Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 39
Correndo em círculos




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— Mari, você tá de novo no Twitter? — Júlia questionou, os dedos brincando com um guardanapo sobre a mesa. 

— Mas eu desinstalei o app… — respondi, o celular entre as mãos.

— Depois de você reinstalar e ficar outra vez viciada em ler as menções a você — rebateu, jogando a verdade na minha cara.

Se aquela vez eu disse que o Castiel precisava de um detox pra sair do celular, eu precisava de uma também, mas das redes sociais. E estava ficando cansada de ver o nome do Castiel por aí, algo que nunca achei que um dia fosse acontecer… E por falar em menções, além do meu perfil no Instagram, também tinham descoberto minha conta do Twitter e meu inbox de lá também estava sendo bombardeada e toda hora pipocava notificação com menção em algum lugar.

É, já tinha quase uma semana e o povo ainda não sossegava o facho. Isso porque, desde a publicação das fotos, nem tinham descoberto mais nada sobre ninguém…

— Você acha que o Nath vai vir mesmo hoje, Ju? Ele não tá atrasado? — questionei aflita.

Estávamos no Fulano, relativamente vazio no meio da tarde. Se eu bem conhecia alguns dos hábitos de Nathaniel, aquele era justamente a hora em que ele frequentava a cantina. 

Era até estranho voltar ali, porque eu praticamente não o encontrava mais naquela mesa desde a noite do truco e nosso encontro. E era justamente a "nossa" mesa. Dava pra chamar de nossa porque sempre nos sentávamos ali, tanto que Hyun fez questão de nos guiar a ela, ainda dizendo que Nathaniel logo chegaria e que ele perguntou por mim várias vezes, se eu tinha ido ali, etc etc. Isso com certeza antes daquela tarde na calçada da agência. Depois disso, provavelmente tinha desistido de mim, dado o que aconteceu.

— Ele tá até um pouco adiantado — ela respondeu, tirando o celular do bolso de trás da calça e o guardando lá após checar o visor. 

Minha amiga mal estava tocando o eletrônico em alguns momentos, querendo ficar o mais longe possível das redes sociais.

— Será que ele conseguiu descobrir alguma coisa? — ela perguntou e eu apenas neguei com a cabeça, roendo a unha do dedão enquanto rolava o feed na #Casandre. As ideias pra fics comiam soltas nos tweets.

— Será que ele desistiu, Ju? Tipo, o Nath não dá notícias desde segunda e hoje já é sábado… Será que ele não descobriu nada? 

Antes que eu continuasse com minhas paranoias e as infinitas possibilidades, ou que Júlia tentasse me acalmar — mesmo que ela própria também estivesse aflita por dentro —, o veículo preto e super chique parou no meio fio, visível pelo vidro que ocupava uma das paredes do Fulano.

Nathaniel desceu, ligou o alarme e ainda voltou uma mecha de cabelo rebelde para o lugar.

— Ele não tem cara de modelo? — disse baixinho em português pra Júlia.

— O quê?! — ela sussurrou de volta e sorri para Bonnet, que começava a se aproximar da nossa mesa.

— Eu não esperava ver vocês duas aqui — soltou claramente surpreso, seus olhos dançando entre nós duas. — Peço desculpas por não ter conseguido entrar em contato antes. — Puxou uma das duas cadeiras livres e se sentou. — O casting para o desfile da Gavieira está entrando na segunda fase agora, ainda temos que resolver as campanhas publicitárias de fim de ano que vão começar mês que vem... — Passou as mãos no rosto, claramente estressado.

A parte da Gavieira não era nem novidade pra mim, já que Kentin estava participando — conseguiu entrar no final da primeira fase — e contando os mínimos detalhes para mim e Micalina. Na verdade, respondendo as nossas perguntas minuciosas, afinal, era a Gavieira! 

— Não se preocupe com isso, Bonnet — Júlia interviu, — você já tá fazendo muito pela gente. — Finalizou com um sorriso, deixando as coisas um pouco mais leves. 

— Meu notebook está no carro, vou mostrar as filmagens a vocês. — Com isso, se levantou e foi para onde o veículo estava estacionado no meio fio.

Foi mais um momento de roer de unhas enquanto ele ia e voltava de lá de fora. Em dois minutos, retornou à nossa mesa e, sem mais palavras, virou a tela do notebook para nós, com aquelas típicas imagens de câmera de segurança no player.

— Essa é a sala em que você trabalhava — se dirigiu à Jú, — às oito da noite daquele dia do shooting da SmileKid.

Enquanto ele falava, as imagens iam correndo em velocidade normal, com Nathaniel observando junto da gente. Em um certo momento, deu pausa no vídeo.

— Essa não é a sua irmã?! — disse alto demais.

Como censura, recebi um cutucão de Júlia, que encarava Bonnet em busca de uma resposta. 

— Sim, essa é Ambre, minha irmã — ele confirmou, como se não fosse nítido aqueles pulsos cheios de pulseiras mexendo no celular da minha amiga. 

— Mas o que ela fez com o celular da Ju? — perguntei, um pouco mais baixo dessa vez, para a alegria dos demais na mesa.

Nath deu play em mais um pedaço do vídeo, pausando-o em seguida, quando Ambre deixava a sala, o aparelho telefônico de Júlia de volta sobre a mesa.

— Se vocês perceberam em uma parte do vídeo, — Retornou alguns segundos e parou outra vez — ela tira o próprio celular do bolso.

— Passando as fotos do meu pro dela e depois apagando o histórico de transferência — Ju completou, parecendo o meme do Pikachu surpreso, no que Bonnet apenas assentiu com a cabeça.

— Tentei sondar minha irmã atrás de informações, depois de ver essas imagens, mas não consegui nada de muito relevante — disse com um menear de cabeça, talvez chateado com a falha de suas habilidades detetivescas.

— Pressiona ela, Nath! — exclamei, recebendo olhares do casal na mesa do lado. Mas não me importei tanto, com raiva daquela mulher no frame parado. — É óbvio que foi ela quem pegou as fotos da Ju, fala que isso é invasão de propriedade, privacidade, sei lá! E que vai processar ela.

— Mas a gente não pode acusar ela de ter vendido as fotos, Mari — Júlia interviu, me dando outra cotovelada pra falar mais baixo.

— Exato — Bonnet concordou. — Além de que, não seria sensato fazermos isso, Ambre poderia sumir com possíveis provas. — Ele parou Hyun, que passava por ali, e pediu empanadas para a viagem. — Se é que elas existem — completou por fim.

 Coloquei o rosto entre as mãos, com vontade de chorar bem no meio da cantina, levando embora o restinho de dignidade que eu tinha.

— Nós vamos dar um jeito, Mari. — Nathaniel tentou me consolar, com pouco efeito.

Hyun quase deu uma de Naruto correndo por entre as mesas e deixando o pacote do pedido sobre a mesa.

— Infelizmente eu não vou poder ficar por muito tempo, pois tenho uma reunião com os representantes da Gavieira em meia hora. — Ele pegou o celular para checar algo, colocando-o no bolso outra vez. — Vou continuar sondando Ambre durante essa semana.

— Ainda apoio colocar ela contra a parede — murmurei, pondo o rosto sobre as mãos, sem esperanças alguma.

— Obrigada pela ajuda, Bonnet — Júlia disse simpática, enquanto Hyun voltava pela nossa mesa e Nath pagava pelas empanadas. — Nós vamos tentar algo do nosso lado e entramos em contato caso alguma coisa aconteça.

— Também entrarei em contato caso descubra mais alguma coisa — informou, se levantando da cadeira e empurrando-a de volta para o lugar, levando o notebook embaixo do braço.

— Obrigada pela ajuda, Nath — agradeci com um sorriso triste, não querendo ser ingrata com o pobre coitado.

Ele apenas devolveu um sorriso para nós duas e se foi.

— Quer pedir alguma coisa, Ju? — questionei assim que senti Hyun dar uma de Naruto mais uma vez por entre a gente.

— Olha o celular do Bonnet caindo, Mari! — ela exclamou, apontando ao longe para uma barrinha dourada caída no chão. 

— Ele tá indo embora! 

Antes que ela dissesse mais qualquer coisa, corri e peguei o celular que eu precisaria de mil prestações para comprar — uma pena não venderem parcelado na França —. Empurrei a porta da cantina, vendo meu chefe prestes a entrar no carro.

— Nath! Você deixou cair o celular — anunciei, no que ele tateou as mãos pelos bolsos.

— Puxa! — exclamou quando viu que era verdade. — Obrigado, Mari — agradeceu e pegou o aparelho, vendo se não tinha acontecido nada com a queda. — Eu estou tão cansado nesses dias, que é a segunda vez que quase perco. 

Ele guardou o eletrônico novamente, mas no bolso de dentro do blazer dessa vez.

— Por que você não tenta fazer alguma coisa pra relaxar? É final de semana — sugeri e dei de ombros. — Com essas coisas todas, o que eu mais tenho visto é as maratonas de filmes de tubarão, pra ver se relaxa.

A verdade é que o que eu mais tinha feito era vagar pela internet e ser xingada online. Quando me sentia prestes a explodir, deixava o celular de lado e ia pros meus filmes. Júlia vivia dizendo que aquele povo era tóxico, mas o que fazer se eu não conseguia ignorar tudo aquilo? Talvez eu me importasse demais com a opinião das outras pessoas…

— Não sabia que você gostava desse tipo de coisa — disse com as sobrancelhas franzidas e apenas ri. — Fiquei sabendo do que aconteceu com você na agência durante o trabalho para a Shantal. — Foi mais rápido do que eu em falar algo. 

— É… O pessoal meio que me acha uma traíra na agência, né? — Dei de ombros. — E a Júlia também, mas já que ela não tá lá pra se defender, não posso deixar falarem, né? 

Ele balançou a cabeça, não gostando nem um pouco da situação, a mandíbula tensa.

— Me comunique caso algo do tipo aconteça novamente, a agência não é lugar para essas hostilidades. — Arregalei os olhos, surpresa com a orientação. Ele realmente sabia do que rolava pela agência dele. — Alexy me contou do ocorrido logo apenas o término do shooting.

Assenti com a cabeça, agradecendo mentalmente ao maquiador pelo apoio.

— Obrigada, Nath, de verdade. — Ergui o rosto para ele. Já que eu era alta, não precisava olhar muito para cima assim. — A Júlia ficou arrasada por causa do que aconteceu e… — Suspirei, lembrando-me de como estavam sendo aqueles dias.

— Vou fazer o máximo que eu posso pra ajudar vocês, Mari — afirmou com um sorriso. Aquele mesmo de gente fofa.

Franzi a testa com a palavra "vocês". 

— Então quer dizer que você não me odeia? — questionei de súbito. — Eu pensei que você tivesse ajudando a gente apenas pela Júlia.

Ele arregalou os olhos, como se eu tivesse acabado de dizer um absurdo.

— Por que eu odiaria você? 

Abri a boca, percebendo que agora sim eu tinha estragado aquela conversa. Custava só ter entregado o celular e voltado pra cantina, Marimar?

— Eu pensei que… por causa daquele dia na calçada… — Minha voz foi sumindo aos poucos, percebendo que seus olhos dourados estavam em mim.

Será que algum ciclista não podia dar uma de doido e passar com a bicicleta por ali?

— Eu não vou ficar com raiva de você por causa disso, Mari, é escolha sua. — Criei coragem pra continuar encarando-o de volta. — Eu apenas vou seguir em frente, como você fez. 

Corei com o final da frase. Era óbvio que ele sabia do meu rolo com o Castiel. As fofocas realmente corriam rápido na agência.

— Você tá saindo com alguém? 

Ele negou com a cabeça.

— Não encontrei ninguém interessante ainda. 

A torta de climão parecia estar entre a gente e eu torcia pra alguém passar por ali, ou pro ciclista realmente aparecer. Ou eu podia simplesmente voltar para dentro do Fulano…

— Eu espero que você encontre alguém legal, Nath. — Sorri para ele e tentei não vacilar. — Você merece alguém amável como você. 

Tive impressão que um leve rubor passou pelas bochechas dele e pontuei mais um ponto de fofura mentalmente.

— Eu devo realmente ir. A reunião irá começar daqui alguns minutos. — Sua voz vacilou levemente no começo da frase, porém, era óbvio que ele sabia disfarçar muito melhor do que eu. — Até outra hora, Mari.

Ele sorriu e me senti derretida por dentro.

— Até outra hora, Nath.

Nathaniel voltou para dentro do carro e eu apenas assisti enquanto ele dava partida e sumia no final da rua.

Pra quem tava de rolo com o Castiel, até que você tá levando as coisas com muita facilidade, não é mesmo, dona Marimar? 

A verdade era que eu estava realmente chateada com o modelo depois do que aconteceu na agência. Claro que eu entendia o motivo da raiva dele, o porquê ele quis cortar relações… Mas também doeu ele me acusar sem sequer dar espaço pra eu tentar me explicar. E ainda jogar tudo na minha cara bem no meio da agência.

Apesar de eu ainda gostar demais de Castiel e me lembrar de todos os momentos que passamos juntos, não dava pra negar que eu estava magoada com ele.

Entrei de volta na cantina, respirando fundo pra tentar não chorar quando eu pensava nele. É, feito uma menininha adolescente. Parabéns pra mim.

Quando voltei pra nossa mesa, vi que Júlia estava com a cara focada no celular, o que era uma surpresa, já que ela estava evitando um pouco nos últimos dias.

— Eu tentei pesquisar quem são os donos da revista que vazou as fotos…

— Pra ver se alguém tinha relação com a Ambre? — Recebi o celular dela nas minhas mãos, vendo uma aba do navegador aberta. Fui rolando a página. — Espera aí, eu conheço esse nome aqui...

 


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Notas finais do capítulo

Ester:
Pra quem soltou Ambre como palpite, ganhou um VR pro Fulano -q Sorry por parar o cap aí, mas suspense de escritor -q
Até mais, povo o/

Bia
Ahá! Alguém ai acertou quando suspeitou da Ambre kkk Será que nossas meninas vão conseguir descobrir algo com essas filmagens?
Até mais o/



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