Quando os Lobos Cantam escrita por Ladylake


Capítulo 6
O Sol, a Lua e a Verdade


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo. Espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786731/chapter/6

Flashback

 

—Soren! Volta aqui!

 

Mas Soren fazia-se de surdo. Ele queria mostrar á sua companheira o quão valente e corajoso ele era para um rapaz de 16 anos. Diante deles, estava a gruta do grande Byorn, o urso Grizzly da montanha.

Nour, com os seus recentes 15 anos, não estava nada á vontade com a ideia maluca e perigosa de entrar na gruta. Soren ás vezes consegue ser muito teimoso e mete-se em problemas desnecessários.

—Soren por favor! Isto não é nada boa ideia! – diz Nour, mas ele já está á entrada, prontinho para entrar.

—Anda dai! Ele provavelmente nem está aqui. Deve de estar á procura de comida para o inverno ou algo do género.

O jovem lobo cinzento penetra um pouco mais dentro da gruta, mas Nour ganha coragem e morde-o pela cauda, impedindo-o que continue.

—Vamos para casa, por favor... -ela pede_ eu não quero que te aconteça nada de mal.

Soren, com o seu olhar humano, aproxima-se de Nour com um sorriso malandro no rosto. Ela cora imediatamente.

—Admite, estás caidinha por mim... - brinca ele.

—N-Não, nada disso... só não quero que te magoes. O teu pai vai-me roer as orelhas se alguma coisa te acontecer -de braços cruzados, ela desvia o ar.

—Estás mesmo... - ele mantém o sorriso safado_ não te preocupes, não me vai acontecer nada.

Ele beija-a na bochecha com força e Nour fica perplexa á entrada da gruta. De olhos arregalados, ela acaricia o seu rosto onde os lábios dele tocaram. Ela sorri, completamente apaixonada e derretida.

 

Flashback Off

 

(...3 meses depois...)

 

 

Uma lágrima cai sobre uma flor regando-a de dor e tristeza. É primavera, mas Nour ainda sente o frio nos ossos do inverno horrível que passara.

Sentada á beira de um precipício, ela olha para o que ainda reconhece: O rio que nunca para de correr, as montanhas sempre com neve no pico e as árvores que mudam de tom a cada estação do ano. Isso nunca muda.

Passos atrás dela surgem, mas ela não se mexe.

—Hey – Aslam chama-a. Nour olha para ele por cima do ombro_ Luckyan está á tua procura.

—Diz-lhe que já vou...

Aslam fica a encará-la durantes uns segundos antes de se aproximar e sentar-se ao lado dela. Ela olha para ele surpreendida.

—A pensar na tua família? – pergunta olhando para o horizonte.

—Está uma bela tarde de início de primavera não achas? – rebate Nour. Aslam ri.

—Não queres falar sobre isso, não é? – pergunta.

—Nem por isso – responde ela sem o encarar.

Os dois ficam a olhar para a paisagem durante uns bons segundos, até que Aslam decide falar novamente:

—Eu também sinto falta da minha família sabes....

Nour olha para ele, mas desvia o olhar de seguida. Aslam decide continuar.

—Mas agora a minha família são eles, e felizmente que os encontrei -ele faz uma pausa_ se não fosse o Luckyan e a Saaya eu não estaria aqui. Devo-lhes muito, e ao Bear também.

Quem ri desta vez é Nour.

—Tu não gostas de mim, porque é que me estás a contar isso? -pergunta sarcástica_ é por isso que me odeias? Eu nunca te salvei o couro então tu achas que tens o direito de me espezinhar como se fosse um coelho, é isso?

—Praticamente. Continuo a achar que és um intruso e que nos vais levar á morte – ele ri_ queres o meu respeito? Queres o meu reconhecimento? Ganha-o.

Aslam levanta-se e vai-se embora, deixando Nour com um olhar de guerra e o maxilar cerrado. "É altura de mostrar o que valho".

 

 

****

 

 

—Mandaste chamar? -pergunta Nour assim que entra no quarto. Engraçado como Luckyan realmente construiu um quarto adaptado dentro de uma zona da gruta. É como uma caverna dentro de uma gruta.

—Sim mandei – ele responde levantando-se da cama_ vais começar o treino hoje comigo.

Nour levanta uma sobrancelha e cruza os braços.

—Treino? -ela olha em volta_ que treino...?

—Eu quero que aprendas a lutar. Se a altura chegar, quero que lutes pela nossa alcateia como membro dela – ele responde_ e eu vou-te ensinar.

Nour começa a rir. Luckyan não entende.

—Eu não sei que ilusão é que eu te dei, mas eu não vou ficar aqui Luckyan -retorque ela_ quando eu estiver a 100% física e mentalmente, eu vou voltar para a Vila e encontrar a minha família e os meus amigos.

—Família e amigos que já não estão lá... -Luckyan sussurra com calma. Os olhos de Nour começam a brilhar por causa das lágrimas. _ Eles estão mortos Nour. E se estás a pensar em matar o Raphael, esquece. Isso é suicídio.

—Estás a falar do velho com a besta? Acho que lhe cravava os dentes em 3 tempos – ela ri, mas o alfa não acha piada nenhuma.

—Estás doida?! – ele agarra-a pelo braço_ Nem te atrevas a pensar numa coisa dessas! Achas mesmo que consegues matar uma organização treinada inteira sozinha?! Vais vale atiraste-te do precipício abaixo!

—Sozinha não, mas com a vossa ajuda sim! Eu sei que ainda há alguém vivo! Tem que haver! Muitos deles fugiram! Eu só tenho que encontrá-los.

—Ai sim? Sabes o que é que vais encontrar? Nada...tu vais encontrar nada! Uma cidade fantasma em ruínas e com sangue entranhado ainda no chão e nas paredes. É isso que queres? -Luckyan grita.

—Pelo menos eu saberei a verdade... -ela sussurra_ em vez de ficar aqui sem saber realmente o que lhes aconteceu...

Nour vira-lhe as costas, decidia que aquela conversa terminara ali, mas Luckyan pega-lhe pela cintura e encosta-a a ele. Nour fica sem reação.

—O que raio é que pensas que estás a fazer...? – pergunta, mas Luckyan não lhe responde.

O alfa segura-lhe o rosto com as duas mãos. Elas estão quentes e macias. O polegar acaricia levemente as bochechas dela. Em algumas zonas ainda se vê as tênues queimaduras.

—Não faças nada estúpido...por favor... -sussurra ele a centímetros dos lábios dela.

—Luckyan, o Bear precisa de....

Saaya entra no quarto sem permissão e arregala os olhos assim que vê Luckyan e Nour bastante próximos. Os dois imediatamente se afastam e Saaya sai disparada.

—Foda-se... -sussurra Luckyan.

Depois de lhe dar um soco no braço, Nour corre atrás de Saaya. Ela olha em volta da gruta á procura da loba castanha escura, mas não há sinal dela.

—Bear, viste a Saaya? -pergunta ela ao encontrá-lo de volta do almoço. Bear aponta com as mãos para a saída da gruta.

—Ela estava furiosa hihi – Aslam aparece com lenha nos braços_ deixa-me adivinhar, o Luckyan estava prestes a beijar-te e ela entrou e viu...

Nour assente. Aslam não esconde o riso.

—Qual é a piada? – pergunta ela.

—Eu não iria atrás dela. Ela vai-te arrancar-te as orelhas e comê-las como petisco – avisa ele.

—Vale a pena o risco.

Nour corre á procura de Saaya. Os sentidos apurados dela e os anos de experiência de caça com Voughan vão ser essenciais nos próximos minutos.

Ela cheira o ar, depois o chão. As pegadas no chão de terra também ajudam.

A loba preta percorre o bosque á velocidade da luz atrás de Saaya. Ela não consegue explicar, mas há algo dentro dela que quer ir atrás da loba castanha.

Nour trava e fareja novamente para verificar se ainda está no caminho certo. Ela está, mas há um terceiro cheiro. Oh não...

Saaya está em perigo. Uma terceira pessoa está a segui-la e não é um Loup Garou. Ela está a ser seguida por um humano.

Nour apressa-se a encontrá-la.

Saaya está a matar a sede no riacho e está de costas voltadas para o perigo. No meio dos arbustos, uma arma está apontada a parte dianteira dela, á espera que Saaya se vire de novo para disparar.

Nour encontra-a e rapidamente e apercebe-se do atirador escondido atrás do arvoredo.

 

—Saaya!!

 

A loba preta ataca-o, com os caninos aguçados prontinhos em direção ao pescoço, embora coberto com uma farda. Mas a arma disparou antes que Nour chegasse até ele...

Na gruta, toda a gente ouviu o tiro. Pássaros levantam voo, voando para outra zona. Aslam lança um olhar de pânico a Bear e Luckyan sai imediatamente do seu quarto. Os 3 rapazes saem em pavor em direção onde pensam ter sido o disparo, quase atropelando-se uns aos outros.

De volta ao riacho, Nour tenta rasgar a farda preta do atirador enquanto que ele se esforça para a manter afastada com os braços.

Ela abocanha-o com força, cega de raiva e desesperada para chegar á garganta ao mesmo tempo que ele grita e grunhe já cansado e com medo.

Nour mata-o, depois de uns bons minutos de luta. Quando os rapazes chegam, ela ainda segura o homem morto pelo pescoço. Ela rosna imediatamente para Luckyan, Aslam e Bear assim que os vê.

—Rapazes para trás – ordena Luckyan_ Não é ela...

Aslam olha para Luckyan e volta a olhar para Nour ainda com a sua presa na boca. Eles acabam por ir ajudar Saaya, que está agarrada á lombar no chão.

—Estás bem? – pergunta Aslam segurando-a. Bear também está bastante aflito.

—Eu estou bem. Acertou só de raspão...graças a ela.

Os três olham para Luckyan, agachado á frente de Nour submisso, tentando acalmar a fera que ela tinha guardada dentro dela.

—Nour... consegues ouvir-me? – pergunta o alfa. Ela não responde. O seu lado humano e racional está mergulhado nas profundezas do lobo selvagem e perigoso neste momento.

Luckyan presta atenção aos olhos dela. As pupilas quase inexistentes no meio de tanto vermelho incandescente alertam-no.

—Nour! 3 coisas que não se conseguem manter escondidas durante muito tempo: O sol, a lua, a verdade. Repete!

Luckyan aproxima-se demais e ela morde-o na mão instantaneamente.

—Luckyan! Deixa-a! Ela nunca deve de ter passado por uma lua cheia! – grita Saaya.

—Não a podemos deixar aqui á solta! Ela vai tentar matar tudo o que se mexer! – grita ele.

Ele vira-se de novo para a loba preta. De dentes arreganhados e a escorrer sangue, ela mostra-se bastante letal agora.

—O sol, a lua, a verdade... por favor repete mentalmente – ele implora_ o sol, a lua, a verdade...o sol, a lua, a verdade...

 

P.O.V. Nour

 

O sol, a lua, a verdade...o sol, a lua, a verdade...o sol, a lua, a verdade...

 

P.O.V. Off

 

—Nour por favor! O sol, a lua, a verdade... - ele continua_ o sol...

—A lua...a verdade... - Nour finaliza. O lobo preto esfuma-se no ar e a forma humana aparece novamente por baixo do fumo negro. Ela está a suar e ofegante.

—Pelas presas de Fenrir! Eu achava que tínhamos que te levar á força -brinca Aslam.

Luckyan solta um suspiro de alívio.

 

****

 

Com as noites de primavera, chegaram também as suas tempestades noturnas. Os trovões ecoavam intensamente e a chuva não iria deixar dormir ninguém de tão alta e forte que estava.

Estavam todos a dormir. Ou quase todos.

Luckyan girava e girava na cama, mas não pregava olho de maneira nenhuma. O Alfa levanta-se e abre a porta do seu quarto para verificar como a loba preta se está a aguentar lá fora.

Á chuva e acorrentada aos anéis de metal no chão, ela está aqui e não está.

Ele aproxima-se com cuidado. Se ela estiver no mesmo estado de á umas horas atrás, ele vai ter que ser prudente.

Nour está ás voltas, em pânico e com medo como um animal enjaulado. Ela tenta a todo o custo livrar-se das correntes, puxando as patas dianteiras e o pescoço. A morena de olhos verdes, vermelhos vivos neste momento, rosna e saliva ameaça assim que vê Luckyan especado a olhar para ela.

—Eu sei que me odeias agora..., mas é para o teu bem... eu preciso de ver do que és capaz.

Um relâmpago trás um pouco de luz e por milésimos de segundo, Luckyan vê um líquido escuro a escorrer-lhe dos dentes. Não é saliva, é sangue.

 

—Ela vai comer-se a ela própria se for preciso até sair dai...e tu sabes bem disso...

 

Luckyan olha por cima do ombro e vê Saaya. A loba castanha escura aproxima-se do seu alfa e faz uma cara de desdenho assim que vê o estado de Nour.

—Nós temos que ajudá-la – diz Luckyan. Saaya ri.

—" Nós"?! Tu é que trouxeste uma estranha para o nosso grupo! -ambos olham para Nour a roer com violência os anéis de ferro_ sinceramente Luckyan...o que te deu para trazeres a irmã do Nanuk para aqui...? Devias de tê-la deixado morrer...

Luckyan cerra os maxilares, visivelmente zangado com o que a sua beta acaba de dizer.

—Eu não sabia que era ela. Só horas depois é que me apercebi quem realmente tinha resgatado! Como querias que soubesse?!

Os dois fazem silêncio por uns segundos.

—Ela sabe? – pergunta Saaya. Luckyan nega com a cabeça.

—É melhor assim. Essa notícia pode desencadear algo sem controlo. Viste como ela ficou quando matou o atirador? Podia matar um de nós sem dó nem piedade.

—Pensei que era isso que querias – diz Saaya_ criar uma assassina.

— E quero – responde o Alfa_ mas quero ter controlo sobre ela. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nour é irmã de Nanuk?! As coisas vão ficar interessantes!

Até ao próximo capitulo e NÃO SE ESQUEÇAM DE DAR UM OI AI PELO AMOR DE DEUS



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando os Lobos Cantam" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.