Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 44
Festa de Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Bia
Oie!
É hoje que vocês vão surtar ~eu espero
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786641/chapter/44

Assim que ouvi as chaves abrindo a porta, me virei para ela com as mãos na cintura. Marimar entrou, provavelmente pretendendo não fazer barulho, e ao me ver ali, arregalou os olhos, dando um sorrisinho em seguida.

— Bom dia.

— Custava me avisar que não ia voltar pra casa? — pressionei, me sentindo muito uma mãe preocupada com a filha rebelde. — Eu te mandei várias mensagens.

— Desculpa, meu celular estava sem bateria. — Ela deixou os sapatos ao lado e fechou a porta, jogando a bolsa no sofá. Ao me olhar com sua expressão pidona, não conseguiu segurar e abriu um sorriso de quem tinha aprontado e gostado.

— O que você fez?

Ela suspirou, num misto de cansaço com satisfação e não sei mais o quê.

— Eu passei a noite com o Nathaniel. — A encarei, chocada e confusa. — Eu sei, eu falei que não íamos ter mais nada, mas... Foi como uma despedida oficial, digamos assim.

Marimar começou falando de quando foi até o Fulano para encontrar Bonnet e em como tudo “saiu de controle” depois de lá, indo ver o filme ao ar livre, sobre a aproximação errada deles e em como tudo acabou, ou melhor, começou, com um beijo e acabou na casa do Bonnet.

Ela suspirou e me olhou com um sorrisinho malicioso. — Acho que agora entendi porque você ficou tanto tempo na escondidinha com ele.

Revirei os olhos e ri. — Isso é coisa que se diga, menina.

— Tô brincando, mas é verdade. Bom, agora realmente acabou. Foi o jeito de acabar com tudo... Ah, claro, esqueci do motivo principal que me fez ir até lá. Debrah. O Nath disse que ela e a Ambre tinham uma relação amigável naquela época e inclusive, elas estavam naquela festa da Gavieira, e estavam conversando normalmente. Ele disse que vai sondar a irmã de novo.

Afirmei, pensativa. — Tomara que ele consiga algo.

— Tomara.

Como era feriado, não tínhamos nada para fazer durante o dia a não ser vegetar pela casa. Marimar me dava uma espiada sempre que eu pegava o celular para responder Rayan, e quando eu a olhava, recebia um sorriso de incentivo. Ela já estava sabendo de como fora o nosso almoço — que eu contei assim que cheguei em casa naquele dia —, então ela estava por dentro de tudo, inclusive do que eu sentia em relação a ele, e estava feliz que eu “aceitei” aqueles sentimentos e que eu estava me deixando levar.

Mais um dia se passou e finalmente eu teria um trabalho. O aniversário que Rayan me ajudou a conseguir seria no sábado a noite, e as cinco da tarde eu já estava quase pronta com os equipamentos à postos.

— Ah, hoje eu vou sair com a Mica e talvez o Kentin também, mas ainda não sei o que vamos fazer. Não estranhe se eu não estiver aqui quando você chegar. — Ela levantou as mãos com as palmas para mim, deixando claro que já estava deixando avisado.

— Tudo bem.

Saí depois das seis e peguei um táxi até o buffet. Os funcionários estavam terminando de dar os últimos detalhes na decoração da festa, e eu cumprimentei os pais da aniversariante, Maurice e Laura antes de começar a arrumar os equipamentos na área próximo à entrada, para as fotografias fixas.

Os convidados começaram a chegar depois de meia hora. Fui tirando foto das famílias e amigos junto da aniversariante, e quando fui avisada que todos chegaram, três horas depois, comecei a andar pelo local, fotografando tudo e todos.

Eu era muito boazinha para “caçar” os que evitavam as fotos a todo custo, mas tentava tirar algumas fotos deles quando estavam distraídos. A aniversariante era muito bem humorada, e com certeza aprovaria o meu esforço.

A festa seguia a todo vapor na pista de dança, e eu junto, aproveitando todos os feixes de luzes coloridas sobre os adolescentes animados. Até dancei junto por um tempinho, já que Milena, a aniversariante, me puxou para a zona. Eu não podia ficar ali, mas não custava nada fazer ela um pouquinho mais feliz, e claro que eu aproveitava para tirar ainda mais fotos.

Os pais de Milena sempre vinham me oferecer comidinhas e bebidas, fora as vezes que me pediam para fotografá-los com outras pessoas. Eu aceitava com prazer.

Após mais algumas fotos, Maurice me pediu para que eu fizesse uma pausa e fosse me alimentar direito. Ele era bem fofo.

Pendurei a câmera no ombro e fui para a área de refeições, com uma grande mesa cheia de lanchinhos. Peguei um prato e fui escolhendo o que me apetitava. Peguei uma taça da bebida que estavam servindo e me sentei em uma das mesas mais ao fundo. Não que tivessem muitas pessoas ali, mas achei melhor ficar mais “escondida”.

Peguei o celular, mandando algumas mensagens para a Mari enquanto comia, até que a cadeira ao meu lado foi puxada e eu olhei para cima, sobressaltada.

— Desculpe. — Rayan riu, deixando sua bolsa pendurada no encosto da cadeira e colocando um prato cheio na mesa, se sentando em seguida.

— Tudo bem, estava concentrada aqui. Não sabia que você viria.

— Maurice me convidou quase a força, eu não podia recusar.

— Ah. Perdi muita coisa hoje?

— Não, eu resolvi dar uma atividade, uma dissertação sobre o que vimos nas duas últimas aulas. Assim você pode fazer e me entregar na próxima sexta. — Ele deu uma piscadela, brincando, e mesmo sabendo, me causou certa vergonha.

— Você não avisou que teríamos isso — comentei com um tom leve.

— Não, eu dei essa atividade pra você não perder nada muito importante.

Minhas sobrancelhas levantaram involuntariamente de surpresa. — Nossa... Não precisava ter feito isso, eu podia me virar e pegar a matéria com alguém.

Rayan deu de ombros, como se não tivesse problema nenhum com aquilo, levando à boca um canoli.

Segurei o sorriso, desviando o olhar para o meu prato. — Obrigada.

— Às suas ordens.

Apesar de querer ficar ali até a festa acabar, eu precisava voltar para o trabalho. Terminei de comer em pouco menos de dez minutos, trocando algumas palavras a mais com o professor, e peguei minhas louças e as deixei na bandeja do garçom que caminhava em direção a cozinha. Ele estranhou, mas agradeceu. Voltei ao salão e às fotografias.

A festa durou mais uma hora, até a cantoria do “parabéns”, onde fiquei a postos perto da mesa do bolo. A mãe de Milena fez questão de me dar um pratinho de bolo com alguns docinhos, que eu comi rapidamente.

Minha lente estava alerta, pegando todo e qualquer interação e, discretamente, procurando por Rayan. Ele pulava de grupo em grupo, sempre conversando com um sorriso nos lábios, parecendo realmente se divertir. Algumas vezes ele percebia a câmera virada na direção do seu grupo e sorria para mim, cutucando os colegas para que eles sorrissem também.

Maurice e sua família quiseram tirar algumas fotos com Rayan, próximo à mesa, e assim o fiz. Eu não sabia se era coisa da minha cabeça, mas ele se destacava perto de qualquer um.

Aos poucos, os convidados iam embora, e quando o pessoal do buffet começou a arrumar as coisas, tratei de guardar as minhas. Mesmo sem pedir, Rayan veio me ajudar, sem falar absolutamente nada. Ele sabia como e onde guardar os equipamentos.

Vi Maurice se aproximar de nós depois de se despedir de alguns parentes.

— Rayan, obrigado por indicar essa fotógrafa incrível. Meus familiares reclamaram que foram alvos de muitas fotos e eu respondi que a contratei justamente para isso e que ela fez um ótimo trabalho.

Nós três rimos e Rayan tocou o ombro do amigo.

— Eu sabia que ela era boa, não foi à toa que a indiquei.

— E onde vocês se conheceram?

Trocamos um olhar rápido, mas ele falou primeiro.

— Eu vi alguns trabalhos dela em uma agência de modelos, fora o portfólio pessoal. O pessoal da coordenação do curso de fotografia resolveu contratar os serviços dela para a campanha de divulgação da escola.

— Ah, sim, você me mostrou o folheto. Estou ansioso para ver o resultado de hoje. — Maurice me olhou, animado.

— Até semana que vem eu mando os arquivos.

— Ótimo. Bom, já acabamos por aqui, você está devidamente dispensada. Muito obrigado por seus serviços. — Ele ergueu a mão e trocamos um aperto amigável.

Maurice se afastou e eu peguei a mochila mais leve.

— Como você vai pra casa? Não me diga que veio de bicicleta — brincou Rayan, pegando a outra bolsa antes de mim.

Dei risada. — Não, eu peguei um táxi.

Ele olhou rapidamente seu relógio de pulso e voltou a me encarar. — Quer uma carona? Está tarde.

Meu coração já disparou, mas, àquela hora da noite, não seria nada ruim ter uma carona segura até em casa. Eu concordei com um aceno de cabeça, e Rayan foi se despedir dos amigos. Segundos depois, fomos para a rua e segui Rayan até o estacionamento do outro lado da rua. Ele abriu o porta malas, deixando minha bolsa ali, e indicou para que eu guardasse a outra mochila, e assim eu fiz.

O estacionamento estava vazio, silencioso e não muito bem iluminado. Apesar de estar com ele, olhava a todo momento para a entrada.

— O que foi? — perguntou ele despreocupadamente, fechando o porta malas e indo para a porta do carona, a abrindo para mim.

— Hábitos que nunca deixamos. — Dei uma risadinha, indo até lá.

— Está preocupada com algo? — Rayan ficou na minha frente, apoiando o braço na porta aberta.

— É que, pelo menos no Brasil, é sempre arriscado ficar em um lugar escuro e aberto desse jeito. Sempre precisamos ficar alerta.

— Ah, entendi. Isso é meio triste.

— Muito, mas é uma realidade. — Talvez eu estivesse tagarelando pelo nervosismo, mas não por causa dos motivos que comentei. Minha garganta começou a secar e eu engoli seco.

Ele pareceu preocupado por eu estar realmente nervosa. — Não se preocupe, as chances de alguém querer mexer conosco é mínima, mas se te deixa mais relaxada, eu fiz alguns anos de defesa pessoal.

Soltei um riso e ele sorriu junto, me deixando mais desconcertada ainda com o modo que ele me olhava. Naquele momento, era quase loucura negar que ele sentia algo por mim, assim como eu por ele. Parecia óbvio para nós o clima que se instalava ali. Eu suspirei e encurtei a distância entre nós.

Levei as mãos até seu rosto, tocando a barba por fazer em seu maxilar, finalmente matando aquela vontade que eu tinha há tanto tempo. Ao mesmo tempo em que Rayan se inclinava para mim, senti seu braço desencostar da porta e as duas mãos segurarem minha cintura. Nossos lábios se encontraram e se enroscaram de forma lenta por alguns segundos.

Rayan se afastou, cedo demais, e me olhou, tocando meu rosto, deixando o polegar em meu queixo, o puxando levemente para baixo. Me deu mais um beijo leve e outro mais intenso ao lado da boca. Vi o canto de seus lábios se erguerem.

— Ainda bem que você agiu primeiro. Eu estava pensando em como te roubar um beijo antes de chegarmos na sua casa.

Dei uma risada soprada, ainda meio envergonhada. Ele deslizou o dedão por minha bochecha e fez um sinal para que eu entrasse. Me sentei no banco, e ele fechou a porta.

Deu a volta, entrou, fechou sua porta, colocou o cinto e ligou o carro. Saímos do estacionamento com um sorrisinho na cara. Apesar da adrenalina daquele momento, eu estava bem sonolenta e me recostei no banco, bem confortável com o ar quente que saía do aquecedor, sem saber no que poderia falar, mas pelo menos ele não parecia desconfortável com o silêncio.

Não demorou mais do que vinte minutos até pararmos no meio fio em frente ao prédio.

— E chegamos — comentou ele, desligando o motor. Agora sim estava silencioso.

Suspirei, querendo que a viagem tivesse durado mais tempo para eu pensar em bons assuntos, mas estava muito cansada para raciocinar. Porém, eu despertei completamente.

— Você parece cansada — Rayan observou.

— Estou, mas o sono foi embora... — De repente, me lembrei que era muito provável que Marimar não estivesse em casa, e meu rosto respondeu àquele pensamento.

— O que foi? — Ele estranhou minha hesitação.

— Você... está cansado?

— Não mais que o normal. Por quê? Quer fazer algo?

— Na verdade, queria conversar mais com você. Quer subir?

Ele foi pego de surpresa. — Eu... Eu não vou incomodar sua amiga?

— Ela não está aí hoje, saiu com os amigos. — Dei de ombros.

Rayan pensou durante alguns segundos, observando meu rosto, procurando algum vestígio de alguma coisa, mas com certeza não acharia nada, eu não tinha outras intenções além de conversar, e esperava que ele também, assim aceitaria.

— Tudo bem, então. Vamos.

Saímos do carro e ele acionou o alarme. Fui na frente, abrindo o portão, e subimos. Chegando, acendi a luz e tirei os sapatos. Ele fez o mesmo.

Ali estava bem mais quente do que na rua e tirei meu casaco, pendurando nas costas da cadeira. Peguei o casaco dele e fiz o mesmo na outra cadeira.

— Quer alguma coisa? Água?

— Não, obrigado.

— Eu vou ao banheiro, só um minutinho. Fica à vontade.

Corri para lá e fechei a porta. Me olhei no espelho e suspirei, me sentindo subitamente nervosa. Usei o sanitário, lavei as mãos e prendi parte do cabelo. Saí, fui ao quarto e peguei meu demaquilante e os discos de tecido para tirar a maquiagem, e voltei à sala, encontrando Rayan sentado no sofá, com as mãos no colo, esperando pacientemente. Sentei ao seu lado.

— Se importa? — indaguei, indicando meus produtos, cruzando as pernas ao sentar de frente para ele.

— Nem um pouco.

Pinguei o demaquilante no disco e comecei a esfregar em meu rosto, observando Rayan que parecia realmente se sentir confortável ali. Era engraçado e eu soltei um risinho.

— O que foi? — perguntou ele, querendo entender a graça.

— É engraçado ter meu professor aqui a essa hora.

Ele sorriu timidamente e se arrastou para mais perto, pegando a embalagem e molhando o outro disco de pano, o passando com certa pressão em minha bochecha esquerda.

— Queria até dizer que não sou mais seu professor, mas ainda está cedo pra isso.

— Isso... te incomoda? O fato de você ser meu professor?

— Em partes, sim. Não é uma relação... profissionalmente correta.

— Eu sei. Eu sou um risco pra você.

Rayan concordou brevemente, agora passando o pano em meu queixo. — Eu pensei muito sobre isso antes de... resolver me soltar. Depois daquele dia, no terraço da escola, eu sabia que seria muito difícil resistir a você.

Meu rosto, já sem base, ficou corado, mas eu ignorei, esfregando o paninho na testa. — Eu também pensei bastante sobre isso. Apesar da minha vida estar uma loucura, considerei a ideia de... me soltar também.

— Fez bem. Eu ainda demoraria pra tomar uma atitude, com medo de fazer algo errado e te afastar. — Ele estava mais perto. Sua mão baixou. — Eu não tinha certeza se você sentia algo por mim.

— Eu tinha a mesma dúvida — sussurrei. Eu nem estava limpando mais nada.

Ele deu um sorriso pequeno. — Pelo menos tem uma coisa boa em você trancar o curso.

— O quê?

— Não vamos mais nos preocupar com a nossa relação ética.

Dessa vez, ele se aproximou primeiro, me beijando com delicadeza. Segurei seu pescoço e nos beijamos, sem pressa, nos conhecendo de verdade.

Eu queria muito aquilo, e o beijinho que demos no estacionamento só serviu como incentivo. Era muito bom finalmente me entregar àqueles sentimentos conflitantes, e ele parecia sentir o mesmo que eu.

Suas mãos foram para o meu rosto e ficamos ali, sem a menor intenção de parar, pelo menos por enquanto.

Só depois de alguns bons minutos é que nos afastamos, ainda um tanto grogues.

Lembrei do disco de pano na minha mão e percebi que ele já estava seco.

— É melhor eu terminar isso. — Ri, sem graça.

Ele concordou e voltou a me ajudar. Depois, guardei as coisas e lavei o rosto com sabonete, voltando logo para o sofá depois de apagar a luz. Puxei a parte de baixo do estofado, para que pudéssemos esticar as pernas e deitamos, conversando entre um beijo e outro.

Nenhum de nós fez menção de esquentar as coisas, e eu fiquei feliz com aquela decisão. Era um bom jeito de começar. Indo devagar.

Não demorou para que eu dormisse em seus braços, confortável do jeito que estava. Só o senti puxar a coberta do encosto sobre nós e ele deitar a cabeça na almofada, dando um beijo em minha testa antes de relaxar o corpo. Eu apaguei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bia
Aaaaaaaaaaaa multiplicado por um milhão
Nosso shipp é reaaaaal, braseel! ♥
Até mais o/

Ester
Aquele momento que todo mundo fica aaaaaaaaaaa Espero que tenham sobrevivido a esse capítulo, porque ainda tem muita coisa pra acontecer nos próximos capítulos :3
Até mais, povo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Click! et Brille" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.