Presente Perfeito escrita por Ero Hime


Capítulo 2
Acasos e descasos natalinos


Notas iniciais do capítulo

Véspero de natal e Mayara já jantou e vai atualizar fic é isto
Aqui a gente não costuma comemorar então eu to com bastante tempo livre ksdjfks inicialmente iam ser três capítulos, mas o dialogo ficou tao fofo que eu resolvi dedicar uma parte especial só pra ele, então serão quatro
Espero que gostem, estou adorando escrever essa fofurinha de fim de ano ♥



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Era véspera de natal.

A escuridão do prédio contrastava ainda mais, se possível, com as luzes natalinas do lado de fora, agora mais acesas do que nunca. As ruas estavam agitadas e barulhentas, com sons de risadas se perdendo a medida que chegavam nos últimos andares.

Com exceção das luzes costumeiras da garagem e da fachada, todo o resto do escritório estava deserto e mergulhado no breu que todos os monitores desligados causavam. Todos, menos um.

Um ponto de luz fluorescente parecia um farol, brilhando no meio das sombras. Não somente o computador ligado, mas também a pequena luminária em cima da mesa, porque Hinata tinha medo do escuro. Sim, Hinata tinha ficado trabalhado até tarde, enquanto todas as outras pessoas – sensatas de inteligentes – aproveitaram a redução do expediente para irem comemorar o feriado com suas famílias e amigos.

Mas Hinata não tinha família nem amigos na cidade, e não estava nem um pouco a fim de passar o natal sozinha em seu apartamento, assistindo aos mesmos programas reprisados na televisão e comendo a mesma comida mofada de três dias, porque, como era solitária, as refeições eram algo que realmente duravam.

Restaram algumas planilhas para preencher e documentos para redigir, então ela se acomodou confortavelmente em sua cadeira e ficou trabalhando pelo resto da tarde e, pelo que parecia, durante o cair da noite também. Ela não se importava. Iria embora quando terminasse, ou quando desse onze e meia, que era quando o metrô fechava, e Hinata tinha medo de ir embora quando a rua estava deserta. De qualquer maneira, todos os seguranças do turno da noite já a conheciam, e ela tinha sua própria cópia da porta dos fundos.

Espreguiçou-se, salvando mais um documento e upando no servidor comunitário, para o senhor Uzumaki ver depois do feriado. Ah, o senhor Uzumaki. Pensar nele lhe dava gastrite, porque, desde que retirou seu nome no amigo-secreto, não tinha conseguido pensar em um presente sequer, quem dirá o presente perfeito.

Tampouco o tinha visto – o que não era, de fato, um problema, considerando que ela nunca o via. Não tinha como saber quaisquer um dos seus gostos sem perguntar para outras pessoas e, consequentemente, se entregar. No fim, acabaria dando um vaso ou abotoaduras. Não tinha porque esquentar a cabeça com aquilo.

Mais barulho, agora de buzinas. Suspirou. Estar sozinha, trabalhando até tarde, em plena véspera de natal, parecia um pouco deprimente. Ok, muito deprimente. Mas era melhor ocupar sua cabeça com trabalho do que com pensamentos de autopiedade.

Quando o envio dos novos arquivos terminou, Hinata concordou que era hora de uma pausa. Satisfeita, levantou e alisou a velha saia que usava para trabalhar diariamente, apertando o casaco escuro, pois a temperatura tinha caído ligeiramente. Caminhou até a cozinha, atravessando quase todas as mesas daquele andar – um cômodo oval, com um corredor no centro e quase dez mesas nas laterais. As gigantescas janelas lhes davam vista privilegiada da cidade, e, do lado oposto à saída, as duas portas duplas que escondiam o grande chefão.

Virando o corredor depois do elevador, um corredor mais estreito levava até a copa, ou sala do café, como gostavam de chamar. Hinata e as outras secretárias fofocavam ali, e, embora parecesse ridícula, comparada ao resto do prédio, a cozinha era realmente espaçosa, com balcões e mesas, uma pia grande e dois tipos de cafeteiras disponíveis, além de geladeiras e armários – foi deles que Hinata puxou duas cápsulas de chocolate quente, e as colocou na máquina.

Enquanto observava a fumaça cheirosa subir espiralada, Hinata abriu um verdadeiro sorriso. Aquilo não era tão ruim, afinal de contas. Retirou sua caneca personalizada e inspirou profundamente antes de dar o primeiro gole, esquentando não somente seu corpo, mas também seus pensamentos.

Estava distraída olhando para a janela, bebericando o chocolate quente, quando viu um movimento pelo reflexo. Assustou-se, virando de abrupto. Quem estaria na empresa até tão tarde, em plena véspera de natal?

Assim que identificou a silhueta, teve que apertar a alça da caneca para não derrubá-la de choque.

Ninguém menos que Naruto Uzumaki, em pessoa, vinha caminhando em sua direção – bem, não exatamente na sua direção, mas para a sala do café –. Ele não parecia ter percebido sua mera presença mortal no cômodo, porque vinha afrouxando a gravata, com os olhos parcialmente fechados enquanto caminhava.

A primeira coisa que Hinata constatou, de verdade, era que seu chefe era verdadeiro lindo. Nunca tinha tido a oportunidade de vê-lo pessoalmente, em um ambiente claro – e não era do tipo que acompanhava os tabloides e as fotos sensacionalistas que publicavam dele. O senhor Uzumaki era surpreendentemente novo; talvez dois ou três anos mais velho que ela, mas parecia muito mais, porque seu rosto era a própria personificação do cansaço.

As roupas sociais pareciam meio amassadas, e as mangas da camisa já estavam dobradas até os cotovelos, enquanto ele retirava o nó da gravata. Seus ombros eram largos e o cabelo, tão loiro quanto o sol – mais que os do senhor Namikaze, e olha que isso era difícil.

Sua presença era avassaladora. Só de estarem na mesma sala, Hinata já se sentia nervosa, baixando a cabeça e tentando se esconder, de alguma maneira. Naruto entrou totalmente, tornando a abrir os olhos.

Ele gritou de susto quando a viu. O palavrão que saiu de sua boca deixou Hinata tão envergonhada quanto quente.

— Misericórdia. – apoiou contra a mesa, como quem respira fundo – Me perdoa, eu não tinha te visto. – desculpou-se antes de mais nada. Hinata balançou rapidamente a cabeça.

— N-Não foi por nada. – olá, Hinata do colegial. A morena voltou-se para a janela, ficando em silêncio.

Nenhum dos dois se mexeu por muito tempo. Naruto parecia analisá-la intensamente, e a menor sensação fazia Hinata estremecer e corar. Aquela era uma situação que ela, certamente, não esperava que acontecesse.

Respirou fundo. Talvez fosse a chance que estava esperando. E, sendo honesta, sua cabeça era girando com mil perguntas. Não era hora de gaguejar e agir como uma menininha assustada diante da paixonite do colégio – quem falou em paixonite? –. Virou-se, com as costas retas e a expressão novamente tranquila.

— Posso te oferecer um pouco de chocolate quente, senhor Uzumaki? – perguntou, a voz suave. Naruto a fitou como se ela fosse uma extraterrestre; Hinata suspeitou que ninguém nunca tinha feito aquele tipo de oferta para ele antes.

— Hm, claro. Por favor. – concordou, atônito.

Hinata se apressou para pegar outra caneca no escorredor de louças, enchendo com o chocolate quente ainda fumegante da jarra. Estendeu para ele, que pegou, um pouco desconfiado, mas seu rosto se converteu para um sorriso aliviado depois do primeiro gole.

Passados alguns minutos de apreciação silenciosa, Hinata notou a careta culpada.

— Desculpe, eu nem sei seu nome. – falou, com um tom de arrependimento.

— Oh, não, não! Não se preocupe! É Hinata. Hinata Hyuuga. – ela estendeu a mão, e ele, mais que rapidamente, estendeu a dele. Era grande, quente e confortável ao toque.

— Hinata? – uma centelha de reconhecimento cruzou seu olhar – Você é a secretária que estava upando os arquivos no sistema até agora de pouco?

— Ah, sim. Era eu mesma. – corou um pouco, sem conseguir se controlar – Estava terminando as planilhas de dezembro e fiz uma pausa.

Naruto pareceu estudá-la novamente.

— O que faz trabalhando até tarde na véspera de natal, senhorita Hyuuga?

— Bem, eu faço a mesma pergunta, senhor Uzumaki. – riu baixinho, escapando sutilmente.

Ele abriu um meio sorriso que a fez se derreter por dentro.

— Bom, – puxou os pulsos e olhou para o relógio – acho que posso fazer uma pausa também. Me acompanha, senhorita Hyuuga?

— Pode me chamar de Hinata, senhor Uzumaki. – respondeu, saindo de perto da janela e andando até seu lado, inspirando fundo o perfume cítrico.

— Pode me chamar de Naruto.

E, juntos, eles caminharam para uma conversa com o que parecia a única companhia que teriam naquela noite.


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