Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 27
Não está sendo fácil


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Depois das altas emoções da semana passada, vamos acalmar um pouco as coisas senão não tem coração que aguente -q
E vale lembrar que um certo alguém tá devendo algumas respostas...
Boa leitura ;)



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Marimar Garcia adverte: não bebam, pessoas. O álcool, em boa parte dos casos, te faz perder o mínimo de noção e bom senso que você tem. Se é que tem algum. 

Mas, pra mim, além da vergonha moral, o pior de tudo era aguentar a ressaca no dia seguinte. Lembranças para a vida: cuidado com o que bebe. E, principalmente, não fique bêbada no primeiro encontro com o crush. E também não vomite logo após beijar esse mesmo crush.

Naquele momento, tudo o que eu queria era me trancar no quarto e não ter vida social por talvez o próximo milênio.

Tá, um milênio é muito. Uma década talvez resolvesse o problema.

Rolei na cama, navegando pelo feed do Facebook. Sequer tive tempo de conversar com Júlia naquela manhã e tudo que me restou foi tomar um café da manhã sofrível com bolacha de água e sal e suco. Parecia que eu ia vomitar outra vez, como se a noite passada não tivesse sido suficiente.

Fora a dor de cabeça, que estava começando a passar, graças ao analgésico.

Vi tudo o que podia no Facebook e fiz o mais sensato naquele momento: fechei o aplicativo e abri outro. Vi a tela do Instagram carregar e logo uma notificação. Cliquei, levando a mão à boca no exato momento.

 

"@castielperrotreal passou a te seguir"

 

Sim, o mesmo @ que me beijou ontem. E o mesmo que me trouxe até em casa com toda a educação e aturou inúmeros pedidos de desculpas do pub até o apartamento. Pobre coitado.

Também havia uma notificação de MP. Qual não foi minha surpresa ao ver que era justamente de @castielperrotreal? Meus planos de me isolar até 2030 tinham ido por água abaixo antes mesmo de começar.

 

"Curtindo a ressaca, Morena?"

"Espero que não tenha vomitado outra vez"

 

Tentei ignorar a brincadeira da segunda mensagem e focar na primeira. Ele me chamou de Morena? 

Virei o rosto pro travesseiro e gritei. Por sorte, o celular não caiu de cima do beliche e pude voltar de barriga pra cima pra responder.

 

"Pior dor de cabeça de todas"

"Mas tomei um analgésico, vai passar"

 

E finalizei mandando um emoji. Ele provavelmente estava online, porque me respondeu quase imediatamente.

 

"Água de coco cairia bem. Faz bem pra ressaca"

 

Tá? O que eu falava depois disso? Continuava a conversa? Deixava o @ no vácuo? Outra mensagem chegou.

 

"Tá ocupada hoje?"

 

Dessa vez não deu nem tempo de virar pro travesseiro, gritei pro alto mesmo e meus vizinhos que lutassem. Ao menos, ninguém me xingou de volta ou bateu a vassoura no teto.

Agora, pausa para o famoso monólogo da Marimar e para recapitular as coisas até aqui.

Tópico número 1: Nathaniel x Castiel

Era inegável que eu ainda pensava no meu chefe. "Ah, mas você nem pensou nele no dia de ontem, blá blá blá". Primeiro: por mais que a pessoa seja meu crush, eu não penso nela o tempo todo, tenho mais o que fazer. Segundo: ficou bem claro que eu não estava nos meus estados mais lúcidos. Não que sóbria eu já fosse um exemplo de lucidez…

Por fim, eu prometi a mim mesma que deveria seguir em frente, não? Era o que eu estava fazendo, e conseguindo.

Tópico número 2: Castiel x Lysandre

Esse era a grande incógnita do momento. Saí do Instagram e abri minha conversa com Júlia no WhatsApp, indo para os arquivos de mídia e vendo as fotos que ela me mandou. Sim, daquele fatídico dia em que demos uma de paparazzi.

O que aqueles dois tinham? Eram mesmo um casal? Apenas amigos? Amigos desde o ensino médio? Amigos com benefícios? Então por que Castiel ficou comigo?

Não fazia a cara de Lysandre aceitar ser amigo com benefícios e nem entrar num relacionamento aberto… Então, o que Castiel queria da vida? E mais importante: o que ele queria comigo?

Talvez fosse a bebida ainda no meu cérebro ou talvez eu tivesse ouvido errado, mas ele parecia muito a fim de continuar o que já tinha começado…

Por que minha vida tinha que ser tão complicada? 

Peguei o celular de cima da barriga, vendo a mensagem brilhar. Bem, custava nada falar a verdade e ver no que ia dar, né?

 

"Não tenho nada pra fazer nos próximos dias"

 

Não demorou muito e ele respondeu. Ele estava com a conversa aberta esse tempo todo, igual a mim?

 

"Que tal dar uma saída? Algo leve pra comer"

"Conheço um lugar"

 

Okay, em um dia, seu crush —incentivado pelo amigo/enrolado — te convida pra sair, vocês se beijam, você passa uma das piores vergonhas da sua vida e… No dia seguinte ele te chama pra sair de novo? O universo realmente devia me amar muito.

 

"Se for algo leve, aceito"

"Não quero terminar nosso encontro comigo vomitando outra vez"

 

Será que dava pra chamar de encontro? Bem, não deixava de ser. Mas será que Castiel chamaria assim?

 

"Se você não inventar de beber de novo, com certeza não vai"

"Logo chego aí"

 

Encarei as mensagens, mal piscando. O Castiel estava… No mesmo instante, pulei da cama — ou desci pela escada, já que estava na beliche de cima —, e comecei a me arrumar.

Como revirar meu guarda-roupa em o que? Quinze minutos? Vai saber onde ele morava…

Quando eu terminava de arrumar meu cabelo — e ignorava o monte de roupas largadas às minhas costas —, ouvi uma buzina na frente da casa. Continuei me arrumando, achando que devia ser pra alguém na rua. Quando se tornou insistente demais, fui até a janela, vendo um carro vermelho parado no meio fio.

Não apenas um carro vermelho, mas de uma marca super chique e que parecia valer tudo o que tinha dentro do meu apartamento com a Júlia. Não podia…

Ignorei tudo e apenas peguei minhas chaves, descendo correndo as escadas do prédio. Quando abri o portão, vi o vidro do lado do passageiro descer. Castiel estava no volante, em couro e pessoa.

— Demorou, hein? — comentou e me aproximei do veículo.

— Eu nem sabia que você tinha um carro — respondi, analisando aquilo que parecia ter saído direto da concessionária pra minha rua. Aparentava ter até teto solar, olhando melhor uma parte preta no teto.

— Você não achou que eu fosse vir da minha casa até aqui a pé, né? — retrucou e riu, quando viu que tudo que ia receber de mim era um "gnhh". — Entra — disse e eu arregalei os olhos. — Não vou te sequestrar não, garota — brincou e riu, ao ver que eu continuava parada do lado de fora.

Abri a porta e entrei, sentando no lado do passageiro e sentindo como o banco era confortável. Deslizei a mão pelo tecido, era tão macio…

— Vai ficar fazendo carinho no meu carro ou vai pôr o cinto? — A voz do modelo me trouxe de volta pra realidade e fiz o orientado, com um sorriso sem graça na cara.

Quando estava com o cinto posto, ele deu a partida e começamos a sair da minha rua até que um pouco rápido.

— Pensei que você gostasse de caminhar. — Tentei usar essa forma pra não perguntar sobre o carro diretamente. Quem disse que eu só cometia gafe o tempo todo? Bem, boa parte dele.

— É meio chamativo eu sair com um carro desses pra cima e pra baixo, né? — pontuou e eu tive que concordar. — Hoje não tô muito a fim de andar. — Mudou de marcha e analisei as mangas da sua jaqueta preta puxadas até o meio do braço.

Olhei para o seu rosto, vendo que estava um pouco com cara de cansaço. Sorte que eu ao menos tive tempo pra me maquiar, senão Castiel estaria saindo com alguém da figuração de The Walking Dead.

— Sua ressaca tá muito ruim?

— Só uma dor de cabeça — respondeu. — E você? Do jeito que parece não saber beber, achei que nem ia aceitar sair hoje — disse com uma risada debochada.

Torci os lábios, não achando muita graça da zoada com a minha cara. Mas cá entre nós, depois de ontem, eu bem que merecia.

— Dá pra levar — comentei com um sorriso amarelo, mas pareceu não convencer muito. Castiel apenas balançou a cabeça e ficou em silêncio. — Então… Que lugar é esse que a gente tá indo? — perguntei, finalmente tomando noção de que sequer sabia da onde a gente ia antes de aceitar o convite.

— Eu te convidei pra comer alguma coisa — reiterou de forma evasiva. — É um lugar que eu vou desde que era mais novo. — Assenti apenas e estava pronta para continuar com perguntas, quando ele começou a manobrar o carro para estacionar. — Matou sua curiosidade? — Terminou de fazer a baliza.

Olhei para o lado, vendo apenas mato e o que parecia ser um restaurante meio rústico, todo marrom. Tentei tirar o cinto, mas parecia não sair. O modelo apertou um botão e finalmente consegui me soltar. Dei um sorriso como agradecimento e ele riu sem som. Saímos do carro.

— Aquilo lá é uma pista de skate? — questionei, apontando ao longe. 

Ao lado do restaurante, havia um pedaço de espaço vazio e grama, que levava ao que parecia um parque. Via bancos, academia ao ar livre, uma pista de skate e uma quadra mais ao longe. Apesar de ser o horário de almoço de uma sexta feira, havia gente por lá.

— E uma quadra de esportes — ele disse o óbvio e entramos no restaurante.

De fato, era meio rústico, com o piso de madeira e as paredes em uma pintura simples. As mesas do lado de dentro estavam todas cheias e Castiel fez um sinal para um garçom, me guiando para a lateral. Era uma varanda com mais mesas, apenas duas delas ocupadas. Nos sentamos e pegamos os cardápios de cima da mesa.

— Lanches naturais? — Li o título acima dos pratos em voz alta, esquecendo até de ver o nome do restaurante.

— Com o estômago desse jeito, eu não ia te convidar pra comer um fast food, né? — disse engraçadinho e deixou o cardápio de lado.

— É que não parece ser o tipo de coisa que você come — respondi, passando os olhos pelas opções de pratos.

— E eu pareço o tipo de cara que come o que? — Encarei-o, percebendo que esse tipo de coisa poderia soar bem errado em português. Marimar… 

— Ah, sei lá. — Dei de ombros e escondi o rosto atrás do cardápio.  — Qualquer coisa que não seja saudável desse jeito.

Ouvi Castiel rir e logo aquele mesmo garçom apareceu para anteder nossa mesa. O modelo pediu "o de sempre" e eu fiquei com um sanduíche de peito de peru e suco natural.

— Parece que você é do tipo comida saudável, então — ele comentou, tirando o celular do bolso e passando a responder uma mensagem. É, era de se estranhar que aquilo tivesse desaparecido das mãos dele nas últimas vezes que nos encontramos.

— Ué, é o que tinha no cardápio… — disse, vendo-o desligar a tela do celular e deixá-lo em cima da mesa. — Conversando com a banda?

— Ensaio na semana que vem — respondeu de forma sucinta e vi-o tamborilar os dedos sobre a mesa, no que parecia ser o ritmo de alguma música.

— Pietro convidou a mim e a Júlia pra assistir um ensaio de vocês qualquer dia desses.

— Vai lá, te passo o endereço — respondeu simplesmente, enquanto eu arregalei os olhos.

— Sério?! — percebi que exclamei alto demais e quase coloquei a mão sobre a boca. — Tipo, ouvir as músicas de vocês em primeira mão?

— A gente mal tem músicas autorais e elas já tão todas pra streaming, vai ouvir o que em primeira mão? — Okay, essa doeu.

Ficamos em silêncio depois dessa e Castiel continuou batucando os dedos na mesa. Nossos pedidos chegaram e começamos a comer.

— Quer falar alguma coisa? — ele falou de repente e eu quase me engasguei pra terminar de mastigar meu sanduíche.

— Por que você acha que eu quero falar alguma coisa?

— Você tá aí me encarando com uma cara estranha… Fome não é, então quer me perguntar alguma coisa. — E começou a comer seu sanduíche, que eu não fazia ideia do que era.

Como ele descobriu o que eu tava pensando? Bem, de uma forma ou de outra, ou eu eliminava a dúvida e ia ser feliz ou…

— Se você tem alguma coisa com o Lysandre, por que me beijou ontem? — Mandei na lata e Castiel começou a tossir, parecendo ter se engasgado com a comida. — Calma, toma um suco. — Estendi o copo, preocupada.

O modelo apenas fez um sinal de "espere" com a mão e continuou tossindo até os olhos quase lacrimejarem. Ele aceitou o copo da minha mão e bebeu, levando um tempo para tomar ar em seguida.

— Do que é que você tá falando? — disse meio pausado e baixo, depois de quase morrer engasgado com um pedaço de sanduíche.

Mordi o lábio, apreensiva. Por onde eu começava?

— Não sei se você sabe, mas se não sabia agora sabe, mas rola um boato na empresa de que você e o Lysandre são um casal. — Ele apenas ergueu as sobrancelhas e continuei falando. — E… Eu só… — Minha voz foi morrendo aos poucos, me sentindo uma idiota agora que o assunto estava à tona com um dos envolvidos.

Talvez a Júlia não estivesse tão errada no fim das contas.

— Você não parecia o tipo de pessoa que acredita em fofocas — comentou seco e bebeu seu suco, agora totalmente recuperado.

— Não é isso! — exclamei alto de novo, tentando me defender. — Você lembra daquela vez que eu disse que é impossível não ouvir os boatos da agência? Então…

— E você realmente acreditou que eu e o Lysandre fôssemos um casal? — insistiu e eu apenas queria ir deslizando da minha cadeira até debaixo da mesa.

Talvez não fosse mesmo uma má ideia ficar sem vida social até 2030.

— Vocês são bem próximos… — argumentei com um fiapo de voz. Nem eu acreditava mais em mim mesma.

Com o Castiel em pessoa me encarando, o assunto parecia outra coisa completamente diferente.

— Nós não somos um casal, apenas somos amigos há anos — disse a fatídica resposta que eu procurei por todo aquele mês e alguma coisa. Quem diria que viria tão fácil, não é mesmo? 

— Eles dizem isso porque ele é uma das únicas pessoas que…

— Ele é uma das únicas pessoas que eu converso na agência porque eu não tenho assunto pra conversar com as outras pessoas! — me interrompeu com o óbvio, que não parecera óbvio pra mim até aquele instante.

Eu devia realmente ter ouvido a Júlia.

— Eu e Lysandre nos conhecemos desde o ensino médio e quando ele conseguiu o emprego na agência graças ao irmão, ele me ofereceu pra tentar uma vaga.

— Então você não pensava em ser modelo antes disso? — Àquela altura, ninguém mais se importava em comer e os sanduíches estavam abandonados sobre os pratos.

— Eu queria mais ser músico do que modelo. — Seus olhos pareceram vaguear pra alguma memória passada, tirando um pouco do semblante aborrecido de antes. — Mas foi o que deu pra fazer. — Deu de ombros.

— Mas agora você também é músico, né? Tem a Storm Riders.

— É mais como um hobby, pra todos nós. Todos os outros integrantes têm seus outros empregos — explicou, lembrando que tínhamos pratos de comida sobre a mesa.

— Mas agora que você é famoso como modelo e tem dinheiro, dá pra se lançar na música, né? Tipo, quem não vai se interessar pela banda do Castiel Perrot? — Assim como ele, também voltei a comer. Mesmo que meu estômago parecesse querer brigar comigo.

— E ter aquela legião de fangirls em cima de mim? — Ele riu sem graça. — Nem pensar! Pseudônimos tão aí pra isso.

Ergui as sobrancelhas, surpresa. Do jeito que ele falava, parecia não gostar de ser famoso… Ou talvez ele não gostasse de assédio. E eu era apenas mais uma delas…

— Desculpa — pedi, fazendo sua atenção se voltar pra mim. — Eu… — Respirei fundo, tentando procurar o que dizer. Sinceridade ganhava. — Eu parecia mais uma tiete no seu pé. — Ri sem humor, encarando o prato.

— No começo, parecia mesmo. Mas você foi melhorando com o tempo… Viu que eu não era apenas aquele seu crush famoso. — Senti meu rosto queimar. Então ele sabia do meu crush nele o tempo todo? Discreta? Nem um pouco. — E você foi me mostrando que não era apenas mais uma tiete doida atrás de mim. Você é legal.

Bem… Considerando o jeito que o Castiel era, isso poderia ser um dos melhores elogios que eu poderia esperar, certo?

— Obrigada — agradeci feito uma menininha tímida, tendo certeza que estava corada.

— Mas precisa aprender a não acreditar em tudo que ouve por aí. — Assenti com a cabeça, mostrando que ia tentar mudar dali pra frente. — Você achou mesmo que eu e o Lysandre...

Ele começou a gargalhar antes mesmo de concluir o pensamento. 

É, Marimar, a vida não está fácil pra você, mas poderia ser pior. E os dias de paparazzi tinham chegado ao fim.






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Notas finais do capítulo

Ester:
'Cê tá envolvida com Castiel, morena?
Uma crise de risos e engasgo depois, finalmente temos a resposta de um milhão de dólares dessa história -q Mas cá entre nós que só dona Mari tava apostando nessa ainda kkkk
Até mais, povo o/

Bia
Ai, espero que eu não seja a única que derrete quando o Castiel chama a Mari de Morena :3
Gente kkkkkkkk e essa vergonha que a Mari passou, misericórdia! Pelo menos o Cast deu boas gargalhadas kkk
Até mais o/



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