Naruto correu e correu, enquanto ouvia Kurama falar consigo.

— Garoto, acalma esse coração, já leu a carta da Hyuuga!

— Como vou ter calma, se eu quase a perdi? - corria o mais rápido que podia, praticamente voava por cima das casas e depois por entre as árvores.

— Quase a perdeu porque é burro!

— Kurama, não precisa chutar cachorro morto. - retrucou cabisbaixo. - Não viu o estado que eu fiquei? Você acha que não sei o quanto sou idiota?

— Eu te vi crescer garoto, já testemunhei todas as suas Narutices, sou letrado nessa arte!

— Poxa, Kurama. - resmungou tristonho. - Por que não me avisou que eu estava sendo um imbecil com ela durante toda a minha vida, em especial na guerra?

— Eu te falei, seu tonto!– devolveu de imediato. - Sempre te dizia que não gostava da Sakura de verdade, que ela era apenas uma amiga, que você devia olhar para a Hyuuga e deixar de ser tapado. Porém, você me dava ouvidos?

— Não. - assumiu. - Eu ainda disse ao meu pai que poderia chamar Sakura de minha namorada, sendo que era Hinata a garota certa pra mim, sempre foi.

Suspirou.

— Agora chega, não adianta chorar o leite derramado. - Kurama comoveu-se com a tristeza de Naruto. - Faça valer a pena a partir de hoje e nunca mais, ouviu bem? Nunca mais perca essa mulher na vida! Nunca a magoe, sempre peça perdão mesmo que esteja errado, cuide dela e a ame como se Hinata fosse carne da tua carne, unha da tua unha. Tudo o que ela passou por você e ainda te ama, você nunca estará em pé de igualdade com tal sentimento jamais, sempre estará em dívida com a menina Hyuuga.– enumerou e Naruto apenas assentiu, com os olhos marejados.

— Eu sei, eu sei. - concordou enxugando as lágrimas com a manga do casaco laranja. - Eu amarei e protegerei Hinata, passarei o resto dos meus dias compensando-a por toda a dor que já lhe infringi direta ou indiretamente, eu prometo. E você sabe que nunca volto atrás com a minha palavra, tô certo!

— Não é a mim que precisa convencer, Naruto. - o outro assentiu. - Diga isso para a Hinata e cumpra sua palavra, essa menina já sofreu demais por tua causa.

— Eu vou pegar toda a dor que já lhe causei e transformar em alegria, eu irei me doar a ela, cuidar e amar. Eu farei de tudo pela Hinata, nunca mais a deixarei escapar. - Naruto rebateu, convicto. - Ela será meu bem mais precioso nessa vida e passarei o resto dos meus dias agradecendo por ter tido uma segunda chance!

— Pois então, Naruto. Se prepare, nós estamos chegando, eu estou sentindo o chakra da Hyuuga. - Kurama alertou. - Ela está tão ansiosa quanto você, vou ficar quetinho, vê se não estraga tudo dessa vez!

— E você acha que eu não sei, eu já nem estou me aguentando em pé. - Naruto revidou, sentia todo o corpo tremer.

Nem em suas piores lutas sentiu-se tão vunerável, o medo de cometer algum deslize e perder de vez o amor de sua vida, misturado a ansiedade de revê-la e finalmente poder beijá-la. Tudo isso estava comprimindo o coração de Naruto ao máximo, ele sentia-se a ponto de explodir. Tantos sentimentos conflitantes dentro de si, causavam-lhe um aperto na boca do estômago. Parecia até que estava indo para uma batalha, de fato.

A mais importante de sua vida, por sinal, pois aquela definiria sua felicidade.

Afinal, Naruto precisava de Hinata, agora ele sabia. Porquanto, só pensava em apertá-la forte e nunca mais soltar. Nada mais importava para ele, a não ser olhar nos olhos de Hinata e dizer o quanto a amava, o quanto se arrependia por ter sido tão negligente com ela. Naruto queria recuperar o tempo perdido e provar todos os dias que Hinata era o verdadeiro amor de sua vida.

No entanto, assim que entrou na cabana, quase saindo dos limites de Konoha e a encontrou, tão linda quanto se lembrava, as palavras sumiram de sua boca. Naruto só conseguia olhá-la, absorto demais para dizer qualquer coisa.

Até que Hinata quebrou o silêncio que preenchia o local.

— Naruto. - disse com a típica voz angelical, que ele tanto amava. - Que bom que veio.

Isso foi suficiente para tirá-lo do torpor em que se encontrava.

— Hinata, eu... - iniciou, ainda sem conseguir encontrar as palavras certas para expressar o que sentia.

— Vêm cá. - ela chamou com o indicador.

Como Hinata estava linda, vestia uma roupa informal, que não a usada geralmente em missões. Assim sendo, ele estava embriagado por tanta beleza, só queria tomá-la para si e nunca mais soltar.

Contudo, suas pernas não lhe obedeciam, simplesmente não conseguia ir em direção ao amor de sua vida. Travou, literalmente, suas mãos suavam, o coração trepidava em seu peito, como se o espaço fosse pequeno demais para ele. A felicidade de revê-la era tanta, que seus pensamentos embolavam em sua mente, as sensações se misturavam dentro de si.

Saudade, medo, paixão, ternura, arrependimento... Amor.

Era uma miríade de sentimentos, um querendo se sobrepor ao outro, o que deixava Naruto estático, sem conseguir agir.

Sem poder se jogar nos braços de Hinata e implorar para ela nunca mais deixá-lo.

Sentia tanto amor por aquela mulher, não entendia como demorou tanto para reconhecer.

Era um idiota, afinal.

E, agora, ele só queria expressar tudo o que sentia por Hinata, mas não conseguia.

Naruto queria chorar e rir, gritar e sussurrar, não sabia qual primeiro passo a dar. Pedir perdão? Beijá-la? Dizer que a amava como nunca amou outra em vida?

O que faria?

— Não vai me dizer nada? - Hinata indagou, tristonha e baixou os olhos. - Pensei que quisesse me ver, pensei que me amasse. - concluiu baixinho e ele quase gritou que não era isso.

Que precisava dela mais que tudo. Até que, por fim; Naruto decidiu agir ou a perderia novamente.

— Hinata... - sua voz soou baixa e incrivelmente grave. - Eu preciso pedir perdão por tudo que fiz, ou o que não fiz. Eu preciso de você, eu quero você, não há nada que eu queria mais nessa vida. - Hinata sorriu, sentindo o coração bem quentinho ao ouvi-lo. - Por favor, diga que me perdoa e que ainda me ama, pois eu te amo com toda a minha alma, com todo o meu ser, com tudo o que eu tenho e o que não tenho. Eu prometo ser o melhor para você, a partir de hoje, como Kurama mesmo disse, passarei o resto dos meus dias me redimindo pelo sofrimento que te causei e... - ele falava sem tomar fôlego, temia que suas palavras não fizessem jus ao que sentia.

Temia que Hinata não se convencesse de seu amor e o enxotasse novamente.

— Shi... - Hinata venceu a distância existente entre eles e o calou com o indicador. - Eu sonhava com o dia em que me diria isso, em que se declararia para mim. - ela tinha os olhos já marejados, tamanha a felicidade que sentia em seu peito. - Meu amor por você é tão grande, que jamais deixaria de existir, por isso eu decidi ficar só. Era melhor do que condenar outra pessoa a solidão que seria estar comigo.

Naruto sentiu o coração ser comprimido ao máximo ao ouvir tais palavras. A culpa era dele, não fosse tão idiota, ela não teria passado por algo assim. Os dois estariam juntos desde muito antes!

— Hinata, me perdoa por isso... - Naruto chorava, não mais conseguia conter as lágrimas que se formavam. - Eu jamais serei capaz de recuperar o tempo perdido, mas garanto que passarei toda a minha vida tentando e eu nunca volto atrás com a minha palavra!

Ela sorriu, vendo em sua frente aquele mesmo garotinho da época da academia ninja. O mesmo Naruto hiperativo de sempre, aquele mesmo que a tinha conquistado desde muito tempo e ele era e sempre seria, seu único e verdadeiro amor.

— Naruto, chega. - disse incisiva. - Teremos todo o tempo do mundo para nos desculparmos pelos erros do passado. Entretanto, eu quero viver o aqui e o agora. - dito isso, ela o beijou com desejo e urgência, causando um reboliço sem fim no interior de Naruto.

Ele mal compreendida aquela sensação, então aquele sentimento tão gostoso era por beijar alguém que amava? Era diferente de tudo o que provara antes. Hinata era doce, como a fruta mais apetitosa de um pomar.

Naruto só queria ficar em seus braços para sempre.

Foram se moldando um ao outro e descobrindo do que eram capazes se ficassem juntos. Ambos nem sabiam ainda da grandeza daquela união. Pois dela viriam Boruto e Himawari, frutos do imenso amor que, sobrevivendo aos percalços, provou-se inexorável.

Fim.