Um Lugar Para Chamar De Lar escrita por David Leonardo


Capítulo 2
Dois




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785126/chapter/2

DOIS

Ennoshita escutou o som da campainha ecoar por toda a estrutura da casa, desconcentrando-o da leitura que fazia. Um pouco irritado, saiu do quarto pisando forte e passando por todos os cômodos até chegar à porta da frente. A princípio ele achou que tinha ouvido apenas uma voz, mas logo percebeu que estava rolando um diálogo bem estranho do lado de fora. 

Quando abriu a porta, fixou seu olhar nos dois rapazes do lado de fora. Por outro lado, os homens nem perceberam a presença dele por um tempo, até que ele tossiu chamando a atenção de ambos.

“Quem é você?” Tanaka perguntou, curioso.

“O dono da casa. O que vocês querem?” Ser simpático com pessoas escandalosas nunca foi o forte de Ennoshita.

“Essa casa é do meu amigo, Daichi.” Dessa vez, calmamente ─ até porque ele ainda estava abalado ─, Sugawara se pronunciou.

Chikara percebeu que os dois conheciam o real dono da casa, mas em momento algum se sentiu intimidado. Além do mais, o jovem estava morando com o Daichi há um tempo.

“Sim, mas ele não se encontra no momento.”

“Deve estar no encontro ainda.” Suga não conseguiu disfarçar a frustração que sentiu.

“Preciso falar com ele urgentemente. É caso de vida ou morte.” Tanaka conseguia ser mais dramático que qualquer pessoa quando queria alguma coisa.

Um pouco receoso, Ennoshita pediu que eles entrassem. Tanaka o fez sem esboçar nenhuma expressão. Já Koushi estava com um pouco de dificuldade para entrar com a mala que havia carregado com maior sacrifício até chegar de frente à residência do amigo.

Vendo aquela cena, Ennoshita o ajudou a carregar a mala pelo jardim até a sala de estar.  Ryunosuke já se encontrava sentado no sofá, tomando uma lata de refrigerante.

“O que vocês querem com o Daichi?” O suposto morador da casa perguntou, sentando ao lado do Tanaka.

“Preciso de um favor.” Ryunosuke colocou a latinha na mesinha de centro.

“Meu assunto é bem pessoal, não me sinto à vontade para contar a vocês.” Talvez sinceridade seja um dos pontos positivos e negativos de Sugawara. “Já tentei ligar, mas meu celular acabou descarregando.”

“Talvez se eu tentar, ele atenda.” Ennoshita discou o número e colocou o celular próximo ao ouvido.

Enquanto isso, Suga observou tudo ao redor. Fazia tempo desde que havia visitado o amigo, já que eles se viam todos os dias. Ele sentou cuidadosamente ao lado de Ennoshita.

“Alô, Daichi.”

[...]

O jovem motoqueiro estava sentado vis-à-vis à moça. Ele estava nervoso, pois nunca havia tido um encontro com alguém que conhecera na internet e mais: Yui era extremamente bonita. Fazia o padrão que Daichi sempre idealizou em sua cabeça. Ela permanecia com o rosto corado desde o momento em que eles se encontraram na entrada do restaurante.

O moço responsável por atendê-los trouxe os cardápios para que eles analisassem as refeições, sobremesas e bebidas.

“Tem alguma preferência?” Daichi perguntou, tentando quebrar aquele clima constrangedor.

“Vou pedir uma porção de tempura e salada simples.” Sua voz saiu baixinha.

“Traga um yakiniku, tempura, chirashizushi e uma garrafa de nihonshu tradicional.” Yui ficou sem jeito e espantada ao mesmo tempo, pois eles nunca que comeriam tudo aquilo; era comida para uma família toda.

O Sawamura queria que ela ficasse satisfeita e saiu pedindo tudo aleatoriamente, porém tentou não transparecer. O atendente saiu com os pedidos anotados e logo eles ficaram sozinhos novamente.

“Você é mais bonita do que eu imaginava.”

“Obrigada. Não precisa ser tão gentil assim, sei que não sou isso tudo.” Tentou ser modesta, pois sabia de sua beleza, porém era tímida demais para admitir isso.

“A resposta correta seria: Obrigada, você também é lindo.” Ambos riram quando perceberam a bobagem que Daichi falou.

A conversa estava divertida, vários assuntos foram surgindo e o diálogo foi fluindo. Logo eles estavam com os pedidos sobre a mesa, degustando uma boa comida e uma ótima companhia.

Daichi, por descuido, não desligou o celular e começou a sentir o mesmo vibrar sem parar. Era uma ligação, mas ele nem se importou em olhar quem era, apenas deixou que a pessoa parasse. E aconteceu, por um tempo, até começar tudo de novo. Um pouco irritado, ele pediu licença a Yui para ir ao banheiro.

Ao entrar no banheiro, tratou logo de tirar o celular do bolso. Havia algumas ligações do Suga, o que o fez estranhar, pois o amigo raramente ligava. Foi inevitável se preocupar. Já estava pronto para retornar a ligação quando acabou sendo interrompido por uma nova do Ennoshita.

“Ennoshita?”

“Alô, Daichi.”

“Ennoshita, não posso falar agora, preciso ligar para um amigo.” Daichi se preparava para desligar, porém escutou uma voz bastante familiar.

“Sobre isso, tem dois amigos seus aqui. Disseram que precisam falar com você urgentemente.” Ele deu uma pequena pausa. “Sugawara e Tanaka.”

O playboy ficou mais preocupado ainda com o Suga e estranhou o fato de Tanaka estar na sua residência também.

“Estou no meio de um encontro, porém vou tentar voltar para casa o mais rápido possível.”

“Certo.”

“Vou desligar agora. E Ennoshita, não deixe o Tanaka destruir minha casa, por favor.” Dizendo isso, Daichi encerrou a ligação.

Quando o Sawamura voltou para a mesa, Yui não deixou de notar que ele mantinha um semblante preocupado. Provavelmente havia acontecido algo que o deixara daquele jeito.

“Aconteceu algo?” Perguntou.

“Estou preocupado com um amigo, mas resolvo isso depois.” Na verdade, ele queria voltar imediatamente.

“Acho melhor você resolver logo, pode ser uma emergência.” Ela estava sendo bastante compreensiva.

“Sério mesmo?”

“Sim, teremos outras oportunidades.” O sorriso que ela esboçou era sincero.

Após pedir a conta, Daichi tratou de deixar a moça em casa, pois não podia deixá-la voltar sozinha. Posteriormente, acelerou a velocidade da moto para chegar o mais rápido possível.

Durante o percurso, ele não conseguia para de pensar nos seus amigos, principalmente no Suga, pois sabia que ele estava com alguns problemas após a morte de seu pai e que sua mãe havia fugido com outro homem. Na verdade, ele não conseguia entender como o seu amigo suportava tudo aquilo.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Lugar Para Chamar De Lar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.