Querido professor escrita por mjrooxy


Capítulo 8
Empátia




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Deixei Naruto sozinho um pouco e corri até o quarto, peguei algumas peças de roupa para ele, e para mim também. Eu não iria ao hospital encharcada como estava. Escolhi uma blusa e uma calça de moletom imensas para vestir, mas foram as menores que achei. Porquanto, não conseguia deixar de me perguntar, o porquê de estar fazendo tudo isso. Eu logo mais iria trabalhar e estava vestida feito uma doida, me preocupando com um homem que nem era próximo de mim. Meu cabelo estava molhado, eu vestia uma cueca masculina, visto que toda minha roupa jazia molhada, estava literalmente um lixo humano. Se qualquer um me visse agora, na certa, nunca mais teria qualquer atração pela minha pessoa.

No entanto, o que eu podia fazer? Deixá-lo passando mal não era uma opção. Desci às escadas, encontrando-o ainda dormindo, parecia apagado. Me assustei e toquei seu rosto, sentindo-o respirar pesadamente.

— Mais um pouquinho e você ficará bem. - sussurrei para mim mesma.

Pedi uma ambulância - já que levaram o carro embora - e me sentei na beirinha do sofá. Eu não tinha olhado Naruto a fundo, não faria algo assim, seria desrespeitoso, agora, contudo, eu nada poderia fazer. Ele não podia embarcar na ambulância pelado!

Suspirei e peguei a boxer vermelha para vesti-lo, passei a cueca por entre suas pernas, fazendo o possível para olhá-lo o mínimo possível. Para piorar, as pernas eram pesadas e eu quase me machuquei diversas vezes.

Bufei e o vesti de uma vez por todas, ouvindo-o resmungar em resposta. Eu esperava que ele não tivesse tendo sonhos impuros, senão as coisas ficariam piores do que já estavam. Aliás, sequer cogitei espiá-lo antes de enfiá-lo embaixo do chuveiro, fiquei com medo do que encontraria. Agora, em contrapartida, vislumbrei tudinho apesar da baixa luz. Que fosse! Coloquei um moletom nele e, com muito custo, o sentei no sofá. Naruto parecia um fantoche, estava mole em meus braços.

Eu sentia como se vestisse um filho de quase dois metros de altura.

— Colabora, Naruto. - pedi, vestindo a blusa de moletom nele, estava frio e ele ainda tremia um pouco. - Você é muito pesado.

— Desculpe, está doendo... - murmurou sofregamente.

Que dó, meu Deus!

Algum tempo depois, a ambulância chegou e eu me senti mais aliviada. Todavia, embarquei junto, precisava me certificar de que Naruto ficaria bem.

— Você deu um banho nele? - ouvi a enfermeira questionar e só fiz que sim com a cabeça. - Fez bem.

Eu assenti novamente.

Depois disso, fiquei quase duas horas esperando os exames serem feitos, eu andava de um lado para o outro, preocupada. Estava uma manhã fria e meu cabelo jazia úmido ainda, graças ao banho de roupa que tomei.

Sentei-me no sofá da recepção, mandei mensagem para o meu diretor na revista, explicando que chegaria atrasada e pedi para Sakura vir me socorrer quando acordasse. Ela ainda não trabalhava, poderia me ajudar.

Quando estava indo buscar um café, uma enfermeira apareceu.

— Hinata? - chamou-me.

— Sim. - a olhei.

— O paciente quer te ver. - eu sorri por saber que ele estava melhor. - Os exames estão quase prontos, administramos alguns remédios na veia, ele já está lúcido, só um pouco zonzo.

Eu balancei a cabeça freneticamente e a segui. Ao adentrar o quarto, senti meu coração disparar. Naruto estava bem pálido e recebia soro na veia, devido a desidratação causada pela febre. A enfermeira fechou a porta e eu aproximei-me receosa, sem saber muito bem o que dizer.

— Vem cá. - ouvi sua voz rouca característica e estremeci. - Por favor...

Eu obedeci e fiquei parada ao lado da cama.

— Que bom que está melhor, me assustou. - confessei.

— Não foi minha intenção. - respondeu, em um tom baixo e grave. - Me desculpe se te dei trabalho.

— Que isso, eu fiz seu carro ser roubado e ainda dormi no seu sofá. - afirmei um tanto constrangida.

Ele riu.

— Esquece o carro. - pediu ainda sorrindo.

— Você me levou pra cama? - escapou espontâneo. - Quero dizer. - corrigi. - Você me carregou ontem à noite?

— Sim, você adormeceu e eu fiquei com pena de deixá-la dormindo no sofá, iria acordar toda dolorida. - observou, todo atencioso.

— Por que você dormiu nele, então?

— Eu não gosto de dormir e nem entrar nos outros quartos, só o faço quando extremamente necessário. - argumentou, econômico em palavras.

— Por quê? - questionei, ingênua.

— Uma hora eu te explico. - Naruto protestou e apenas assenti.

— Está se sentindo melhor? - indaguei preocupada.

— Agora sim. - ele buscou minha mão. - Obrigado, Hinata. Você foi um anjo, é, aliás.

Eu corei.

— Que nada.

— Você está quentinha. - fiz que sim com a cabeça. - Eu conheço essas roupas.

Achei graça.

— Você se lembra de algo? - perguntei, encabulada.

— Vagamente, me lembro de ter alguém cuidando de mim, agora sei que foi você, me lembro do frio, de resto eu não sei... - explicou e eu sorri de canto.

— Menos mal. - ponderei.

— Fiz algo de errado? - rebateu, confuso.

— Bem, você falou algumas coisas enquanto estava com febre e eu... - hesitei um pouco. - Acho que não gosta da Sakura.

Ele desviou os olhos por um momento, no entanto, quando tornou a olhar para mim, estava mais decidido.

— Por que acha isso? - ainda estávamos de mãos dadas.

— Você precisa descansar. - mudei de assunto, puxando sutilmente minha mão.

Naruto respirou fundo e assentiu.

— Acho que vou dormir um pouco, por favor, vá descansar, Hinata.

Eu neguei.

— Não vou te deixar sozinho.

— Eu estou bem, pode ir agora. - insistiu.

— Quer que eu ligue para alguém vir aqui?

— Não tem ninguém.

— Como assim?

— Não tem ninguém para ligar. - informou, sério. - Meu padrinho não está no país, meus pais e meu irmão faleceram, eu sou sozinho. - segredou sem me olhar nos olhos.

Senti meu peito comprimir diante de tal confissão e tornei a pegar na mão dele.

— Então eu fico aqui, com você...

Naruto sorriu minimamente e eu me sentei na cadeira ao lado da cama, ainda segurando sua mão, foi assim que ele adormeceu e eu também.

Acordei um tempo depois, com a enfermeira abrindo a porta, eu tinha deitado na barriga dele. Enquanto Naruto mantida os dedos nos meus cabelos e, eu, por sinal, segurava sua outra mão por cima da cama.

— Desculpe, não quis te acordar. - a enfermeira disse, aproximando-se de nós. - Eu achei fofo você e seu namorado dormindo, aliás, você sabe que ele fala seu nome enquanto dorme?

Eu fiz que sim com a cabeça, sem me dar conta de que ela pensava sermos namorados.

— Os exames estão prontos? - mudei de assunto.

— Estão, posso falar com você a sós?

Anui e segui para fora do quarto. Deixando-o dormir despreocupadamente.

— O que houve? - questionei, angustiada.

— Naruto está com uma infecção bacteriana persistente, ele precisará tomar antibióticos o quanto antes para combatê-la. - anunciou profissionalmente.

— O que causou isso?

— Há diversos fatores, má alimentação, alimentos contaminados, ar infectado, relação sexual desprotegida. O que penso não ser o caso, contato com animais infectados, enfim... - explicou me olhando de um jeito curioso.

— Naruto e eu não somos namorados, só... - eu relutei em usar a palavra. - Amigos.

— Ah, eu imaginei que fossem mais que isso. - respondeu, visivelmente constrangida.

— Tudo bem. - a confortei.

— Ele precisa de cuidados, há alguém que possa se responsabilizar? - inquiriu na sequência.

Senti um soco imaginário no estômago.

— Eu, eu me responsabilizo. - afirmei de pronto.

— Certo, o doutor te dará a receita com os antibióticos necessários, está bem? - devolveu sorrindo fracamente.

Fiz que sim com a cabeça e ela se afastou.

Eu, definitivamente, estava presa a Naruto. E isso, pela primeira vez, não me pareceu tão ruim.


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