Tempo de Escolha escrita por Val Rodrigues


Capítulo 18
Capitulo Dezoito


Notas iniciais do capítulo

Bom dia e otimo Sabado.



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Quero trazer a Memória tudo aquilo que me dá Esperança.   Lm. 3.21

— Bom dia. Como esta se sentindo hoje Lorena? A médica perguntou na manhã seguinte, enquanto analisava exames e fazia anotações.
— Bom dia doutora. Estou bem.
— Otimo. Vamos fazer um ultrassom. O papai vai acompanhar? 
— Sim. Ele respondeu e segurou a mão dela observando com atenção a tela a frente deles.
— Vejam só. Aqui está ela.
— Ela? Rafael perguntou olhando para Lorena e depois a médica.
— Vocês não sabiam?
— Não conseguimos ver na última ultrassom. Lorena explicou.
— Então Papai, Mamãe, temos uma princesinha aqui. Um sorriso emocionado nasceu nos lábios de Rafael e ele admirou a tela segurando forte a mão da esposa. _ Você está entrando no quinto mês de gestação.
— Uma menina? Lorena perguntou igualmente emocionada.
— Sim. Ela finalizou o exame entregando papel para que Lorena limpasse o gel da barriga. _ Você sofreu um descolamento parcial da placenta, por isso a mantivemos em observação aqui. Deixe me explicar: a placenta serve para guardar o feto enquanto ele está sendo gerado, normalmente ela deve se soltar no momento do parto, o que torna o seu caso delicado.
— Meu bebê corre perigo? Lorena questionou preocupada e Rafael apertou a mão dela em apoio mutuo tambem esperando uma resposta da médica.
— O bebê ainda não está pronto para nascer, mas nós vamos fazer de tudo par a retardar este processo. A partir de agora você precisa ficar de repouso absoluto. Eu vou receitar um medicamento para ajudar na formação dos órgãos internos do bebê. Felizmente os seus exames apontaram que o deslocamento foi parcial, e não está afetando o desenvolvimento do bebê. Ele continua recebendo oxigênio e os nutrientes que precisa.
— Graças a Deus. Lorena suspirou.
— Posso libera-la para ir para casa, se me garantir que vai seguir estritamente as minhas recomendações, para o bem de vocês dois.
— Eu vou doutora. Lorena garantiu.
— Esta bem. Vai precisar ficar de repouso, ter uma alimentação leve e variada, nada de estresse e tomar a medicação receitada. Ao menor sinal estranho, voltem ao hospital imediatamente.
— Pode deixar doutora. Rafael falou e Lorena o olhou.
— Ótimo, isso é tudo. Lorena, você esta de alta.
— Obrigada. Muito obrigada. Lorena agradeceu aliviada.
— Se cuide bem. A médica pediu entregando o formulario de alta hospitalar e deixando os dois a sós novamente.
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— Pai não tem ideia de como me senti quando me contou. Rafael confessou, enquanto os dois estavam sentados no sofá da sala e Rute e Carmem estavam na cozinha, preparando o almoço. _ Eu estava apavorado com a possibilidade de algo grave acontecer e eu não estar aqui. Mas quando soube. Ele parou negando com a cabeça e apertando as mãos em um gesto nervoso. _ Ela não podia ter feito isso. Vocês não podiam ter escondido isso de mim.
— Eu sei que está chateado, e com razão para isso. Mas o único motivo pelo qual concordamos foi por que eles estavam fora de perigo e ao menor sinal de alteração eu mesmo ligaria para você e contaria tudo. Foi isso que combinamos.
— Uma vez, quando brigamos, ela disse que eu não podia ter tudo, e olhando agora, sei que ela estava certa. 
— Você conseguiu terminar o Intercâmbio?
— Ainda preciso ver as notas, mas mesmo que não estivesse terminado não voltaria mais. Pai acho que a decisão da Lorena é culpa minha, afinal, me dediquei tanto a este projeto, tivemos tantos encontros e despedidas neste período, e eu não estava presente quando ela precisava. Não fiz nada para que ela se sentisse melhor quando ela passou pelos enjoos, não senti quando o bebê começou a mexer, eles estão aqui há dois dias e eu não estava com ela. Se tivesse uma nota para mim como marido e pai seria a mais baixa possível. Lamentou e seu pai suspirou.
— Você está aqui agora Rafael. Pode escolher gastar seu tempo brigando ou apoiando ela. Você ainda pode escolher. Tudo isso que você disse é verdade, nada disso você pode fazer, mas agora tem uma nova oportunidade, para vocês dois. Rafael analisou as palavras do pai por alguns segundos.
— Obrigado Pai. Por tudo.
— Não por isso. O abraçou e Rafael se deixou ser abraçado, por um momento precisava ser filho, por um momento precisava sentir o amor do Pai.
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— Aqui Rafael. Carmem indicou apontando a bandeja e Rafael a levou para o quarto.
— Nossa. Quanta coisa. Lorena se impressionou com a quantidade de comida ali.
— Resultado de duas mães juntas na mesma cozinha. Ele falou sorrindo e apoiando a bandeja para que ela conseguisse almoçar.
— Obrigada. Você ja almoçou? Perguntou e ele negou. _ Quer um pouco? Tem bastante comida aqui, duvido que eu consiga comer tudo isso sozinha.
— Não. Primeiro você. Ela acenou começando a comer, notando o quanto estava faminta.
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— Ela comeu? Rute perguntou preocupada.
— Sim, quase tudo, esta dormindo agora.
— É bom que ela descanse. Carmem falou. _ E você, não esta cansado? Não dormiu nada, depois que chegou. Venha almoçar. Depois va descansar um pouco tambem.
— Esta bem. Ele concordou sentindo a exaustão o tomar.
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O celular tocou indicando que era hora da medicação e Rafael bocejou levantando-se. Estava exausto.
Caminhou até a cozinha em busca de uma jarra e um copo e entrou no quarto ainda em silencio.
Sentando-se ao lado dela, tocou seu ombro devagar.
— Lorena. Chamou. _ Lorena, acorda. Esta na hora do seu remedio. Falou quando ela despertou devagar, sentando-se tambem.
— Obrigada. Agradeceu. _ Nossos pais já foram?
— Sim. Você estava dormindo e acharam melhor não te acordar. Rafael respondeu colocando o copo vazio no criado-mudo. Lorena o observou atentamente. Seu rosto denunciando seu cansaço.
— Por que não deita um pouco aqui comigo? Pediu e ele concordou se livrando das sandalias e deitando ao lado dela. _ Você parece cansado. Falou tocando o rosto dele que fechou os olhos apreciando o toque da esposa. Sentia falta disso. _ Devia dormir um pouco.
— Eu cochilei um pouco quase agora. Ela suspirou e ele abriu os olhos encontrando os dela. _ O que foi? Perguntou notando seu olhar.
— Você ainda chateado comigo? Perguntou.
— Eu não posso negar que fiquei magoado, não esperava que você nem meus pais fizessem isso. Me senti traido. Revelou a chocando e ela recolheu a mão.
— Me perdoa. Eu não queria que se sentisse desta forma. Não quis trair a sua confiança. E os seus pais, eles não queriam concordar comigo, mas eu insisti.
— Eu sei. Conversei um pouco com eles hoje e eles me explicaram tudo. Rafael deixou um longo suspiro sair dos seus labios, antes de olhar para ela novamente. _ Para ser honesto, eu acho que tambem tenho um pouco de culpa na sua decisão, acabei supervalorizando minha profissão e acabei deixando vocês de lado. Então tambem tenho que me desculpar.
— Eu não vou negar que senti a sua falta em casa. Ela confessou sincera.
— A partir de agora, você e nossa princesa serão minhas prioridades. Mas, quero que confie em mim e me conte o que for. Juntos, vamos decidir o que fazer.
— Combinado. Ela concordou e o beijou. _ Você me perdoa mesmo? Falou e ele segurou o rosto dela entre as mãos.
— Sim. Claro que sim.
Lorena depositou varios beijinhos no rosto dele e Rafael gargalhou a abraçando.
— Sem grandes emoções lembra? Você esta de repouso. Falou segurando suas mãos afoitas quando ela o puxou para um beijo e ela se afastou contrariada.
— Quer assistir um filme? Perguntou alcançando o controle.
— Sim. Pode escolher.
Alguns minutos depois, ela sorria olhando Rafael dormir. Ele parecia tão sereno. Pensou tocando levemente seu rosto, e se surpreendeu com o movimento em sua barriga.
— Vamos ficar quietinha princesa, papai precisa descansar. Sussurrou fazendo um carinho em sua barriga, com um sorriso nos labios.
Tudo estava ficando bem, afinal.
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— Preciso ir a Empresa hoje. Ana vem aqui ficar com você. Rafael falou enquanto os dois tomavam café da manhã na cama.
— Certo. Amor, você acha que vai ter problemas com o seu chefe? Ela perguntou receosa.
— Eu não sei. Vou explicar a situação. Se ele não entender, é livre para fazer o que achar melhor. Tenho certeza que ha outros lugares que posso trabalhar. A campainha tocou e ele ficou de pé. _ Deve ser ela.
— Oi. Como vocês estão? Ana perguntou entrando no quarto.
— Bem. De cama, mas bem. Sorriu. _Obrigada por vir.
— Não me agradeça. Ela falou. _ Eu estava de folga e vim visitar uma amiga. Simples.
— Eu já vou. Rafael anunciou beijando-a rapidamente.
— Me dá noticias. Lorena pediu.
— Claro. Se cuida. Ate mais Ana. Fique a vontade.
— Obrigada. Elas esperaram o som da porta se fechando e Lorena a olhou.
— Rafael fez café. Quer tomar?
— Não precisa me acompanhar. Sei onde fica a cozinha. Brincou e Lorena sorriu. _ Mas agora, falando serio. Ana falou quando retornou com uma xicara em mãos. _ Vocês estão bem mesmo? Fiquei preocupada quando soube.
Lorena começou a contar e as duas engataram em uma conversa, mudando de um assunto ao outro, sem ao menos notarem, ate que Lorena parou de falar levando as mãos a barriga.
— O que foi? Ana perguntou atenta.
— Ela esta mexendo. Tem feito isto ultimamente.
— Posso? Perguntou e Lorena acenou colocando a mão dela no local exato. _ Nossa. Que incrivel. É mesmo um milagre Lorena. Uma vida aqui, tão forte e tão fragil, e ao mesmo tempo, tão precioso. Ana se emocionou e de repente as duas estavam rindo e chorando ao mesmo tempo. E foi assim que Rafael as encontrou quando voltou.
— O que aconteceu? Perguntou preocupado.
— Sua filha ja esta me fazendo chorar. Ana falou e Rafael as olhou sem entender.
— Ela estava mexendo. Lorena explicou.
— Bem, agora que você voltou, estou indo. Ana levantou abraçando Lorena e se despedindo.
— Vou abrir a porta para você. Rafael falou e os dois sairam. _Obrigado Ana.
— Não foi nada. Conte comigo quando precisar. Falou antes de sair.
Retirando o terno, Rafael voltou ao quarto e Lorena o olhou.
— Como foi?
— Melhor do que eu esperava. Falou. _ Ele compreendeu a situação e eu volto a trabalhar em breve.
— Que alivio. Fiquei tão preocupada.
— E eu tenho outra boa noticia. Falou sentando-se na cama de frente para ela.
— Qual? Perguntou ansiosa.
— Fui aprovado. A Empresa entrou em contato com a Universidade e eles informaram. Explicou.
— Serio? É oficial? Então você não perdeu nada. Ela falou empolgada e ele concordou. _ Estou tão feliz amor. Tive medo de que algo desse errado pela sua ausencia antes do tempo.
­_ A unica coisa que vou perder é a Formatura na semana que vem, o que não afeta em nada minha situação. Esta tudo certo. Não se preocupe mais com isso.
— Não vai ficar chateado se não participar?
Ele segurou um dos pés dela que estavam sobre a cama e começou a massagear devagar.
— Eu prometi a você. Sem mais despedidas, lembra? Falou e ela sorriu para ele. _ Alem do mais, não pude fazer nada quando estava em Londres, não cuidei de você quando sofreu com os enjoos, não pude acompanha-las nas consultas, em nada. Mas agora quero mudar isso. E respondendo a sua pergunta, não tenho motivos para ficar chateado, por que tenho tudo o que eu preciso bem aqui.
— Ja disse que amo você? Perguntou.
— E eu amo você. Vocês duas. A beijou calmo e apaixonado. _ Agora, vou fazer o nosso almoço. O que quer comer?
— Posso escolher? Ela perguntou sorrindo e ele concordou.
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Lorena suspirou feliz observando a decoração da sala em tons de rosa e branco. Como presente, ela havia ganhado um chá de bebê, agora que chegou ao setimo mês de gestação.
Rafael vinha cumprindo sua promessa de cuidar de tudo, e mesmo estando de cama, levantando apenas quando necessario, sentia-se feliz.
— Tem certeza que vai ficar bem? Eu posso ficar no quarto enquanto elas estiverem aqui. Ele sugeriu assim que a ajudou a caminhar devagar ate o sofá da sala.
— Não, você pode ir. Esta tudo bem. Garantiu e ele a olhou dividido. _ Amor, olhe ao redor. Pediu. Marli, Carmem e Rute dividiam a pequena cozinha preparando guloseimas, enquanto Ana e Samira finalizavam a decoração na sala. _ Acho que estou em boas mãos. Ela falou e ele sorriu.
— Vou ficar atento ao celular. Me liga se precisar de alguma. Pediu se colocando de pé e ela acenou concordando. _ Eu estou indo. Se pronunciou mais alto para que todas o ouvissem. _ Estou com meu celular se precisarem.
— Sim. Aproveite o jogo com seus amigos Rafael. Cuidamos de tudo aqui. Sua mãe respondeu e ele acenou, se despedindo de Lorena com um beijo rapido.
— Divirta-se. Ela pediu ciente que um pouco de distração ia fazer muito bem para seu marido, que gastara as ultimas semanas dividindo a atenção entre o trabalho e cuidar dela em casa.

Entre risadas, conversas, brincadeiras e petiscos variados, a tarde praticamente voou e Lorena se pegou sorrindo a maioria do tempo enquanto abria cada embalagem e tentava adivinhar quem a presenteara.
— Eu desisto. Falou na quarta tentativa errada enquanto olhava a manta em suas mãos e analisava o rosto das mulheres cheios de expectativa.
— Fui eu Lorena. Eva se pronunciou. Suas colegas de trabalho e da Faculdade tambem estavam ali.
— É linda. Obrigada. Eva a abraçou.
— E este é o ultimo. Samira falou e Lorena abriu se emocionando ao ver um kit completo da saida do Hospital, bordado a mão.
— Obrigada Tia. Falou ciente de quem trouxera aquilo. Havia errado varios, mas aquele não tinha como errar. Sua mãe tinha fotos dela ainda bebê, vestida em um daqueles e lhe contara que fora um presente de sua tia.
— Que bom gostou. Marli falou abraçando a sobrinha.
— Eu amei. Ela falou e olhou a todas ali, enchendo a pequena sala. _ Eu amei tudo. E não tenho palavras para agradecer o carinho de vocês. Falou emocionada e lagrimas escorreram dos olhos das mulheres ali presente. _ Obrigada. Posso ficar tranquila, por que sei que minha filha vai nascer em ambiente cheio de amor ao redor dela.


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