Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 21
Dia 23




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Assassinato

—Deixarei claro para todos vocês, o professor não vai voltar atrás em sua missão, todos vocês desejam acabar com essa perseguição... a qualquer custo?

Todos concordaram, silenciosamente.

—Hoje não teremos uma operação, isso será um assassinato!

Dia 2 de dezembro 02:29.

Nós estávamos aproximando da costa inglesa nesse ponto, em Greatstone.

Deixamos um rastro para o professor nos seguir em seu navio despedaçado, com toda a artilharia antissubmarino já destruída, iriamos descer no vilarejo, leva-lo para uma armadilha e lá o professor iria morrer.

—A relação das partes parece bem ruim, o professor não parece estritamente leal a país algum, apenas pulando de um em um, para o que lhe servir melhor no dia, portanto, se ele morrer, a ordem de nos matar não vai ter valor algum, por isso... essa é a única forma.

—Eu cuido disso —Yuki puxou a arma, não sabia se foi do arsenal ou roubada de algum soldado... os dois são efetivamente a mesma coisa, pensando bem.

—Obrigado... agora, se preparem! O submarino vai bater na terra em mais algum tempo, depois disso teremos de correr bastante.

“Depois disso... a agência vai acabar hoje, não poderemos mais ser um grupo, não depois de em nome da agência, termos matado alguém, vou sentir falta deles todos, porém, ao mínimo vou saber que todos estão vivos, isso é o que mais importa, creio eu”

Dia 2 de dezembro 02:33.

O submarino bateu, sentimos uma leve força nos jogar para frente.

Subimos a escada, abrimos a escotilha.

Corremos por cima do submarino e pulamos dele para a praia de Greatstone.

Nesse pulo, com todos nos no ar, com a lua nos observando, vi aquele vilarejo pequeno, sem prédios, uma dezena de lojas e apenas mais algumas dezenas de casas, assim pensei.

“Desculpe a todos vocês, peço perdão aos moradores dessa cidade, contudo, esse vilarejo vai se tornar um campo de batalha”

Cai na areia, o chão estava ainda mais frio do que a França, lógico, desde que começamos a ir de canto em canto só fomos mais e mais para o norte.

O navio era visível, tínhamos de correr.

“Droga! Eles podem tentar atirar a distância, fuzis de longo alcance seriam de grande uso...”

E assim que pulei para trás de uma pedra, com esse pensamento, um brilho de cobre e chumbo passou por cima de mim, eles de fato tinham armas assim.

Os outros tinham seguido correndo, como imaginei, apenas eu e Yuki somos alvos do professor, portanto...

—Yuki! Cuidado!

Ela se virou, assim que o fez, outro brilho voou por cima de mim, eles mudaram o alvo, talvez fossem mais do que um atirador.

Contudo, Rots deu um giro para se virar, sua cabeça balançou um pouco para o lado, assim a bala sequer raspou por ela.

—Atiradores de longa distância? Isso é tão baixo... vá na frente!

“Sim... nessa situação, nela posso realmente tirar proveito da sorte de Yuki”

Enquanto ela distraia os atiradores, corri agachado até o vilarejo, não me notaram de forma alguma, pelo menos não suficiente para mudarem alvos, isso é.

Atravessamos a praia, agora nós 5 estávamos no vilarejo, essa é a primeira etapa do plano.

—Certo, aqui nós iremos mostrar com quem eles estão lidando, vamos nos separar, depois de completar nossos objetivos, voltamos ao ponto de encontro.

“É arriscado... e também é a única saída”

—Vamos!

A guerra começou.

Casca

Havia tantas pessoas, todos nós separados, seria horrível não dar a visão de todos, portanto, começaremos com o que houve à Arc Soutien.

Dia 2 de dezembro 02:36.

Numa intersecção, seguimos todos para ruas diferentes, Arc foi para o leste.

Ela correu até achar uma loja de conveniência, mostrando ser surpreendentemente atlética, lá começou a vasculhar todas as prateleiras.

Assim que estava virando de um corredor para outro, imaginando o que a perseguia, um policial inglês estava lá, um fuzil equipado com uma baioneta em mãos.

“Tinha certeza que isso aconteceria” foi o que ela pensou.

Então girou de volta, tentou ir para a saída com passos leves.

Até ouvir a arma sendo sacada.

“Corri, fui até a porta, a abri e fechei no mesmo movimento, me virei para o leste e corri o quão rápido pude. Tinha uma missão para completar e todos os outros dependiam do meu sucesso”

Porém, ela estava cercada.

“Nesse caso... plano B”

Ela andou calmamente para o leste, fingindo não notar os soldados.

—Se identifique! —O soldado inglês gritou, ele tinha sua arma carregada, com o menor erro, Arc seria executada.

—Aqui... —Ela tinha sua carteira japonesa em mãos— Estou de viagem, vim do Japão.

—O que... —Nenhuma das nossas nacionalidades era conhecida ainda, ela não era um alvo principal, portanto...

Com o guarda pensando, reconsiderando a situação e com a guarda baixa.

Arc passou por ele aos poucos, disfarçadamente, naturalmente.

Quando a chance de escapar surgiu, ela disparou de volta para seu caminho, ao leste.

Os vários soldados notaram muito tarde, Soutien tinha um caminho alternativo em mente, passando por ruas estreitas e escuras. Enquanto eles tivessem aquelas armas pesadas em mãos, não poderiam alcança-la.

“Esse... não é o objetivo”

Arc teve de parar perto de um poste de luz, deu alguns giros ao redor dele, procurou por algo útil, sem muita esperança. Foi nesse tempo que os soldados a alcançaram.

Correr agora seria bem mais difícil, estava apenas um pouco mais rápida, a distância que ela ganhava não era significativa, onde eles perdem em velocidade, compensam em energia.

“Estava perto de uma grande estrutura de pedra, longe do vilarejo, minha missão havia sido cumprida, porém estava cansada, cai de joelhos, os soldados ainda estavam por perto”

“Parecia um espelho côncavo feito de pedra, muito grande, mais de 30 metros diria. Me virei para trás, ver os soldados, então os tiros vieram. Todos acertaram o meu peito, próximo de meu coração, cai ao chão pelo impacto”

—Fils... termine o que comecei.

Prisioneiro

Dia 2 de dezembro 02:41.

E com Dravo:

“Já havia terminado minha missão, após isso segui para o próximo objetivo, num campo aberto, sem absolutamente nada ao meu redor, ao chegar, o soldado disfarçado que me perseguia ainda não entendia o plano, contudo cansou de esperar”

—Espere! Não atire! —O espião segurou sua arma, mirando na garganta de Dravo.

—Se identifique.

—Sou um aliado, não percebe isso? Sabe para quem está trabalhando? O que a sua missão implica?

—Ah... esse é apenas o meu trabalho, não julgo, isso é outra pessoa.

—É você quem executa, então? Pois assim dizendo, o faça. Me dê apenas um tiro e vá embora, reporte o sucesso para seu chefe, tome orgulho de fazer uma morte limpa, sem testemunhas, num canto deserto como esse.

—O farei!

“A bala voou, o baixo calibre a fez se alojar em minha garganta, na faringe, por onde o ar atravessa para ir até o pulmão, depois ao coração, então distribuído para todo o corpo. Fui ao chão depois de alguns segundos em pé, olhando para o rosto do homem que atirou”

Ele correu então, imagino que apenas agora entendia o que sua profissão implicava, imaginou o que veria na vida após a morte, se receberia alguma piedade lá, ou se iria se encontrar com o mesmo tratamento que dava aos outros nesse mundo.

Azar

 

Dia 2 de dezembro 02:45.

Yuki também havia feito sua parte, mas no caminho, ela atraiu um time inteiro, uma dúzia de soldados cercou ela.

“Estava num campo aberto, havia apenas uma abóboda por perto, parecia ser feito de metal, ou alguma outra pedra nada preciosa”

—Se eu for morrer, levarei vocês comigo!

Rots pulou e os soldados começaram a atirar.

Ela pulou em cima de um soldado, tanta velocidade que ao agarrar na sua cabeça, ele foi jogado no chão e desmaiou com o impacto.

Rots ia de um em um, como se as balas a evitassem.

Chutou o rosto de outro 3 vezes até ele cair no chão, sufocou outro ao mesmo tempo que o usava de escudo, puxou o pino da granada de mais um, quando ele a jogou longe, Rots usou a oportunidade para atacar.

Até... a sorte dela acabar.

Um soldado conseguiu acertar uma rajada nela, 11 balas perfuraram seu corpo.

“Essa dor... nunca pensei que sentiria isso, mas... é incrível...”

Então ela foi ao chão, com essa incomparável convicção.

Desistir

Dia 2 de dezembro 02:50.

Finalmente voltando a mim, estava com Bomil.

—Agora para onde estamos indo?...

—Incorreto, não é essa a pergunta a ser feita agora. Mas sim o que faremos depois de terminar isso —Estávamos num beco escuro, os soldados tinham nos achado a um bom tempo, conseguimos completar nossa parte, contudo escapar parecia difícil.

—Então para onde?

—Depois dessa etapa, tudo acaba.

Puxei ela pela mão para irmos para a rua, peguei a direita, não estava vendo ninguém, nenhum civil ou soldado, justo quando consideramos a hora, apenas lojas 24 horas estão abertas.

Acelerei o passo, iriamos ser achados uma hora ou outra, tinha de usar bem esse tempo.

—E depois de tudo acabar...? Para onde vamos?

—Nós dois vamos para casa.

Ouvi alguns passos corridos, pesados, metal se colidindo, armas.

—E os outros?

—Eles também vão para casa, para as casas deles isso é, nós podemos nos visitar ainda, ir para outros países, poderíamos talvez visitar Arc no Japão, adoraria isso, ou ir para a América e compensar a visita que Rots nos deu.

—Mas a agência...

—Ela em si vai acabar, não temos mais como manter depois do que ocorrer hoje, contudo, enquanto estivermos juntos, não importa o nome que usemos, não é? Podemos ser qualquer coisa, usaremos nosso potencial ilimitado para isso.

“Foi o que prometi para mim mesmo, por menor que seja a chance, irei combater o destino que me foi dado, usarei tudo, cada recurso, sem exceção”

Os soldados estavam próximos.

—Jestiv, essa não é a hora ideal, porém preciso lhe contar algo, é muito importante, portanto preste atenção.

“Se sobrevivermos, terei que viver minha vida com aqueles sentimentos, não sou do tipo que pode falar deles abertamente, melhor usar a coragem construída de arriscar minha vida para isso”

—Diga... o que é...?

Antes que os soldados aparecessem, me virei e olhei para ela nos olhos, mas no seu brilho, no seu olho falso e seu olho real, podia me ver, perguntei a mim mesmo o que era a verdade, o que realmente sentia, deixei essa resposta ser dada em voz alta.

—Depois disso, nós vamos viver juntos para sempre, se você quer morrer comigo... que assim seja! Vamos compartilhar tudo! É isso que desejo!...

—Sim... vamos viver... e...! Viver! Viver!

Os soldados haviam feito um cerco, por ambos lados.

“Tenho que pedir desculpa aos meus pais pelo o que farei agora”

Corri com ela, antes que abrissem fogo.

Me joguei para dentro de uma casa, o peso do meu corpo quebrou a janela e conseguimos entrada.

—Vamos subir!

As luzes estavam apagadas, porém a luz nos dizia onde poderíamos achar as escadas.

Corremos até lá, aquela era uma área de residências muito próximas, apenas o que queríamos.

—E agora... pular!

Me afastei um pouco, então disparei até a janela, um pé foi no batente, com ele impulsionei meu corpo e consegui pousar no outro telhado.

—Eu também!

Jestiv fez o mesmo.

—Viver! Viver! Viver!

Ela pulou tão, não, mais alto que eu, a segurei no ar para que não voasse tanto.

—Sim! Nós vamos!

Segurei sua mão e corremos juntos, de telhado em telhado, pulando, passando pelo meio das balas, protegendo um ao outro, compartilhando esse momento. Isso jamais esquecerei, na verdade, é uma das poucas coisas das minhas duas últimas férias que observo com um sorriso sincero.

Conseguimos, chegamos no objetivo, um campo aberto, nele havia um espelho acústico, uma grande estrutura de metal feita na grande guerra para detectar aviões se aproximando pelo som de seus motores, que seriam refletidos pela estrutura côncava.

—Aqui estamos...

—Correto. É o fim da linha...

Os soldados nos seguiram, apenas alguns, porém... não havia nada que pudéssemos fazer sobre isso.

Não, havia uma única coisa.

—Viver! Viver! Viver!

—Viver! Viver! Viver!

Gritamos isso juntos, assim que as armas estavam a postos, abracei ela, cada bala seria compartilhada, era essa nossa promessa.

Assim, seria uma bela história se, por fim, ao cair no chão juntos, tivéssemos compartilhado a mesma morte, como aventureiros e crianças inocentes.

Contudo, havia mais nisso do que parece, afinal... você tem de aceitar minha palavra e apenas ela, esse é um mundo estranho, porém garanto que essas palavras não vêm de um fantasma.

Para entender o que houve e o porquê houve, basta olharmos pela perspectiva de mais uma pessoa.

Professor

Dia 2 de dezembro 03:00.

De novo terei que imaginar o que houve, mas aqui está.

O professor, recebeu a notícia.

—Todos os alvos foram eliminados, aguardando ordens.

—Irei ver os corpos, me deem a localização, estou indo agora mesmo.

Um comportamento tão previsível que poderia ter escrito esse trecho mesmo na minha juventude, apenas melhorei as habilidades que já tinha, nada novo foi conquistado.

Então o professor pegou uma arma, uma arma letal e foi até o local onde todos nós estávamos, nossos “corpos”

Chegou próximo do espelho de som, nós 5 fomos até lá, nos cinco recebemos os tiros ali.

Havia alguns soldados ao redor, 6 deles, o professor se aproximou de mim, ele queria inspecionar logo o corpo de um dos alvos principais.

—Todos vocês terem morrido... não foi o que queria..., mas é um bem maior...

Ele se abaixou, tentou checar meu pulso.

O segurei antes.

—O bem maior é a sua morte! Desgraçado!

—AHHHHH!!! Soldados, atir...

Yuki saiu da posição enquanto ele olhava para mim, então pôs todos os soldados no chão com a arma roubada.

Me levantei, joguei o professor no chão, ele era bem forte, porém não tinha mais nada a fazer contra nós.

—Você nunca ouviu falar de colete a prova de balas?


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