Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 9
Desespero, esse é o meu nome


Notas iniciais do capítulo

Olar!!!! Disse que voltava e voltei! Hoje, mais cedo que antes e, mais uma vez, chego até vocês com um cap novinho, avançando na nossa história. Já estamos no nosso segundo arco e muita coisa irá acontecer daqui para a frente. Espero que gostem e participem de tudo, como se fizessem parte do que se desenrola.



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...

— Rony...? Rony, você está aí? — o advogado perguntou com preocupação. Rony havia se enterrado em um silêncio mortal desde que Harry havia confirmado sobre as suas suspeitas.

— Estou... Estou aqui — o ruivo respondeu massageando as têmporas com uma das mãos. A outra segurava o aparelho celular ao ouvido — Você tem certeza disso, Harry?

— Sim — a voz do amigo e representante legal saiu sem muita animação — Você não deveria ter rasgado esse documento sem que eu visse antes, Rony...

— Eu sei...

— Nós deveríamos ter analisado as condições do seu pai antes de tomar qualquer decisão.

— Eu sei... 

— Agora nós não temos muitas alternativas, se pensarmos no adiantar das coisas… Fizemos tudo apressadamente, tentando ganhar um tempo desnecessário…

— Estou cansado, de verdade… — o ruivo suspirou, a voz parecia vencida — Mas como eu poderia imaginar que meu pai faria algo do tipo?

— Rony... — a voz de Harry se tornou mais firme — Até eu sei do que o seu pai é capaz. Ele te induziu a ter um filho e… agora isso. Realmente, você não esperava algo tão excepcional da parte dele?

— É... — um suspiro fundo e cansado — A vovó dizia que o papai não dá ponto sem nó…

Ele fez tudo de forma muito bem elaborada e, se pensarmos bem, observando esse documento, nem era tão complicado assim, não como interpretamos... Fico realmente triste de não ter sabido desse documento antes de tudo, de não termos analisado tudo antes de envolvermos a Hermione nessa situação.

— Eu sei… Me sinto culpado por tudo… me culpo por não ter observado esse pormenor, por não ter lembrado de te falar dele. Tudo o que acontecer com a sua amiga e com a filha dela, de agora em diante, será minha responsabilidade, graças a minha capacidade de perder a cabeça nos momentos onde deveria ser mais racional…

— É certo que poderíamos ter evitado muitas coisas, mas não adianta ficar remoendo agora. Precisamos resolver o que fazer. Ainda há tempo de falar com Hermione… Na cópia que eu consegui diz que você precisaria ter um filho até a data do seu aniversário do próximo ano, mas não diz que a criança já deveria ter nascido. Poderia ser um teste confirmando a gravidez diante dos acionistas.

— O que eu vou fazer? — a voz do herdeiro estava cansada, um tom de desespero — O que eu faço agora, Harry?

— Rony... — Harry foi objetivo — Vamos agir rapidamente. Vou ligar para Hermione e pedir que ela pare com o tratamento. Fizeram apenas um inseminação e o médico falou que a chance era mínima de dar certo na primeira tentativa. Podemos voltar atrás e você pode ajudar a Rose de outra forma...

— Não há mais o que fazer... — a voz saiu com mais pesar — Ela me ligou hoje, mais cedo, por isso vim falar com o papai.

— Como assim, ela te ligou. O que aconteceu? — a voz de Harry se tornou tensa.

— Deu certo — um silêncio de alguns instantes se instaurou entre os dois — Ela fez um teste hoje de manhã e já posso ser chamado de pai...

— Assim, de primeira? — Harry pareceu incrédulo — Não pode ser, Rony. O médico que realizou o procedimento falou que provavelmente precisaria repetir… Sobre a taxa de sucesso…

— Sim… — Rony concordou, explicando aquele fato — De 10 a 15% de chances de dar certo de primeira, porque foi o método intracervical…

— 15% é muito pouco… — Harry teimava em acreditar na sorte dos amigos — Pensei que teríamos mais uma ou duas sessões...

— Eu também, ao menos umas duas… 

Isso é inacreditável… Quão férteis vocês são? — o tom era de espanto, surpresa, um pouco de decepção.

— Parece que somos bem sortudos, não é mesmo? — a voz de Rony saiu num grunhido.

— Então, diante disso… Tudo isso muda o que pensei durante a leitura do documento do seu pai…  

— Ela me ligou para dizer que vai marcar uma consulta com a obstetra, me passando informações, conforme está no contrato — ele suspirou — Ela está inocente diante de tudo isso. Eu sou um completo idiota. O que eu vou fazer?

Acho que… Não sei bem o que pensar nessa situação, o documento do seu pai é muito bem amarrado, mas vou procurar alguma brecha. Enquanto isso, aproveite que está aí e converse com ele, tente chegar em algum acordo… A Hermione também precisa saber o que está acontecendo.

— Eu sei…

— Eu vou na casa dela e vou explicar tudo…

— Não precisa, Harry… — estava desestabilizado — Vou conversar com ela pessoalmente.

— Tudo bem. Boa sorte, meu amigo. Não imaginei que as coisas tomariam esse rumo...

— Quem pensou? Obrigado pelo desejo de sorte. Realmente, vou precisar.

— Parece que você não conhece o pai que tem, meu filho — Molly Weasley começou tão logo Rony desligou o celular — Acha mesmo que tudo seria simples vindo dele?

— Seria mais simples do que se tornou, mamãe? — ele suspirou — Ele não estava me obrigando, de fato, a ter um filho… Isso tudo é uma loucura e eu não sei como vim parar no meio disso tudo.

— Eu sei... Você acha que eu concordo com isso? — a senhora o olhou profundamente e se aproximou dele, sentando ao seu lado no sofá, lhe oferecendo cafunés — Ele disso que não estava te obrigando a nada, mas isso tudo é uma loucura do seu pai e ainda mais sua por acatar, por chegar a esse ponto.

— Mas ele me obrigou, mãe — ele fixou os olhos na senhora de cabelos grisalhos — Eu deveria deixar que a empresa ficasse com os acionistas?

— Deveria ter tentado outros meios… Deveria ter lido esse maldito documento com mais atenção e não explodir, como fez...

— Nada iria mudar os planos dele e a senhora sabe disso.

— Sim, eu sei — a mulher o abraçou vencida — Mas a situação envolveu uma jovem mãe que, pelo que você falou, já sofria demais para precisar ser envolvida nisso tudo. Gostaria de saber mais sobre ela, afinal, será dela que virá o meu neto.

— Mãe, não fique emotiva sobre isso, por favor. Eu não tenho muito contato com essa moça, é apenas uma mulher que precisava de dinheiro e...

— Rony — a mulher o olhou fixamente nos olhos, interrompendo o seu discurso — Não importa quem seja essa moça e a forma como as coisas aconteceram. Com certeza ela tem os seus motivos, como você bem falou, e você também tem os seus, ou tinha conforme interpretou como achou conveniente.

“O fato é que desde o momento em que ela passou a gerar o seu filho, vocês estarão conectados para sempre, não há para onde fugir disso e você jamais conseguirá cortar laços com ela porque o seu filho será prejudicado.”

— Meu filho… — ele novamente pressionou as têmporas — Isso é absurdo demais.

— Sim, é totalmente absurdo, mas não há como voltar atrás. Está feito e precisamos ser conscientes disso.

— Eu não sei o que fazer — ele suspirou, o ar saindo forte pelas narinas — Eu realmente não sei.

— Pois é bom você pensar em como irá agir a partir de agora. Eu não compreendo o pensamento do seu pai sobre toda essa situação, e olha que eu já conversei e tentei entender inúmeras vezes... Também não imaginei que você chegaria a tal extremo, mas as coisas já estão feitas e há responsabilidades sobre isso que precisam ser tomadas. 

“Existe uma criança sendo gerada, meu filho, uma criança indefesa e que sempre será a vítima diante dessa situação louca na qual vocês se meteram e a envolveram sem que ela pedisse ou entendesse e você precisa evitar a todo o custo que essa criança se veja como uma moeda de troca para a nossa família.”

...

Rony havia chegado à casa dos pais com um sorriso que ia de orelha a orelha. Em seu coração, e aquele sentimento parecia estúpido, havia vencido uma batalha contra o pai. 

Pensava muito sobre aquela situação e achava tudo o que estava acontecendo o maior absurdo de sua vida, um grande erro, mas se o seu pai o obrigou a tomar tal decisão, em seu coração tinha a esperança de que o erro não era apenas seu.

Havia ligado para a mãe informando que almoçaria com eles assim que desligou a ligação que havia recebido de Hermione. Não imaginou que tudo seria tão fácil e que ela engravidaria assim, na primeira tentativa. Em breve, Ronald Weasley seria pai. Pai de uma criança que é filha de uma mulher a qual ele não tem qualquer tipo de sentimento além de compaixão. 

Se parasse para pensar bem, também havia desenvolvido certo tipo de respeito por ela. Era uma lutadora e sua filha estava acima de qualquer situação, tanto que ela aceitou se submeter a mais aquela. 

Nesse ponto ela lhe lembrava a sua mãe e era impossível não admirar sua garra, força e persistência em prol da filha. No demais, era irritante e parecia impossível permanecer mais de trinta minutos no mesmo ambiente que ela. Sua presença, por algum motivo inexplicável, o perturbava.

Chegou à casa dos pais altivo e feliz. Foi recebido por um abraço apertado da mãe, como lembrava que sempre fora desde a sua infância, quando voltava da escola, embora agora não mais permanecesse ali após as refeições. 

Decidiu se mudar pouco depois do término com Lavander. A casa dos pais pareceu um ambiente sufocante a partir dali e, após vender o apartamento recém comprado para o que ele achava ser um casal, comprou outro, próximo aos pais, mas distante o suficiente para se sentir livre.

O pai, em seguida, lhe cumprimentou também. O mesmo abraço, o mesmo beijo de sempre. Aparentemente era apenas ele que estava alimentando aquele clima de rivalidade. Arthur Weasley parecia sereno demais para se preocupar com quem saía à frente de quem naquela situação que ele mesmo criara.

Conversaram sobre amenidades durante a refeição. Seu pai lhe perguntou sobre alguns detalhes da empresa, mas não tocou no assunto “filho para ter a herança”. Era esse tema que Rony esperava com animação, esperava ansiando o seu momento de glória.

O almoço se seguiu com tranquilidade, nada de mais ácido que pudesse arruinar a serenidade daquele momento em família. O ápice de tudo viria em seguida, na sala de estar, enquanto saboreavam a torta de chocolate feita especialmente por Molly para a sobremesa.

— E então, meu filho, o que pretende fazer sobre a empresa? Já se passaram quase dois meses desde a nossa conversa e, até agora, você parece não acreditar no que tenho dito.

— Arthur, não comece com esse assunto agora, por favor... — Molly falou repreendendo o marido, a expressão conturbada por aquele tema sem sentido.

— Tudo bem, mamãe... — o jovem falou sentindo que o seu momento, enfim, havia chegado — Não precisa se preocupar sobre isso. Já está tudo encaminhado... 

— O que quer dizer, Rony? — a mulher o olhou com apreensão. Arthur parecia apenas curioso.

— Eu trouxe boas notícias... — ele sorriu com astúcia e tomou um pouco do seu doce — Vocês serão avós!

— O quê? — Molly se espantou — Que loucura é essa, Ronald?

— Sério mesmo, filho? — Arthur o observou sorrindo — Vou ter um netinho?

— Sim, papai — o jovem continuou com tranquilidade, ignorando a mãe — Finalmente o seu sonho irá se tornar realidade... Finalmente o senhor será avô.

— Rony, que história é essa? — Molly perguntou novamente — O que está falando, meu filho?

— E quando será o casamento? — Arthur perguntou e Rony quase engasgou. Molly olhou do filho para o pai ainda mais incrédula. Não havia respostas para seus questionamentos.

— Que casamento? — Rony perguntou tão logo engoliu seu doce com demasiada dificuldade.

— Ora... Como assim “que casamento”? O seu casamento, meu filho — Arthur continuou e, agora, parecia que era ele que estava triunfante — Você acabou de dizer que será pai...

— Sim... Eu disse. Mas o que isso tem a ver com casamento?

— Hmmm… Estou vendo que você não leu o documento que atesta a sucessão da empresa...

— Sobre o que está falando agora, papai? — Rony começou a se exaltar. A taça de sobremesa foi deixada de lado.

— Que casamento, Arthur? — Molly perguntou angustiada — Vocês dois vão me deixar louca qualquer dia desses.

— Rony, meu filho, o que te permite a sucessão da empresa não é apenas ter um filho. Naquele documento que te entreguei eu...

— Eu rasguei — o jovem se exaltou, quase gritou — Eu não li nada do que tinha escrito lá.

— Pois bem... — o pai continuou com serenidade — Se você tivesse lido, como deveria, afinal, tratava-se de um contrato, saberia que o meu desejo não era simplesmente um neto vindo de você, mas uma família. Você deveria se casar com a jovem e ter um filho com ela. Tudo está indo bem, mas você está usando a ordem contrária.

— Que palhaçada é essa agora, pai? — Rony se levantou de onde estava e caminhou impaciente de um lado para o outro na sala de estar — O senhor está tentando me enlouquecer, é isso? 

— Claro que não…

— Você só pode estar brincando, Arthur — a senhora também parecia incrédula.

— Você não acha que seu filho já passou da idade de casar? Com a idade dele já tínhamos vivido muitas coisas juntos…

— E o que isso tem a ver comigo, pai? — Rony parecia em ponto de surtar — Eu não sou o senhor, não tenho a sua vida e nem quero viver como você viveu. Eu tenho meus próprios planos, meus projetos...

— Planos? Projetos? Isso parece bom! — Arthur falou com simplicidade, ainda não sabia da gravidade dos fatos — Agora, sim, meu filho, basta se casar! — continuou, ainda mais animado — O mais difícil você já conseguiu, e bem rápido — a expressão mudou para uma mais divertida — Sei que você não sairia por ai fazendo um filho com qualquer uma e…

— Eu não a conheço! — Rony explodiu — Eu não a conheço, papai — ambos os senhores estavam espantados — Contratei uma espécie de barriga de aluguel. A vi apenas no dia de ajustarmos o contrato e um dia depois, para assinar…

— Meu filho… — Molly tentava manter a sanidade — Você teve relações com uma estranha e a engravidou? 

— Não, mamãe! Que loucura a senhora está dizendo? Foi inseminação — Rony colocou todo o ar dos pulmões para fora com profundo pesar, sentando ao lado da mãe — Ela me ligou hoje de manhã confirmando a gravidez… As chances eram de 10% na primeira tentativa, mas deu certo mesmo assim — cobriu o rosto com as mãos. Parecia desesperado.

— Arthur, cancele esse documento — Molly interveio — Como nosso filho irá se casar com uma estranha? Que loucura é essa, Ronald? — ralhou com o filho que permanecia calado, o rosto nas mãos, os dedos nas têmporas — Como você foi capaz de cometer uma loucura dessa sem consultar ninguém antes? Mas por que me espanto com você? Olha só o pai que você tem! A cópia um do outro! O que eu faço com você, garoto? O que eu faço com vocês? — se jogou sobre o sofá, as mãos no rosto — Eu vou enlouquecer e mal completei sessenta...

— Meu filho, você fez tudo diferente do que pensei — Arthur começou, parecia preocupado, o pescoço estava vermelho e a tez marcada com tensão — Queria que você procurasse alguém, que tentasse se apaixonar novamente e deixasse as mágoas do passado para trás. Queria que voltasse a viver e a sonhar, não que fizesse isso… 

— Cancele esse documento, Arthur. Cancele esse documento agora mesmo! — a senhora falou com autoridade, olhando de um para o outro — E você irá cumprir todas as suas obrigações com essa jovem e com essa criança, está me ouvindo?

— Sim… Eu sei, mamãe. Não pretendo desampará-los — focou o pai — O senhor pode cancelar o documento, papai?

— Infelizmente, não.

— Claro que pode! — a mulher estava exaltada, Rony fechou os olhos, decepcionado que sua última esperança se esvaísse — Você pode e irá fazer isso agora mesmo, Arthur. Agora mesmo!

— Eu não posso... — Arthur falou e Rony e Molly o olharam, cada um perdido em seus pensamentos — Eu o faria nesse instante se pudesse, mas, no dia que te entreguei sua cópia, também enviei cópias para os nossos acionistas e o documento já foi protocolado. Não há o que fazer. Não é possível anular... 

— Ah, meu Deus! Isso não é possível! — Molly se levantou, exaltada. Caminhou pela sala como Rony havia feito instantes atrás — É loucura atrás de loucura e eu sinto que meu cérebro vai explodir! Por que você fez isso, Arthur?

— Eles são acionistas da empresa, Molly. Eles precisavam saber.

— Por que você começou isso? Como você foi capaz de cometer tal absurdo com o seu filho, seu único filho? O que vai fazer sobre isso agora, Arthur? — ela continuou ainda exaltada.

— Infelizmente, agora, só quem pode fazer algo é o Rony… — falou diretamente para o filho, olhando-o com tensão e tristeza — Filho, me perdoe, mas se quiser manter a empresa em suas mãos, terá de se casar com essa moça.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso, pessoal! Não deixem de deixar suas impressões. Toda crítica é positiva e bem-vinda!!!! Nos encontramos no próximo sábado e vou respondendo vocês durante a semana. Beijos no coração!



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