Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 22
Bem-vindo!


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem? Espero que sim! Não consegui postar no domingo, meu PC deu problema e só resolvi agora, mas antes tarde do que nunca, já dizia alguém!

Obrigada a todos que comentaram, vocês são incríveis. Tenho tentado ir respondendo conforme vocês comentam, mas nem sempre consigo todos, então me desculpem.

Agora, o último capítulo do segundo arco. Iniciamos um novo e, ptovavelmente, o último arco. Espero que gostem, comentem, deixem suas impressões e sugestões.

Beijos no coração ♥
Fiquem em casa se puderem!!!



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Hermione nunca imaginou que, em algum momento a sua vida, viveria tantas sensações de uma única vez. Havia fechado o nono mês de gestação e esperava que a maquiadora do studio terminasse sua produção.

Os cabelos estavam soltos, ultimamente tão bem tratados que ela mesma estranhava. Estavam penteados em grandes e volumosos cachos, bem definidos, adornados com pingos de luz.

Usava uma segunda pele preta, curta, sob o top de renda, também preto. A pele castanha ficava à mostra e contrastava com a cor escura do tecido. A saia, longa, com uma grande cauda, projetada bem abaixo da barriga, deixando toda a sua extensão livre e à mostra.

Rose já havia aparecido na sala onde ela estava inúmeras vezes. Não sabia qual dos, se ela ou o “marido”, estava mais ansioso por aquilo. Na verdade, nem mesmo sabia como havia chegado ali, mas lembrava de que havia sido um comentário no encontro de casais que teve o poder de colocar tal pensamento na mente de Ronald Weasley.

— Está pronta! — a maquiadora falou e ela inspirou profundamente — E está linda! Você tem uma pele incrível, Hermione. Deveria se maquiar mais, mesmo que de leve, para realçar teus traços...

— Acabo ficando sem tempo... Uma bebê, esse aqui quase nascendo... — ela respondeu, tentando justificar sua falta de vaidade.

— Eu entendo... Mas se quiser tentar, entra em contato comigo, posso te ajudar.

— Obrigada!

— Bom ensaio... Vocês são uma família linda! Tenho certeza que as fotos ficarão incríveis!

Hermione caminhou pelo corredor em direção ao local onde as fotos seriam feitas. Rose foi a primeira a vê-la e a primeira a comentar o quanto ela estava bonita. Direcionou-se até a mãe e acariciou sua barriga, falando com o irmão, pedindo que ele ficasse quietinho para as fotos.

Em seguida, foi a vez de Rony. Ele aproximou-se e ela, novamente, sentiu-se tremer. O sorriso do ruivo parecia a cada dia mais encantador, assim como parecia querer falar-lhe infinitas coisas as quais ela não conseguia decifrar.

— Vamos começar fazendo algumas fotos com a nossa bela mamãe sozinha, o que acham? — Judy, o fotógrafo, sugeriu com tom ameno e amigável.

— Acho que pode ser — Hermione concordou sentindo-se insegura. Nunca havia passado por aquilo e poderia confessar que apenas aceitou pelo marido que “queria tanto ter fotos da gestação”.

— Então vamos começar... — Judy continuou — Você tem uma beleza singular, Hermione... Essa criança será linda, com certeza!

— Obrigada! — ela, acanhada, deixou-se se direcionar para onde ele a levou.

— Segure este ursinho e vamos começar com as fotos...

Hermione sentiu-se estranha de princípio, mas após alguns cliques, o incentivo da filha e o sorriso abobalhado de Rony, ela conseguiu se libertar um pouco e começou a tomar para si o controle daquela situação.

Fotos de pé, com ursinhos, roupinhas e sapatinhos do bebê. Perfil, deitada, com expressão séria e feliz, acariciando sua barriga e sentindo a alegria de proporcionar tantas coisas boas para aquele bebê.

— Rose, você se importa se fotografarmos o papai e a mamãe primeiro? — Judy perguntou com tranquilidade e a menina respondeu animada.

— Claro que não!!! — ela parecia empolgada demais com os brinquedos, o estúdio e todas as coisas disponíveis naquele lugar — Pode tirar fotos deles!

— Rony, por favor, abrace Hermione por trás. As mãos na barriga dela... Quero a conexão de vocês o mais intensa possível, agora...

Aquela sensação estranha percorreu a espinha de Rony. Ele, por vezes, se perguntava até quando iria aguentar controlar aquela situação sem tomar qualquer atitude em relação à esposa. O maior problema era que ela parecia não ter qualquer sentimento por ele. Ela parecia ainda como nove meses atrás.

— Olhos nos olhos, casal... Vocês são um casal lindo, eu nunca vi tanta emoção e sentimento em um casal...

Hermione olhava profundamente nos olhos azuis e tão profundos de Rony. Sentia que poderia mergulhar naquela imensidão azul a qualquer momento. Testas grudadas, olhos fixos, narizes quase se tocando e o desejo profundo de dar-lhe um beijo enquanto ele, tão carinhoso, pousava a mão sobre sua mão, em cima de sua barriga.

Ouviu vários cliques, sabia que era normal aquela sequência de fotos para que, depois, escolhessem as melhores. Eles nem mesmo eram um casal de verdade, mas ele havia pensado muito sobre aquilo. Hermione não tinha conseguido tudo o que merecia enquanto esperava Rose e, ele, faria o que preciso fosse para que ela fosse completa com Hugo.

— Hermione, vire de frente para Rony... Vocês têm uma altura bem desproporcional — Judy riu com malícia e Hermione avermelhou — Nariz com nariz, meus queridos... Hermione, coloque sua mão direita na nuca de Rony e sorria...

A sensação de sentir Hermione acariciando sua nuca era instigante. Arrepios perpassavam por seu corpo e ele se conteve o quanto pode. Hermione sentia que, a qualquer momento, não seria capaz de controlar seus sentimentos e suas sensações. Sentia-se envolvida em uma luta contra seus próprios desejos.

— Rony, preciso que você cheire sua mulher. Pode ser na bochecha ou no pescoço, apenas faça...

Hermione sentiu a nuca gelar quando os lábios de Rony tocaram a pele do seu rosto. Ele era tão tranquilo e delicado em tudo o que fazia. Mal imaginava o quanto ela o desejava naquele momento de loucura e insensatez.

— Rose, boneca... — Judy chamou a atenção da menina e a levou até o casal, grato por aquela interrupção — Fique do lado da mamãe. Você e o papai darão um beijo de cada lado desse barrigão lindo. Rony, se abaixe, por favor... Você é muito alto...

Eles fizeram conforme o fotógrafo indicava. Rose, muito empolgada agora que era fotografada, se viu no meio dos pais e fez fotos com ambos, em família e com cada um deles. Sentia-se incrível por ter uma família.

— Vamos para as últimas agora... — Judy continuou — Hermione, por favor, se deite sobre o tapete — ele indicou e Rony ajudou a mulher a deitar — Rony, sente-se e cruze as pernas, apoie a cabeça de Hermione olhando para você — Fizeram novamente o que foi pedido — Rose, minha boneca, deite com o peito sobre a barriga da mamãe, com cuidado — Rony a ajudou — E olhe para mim. Quero fotografar seus olhos... Rony, olhe para Hermione... Se olhem...

Mais cliques. Um momento ou outro cada clique era interrompido para que Judy organizasse uma nova pose, praticamente igual a que eles já estavam. Ele disse que era para evitar o desgaste físico de Hermione.

— Agora, para terminar, um beijo. Vocês não fizeram nenhuma foto de beijo...

Hermione, com a cabeça sobre as pernas de Rony, o olhou com aflição. Ele retribuiu o olhar, mas não disse nada. Pareciam entrar em uma espécie de acordo sobre aquele momento.

— Apenas um selinho... — Judy continuou ajustando a câmera — Rose, você também vai beijar, só que a barriga da mamãe, tudo bem?

— Tudo, tio! — a menina respondeu com empolgação infantil e se preparou, feliz de mais por aquele momento, para beijar o irmão.

— Vamos lá...

Rony, ansioso demais, flexionou as costas até estar bem próximo de Hermione. Olhando em seus olhos, ele notou um leve aceno de cabeça, onde ela lhe permitiu aquele toque.

Pareceu infinito aos dois. Rony, tenso em sua posição e movimento, colocou seus lábios no de Hermione com delicadeza e cuidado. Estava distante daquele universo. Um toque tão insignificante para muitos, mas totalmente importante para aqueles dois.

~/~

A manhã mal havia começado e Rony já queria que o dia tivesse terminado. A empresa estava uma correria e várias pendências chegavam até ele para serem resolvidas o mais rapidamente possível.

Fora praticamente obrigado por Hermione a estar ali, naquele momento. Sentia, em seu coração, que deveria ficar ao lado dela nessas últimas semanas de gestação, mas ela era teimosa, e autossuficiente, demais para aceitar a sua presença de bom grado.

Duas semanas depois da situação inesperada no studio e ele ainda se via pensando naquele momento. Perguntava-se se, em algum momento, teria a oportunidade de sentir os lábios de Hermione como queria, mas evitava trazes os pensamentos para aquela situação. Ela não parecia ter sido abalada, tanto quanto ele, por aquela situação.

Já passava das dez da manhã e ele ainda estava sentado, naquela sala, ouvindo aqueles acionistas insuportáveis. Queria sair dali, mas sabia que aquela reunião se estenderia ainda pelo horário do almoço.

Olhou para o relógio, cansado, e recusou uma chamada de número desconhecido no celular. Tentou focar no que era dito, mas o celular, e aquele número estranho, voltou a incomodar.

Dez segundos depois de recusar a segunda chamada, novamente, o celular tocou. Dessa vez, pedindo licença aos demais, se retirou da sala. O número, insistente, mesmo com toda a sua demora, continuou a insistir.

— Alô!

— Que saco, Weasley! — era Gina e seu estresse iminente, ele reconheceu instantaneamente — Por que demorou tanto pra atender essa porcaria de telefone?

— Estava em uma reunião — ele justificou, confuso por receber uma ligação da moça que nunca o havia ligado antes.

— A Hermione deu entrada no hospital — o coração do ruivo gelou — A Dr.ª Scott já foi informada e já está a caminho daqui.

— O que ela tem? — ficou nervoso. Pensou na placenta descolada.

— Dores! O que mais, Weasley? Ela entrou em trabalho de parto, criatura lenta. Venha logo pro hospital. Vou ligar pro pai dela...

Rony permaneceu um momento estático. O som parecia ter sumido do seu redor, ele também não parecia ter controle sobre o próprio corpo. Não conseguia enxergar o que acontecia diante de si e, naquele momento, ele parecia ter perdido a própria alma.

De repente, como se uma mão lhe puxasse dos seus devaneios e o trouxesse de volta à realidade que ele precisa encarar, se viu correndo pelos corredores da empresa como um louco, em direção à saída.

— Sr. Weasley, o que aconteceu? — ouviu a voz da secretária. Nem mesmo lembrou o nome dela naquele momento. Ela parecia preocupada.

— Meu filho vai nascer... Bom dia, pra senhora!

E continuou a sua corrida em direção ao estacionamento. Não se lembrou dos elevadores, ou os achou demasiadamente demorados naquele momento, e se adiantou pelas escadas, suando e sorrindo ao mesmo tempo.

Quarenta minutos depois da ligação de Gina, e muitos insultos lançados no engarrafamento que pegou, Rony chegou ao hospital em estado de choque. Não sabia o que poderia fazer, mas queria estar ali para o que fosse necessário.

Correu ainda mais, sentiu o fôlego faltar, precisava voltar à academia, e nem mesmo foi à recepção, avistando seus pais, os pais de Hermione e os amigos, Harry e Gina, mais adiante, próximos a uma porta, sentados em cadeiras de espera.

— Como demorou, meu filho... — Molly o abraçou tão logo ele estava perto deles.

— O trânsito estava insuportável — justificou, a respiração agitada — Tentei pegar um atalho e fiquei preso em um engarrafamento.

— Tudo bem... — foi o pai de Hermione que falou — O importante é que você está aqui, neste momento.

— Você viu, papai? — Rose falou assim que ele a pegou nos braços e a abraçou — Meu irmãozinho vai nascer.

— Vai, sim? — ele a beijou na bochecha — Está curiosa pra saber como ele é?

— Eu acho que eu já sei — ela falou com seu ar de sabedoria, tão parecida com a mãe.

— É? E como ele será? — perguntou para ela e todos a olharam, esperando.

— No meu sonho, ele parecia a mamãe, só que sendo menino, e tinha o cabelo da mesma cor que o seu...

— Será que você vai acertar, Rose? — Harry chamou a atenção da menina que sorriu e acenou com a cabeça, afirmando.

— Então, agora, vamos esperar para ver se a Rose sonhou certo — Molly comentou também e estalou um beijo em direção à pequena, agarrada no pescoço de Rony.

— E onde está a Hermione? — perguntou em seguida, mais tranquilo.

— Ela foi encaminhada para a sala de espera — Gina respondeu prontamente. As duas estavam tomando sorvete no centro quando Hermione sentiu a bolsa estourar — Estava aguardando a Dr.ª Scott e, agora, está esperando a dilatação aumentar. Precisa de dez centímetros — concluiu a frase contraindo a face, como quem sente dor.

— E o que eu posso fazer? — ele estava extremamente ansioso.

— Por enquanto, apenas esperar — Arthur falou ao se aproximar, o braço sobre o ombro do filho, lhe passando um pouco de tranquilidade, segurança.

Rony olhou o relógio, exausto, e os ponteiros indicavam quase cinco da tarde. Fazia sete horas que Hermione havia entrado naquele hospital e que as únicas notícias que ele tinha eram vindas da mãe, da mãe de Hermione e de Gina, que revezavam entre si para fazer companhia à moça.

Rose cochilava no colo de Gina, as pernas esticadas sobre Harry. Arthur e Jonathan conversavam mais adiante, pareciam trocar experiências de vida; talvez conversassem sobre qual dos dois tinha a esposa mais mandona ou, talvez, qual dos filhos era mais cabeça dura.

Mais adiante, solitária, a mãe de Hermione parecia envolvida em uma prece pessoal. Não quis atrapalhá-la, assim como nenhum dos outros fez. Ela parecia tensa, havia se prontificado a revezar os horários com as outras duas e, mesmo que todos estranhassem, ninguém comentou. Rony apertou as têmporas com os dedos indicadores. Estava saturado daquela espera.

Pouco depois se levantou de prontidão ao ver sua mãe acompanhada da Dr.ª Scott, se direcionarem para ele conversando com tranquilidade. Ficou levemente irritado ao observar tamanha calma para aquele momento tão importante.

— Como ela está? — iniciou, indo de encontro à médica — O que está acontecendo com a Hermione? Por que ninguém me diz nada?

— Está tudo indo muito bem, Ronald — a médica respondeu atenciosamente — Hermione estava em observação. Devido ao deslocamento, esperava que ela não conseguisse dilatar o suficiente, mas ela se recuperou por completo e, agora, está tudo pronto para Hugo...

— Isso quer dizer...? — Rony sentiu-se fraquejar. Estava a cada dia mais sensível a tantas emoções e novos sentimentos.

— Isso mesmo! — a senhora respondeu com um sorriso — E eu vim te buscar. Vamos lá, conhecer o seu filho?

— Eu? Eu não posso...

Todos olharam para ele naquele momento. Até minutos atrás, ele reclamava de não poder ver Hermione e de não poder acompanhá-la. Igualmente, todos sabiam o motivo daquele posicionamento. A insegurança havia chegado e parado ao lado dele.

— Hermione precisa que você esteja ao lado dela, nesse momento — Dr.ª Scott falou com tom maternal — E você irá se arrepender muito se não participar desse momento com ela.

— Vai lá, Rony — Harry deu tapinhas nas costas do amigo — É o seu menino... Deve estar lá, com ela, agora...

— Sim... — Gina continuou, apoiando a ambos e, mesmo tendo sido contra a forma como se deu, já amava o novo sobrinho — E se você não pode vê-la até agora, esse é o momento de segurar a sua mão... Mas não se assusta, ela tá um bagaço...

— Gina! — Harry repreendeu.

— Quê? Eu tô mentindo, por acaso?

— Ronald — era a mãe de Hermione se direcionando a ele como nunca havia feito antes — Eu me arrependo de muitas coisas que fiz no passado, muitas delas contra a Hermione, achando que a protegia... Você mesmo presenciou... Me arrependo porque perdi momentos importantes ao lado da minha filha, momentos nos quais ela precisou de mim e eu não estava com ela.

“Sei que você deve estar nervoso, talvez até com medo, mas ela também está e, ao contrário de você que, aqui, está envolto de pessoas que te querem bem, ela está em uma sala onde ela mal conhece quem a rodeia, em um momento delicado, íntimo e extremamente importante. A única que pessoa que ela realmente irá querer com ela, nesse momento, é você.”

Rony olhou da senhora para Gina que fazia uma cara de espanto - provavelmente por jamais esperar tais palavras vindas de Isabel e por não ter nada para rebater. Olhou para os pais que lhe sorriram de volta, o incentivando, e recebeu um abraço apertado de Jonathan.

Olhou de volta para a médica que os acompanhou durante aqueles nove meses e caminhou até ela que, carinhosa, o abraçou pelo ombro e o levou consigo, ao seu lado, pelos corredores em direção à Hermione.

Ele se estranhou naquele avental verde. Usava touca e tinha colocado sapatilhas de plástico sobre os seus sapatos. As mãos precisaram ser bem lavadas, movimento instruído e observado por uma das enfermeiras que acompanhariam o parto, e, seguindo-a, atravessou aquelas portas que lhe deram um solavanco no estômago.

Hermione estava mais adiante, em uma maca, touca na cabeça cobrindo boa parte dos cabelos, a face vermelha, suada e contraída. Sentia muita dor e ele nunca poderia ser capaz de saber todas as sensações que percorriam por ela, sejam as físicas ou as sentimentais.

Sentiu um tapinha de incentivo no braço, a enfermeira que vistoriava a sua lavagem das mãos, e um sorriso de convite para se aproximar da jovem mãe. A posição na qual Hermione estava agora não permitia que ela o visse ali, observando tudo o que acontecia ao seu redor.

Deu passos pequenos em direção a ela, a Dr.ª Scott, sentada, posicionada à espera de Hugo. Uma das enfermeiras monitorava os batimentos cardíacos e a pressão arterial em aparelhos eletrônicos. A outra, que havia lhe dado o tapinha, se posicionava, agora, ao lado da médica, auxiliando ao lhe passar instrumentos e informações necessárias. Havia ainda um rapaz, aparentemente o anestesista, que, pelo grunhido de dor que Hermione havia soltado naquele instante, ainda não havia exercido a sua função.

— Oi...

— Rony — ela murmurou e, de perto, ele entendeu o que Gina havia mencionado.

O estranho é que, mesmo ela estando “acabada”, como a amiga havia sugerido, ele sentiu o coração pulsar ainda mais forte. Ver Hermione ali, daquela forma, pelo filho deles, fez com que ele se enchesse ainda mais de ternura e real admiração por ela. Já não sabia mais o que sentia, mas era bom e desesperador sentir.

— Estou aqui... — respondeu, um sorriso ofertado, mãos que se encontraram.

E, por fim, depois daquele momento, tudo pareceu acontecer rapidamente. Ouviu, ao longe, a médica pedindo que Hermione concentrasse a sua força quando ela dissesse “já” e, Hermione, atenta e obediente, fez como ela disse.

Da terceira vez, quando ele sentiu que seus dedos seriam esmagados pela mão tão pequena, e estranhamente tão forte, de Hermione, percebeu que ela relaxou os ombros, que sua face perdeu toda a contração de segundos atrás e que ela sorriu. Sorriu e, logo em seguida, chorou.

Rony também chorou, as mãos dos dois sendo separadas apenas quando a enfermeira se aproximou dele com o pacotinho embrulhado em uma manta verde, chorando abundantemente, assim como os pais.

Em seus braços, instantes depois, Hugo cessou o seu choro. Quase não tinha cabelos, apenas umas penugens vermelhas espaçadas em sua cabeça - “É… Rose acertou o cabelo”. Tão pequeno, parecia um brinquedo em seus braços e ele, tão grande, parecia em ponto de quebrar por imaginar não aguentar sentir tanta emoção.

Chorava, e chorava muito, quando se voltou para Hermione, que o encarou num misto de sorrisos e lágrimas, e a entregou o pequeno que havia sido planejado da pior forma possível, mas que conseguiu, mesmo antes de ser conhecido, proporcionar sentimentos tão bons e importantes em seus pais.

— Ele é a coisa mais linda do mundo inteiro — Hermione comentou olhando para o pequeno e Rony sentiu o impulso de beijá-la em agradecimento por todos os bons sentimentos que ela estava proporcionando a ele sentir, mas não o fez.

— Tem o seu nariz — ele comentou e ela sorriu, olhando para ele, o olhar mais intenso e brilhante que ele já viu.

— E os seus cabelos — ela comentou de volta, acomodando o pequeno ao seio, deixando Rony brevemente envergonhado por aquela cena.

Felizmente, aquele acanhamento durou poucos instantes, segundos, poderia se dizer, e Rony, orgulhoso por participar daquele momento, sentiu um gosto amargo em sua garganta. Lembrou-se que, dali a um ano, ela iria embora da sua vida. Amargou aquele sabor, ao mesmo tempo em que se deliciava no gosto doce de ter uma família, e se arrependeu, até o último fio de cabelo, por ter acrescentado aquela cláusula estúpida ao contrato.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso! Agradeço a todos vocês que estão comigo até aqui! Sugestões, à vontade!



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