos e a ajuda incondicional deles, mas não tinha Draco. Ele não esteve ali por ela quando ela estava tentando descobrir quem era, quando ela estava enfrentando os traumas de uma guerra.

Talvez essa fosse uma grande parte que Hermione ainda não conseguia perdoar Draco por ter ido embora. Ele não esteve ali por ela quando ela esteve mais perdida.

Hermione tinha até mesmo dúvidas se já havia se encontrado.

Apesar disso, não conseguia tirar as lembranças e sensações de minutos antes da sua cabeça. Ao mesmo tempo não conseguia deixar de pensar no que tudo aquilo significava, se era apenas momentâneo, se ela teria que guardar o nome Draco Malfoy e os sentimentos que o envolvia em algum lugar raramente visitado novamente.

Queria saber o que ele sentia, queria saber se era algo do agora e se ele iria embora sem mais nem menos outra vez. Será que ela poderia simplesmente perguntar? Mas para perguntar teria que trazer um contexto e não queria que Draco soubesse o quanto ela se sentiu acabada depois que ele a deixou.

Era tudo simplesmente e absurdamente confuso.

E ela não gostava de nada confuso, não gostava de coisas que não podia solucionar e Draco era uma dessas coisas.

Na verdade, em uma perspectiva total, sua vida amorosa é particularmente confusa. É só olhar para Joe... Joe. Não pensava nele há dias. Provavelmente já havia passado da meia-noite, então já era quarta, o dia em que eles sempre se encontravam. Daqui a algumas horas, Joe estaria sentado sozinho no quarto de hotel barato em que eles sempre se viam, esperando ansioso por Hermione, provavelmente com a curiosidade jornalística aguçada querendo saber por que ela havia se demitido. Ele esperaria por ela alguns minutos e depois precisaria ir embora por causa do horário. Será que ficaria confuso por ela não ter aparecido? Ficaria triste?

Joe também era uma parte confusa da sua vida, mas ela conseguia solucionar isso – era confuso porque era totalmente errado. Ela era uma amante e por mais que Joe dissesse que a amava ela nunca deixaria de ser a amante dele, a mulher que estava destruindo o casamento de Joe mesmo que a esposa dele não tivesse ideia. Isso não era nada parecido com Hermione Granger, mas ela não conseguia explicar como havia se deixado levar até estar no meio daquela infidelidade.

Já Draco... Para Hermione ele não tinha solução. Eles não tinham solução.

Aparentemente sua vida amorosa era a única coisa que Hermione não conseguia resolver.

 

 

Hermione passou o dia todo sem ver Draco.

Não dormiu muito durante a noite se lembrando do beijo deles e tentando trazer alguma lógica teimosa para tudo aquilo e falhando repetidas vezes. Por volta das oito horas, depois de duas horas de sono, Hermione ouviu os passos apressados de Draco descendo a escada, indo para o seu dia incrivelmente atarefado depois do roubo.

Depois disso, passou o dia todo comendo – ela exagerava nas refeições quando estava ansiosa – e no porão analisando os dados e medidas da poção anterior que havia dado o mínimo resultado. Não conseguia fazer muito mais sem Draco ali para testarem, então acabou passando o resto da tarde perambulando pela casa até finalmente se aquietar na sala de estar, em uma das poltronas que ficava simetricamente perto da lareira e das estantes repletas de livros.

Uma pilha cada vez maior de livros se acumulava sobre o tapete ao lado dos pés dela e então por volta do horário em que o sol se pôs já havia mais de cinco livros que ela já havia finalizado totalmente a leitura. Eram livros clássicos da literatura britânica, alguns apenas sobre a história da formação da magia e do mundo bruxo, mas, no geral, eram bem interessantes e Hermione estava bem entretida.

Estava focada na leitura quando o barulho do crepitar da outra lareira, a que ficava no lado oposto da sala, chamou sua atenção. Hermione se ajeitou na poltrona para conseguir olhar para trás e se deparou com Draco saindo de dentro da lareira e tirando o pó do terno depois de ter usado a rede de flu.

Quando ele levantou os olhos e eles se encararam uma tensão palpável caiu sobre a sala. Nenhum dos dois parecia saber como agir ou o que falar. Não depois de vários beijos e de um quase sexo depois de seis anos – claramente nenhum dos dois sabia o que aquilo significava, não sabia como deveriam agir agora.

O silêncio durou tempo demais e então Draco pigarreou e desviou o olhar.

— Theodore vai vir aqui em alguns minutos. Ele descobriu algo no Ministério. – ele disse, começando a tirar o blazer.

— Tudo bem. Fiz algumas poções que gostaria de testar quando você tiver um tempo livre.

Draco pareceu confuso por um instante, mas então assentiu, cansado.

— Ah. Certo. Podemos fazer isso mais tarde.

Dito isso, Draco jogou o blazer no sofá e saiu da sala.

Hermione voltou os olhos para o livro no seu colo, mas sabia que sua concentração já havia ido embora devido a mínima presença de Draco, então ela apenas ficou de pé e colocou todos os livros já lidos no lugar em que eles estavam na estante anteriormente.

Quando terminou de organizar os livros, Draco já havia voltado para a sala e agora enchia um copo com whisky – Hermione notou que ver Draco beber havia se tornado uma cena rotineira para ela naquele atual momento e notou que não gostava disso.

Ele se sentou no sofá e Hermione ficou de pé encostada no batente de uma das portas que dava para o jardim de trás da casa – a porta estava aberta e um vento já um pouco gélido passava por ela enquanto Hermione ficava parada ali, mas ela não se moveu. Já achava que estava perto demais de Draco mesmo que estivessem há mais de dez passos de distância.

O silêncio começava a se tornar quase torturante quando a lareira reacendeu em um fogo esverdeado e Theodore Nott saiu de dentro dela usando um sobretudo bege e calças escuras – não estava frio para aquela quantidade de roupas, foi o que Hermione pensou. Ele passou a mão pelo cabelo castanho para tirar o pó de flu acumulado ali e então, com um suspiro, ajeitou a postura e olhou para Draco.

— Eu odeio viajar de flu. – Nott disse e então notou Hermione do outro lado da sala e deu um sorriso um tanto quanto irônico – Hermione Granger. Como vai?

— Bem, obrigada. – Hermione disse, mais seca do que pretendia; não estava no seu melhor humor.

Nott arqueou as sobrancelhas aparentemente surpreso com a rispidez dela e então pulou os olhos para Draco no sofá bebendo o copo de whisky como se bebesse água. Ele ficou alguns segundos somente pulando os olhos de um para o outro até o momento em que um sorriso divertido e sarcástico se formou no seu rosto fino, aparentemente chegando a alguma conclusão.

— Quer ir direto ao ponto, Nott? – Draco falou, impaciente.

Theodore deu uma risada fraca.

— Posso cortar a tensão aqui com uma faca... – ele disse, se divertindo.

Hermione sentiu as bochechas ruborizarem e olhou para o jardim do lado de fora, as árvores balançando com o vento, ignorando a fala de Theodore.

— Direto. Ao. Ponto. – Draco sibilou.

— Por Merlin, tudo bem! – Theodore falou, com um sorriso bem largo no rosto – Granger, acho que vai querer se aproximar para ver isso.

Hermione se aproximou devagar e ficou parada atrás do sofá onde Draco estava, com os braços cruzados e os olhos em Theodore Nott, esperando que aquilo acabasse o mais rápido possível, porque a tensão realmente estava crescente.

— Como foi pedido, mantive os olhos no Ministério e usei de alguns contatos que me deviam alguns favores para descobrir quem era o mais novo contratado que estava como responsável pela vigilância da correspondência dos Comensais. – Nott começou e então tirou uma fotografia de dentro do bolso interno do sobretudo e a colocou sobre a mesa de centro – Conhecem?

Hermione se inclinou o suficiente para ver a fotografia – um homem de rosto largo quadrado e maxilar definido, lábios carnudos e olhos pequenos e com o cabelo claro raspado estava apenas olhando para frente e piscando, nenhuma ação exagerada.

— Não sei quem é. – Hermione disse e ela realmente nunca havia visto aquele homem.

— Também não. – Draco falou e se levantou para encher o copo.

Os olhos de Hermione e de Theodore o acompanharam e Hermione deu um suspirou frustrado, porém audível; Draco notou e a encarou fixamente, parecendo com raiva.

— Quer me dizer alguma coisa, Hermione? – ele perguntou, enchendo o copo ainda mais do que da última vez. – Agora você quer falar alguma coisa?

Hermione não gostou da provocação infantil e não queria responder na mesma moeda, então apenas revirou os olhos.

— Foi o que pensei. – Draco disse e voltou a se sentar.

Theodore pulou os olhos entre eles mais uma vez, parecendo confuso e ao mesmo tempo parecendo se divertir, então pigarreou e falou:

— Bom, eu também não sabia quem era. Precisei fazer algumas pesquisas, porque claramente o nome Todd Brusket não é o nome desse cara. Simplesmente não combina, entende? Mas esse é o nome que ele usa no Ministério e aparentemente ele é dos Estados Unidos, mas não comprei essa história. Fui procurar saber mais e vocês não acreditam quem ele é.

— Sem mistério, Theodore. – Draco disse, irritado.

— Ei, só porque você está de mau humor não venha descontar em cima de mim! É o meu jeito de contar histórias.

Draco revirou os olhos e Nott deu de ombros.

— Enfim, procurei nos arquivos de Voldemort, alguns papéis que estão na biblioteca na minha casa. – ele continuou – Com isso, acredito que eu saiba quem ele é. – Nott pegou a foto do homem e a segurou ao lado do corpo – Apresento-lhes Abraham Carrow.

— Carrow? – Hermione perguntou, surpresa – Como em Aleto e Amico Carrow?

— Exato. Mais precisamente Amico Carrow. Esse é o filho dele. Um filho secreto, diga-se de passagem, na época da guerra ele tinha apenas treze anos e morava nos Estados Unidos com a mãe. Aparentemente é fruto de um caso de uma noite só. Se mudou para Londres há poucos mais de dois meses com esse nome Todd, que é ridículo, mas acredito que isso eu não precisava esclarecer. Acredito que ele sabia que entrar em Londres com o sobrenome Carrow não era uma boa ideia, então acho que o seu antigo pai disse muitas coisas sobre o lado das trevas para ele e provavelmente o garoto é só mais um iludido com o poder. Enfim, ele era um zé ninguém até semanas atrás, quando apareceu com esse trabalho no Ministério.

— Margareth e Davies devem ter o colocado lá. Com certeza tem o dedo deles nisso. – Hermione disse e Nott assentiu.

— Como sabemos que ele é realmente um Carrow? – Draco perguntou.

— Bom, primeiramente, ele é horrível, isso já é prova suficiente. – Theodore riu da própria brincadeira, mas nem Draco e nem Hermione seguiram com o humor – Mas também pelos arquivos de Voldemort. É um dos poucos arquivos que tem na minha casa e é bem pequeno. São apenas sobre os filhos de Comensais que Voldemort procurou descobrir para tentar transformá-los em mais Comensais, mas a grande maioria na época era bem nova. Acredito que meu pai quem descobriu isso para o Lorde e por isso os arquivos estavam na minha casa. Além disso, esse Abraham, filho do Carrow, não mudou o nome da mãe dele quando criou sua identidade falsa. Acho que a burrice ele também puxou do pai.

Um silêncio caiu sobre a sala enquanto Draco e Hermione assimilavam a nova informação.

Um Carrow. Um Carrow que ninguém tinha ideia de que existia, mas que agora esses Comensais que estavam tentando trazer a Marca de volta já tinham seus dedos sobre o garoto, mostrando que não estavam tão atrás assim nas informações – o que definitivamente é preocupante.

— Então esse garoto está do lado deles e por isso o Ministério não está sendo notificado das cartas dos Comensais. – Draco disse – Uma jogada bem feita.

— Com certeza. E o que vamos fazer com isso? – Nott perguntou.

— Eu tenho uma ideia. – Hermione disse e os olhos dos dois homens se fixaram nela; ela evitou encarar Draco – Nott, você precisa ir constantemente ao Ministério. Acha que consegue uma boa desculpa para uma reunião com os aurores?

— Com Weasley e Potter, você diz? – Theodore falou e Hermione assentiu – Acho que sim.

— Leve esse arquivo até eles e entregue junto com outros documentos para não levantar suspeitas. Eles vão entender que você está do meu lado e vão saber que esse garoto, o Carrow desconhecido, está impedindo a visibilidade das cartas dos Comensais, está privando o Ministério de informações perigosas. Com sorte eles vão conseguir levar isso ao Kingsley e ele vai demiti-lo e vai abrir os olhos sobre essa manipulação de informações. Começaremos a criar uma proteção no Ministério também.

Theodore olhou para Draco, que apenas assentiu, concordando.

— Certo. – Nott disse e guardou a foto no bolso interno do sobretudo – Vou falar com Potter e...

— Na verdade, Harry ainda está de licença. Mas fale com Rony, ele vai saber o que fazer.

Theodore assentiu e parecia pronto para ir, mas então ele abriu um sorriso debochado olhando para Hermione e para Draco.

— Posso fazer uma pergunta? – ele falou – Sobre isso? Essa tensão na sala?

— Não, não pode. – Draco ficou de pé e apontou para a lareira – A saída é por aqui. Obrigada, Nott.

Theodore riu, cumprimentou Hermione e entrou na lareira, segundos depois sendo consumido pela chama verde.

Os dois ficaram sozinhos novamente. A tensão parecia aumentar e o silêncio era quase sufocante. Draco não voltou a olhar para ela, apenas se sentou novamente, com o olhar longe e a expressão cansada, o copo na mão cada minuto mais vazio.

— Acha que vai estar em casa amanhã para testarmos as poções que fiz? – Hermione perguntou, pois realmente precisava falar ou então eles não avançariam no caso.

— Sim. Fiz tudo o que eu precisava fazer hoje.

— Certo. Eu vou subir.

— Boa noite.

— Boa noite.

Ela passou por ele e quando chegou no hall de entrada da casa parou alguns instantes.

Pensou em voltar.

Mas subiu as escadas para o quarto.

No meio da noite, Hermione acordou. Alguém gritava.


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Notas finais do capítulo

não me matem! haha
sei que tava todo mundo esperando que as coisas esquentassem e espero que eu não tenha frustrado ninguém :(

bom, gente, uma das coisas que me deu ideia para essa fanfic e motivo para escrevê-la foi trazer uma complexidade para os personagens, algumas cicatrizes de guerra mesmo, sabe? e quero muito explorar isso dos dois lados, as inseguranças e incertezas.
espero que não fiquem com raiva! haha


e posse ser sincera: uma parte de mim adora o Nott! haha

espero que tenham gostado!

até mais :)



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