Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 37
A era Reputation chega para todos


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Olá, povo o/
Àqueles que esperavam respostas, sinto em desapontar xD Mas não vamos deixar de nos divertir por causa disso! Ao menos nós, porque a Mari...
A música que ela ouve no metrô é Don't Blame Me da diva-mor dela, Taylor Swift.
Boa leitura ;)



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 Uma conclusão era certa: aquela maré de sorte das últimas semanas não poderia durar pra sempre e o universo me odiava outra vez. Definitivamente.

A semana que tinha começado ladeira abaixo na segunda, foi só piorando, com a Júlia demitida, todo mundo nos odiando, nossos nomes circulando por todos os tabloides de fofocas na internet. Que eu estava saindo com o Castiel não era nem muita novidade na agência, agora, quem vazou meu nome pra imprensa era uma grande incógnita. A mesma pessoa que roubou as fotos do celular da Júlia, com certeza. E alguém que trabalhava na B Agence.

Como tudo roda na internet numa velocidade impressionante, a #Marimar ficou por horas nos trendings do Twitter, e era sobre eu mesma, não a da novela. Durou apenas menos tempo do que #CastieleLysandre. Quando desinstalei o aplicativo do celular, estavam brigando por qual nome era melhor para o shipp, #Casandre ou #Lystiel. Os twitteiros com certeza não eram as melhores pessoas pra dar nome a ships...

Além das 284457 mensagens no meu Instagram — que eu não podia privar igual ao da minha amiga —, a prova final de que eu não teria sossego foi quando abri meu aplicativo onde lia fanfics clichês e me deparei com fics do novo ship do pedaço, onde Lysandre e Castiel viviam um romance — nos mais variados universos possíveis — e eu era a vilã malvada que tentava separar os dois. É mole?

Até meu aplicativo de leituras tive que desinstalar e tudo o que me restava era tentar ser feliz na frente dos outros — que continuavam a dizer que lamentar não adiantaria nada — e ouvir música. O Reputation da Taylor Swift não saía do meu player do Spotify desde então.

Agora eu entendia pelo menos um pouquinho do que ela passou e me identificava com cada uma das letras. Só esperava que minha era Lover chegasse logo.

 

“Don’t blame me, love made me crazy

If it doesn’t, you ain’t doin’ it right

 

Não me culpe, o amor me deixou louca

Se você também não fica, não está fazendo direito”

 

Apertei o botão na lateral e acendi a tela do celular, vendo Taylor me encarar de volta na capa em preto e branco do Reputation.

— Só que dessa vez é minha culpa sim, Tay — disse para ela, desligando o ecrã e apoiando a cabeça sobre a parede de metal do metrô, a caminho do shooting da Shantal Jeans. Aquele mesmo que foi adiado, por causa de toda a confusão na segunda.

 

“For you, I would cross the line

I would waste my time

I would lose my mind

They say she’s gone too far this time

 

Por você eu passaria do limite

Eu desperdiçaria meu tempo

Eu perderia a sanidade

Eles dizem que ela foi muito longe dessa vez”

 

— Eu também passei dos limites dessa vez, Tay. — Peguei o celular, vendo as horas e mais uma vez o rosto da minha cantora favorita. Pelo menos não estava atrasada ainda. — Como você lidou com tudo isso, hein? Quatro dias só e já é um inferno.

No meio das reclamações, me levantei, pois já estava quase na minha estação. Alguns dos passageiros me encaravam, estranhando a louca que falava sozinha em um idioma desconhecido. Ótimo, mais gente pra se afastar de mim.

As portas se abriram e todos saíram para a estação.

 

“I’m insane, but I’m your baby

Echoes of your name inside my mind

Halo, hiding my obsession

I once was poison ivy, but now I’m your daisy

 

Sou insana, mas sou seu amor

Ecos do seu nome dentro da minha mente

Auréola, escondendo minha obsessão

Uma vez eu fui a hera venenosa, mas agora sou sua margarida”

 

Eu realmente precisava parabenizar a Taylor por ter tantas músicas para momentos da minha vida. A diferença é que eu ainda era a hera venenosa da história.

Desliguei a música e tirei os fones, dando adeus para o momento mea culpa musical. Respirei fundo e entrei na agência, sentindo os olhares de alguns presentes fuzilarem minhas costas. Pelo menos a Amália me ignorou, talvez ela ainda estivesse de bem comigo. Ou talvez apenas não se importasse o suficiente mesmo.

— Mari! — Micalina exclamou meu nome, assim que me aproximei dos camarins, me envolvendo em um abraço forte. — Você parece exausta.

Sim, eu estava só o pó porque não conseguia dormir muito nas últimas noites, pois a mente não sossegava. Pelo menos eu ainda tinha meus filhos e filhas pra me fazer companhia na madrugada.

— Mari. — Kentin também me abraçou. — Como você tem passado? — questionou, analisando-me de cima a baixo por algum sinal.

— Com meu nome na boca do povo, odiada por muitos e por mim mesma? — Acabei sendo ácida, o que não era nada comum.

Os dois se encaram e depois focaram em algo atrás de mim. Kentin colocou a mão sobre o meu ombro e começou a me guiar para o camarim.

— Bando de curiosos... — meu amigo comentou e dei uma olhada rápida para o corredor antes de entrar na sala, percebendo que algumas modelos começavam a se juntar, provavelmente querendo saber mais da famosa Marimar Garcia, que saía com o Castiel, amiga da traidora da B Agence e que estava com o nome na boca do povo.

— O Lysandre já voltou a trabalhar? — perguntei, afinal, o motivo real para aquele casting ter sido cancelado era porque o cabeleireiro não pôde estar presente no dia. 

Essa era apenas uma desculpa esfarrapada, porque havia motivos maiores. Eles podiam ter simplesmente chamado um substituto de última hora.

— Voltou hoje — Micalina respondeu, nos guiando para as araras e me entregando a roupa que eu usaria. — Mas fica calma, a gente tá aqui com você.

Sorri agradecida para ela. Kentin também pegou sua roupa para o shooting.

— Mas não é ele que me preocupa mais. O Lysandre vai só me dar um gelo, o problema é o Castiel. Ele agora me odeia. — Nos dirigimos para onde trocaríamos nossas vestes.

— O Castiel desistiu do shooting, Mari — Kentin informou. Com ele e Mica tendo chegado mais cedo, provavelmente ouviram as fofocas todas.

Os dois sumiram em suas respectivas divisórias e comecei a me trocar.

— Ótimo, agora ele me evita também — choraminguei pra mim mesma.

...

Alexy foi extremamente simpático e tentou me animar enquanto fazia minha maquiagem. Ele e meus amigos eram a única coisa que fazia tudo aquilo suportável, em meio aos olhares dos demais modelos se arrumando. Um ou outro estava apenas curioso, enquanto outros me julgavam com a cara de arrogante que com certeza não aprenderam a fazer no curso para modelos.

Fiquei praticamente sozinha quando Mica e Kentin terminaram de se arrumar e foram convocados por Chani para irem ao estúdio, já começando a fazer as primeiras fotos. Alexy também estava ocupado, tendo que finalizar as demais maquiagens em tempo recorde.  Quanto a mim? Enfrentava Lysandre mexendo no meu cabelo. Sem trocar nem uma palavra, nem o bom dia educado que ele costumava me dar antes. Sem sequer olhar nos meus olhos e, quando isso aconteceu através do espelho, senti todo o gelo e desprezo que ele sentia por mim. Seu profissionalismo era realmente digno de nota. 

Ele começou o trabalho mudo e saiu calado, apenas me deixando ver que meu penteado estava finalizado quando a modelo asiática — Li, aquela que Micalina não se dava bem — pediu para assumir meu lugar na cadeira.

— Não é que ele fez seu cabelo direito? — comentou para mim, que começava a sair do camarim, sabendo que logo seria chamada por Chani.

— O Lysandre é um ótimo cabelereiro, sempre faz o cabelo de todo mundo direito — retruquei, indo na defesa dele. Uma coisa que Lysandre não poderia ser chamado era de mal profissional.

— Pois se fosse eu mexendo no seu cabelo, ele não estaria inteiro quando você saísse dessa cadeira. — Vi seus lábios se movendo pelo reflexo do espelho, despejando o veneno e falando o que as demais modelos que me encararam aquele tempo todo não tinham coragem. — Imagina só, se envolver com o meu namorado e ainda ajudar a amiguinha a vender as minhas fotos com ele pra uma revista. — Ela estalou a língua, fazendo um “tsc tsc” de desagrado.

— É uma interesseira mesmo, Li. — A modelo loira de cabelo curto que estava na cadeira ao lado, sendo maquiada por Alexy, entrou na conversa enquanto ele se distraía na procura de uma base que ficasse bem na pele dela. — Combina mesmo com a amiguinha dela. Duas cobras nessa agência.

As duas riram, feito aquelas garotas chatas de filmes adolescentes.

— Você não ouse falar da Júlia, tá ouvindo? — Meu sangue ferveu na tentativa de defender minha amiga. — A Júlia não teve culpa e a gente vai provar isso, tá bom? Você dobre a língua quando for falar mal dela.

Senti as lágrimas virem aos meus olhos, talvez de raiva ou talvez porque eu não estivesse acostumada com esse tipo de coisa. Brigar assim não era muito lá pra mim. Mesmo que eu não me importasse de falar o que pensava na cara dos outros. Isso era diferente.

— Mari. — Alexy veio me conter, já que eu estava com o dedo apontado pra modelo loira e, pela minha cara, eu parecia alguém que a pegaria pelos cabelos a qualquer instante. — E vocês, quietas, temos hora pra cumprir. Aqui não é lugar pra fofocas.

— Pra que isso agora, Alexy? — Li disse, com Lysandre mexendo no longo cabelo preto dela, praticamente alheio à conversa. Ou tentando. — Você vivia comentando sobre os dois com a gente, agora pede pra parar porque as suas amiguinhas estão envolvidas? — Fez outro estalo com a língua. E reclamou quando o pente desceu com força no seu cabelo. 

— Não venha reclamar pra gente quando informações suas estiverem circulando pela agência toda, Alexy. — A modelo loira voltou a despejar veneno. — Uma interesseira feito essa aí...

— Vai ser a próxima vítima da Marimar. — Li riu, com a outra se juntando a ela.

Sabendo que eu estragaria tudo ainda mais se continuasse ali, pois a próxima coisa que aconteceria seriam as minhas mãos grudando nos cabelos das duas, fiz o que qualquer adulto racional faria numa situação como aquela: fui chorar no banheiro da empresa.

Tá, um adulto racional tentaria aguentar tudo de cabeça erguida e levar tudo com profissionalismo, como Lysandre estava fazendo. Um adulto surtado emocionalmente é que estaria na mesma situação que eu, trancada em uma cabine do banheiro da empresa, sentada sobre o vaso sanitário fechado e chorando feito uma cabrita. Mesmo que isso fosse destruir a maquiagem que Alexy fez minutos antes.

Inclusive, ele foi o único que tentou me parar de sair do camarim e me chamou no corredor. Mas eu não queria desabar daquele jeito na frente de ninguém. Principalmente porque eu precisava ser feliz na frente deles. Mesmo que eu me sentisse a pessoa mais culpada da face da Terra. E mesmo que eu fosse a culpada por tudo. 

Eu realmente merecia tudo o que estava acontecendo comigo. Aquilo ainda era pouco, já que eu praticamente destruí a carreira da minha amiga. E aquilo ainda era pouco. Quem merecia o hate que Júlia estava sofrendo era eu.

— Mari! — Micalina me chamou, socando a porta da cabine do banheiro. — Mari, abri essa porta. — Não respondi e ela continuou batendo. — O Alexy contou tudo o que aconteceu no camarim, Mari. Ele foi chamar eu e o Kentin pra ir atrás de você.

— Volta pro shooting, Mica — retruquei com a voz quebrada de choro. — É melhor vocês não ficarem mais tempo perto da cobra da B Agence. — Apoiei o rosto sobre os joelhos e tentei me abraçar, numa tentativa falha de me proteger.

— Foi isso que elas disseram pra você? — Mostrou-se indignada e eu não disse mais nada, deixando que ela continuasse batendo. — Mari, abre essa porta ou eu vou falar pro Kentin arrombar. Ele tá lá fora te esperando e preocupado com você.

Ergui o rosto e respirei fundo. Não bastasse tudo o que estava acontecendo, eu ainda estava deixando meus amigos preocupados comigo. 

— Volta pro shooting, Mica. Me deixa sozinha — pedi, mas ela continuou socando a madeira.

— A gente não vai te deixar sozinha, Mari. Não importa o que os outros tão falando, a gente não liga pra eles. Nós somos os seus amigos.

Ela parou de bater, porém ainda conseguia enxergar seus saltos por baixo da porta. Em questão de segundos, os olhos castanhos e a pele bronzeada de Mica se fizeram visíveis pela mesma abertura.

— Preciso mesmo pedir pra ele arrombar essa porta?

Com essa última insistência, abri a porta da cabine, com minha amiga passando o braço pelos meus ombros. 

— Você vai limpar essa cara de choro e Alexy vai fazer outra maquiagem em você, tudo bem? — Apenas concordei com o que ela disse e saímos do banheiro feminino.

Em poucos segundos, fui envolvida em um abraço pelo russo.

— A gente tá aqui com você, Mari. — Ele tentou me confortar, com um carinho nas minhas costas. — Não importa o que aconteça.

Apenas senti quando Micalina também se juntou ao abraço em frente à porta do banheiro. Foram eles que me ajudaram a me recompor.

 


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Notas finais do capítulo

Don't Blame Me, Taylor Swift: https://youtu.be/bM9meTykPho

Ester:
Aquele momento que você percebe que chegou na vida adulta, quando tá chorando no banheiro da empresa/faculdade -q
Até mais, povo o/

Bia
Nossa, que vontade de arregaçar essas modelos aaaaaaaaaaaa
Cadê o Bonnet com os pedidos de demissão dessas aí >.>
Respira fuuuundo uf uf
Até mais o/*



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