Quando os Lobos Cantam escrita por Ladylake
Notas iniciais do capítulo
Mais um capitulo. Espero que gostem ♥
Flashback
—Soren! Volta aqui!
Mas Soren fazia-se de surdo. Ele queria mostrar á sua companheira o quão valente e corajoso ele era para um rapaz de 16 anos. Diante deles, estava a gruta do grande Byorn, o urso Grizzly da montanha.
Nour, com os seus recentes 15 anos, não estava nada á vontade com a ideia maluca e perigosa de entrar na gruta. Soren ás vezes consegue ser muito teimoso e mete-se em problemas desnecessários.
—Soren por favor! Isto não é nada boa ideia! – diz Nour, mas ele já está á entrada, prontinho para entrar.
—Anda dai! Ele provavelmente nem está aqui. Deve de estar á procura de comida para o inverno ou algo do género.
O jovem lobo cinzento penetra um pouco mais dentro da gruta, mas Nour ganha coragem e morde-o pela cauda, impedindo-o que continue.
—Vamos para casa, por favor... -ela pede_ eu não quero que te aconteça nada de mal.
Soren, com o seu olhar humano, aproxima-se de Nour com um sorriso malandro no rosto. Ela cora imediatamente.
—Admite, estás caidinha por mim... - brinca ele.
—N-Não, nada disso... só não quero que te magoes. O teu pai vai-me roer as orelhas se alguma coisa te acontecer -de braços cruzados, ela desvia o ar.
—Estás mesmo... - ele mantém o sorriso safado_ não te preocupes, não me vai acontecer nada.
Ele beija-a na bochecha com força e Nour fica perplexa á entrada da gruta. De olhos arregalados, ela acaricia o seu rosto onde os lábios dele tocaram. Ela sorri, completamente apaixonada e derretida.
Flashback Off
(...3 meses depois...)
Uma lágrima cai sobre uma flor regando-a de dor e tristeza. É primavera, mas Nour ainda sente o frio nos ossos do inverno horrível que passara.
Sentada á beira de um precipício, ela olha para o que ainda reconhece: O rio que nunca para de correr, as montanhas sempre com neve no pico e as árvores que mudam de tom a cada estação do ano. Isso nunca muda.
Passos atrás dela surgem, mas ela não se mexe.
—Hey – Aslam chama-a. Nour olha para ele por cima do ombro_ Luckyan está á tua procura.
—Diz-lhe que já vou...
Aslam fica a encará-la durantes uns segundos antes de se aproximar e sentar-se ao lado dela. Ela olha para ele surpreendida.
—A pensar na tua família? – pergunta olhando para o horizonte.
—Está uma bela tarde de início de primavera não achas? – rebate Nour. Aslam ri.
—Não queres falar sobre isso, não é? – pergunta.
—Nem por isso – responde ela sem o encarar.
Os dois ficam a olhar para a paisagem durante uns bons segundos, até que Aslam decide falar novamente:
—Eu também sinto falta da minha família sabes....
Nour olha para ele, mas desvia o olhar de seguida. Aslam decide continuar.
—Mas agora a minha família são eles, e felizmente que os encontrei -ele faz uma pausa_ se não fosse o Luckyan e a Saaya eu não estaria aqui. Devo-lhes muito, e ao Bear também.
Quem ri desta vez é Nour.
—Tu não gostas de mim, porque é que me estás a contar isso? -pergunta sarcástica_ é por isso que me odeias? Eu nunca te salvei o couro então tu achas que tens o direito de me espezinhar como se fosse um coelho, é isso?
—Praticamente. Continuo a achar que és um intruso e que nos vais levar á morte – ele ri_ queres o meu respeito? Queres o meu reconhecimento? Ganha-o.
Aslam levanta-se e vai-se embora, deixando Nour com um olhar de guerra e o maxilar cerrado. "É altura de mostrar o que valho".
****
—Mandaste chamar? -pergunta Nour assim que entra no quarto. Engraçado como Luckyan realmente construiu um quarto adaptado dentro de uma zona da gruta. É como uma caverna dentro de uma gruta.
—Sim mandei – ele responde levantando-se da cama_ vais começar o treino hoje comigo.
Nour levanta uma sobrancelha e cruza os braços.
—Treino? -ela olha em volta_ que treino...?
—Eu quero que aprendas a lutar. Se a altura chegar, quero que lutes pela nossa alcateia como membro dela – ele responde_ e eu vou-te ensinar.
Nour começa a rir. Luckyan não entende.
—Eu não sei que ilusão é que eu te dei, mas eu não vou ficar aqui Luckyan -retorque ela_ quando eu estiver a 100% física e mentalmente, eu vou voltar para a Vila e encontrar a minha família e os meus amigos.
—Família e amigos que já não estão lá... -Luckyan sussurra com calma. Os olhos de Nour começam a brilhar por causa das lágrimas. _ Eles estão mortos Nour. E se estás a pensar em matar o Raphael, esquece. Isso é suicídio.
—Estás a falar do velho com a besta? Acho que lhe cravava os dentes em 3 tempos – ela ri, mas o alfa não acha piada nenhuma.
—Estás doida?! – ele agarra-a pelo braço_ Nem te atrevas a pensar numa coisa dessas! Achas mesmo que consegues matar uma organização treinada inteira sozinha?! Vais vale atiraste-te do precipício abaixo!
—Sozinha não, mas com a vossa ajuda sim! Eu sei que ainda há alguém vivo! Tem que haver! Muitos deles fugiram! Eu só tenho que encontrá-los.
—Ai sim? Sabes o que é que vais encontrar? Nada...tu vais encontrar nada! Uma cidade fantasma em ruínas e com sangue entranhado ainda no chão e nas paredes. É isso que queres? -Luckyan grita.
—Pelo menos eu saberei a verdade... -ela sussurra_ em vez de ficar aqui sem saber realmente o que lhes aconteceu...
Nour vira-lhe as costas, decidia que aquela conversa terminara ali, mas Luckyan pega-lhe pela cintura e encosta-a a ele. Nour fica sem reação.
—O que raio é que pensas que estás a fazer...? – pergunta, mas Luckyan não lhe responde.
O alfa segura-lhe o rosto com as duas mãos. Elas estão quentes e macias. O polegar acaricia levemente as bochechas dela. Em algumas zonas ainda se vê as tênues queimaduras.
—Não faças nada estúpido...por favor... -sussurra ele a centímetros dos lábios dela.
—Luckyan, o Bear precisa de....
Saaya entra no quarto sem permissão e arregala os olhos assim que vê Luckyan e Nour bastante próximos. Os dois imediatamente se afastam e Saaya sai disparada.
—Foda-se... -sussurra Luckyan.
Depois de lhe dar um soco no braço, Nour corre atrás de Saaya. Ela olha em volta da gruta á procura da loba castanha escura, mas não há sinal dela.
—Bear, viste a Saaya? -pergunta ela ao encontrá-lo de volta do almoço. Bear aponta com as mãos para a saída da gruta.
—Ela estava furiosa hihi – Aslam aparece com lenha nos braços_ deixa-me adivinhar, o Luckyan estava prestes a beijar-te e ela entrou e viu...
Nour assente. Aslam não esconde o riso.
—Qual é a piada? – pergunta ela.
—Eu não iria atrás dela. Ela vai-te arrancar-te as orelhas e comê-las como petisco – avisa ele.
—Vale a pena o risco.
Nour corre á procura de Saaya. Os sentidos apurados dela e os anos de experiência de caça com Voughan vão ser essenciais nos próximos minutos.
Ela cheira o ar, depois o chão. As pegadas no chão de terra também ajudam.
A loba preta percorre o bosque á velocidade da luz atrás de Saaya. Ela não consegue explicar, mas há algo dentro dela que quer ir atrás da loba castanha.
Nour trava e fareja novamente para verificar se ainda está no caminho certo. Ela está, mas há um terceiro cheiro. Oh não...
Saaya está em perigo. Uma terceira pessoa está a segui-la e não é um Loup Garou. Ela está a ser seguida por um humano.
Nour apressa-se a encontrá-la.
Saaya está a matar a sede no riacho e está de costas voltadas para o perigo. No meio dos arbustos, uma arma está apontada a parte dianteira dela, á espera que Saaya se vire de novo para disparar.
Nour encontra-a e rapidamente e apercebe-se do atirador escondido atrás do arvoredo.
—Saaya!!
A loba preta ataca-o, com os caninos aguçados prontinhos em direção ao pescoço, embora coberto com uma farda. Mas a arma disparou antes que Nour chegasse até ele...
Na gruta, toda a gente ouviu o tiro. Pássaros levantam voo, voando para outra zona. Aslam lança um olhar de pânico a Bear e Luckyan sai imediatamente do seu quarto. Os 3 rapazes saem em pavor em direção onde pensam ter sido o disparo, quase atropelando-se uns aos outros.
De volta ao riacho, Nour tenta rasgar a farda preta do atirador enquanto que ele se esforça para a manter afastada com os braços.
Ela abocanha-o com força, cega de raiva e desesperada para chegar á garganta ao mesmo tempo que ele grita e grunhe já cansado e com medo.
Nour mata-o, depois de uns bons minutos de luta. Quando os rapazes chegam, ela ainda segura o homem morto pelo pescoço. Ela rosna imediatamente para Luckyan, Aslam e Bear assim que os vê.
—Rapazes para trás – ordena Luckyan_ Não é ela...
Aslam olha para Luckyan e volta a olhar para Nour ainda com a sua presa na boca. Eles acabam por ir ajudar Saaya, que está agarrada á lombar no chão.
—Estás bem? – pergunta Aslam segurando-a. Bear também está bastante aflito.
—Eu estou bem. Acertou só de raspão...graças a ela.
Os três olham para Luckyan, agachado á frente de Nour submisso, tentando acalmar a fera que ela tinha guardada dentro dela.
—Nour... consegues ouvir-me? – pergunta o alfa. Ela não responde. O seu lado humano e racional está mergulhado nas profundezas do lobo selvagem e perigoso neste momento.
Luckyan presta atenção aos olhos dela. As pupilas quase inexistentes no meio de tanto vermelho incandescente alertam-no.
—Nour! 3 coisas que não se conseguem manter escondidas durante muito tempo: O sol, a lua, a verdade. Repete!
Luckyan aproxima-se demais e ela morde-o na mão instantaneamente.
—Luckyan! Deixa-a! Ela nunca deve de ter passado por uma lua cheia! – grita Saaya.
—Não a podemos deixar aqui á solta! Ela vai tentar matar tudo o que se mexer! – grita ele.
Ele vira-se de novo para a loba preta. De dentes arreganhados e a escorrer sangue, ela mostra-se bastante letal agora.
—O sol, a lua, a verdade... por favor repete mentalmente – ele implora_ o sol, a lua, a verdade...o sol, a lua, a verdade...
P.O.V. Nour
O sol, a lua, a verdade...o sol, a lua, a verdade...o sol, a lua, a verdade...
P.O.V. Off
—Nour por favor! O sol, a lua, a verdade... - ele continua_ o sol...
—A lua...a verdade... - Nour finaliza. O lobo preto esfuma-se no ar e a forma humana aparece novamente por baixo do fumo negro. Ela está a suar e ofegante.
—Pelas presas de Fenrir! Eu achava que tínhamos que te levar á força -brinca Aslam.
Luckyan solta um suspiro de alívio.
****
Com as noites de primavera, chegaram também as suas tempestades noturnas. Os trovões ecoavam intensamente e a chuva não iria deixar dormir ninguém de tão alta e forte que estava.
Estavam todos a dormir. Ou quase todos.
Luckyan girava e girava na cama, mas não pregava olho de maneira nenhuma. O Alfa levanta-se e abre a porta do seu quarto para verificar como a loba preta se está a aguentar lá fora.
Á chuva e acorrentada aos anéis de metal no chão, ela está aqui e não está.
Ele aproxima-se com cuidado. Se ela estiver no mesmo estado de á umas horas atrás, ele vai ter que ser prudente.
Nour está ás voltas, em pânico e com medo como um animal enjaulado. Ela tenta a todo o custo livrar-se das correntes, puxando as patas dianteiras e o pescoço. A morena de olhos verdes, vermelhos vivos neste momento, rosna e saliva ameaça assim que vê Luckyan especado a olhar para ela.
—Eu sei que me odeias agora..., mas é para o teu bem... eu preciso de ver do que és capaz.
Um relâmpago trás um pouco de luz e por milésimos de segundo, Luckyan vê um líquido escuro a escorrer-lhe dos dentes. Não é saliva, é sangue.
—Ela vai comer-se a ela própria se for preciso até sair dai...e tu sabes bem disso...
Luckyan olha por cima do ombro e vê Saaya. A loba castanha escura aproxima-se do seu alfa e faz uma cara de desdenho assim que vê o estado de Nour.
—Nós temos que ajudá-la – diz Luckyan. Saaya ri.
—" Nós"?! Tu é que trouxeste uma estranha para o nosso grupo! -ambos olham para Nour a roer com violência os anéis de ferro_ sinceramente Luckyan...o que te deu para trazeres a irmã do Nanuk para aqui...? Devias de tê-la deixado morrer...
Luckyan cerra os maxilares, visivelmente zangado com o que a sua beta acaba de dizer.
—Eu não sabia que era ela. Só horas depois é que me apercebi quem realmente tinha resgatado! Como querias que soubesse?!
Os dois fazem silêncio por uns segundos.
—Ela sabe? – pergunta Saaya. Luckyan nega com a cabeça.
—É melhor assim. Essa notícia pode desencadear algo sem controlo. Viste como ela ficou quando matou o atirador? Podia matar um de nós sem dó nem piedade.
—Pensei que era isso que querias – diz Saaya_ criar uma assassina.
— E quero – responde o Alfa_ mas quero ter controlo sobre ela.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Nour é irmã de Nanuk?! As coisas vão ficar interessantes!
Até ao próximo capitulo e NÃO SE ESQUEÇAM DE DAR UM OI AI PELO AMOR DE DEUS