Natal Desfeito escrita por Beykatze


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :D
Boa leitura ♥



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POLO NORTE

00h 01m 30s 41mm

23/dezembro/2235

Residência do Papai Noel

Ihcje correu pelos corredores pouco iluminados da casa, escorregando nos tapetes vermelhos no chão e sendo assombrado pelos olhares dos elfos já falecidos nas pinturas dispostas pelas paredes.

O chefe dos elfos, Lifhe, tinha escolhido ele como aquele que acordaria o Papai Noel para os preparativos da noite de Natal, e isso devia ser feito pontualmente meia noite do dia vinte e três, entretanto, já havia se passado um minuto, trinta segundos... trinta e um... trinta e dois...

O pequeno homem bateu com o nariz comprido na porta do quarto onde o bom velhinho repousava o ano inteiro, caindo para trás. As janelas todas fechadas, impedindo que o ar congelante entrasse na casa, deixava o lugar abafado e os vidros condensados com o calor interno.

Com duas batidas urgentes na porta escura de madeira, Ihcje entrou no quarto escuro rapidamente. O elfo tinha míseros 1,32m de altura, possuía um nariz longo e pontudo, orelhas da mesma forma, cabelos ralos e vermelhos cobertos por uma touca verde, olhos grandes e escuros e trajava seu uniforme de ajudante do Papai Noel: um macacão verde de mangas longas com botões dourados, meias listradas até os joelhos de vermelho e branco e um sapatinho preto, sempre bem polido, com um arco na ponta.

—S-senhor- Chamou o elfo sem dar um passo além. Era a primeira vez que era designado para esse posto, um dos mais importantes entre os que poderiam exercer, perdendo apenas para os coordenadores e chefes do serviço élfico.

Ihcje olhou mais uma vez no relógio. Já era meia noite e dois e... Puxa vida, decidiu não olhar para os segundos.

—Senhor Noel- Pediu um pouco mais alto, controlando o nervosismo na voz. Recebeu como resposta um resmungo alto e uma coçada de bunda. Embora tivesse muito respeito pelo homem, ser enfureceu- SENHOR NOEL! Já é dia de acordar, devemos levar os presentes para as crianças do mundo.

Enquanto discursava, ia abrindo as cortinas, liberando a passagem para a claridade pálida entrar e clarear o velho. O elfo cutucou o ombro enorme do homem e repetiu gritando próximo do ouvido dele:

—SENHOOOOOOOR NOEEEEEEEL!

Papai Noel deu um pulo na cama macia, assustando o pequeno elfo com sua enormidade. O homem passou a mão no rosto, despertando e, assim que abriu os olhos, se afundou na cama com expressão de desgosto.

—Senhor?- Ihcje chamou- Precisa levantar. Os elfos estão ansiando por sua chegada. Precisamos do senhor para levar os presentes e a alegria até as crianças.

O velho direcionou olhos caídos e tristes para o homenzinho. Diferentes dos olhos brilhantes e alegres que ele deveria ter.

—Qual seu nome, pequeno?

—Ihcje, senhor.

—Ihcje- Suspirou com um bocejo- Esse ano eu não vou.

—Como?- O elfo piscou algumas vezes tentando entender a declaração.

—Pensei demais sobre isso durante meu sono. Não tenho vontade de ver a tristeza e não poder fazer nada.

—Senhor?

—Você sabe como está a situação das crianças do mundo?

—Sim, senhor. E por isso mesmo o senhor deve ir até eles e espalhar a alegria.

Papai Noel olhou dentro dos olhos escuros do elfo e só então o ser viu as olheiras profundas que se estendiam abaixo dos olhos bondosos.

—As pessoas passam fome, Ihcje. Passam frio. As crianças não sabem porque seus pais choram nem porque saíram buscar água e nunca voltaram. As crianças não entendem porque, mesmo sem pai, suas mães estão grávidas e nem porque não falam sobre isso.

O elfo engoliu em seco. Lifhe dizia que Papai Noel acordava sempre bem humorado e animado para entregar os presentes, mas o que estava acontecendo? Ele não estava nem um pouco feliz e tinha uma cara de quem estava indo para um enterro.

—As pessoas morrem de fome e frio e doenças. Me diga, Ihcje, o que presentes bonitos e embalados em papel colorido podem fazer para ajudar essas crianças? Que vivem em perigo constante, pois não podem confiar nem nas autoridades nem nos vizinhos ou amigos antigos.

—Devemos l-levar presentes para eles- Ihcje falou relutante- E manter vivo o espírito do Natal.

—Espírito do Natal?- Papai Noel virou de costas para o elfo- Nem as minhas renas puxam os trenós mais, são animais falsos feitos de neve fria e estúpida.

—S-senhor...

—VÁ EMBORA, IHCJE- Gritou furioso- Saia daqui e me deixe sozinho. Esse ano eu não saio de casa.

O elfo correu para fora, as pernas finas tremendo enquanto se apoiava com as costas contra a madeira imponente da porta fechada. Ele tinha sido encarregado de uma tarefa. Apenas uma: levar o Papai Noel para entregar os presentes, e nem isso tinha conseguido fazer.

Era uma vergonha de elfo. Mas também, Noel tinha um pouco de culpa nessa história, afinal, o egoísta não queria ir ver as pessoas. E porque? Ihcje não entendia nada daquele discurso de “crianças tem medo de blábláblá”. Papai Noel tinha virado um velho gagá e uma perda de tempo. Não ia perder seu emprego por causa das histórias de terror que um velho inventava sobre o que acontecia com os homens.

De onde ele tirara todas aquelas ideias? Poxa, os humanos estavam bem... Talvez realmente não tivessem água, ou comida, ou abrigo, ou paz. Mas que diferença isso fazia para Noel? Além de custar o emprego de seus fiéis elfos.

Se Papai Noel não levantasse daquela cama, como ele ficaria? Lifhe ficaria furioso e o mandaria embora.

Espiou o lado de fora da residência pelos vidros embaçados da janela que acumulava neve. Seus dias de ajudante do Papai Noel estavam contados...

Ou não.

Avistou as renas sendo montadas com neve mágica perto dos estábulos e teve uma ideia. Uma grande ideia.

Correndo de volta pelo mesmo corredor com tapetes vermelhos e escorregadios, Ihcje tinha um plano formado na mente astuta.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)
Qualquer coisa ou erro gramatical só me avisar que eu corrijo
Comentem ai o que vocês acharam ♥ Eu gosto de saber a opinião de vocês
Logo logo sai o próximo capítulo :D
Até



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