Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 49
O aniversário de Mary Crystal




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O aniversário de Mary Crystal

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31 de Agosto de 2012, 11:09 AM

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Brooklyn – Nova York

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Mary Crystal levantava mais tarde aquele dia, véspera de seu aniversário.

Depois da noite anterior, ela sabia que a única coisa que lhe faria dormir após o pedido inesperado do Capitão América para que os dois tivessem um encontro no dia de seu aniversário, era a ressaca, porque se estivesse totalmente sóbria, ela jamais teria conseguido dormir.

A garota acordava feliz aquela manhã e decidia tomar café fora, em algum lugar não tão longe de seu apartamento.

Ela se aprontou e saiu, alegre, risonha e cantarolando.

O apartamento de Steve não ficava muito longe dali, então, Kiara resolvia passar em frente, apenas porque sentia que podia encontra-lo perambulando pelo local, já que o loiro sempre fazia corridas matinais todas as manhãs.

Quando a Segundo-Tenente se aproximou, percebeu que havia uma pessoa na porta do prédio dele, alguém conhecido...

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Sharon Carter.

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Ela estreitou o olhar automaticamente. O que a Agente 13 fazia ali?

Mary parou atrás de um poste enquanto espiava.

Steve saia pela entrada do prédio, e os dois começaram a conversar.

Já havia se passado cinco minutos...

A garota não tinha ideia sobre o que falavam, mas pelas expressões faciais do Super Soldado, ele não parecia muito à vontade.

Estranhando aquela conversa estranha, a loirinha resolvia se aproximar, porém, um movimento repentino a fez parar no mesmo instante... chocada...

Steve era totalmente pego de surpresa, quando Sharon o cercou e...

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Lhe roubou um beijo...

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A Segundo-Tenente se manteve imóvel... observando perplexa a cena.

Ela pensou que o Capitão se afastaria, a repreenderia, e diria que a Agente 13 havia feito algo que não era certo, mas...

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Ele simplesmente ficou parado, sem reação...

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Mary continuava ali, olhando fixamente para os dois... assombrada...

Steve permanecia imóvel enquanto a sobrinha de Peggy Carter o beijava...

Ele estava deixando...? Mas... por quê...?

Kiara não entendia... o Capitão e a Agente 13 estavam naquele estágio? Então por que ele a chamou para um encontro no dia de seu aniversário? O que Steve queria afinal?

Com certeza não estava entendendo errado a situação... caso contrário, por que até agora ele não a empurrou para longe?

Observando a cena, arrasada, a garota apenas pegava seu telefone do bolso, ligando imediatamente para um de seus amigos de Los Angeles.

Ao atender, Kiara dizia o que desejava...

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— Prepare o resort Tachi Palace Cassino pra mim, porque eu vou dar a maior festa amanhã...

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Mary Crystal desistia de seu encontro com Steve e iria para Los Angeles fazer o que mais tinha em mente após flagrar aquela cena deprimente...

Se divertir...

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1 de Setembro de 2012, 11:30 AM

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Manhattan – Nova York

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Como combinado na noite do dia 29 de Agosto, Steve ia até o apartamento de Mary Crystal, para o encontro que tinham marcado no dia do aniversário da garota, mas ela...

Simplesmente não estava mais ali...

O Super Soldado estava muito bem arrumado e carregava um buquê de rosas champanhe, exatamente a mesma flor que deixou para Mary num dos cafés da manhã que havia preparado, quando ainda estavam em Newport Beach.

Estranhando o porquê a mesma não se encontrava ali, uma de suas vizinhas avisava ao loiro que a Segundo-Tenente tinha viajado para Los Angeles e só voltaria na outra semana.

Steve não conseguia entender por que a Segundo-Tenente havia lhe dado um bolo...

Por que ela mudou de ideia?

Por que Mary Crystal sempre estragava tudo?

Por que ela sempre o enganava daquela forma? Era só um jogo? Uma brincadeira? Era tão engraçado fazê-lo de idiota, quando ele a levava tão a sério?

E quanto ao dia em que os dois foram até a casa de Peggy e ele a ouviu dizendo coisas tão bonitas a seu respeito, que lhe fazia ter a impressão de que ela o estimava tanto...?

Decepcionado, o Super Soldado saia do prédio onde a garota morava, e indo embora, jogava o buquê de rosas em uma das lixeiras da calçada.

Aquele dia, ele decidiu que iria para a torre dos Vingadores, e trabalharia até de madrugada.

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Eram três horas da tarde, e Tony almoçava no salão principal da torre, imerso em seus cálculos envolvendo viagem no tempo, afinal, todos ali estavam muito empenhados na missão em descobrir o que havia acontecido no futuro.

O Homem de Ferro notava que o Capitão se encontrava concentrado, lendo muitas coisas que Bruce Banner havia anotado, e embora não entendesse tudo, o loiro se esforçava em aprender, apenas para ajudar o cientista e o bilionário com alguma teoria nova.

Tony atentava para o semblante mal-humorado do Super Soldado. Achando aquilo muito incomum.

— O que foi, Capicolé? Por que tá de mau-humor hoje? Aconteceu alguma coisa?

— Não é nada. – Ele redarguia, ríspido.

— Vai, conta logo o que aconteceu. O Sam não tá aqui pra te ouvir, mas eu tô...

— Tony... eu só quero me concentrar nessas anotações do Doutor Banner. Me deixe quieto...

— Posso te deixar quieto se me contar por que está com essa cara amarrada.

— Não é nada.

— Nem adianta negar, porque eu sei que você está mal por algum motivo e tenho minhas suspeitas... – O gênio das Indústrias Stark o rodeava, segurando uma caneta e uma prancheta nas mãos.

— Que suspeitas, Stark?

— Suspeitas de que você está com raiva de algo que envolve a filha do Presidente.

O Capitão colocava os papeis em cima de uma das mesas, e olhava atentamente para o Homem de Ferro.

— Por quê acha isso?

— É que é meio óbvio... todo mundo já sabe que vocês dois parecem estar numa espécie de relacionamento não oficial, embora ninguém tenha visto nada... – Tony olhava para cima, mentindo descaradamente, já que ele e Pepper haviam flagrado Steve e Mary no maior amasso na madrugada do dia do sequestro do Presidente.

O loiro respirava fundo, cansado...

Sabia que se arrependeria por dizer a verdade a Tony, mas no momento, era ele quem estava ali, se importando e perguntando o que havia de errado.

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— Hoje é aniversário da Mary e combinamos de sair pra passarmos o dia juntos, só que... ela me deu um bolo...

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O bilionário imediatamente começava a rir, gargalhando alto da cara do Capitão, que já se arrependia de ter dito a verdade a ele.

Dois segundos depois, o bilionário segurou o riso, esboçando uma expressão séria, tentando não rir.

— E então pra onde ela foi? – Ele ainda segurava uma risada, pigarreando.

— Pra Los Angeles...

— Então, a Sailor Moon foi passar o aniversário na costa oeste? Me disseram que está fazendo calor em Los Angeles essa semana.

— Tony... isso não está ajudando...

— Você quer ajuda então?

— Como você poderia ajudar?

O Homem de Ferro nem responderia Steve. Ele já pensava numa solução imediata.

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— JARVIS, encontre imagens de toda a rede social dos amigos da filha do Presidente e de prováveis lugares que eles fizeram check-in.

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— Sim senhor.

E então, JARVIS mostrava várias imagens holográficas da garota e seus amigos, na praia de Venice, andando de Jet-ski.

Kiara estava só de biquíni e conduzia um Jet-ski enquanto um rapaz alto e musculoso a agarrava por trás, pela cintura.

Ela sorria largamente, mostrando que estava se divertindo com várias pessoas.

— Ela mesmo tá em Los Angeles... e... muito bem acompanhada por sinal... olha esse cara bombado? Será que é algum amigo ou casinho? – Tony indagava, de propósito, apenas para ver se Steve ficava com ciúmes.

— É, pelo visto ela me enganou e saiu pra se divertir com essas pessoas... – O loiro redarguia, arrasado, triste, mas ao mesmo tempo, furioso.

— Sabe... a Mary meio que me lembra quando era mais novo... – O Homem de Ferro confessava, vendo várias fotos da garota bebendo um coquetel de frutas, nadando numa piscina num resort e dançando música eletrônica com diversas pessoas na praia.

— Por quê ela lembra você? – Steve o questionava.

— Você nunca ouviu falar da minha fama? Da vida que eu tinha antes? – O bilionário o indagava.

— Não me aprofundei pra saber, por quê?

— Eu amava festas, viagens, noitadas, praia... mas um dia percebi que isso tudo era ilusão...

— Isso aconteceu quando você foi sequestrado e mantido preso naquela caverna, anos atrás? – O loiro sabia de alguns detalhes importantes da vida de Tony, mas não tudo.

— Sim. E advinha quem estava sempre ali pra mim e se importava de verdade comigo?

— A Pepper?

— Exatamente... sabe, eu não tinha ninguém. É por isso que eu a valorizo mais do que tudo e às vezes meto os pés pelas mãos pra mantê-la segura...

— Eu imagino... – O loiro encarava o chão, cabisbaixo, e Tony sentia um pouco de pena, porque sabia que a filha do Presidente gostava dele de verdade, porém, sempre haviam mal-entendidos que os separavam.

— Cadê aquele Capitão ferrenho que disse que eu não sentaria no arame farpado pra outro passar!? Você não parece o mesmo Capitão América que eu conheci!!!

— Esse Capitão está repousando no momento...

— A Mary suga mesmo todas as suas forças, não é? Acho que vou reclamar com ela, porque não está sobrando nem um tiquinho pra mim...

— Não tem graça, Stark... – O loiro bufava, irritado.

— Estou com saudades daquele Super Soldado que me enfrentava. Eu te vejo com esse olhar de peixe morto e suspirando desanimado pelos cantos e me dá um sono... – O Homem de Ferro bocejava, o provocando.

— Talvez um dia esse Capitão volte...

— Mas só se a Mary estiver perto dele, não é?

— Quem sabe...

— Olha Cap, não perca as esperanças... a cachinhos dourados vai perceber algum dia, que você gosta dela de verdade... se é que já não percebeu e está fingindo que não sabe, então, tenha persistência. Você não é um homem de coragem?

— Eu não estou com esperanças... – Steve admitia, deixando Tony impressionado por finalmente assumir em sua frente que de fato, ele era apaixonado por Mary Crystal.

— Se vocês combinaram de passar o dia juntos, deve ter acontecido alguma coisa. Ela não ia te pregar uma peça dessas, então por que não pergunta pra Mary o motivo de ter desistido de passar o dia com você?

— Não vou ligar pra ela, Tony...

— Não... eu quis dizer, perguntar a ela pessoalmente. Eu te levo pra Califórnia. Vamos pegar o Quinjet e ir direto pra lá.

— Acho melhor não... – Steve replicava, ainda muito triste e ao mesmo tempo aborrecido.

— Você precisa ser mais ativo, Capitão. Quanto mais abordá-la e cercá-la, mais a Supergirl vai ficar indefesa e vulnerável. Sei que você é um homem que sempre está na linha de frente, então o plano é: ataque!

— Como quando nos encontramos com Thor pela primeira vez e você saiu voando sem um plano e o atacou? – O Capitão sorria, se recordando de quando conheceu Tony.

— Exato!

Steve suspirou, passou as mãos pelo rosto, depois pelos cabelos e então...

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— Ok... vou seguir seu conselho...

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— É isso aí, Capicolé! Vamos atrás da Barbie Malibu em Los Angeles!

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Cinco horas depois, Steve e Tony chegavam em Los Angeles.

O bilionário pousava a aeronave no topo de um dos hotéis das Indústrias Stark e então, saiam a procura do tal resort onde Kiara estava, só que chegando lá, descobriam que a garota tinha ido para outro lugar...

Um hotel no centro da cidade, onde se divertia com seus amigos numa piscina, no topo de um dos prédios mais altos de Los Angeles.

Já era mais de oito horas da noite...

Tony e Steve entravam no local facilmente, afinal, ninguém dizia “NÃO” para o gênio das Indústrias Stark.

Os dois subiram pelo elevador e ao saírem, já ouviam um som muito alto vindo do topo do prédio.

O Homem de Ferro conhecia as músicas que tocavam ali e todas eram do Avenged Sevenfold.

— Rock contemporâneo...? Que clichê... – O bilionário dizia para si mesmo e Steve não fazia a menor ideia do que ele queria dizer.

Ao chegarem no lugar, os dois avistavam várias pessoas numa enorme piscina, outros fora, outros jogando truco numa mesa, outros papeando, e outros bebendo.

De fato, parecia uma festa particular... mas não de aniversário...

O Super Soldado se espantava com aquela bagunça... como a Segundo-Tenente conseguia se sentir bem naquele tipo de ambiente?

Quando Tony cruzou a entrada com Steve atrás, muitos começaram a cochichar, e algumas garotas a gritar.

— É o Homem de Ferro!!! – Um dos garotos, já embriagado, gritava e apontava para o bilionário.

— E o Capitão América!!! – E uma das garotas gritava, fazendo várias outras gritarem junto.

A maioria dos jovens ali era fã dos Vingadores... nenhuma novidade...

No entanto...

O bilionário pedia pra todos se mandarem dali.

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— Circulando, galera!!!

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Tony espantava a maioria das pessoas do local, empurrando alguns para fora.

Steve procurava por Kiara, que estava dentro da piscina mergulhando.

O loiro se aproximou e via a garota nadando despreocupadamente, e com muita facilidade, submersa.

A música continuava soando alta pelo local.

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Scream – Avenged Sevenfold.

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Quando o Homem de Ferro conseguiu tirar todos dali, acenava para o Capitão, mostrando que o deixaria sozinho com Mary, para que pudessem conversar.

E então, após terminar seu mergulho, a Segundo-Tenente olhava ao redor, vendo que não havia mais ninguém ali.

Ela estreitou o olhar e deu de cara com apenas uma pessoa em sua frente...

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Steve Rogers...

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O Capitão estava na borda da piscina, parado, com as mãos no bolso de sua jaqueta de couro, a encarando com uma expressão furiosa e Mary... bem, essa começou a sorrir... descarada, arrogante e um tanto presunçosa...

— Veja só quem está aqui! O maior ícone da justiça americana! – Ela o cumprimentava, rindo como louca... Mary Crystal estava bêbada... muito bêbada...

Steve a encarava com demasiada cólera no olhar... seus olhos azuis reluziam, tamanho ódio que sentia por vê-la naquelas circunstâncias tão... desprezíveis... e então...

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— Por que você me enganou?

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A garota soltava uma gargalhada, achando engraçado aquela pergunta.

— Eu te enganei!? Quando foi que te enganei, Capitão Rogers!?

— Mary, saia da piscina. Precisamos conversar. – Ele rebatia, ríspido.

— Que eu saiba, não temos nada pra conversar, então, o que você veio fazer aqui? Estragar a minha festa de aniversário? – Ela virava de costas, voltando a nadar.

— Mary, saia agora dessa piscina!

A Segundo-Tenente revirava os olhos. Quem ele pensava que era pra lhe dar ordens?

— É você quem devia sair daqui! Não lembro de ter te convidado pra minha festa, então, dê o fora! – Ela passava o ignorar, pegando a taça de vodka do outro lado da piscina.

O loiro atentava para toda aquela provocação infantil... céus, ele não tinha paciência com aquela reação...

— Pare de fingir que não estou aqui! – Steve gritava, num ímpeto furioso, e então, Mary Crystal se virou... com uma expressão sombria na face.

A garota resolvia fazer o que ele pedia, nadando até a borda da piscina.

Ela segurava as barras de metal da escada enquanto subia degrau por degrau... devagar... mas...

Passava por ele, ignorando-o totalmente...

A Segundo-Tenente estava encharcada, vestida com um biquíni na cor branca, num modelo ousado, expondo seu corpo esbelto, sem preocupações.

Como ela conseguia ser assim...? Tão desinibida, impetuosa e insolente?

E quanto mais a fitava, mais se sentia indigno... Como se apaixonou por aquela garotinha mafiosa e irritante?

Como se apaixonou por seus contornos...? Por sua alma...? Por sua real personalidade mascarada pela pose de menina má...?

Céus, ela era tão linda... e quando estava em sua presença, era difícil disfarçar... Steve reparava em tudo... em todos os seus aspectos físicos e que o atraiam com força...

Seus longos cabelos loiros, que mesmo molhados, ainda eram maravilhosos... seus lábios rosados e aquele sorriso audacioso que acabava com ele... seus olhos de esmeralda... sua pele branca e encharcada... suas curvas... seu corpo inteiro... ela o enfeitiçava e nem sabia o efeito devastador que causava...

Os dois se atraíam e se repeliam... como um imã... e quando o assunto era ela, o Super Soldado se transformava em alguém descontrolado...

Possessivo... como foi com Peggy um dia...

— O que você veio fazer atrás de mim...? – A garota se mantinha de costas para ele e despejava vodka na mesma taça onde bebia antes.

Steve suspirava, impaciente... como ela conseguia ser tão cínica?

— Nós tínhamos um encontro. E você me deu um bolo.

— Sério...? Não lembro de ter te dado um bolo e... isso era realmente um encontro...? – A loira redarguia, ainda de costas, sem o encarar.

— Você me deixou plantado em Nova York! Me fez de idiota enquanto estava aqui em Los Angeles curtindo e fazendo farra com os seus amigos! Por que você está o tempo todo me enganando e me fazendo de idiota, Mary Crystal!? – Ele a questionava, com raiva, deixando sua ira resplandecer.

E então... a Segundo-Tenente se virou para o loiro e... sorriu mais uma vez...

— Porque é isso que eu sei fazer de melhor! Te enganar, fazer piadas, ironias e zoar com a sua cara! Adoro te fazer sofrer e rir enquanto me divirto! Isso é simplesmente espetacular e me excita, Capitão... — Ela se aproximou, de modo insinuante, segurando a taça de vodka, sem desmanchar o sorriso petulante em seus lábios.

— Eu... nunca vou te entender...

— Não precisa... sou uma incógnita... uma equação difícil demais de se resolver... e que você nunca vai ter capacidade de decifrar... - Mary passava por ele, voltando para a piscina, porém...

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Steve agarrava fortemente seu pulso no mesmo instante.

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— Você não vai fazer seus joguinhos e sair ilesa. – Ele a encarava com violência... seus olhos se mantinham fixamente no rosto da garota.

— Me larga... – A loira o encarava de volta, impetuosamente furiosa.

— Não antes de você me ouvir...

— Te ouvir...? E por que eu deveria...?

— Por que você disse que aceitava sair comigo? Era tudo uma brincadeira? Tudo isso é só um jogo pra você...? – O olhar furioso reluzia...

— Sim, Cap... levo minha vida como o Coringa, que mesmo com ódio, permanece sorrindo, porque a maior alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo... – A Segundo-Tenente replicava, e Steve observava as gotas escorrerem pela pele macia do corpo feminino tão esbelto e sensual...

— Ódio...? Acho melhor tomar cuidado para não mirar tanto ódio na pessoa errada, porque seu verdadeiro inimigo pode estar mais perto do que você imagina... – Ele apertava o pulso dela com força e Kiara apenas sorria em resposta.

— Vou ser sincera... sabe o que eu mais odeio, Capitão...? Pessoas que fingem gostar das outras...! – Ela o defrontava através do olhar, mostrando que o encararia e não fugiria. Se ele tinha coisas pra dizer, ela também tinha.

— Sinceridade gera desprezo, desprezo gera solidão, solidão gera ódio, ódio gera vingança e vingança gera morte, ainda mais porque a vingança não é para pessoas fracas como você, e sim para os fortes, que estão dispostos a se sacrificar.

Kiara riu da cara dele mais uma vez, e Steve ficava sem entender.

— Por que a lição de moral vem de alguém que não tem moral alguma...? – Ela o olhava de cima em baixo, provocantemente.

— Saia do seu mundo de fantasias e aceite a realidade! Você parece uma louca!

— Pessoas loucas não vivem muito, mas vivem como querem, Cap!

— Não espere encontrar na fase adulta o que você perdeu na adolescência, Mary Crystal! – Ele a intimidava com força, olhando no fundo dos olhos esverdeados.

Aqueles olhares se encontravam... não só se encontrando, mas colidindo... e se completando... os dois eram muito mais do que amigos ou inimigos... eles se desejavam... eram apaixonados um pelo outro, e só pela cumplicidade de ambos olhares, o universo tinha certeza que eles já não eram apenas dois... mas um só...

— Ai Cap... um dia quando você cair, eu vou estar lá... rindo...

— Eu não vou mais aturar as suas-

— Ah, para! Vai fazer aquela ceninha onde começa a me dar lições de moral insuportáveis, falando em detalhes como vai reagir caso eu te contrarie, me ameaçando de coisas que você não vai fazer e blá blá blá...! – Ela revirava os olhos.

— Você-

— É sério, não precisa se dar ao trabalho de tentar provar pra mim que você está certo e eu errada, apenas porque é um garotinho inseguro, que prefere se esconder atrás da máscara e do escudo de super herói só para recuperar o respeito. Você não é tão complicado quanto pensa, Steve...

— Acha que pode ver através do que eu sou!? Não tem ideia do-

— Nossa, mas que saco! Você quer mesmo me matar de tédio com essas palavras maçantes, Cap!? Você é chato! – Ela o interrompia mais uma vez, desdenhando de mais um discurso moralista do Capitão América.

Steve sorriu de canto, vendo-a desafiá-lo como sempre faz...

— Apesar de toda essa atitude, você não passa de uma garotinha tola, que age de modo infantil só pra me atingir.

— Quem disse que fiz isso pra te atingir!? Estou vivendo a minha vida, como sempre vivi...! Como sempre fiz desde antes de você aparecer e estragar tudo, então me poupe dessa sua palestra de honestidade, porque eu não vou aderir. Dê o fora daqui e me deixe em paz, Steve! – Ela puxava seu braço com força, colocava a taça na borda da piscina e virava de costas, dando outro mergulho.

O loiro bufava, completamente irritado.

— Eu ainda não terminei, Mary...

— Não terminou com esse teatro, Capitão? Eu quero passar o resto do meu aniversário feliz, plena e satisfeita, então você pode ir! O Stark conhece a saída, porque ele esteve aqui muitas vezes. - Ela voltava a nadar, deixando-o no vácuo.

Por mais que estivesse adorando se vingar dele, Kiara jamais diria o real motivo de não ter ido ao encontro que marcaram, porque preferia sair como a vilã da história, do que expor que na verdade, ela estava extremamente magoada...

Sim, porque Steve era uma pessoa extraordinária... ele era uma das pessoas mais incríveis que teve o prazer de conhecer... era a pessoa pela qual ela se jogaria de um abismo sem pensar duas vezes... era a pessoa pela qual atravessaria o oceano nadando... mas... Mary sempre se perguntava... por que as coisas chegaram aquele estágio...? E por que ele a confundia...? Por que parecia gostar dela, mas deixava que outra pessoa invadisse seu espaço e ficasse entre os dois...? Teria de manter tudo o que sentia em segredo e controlar seus sentimentos... não havia outra forma...

Porque o único jeito de ser mais malandra do que a tristeza, era sendo cínica...

Ou ficando bêbada...

Enquanto o Super Soldado permanecia a encarando com raiva, também continuava insistindo que terminassem a conversa.

— Pare de agir como uma criança, Mary Crystal. Saia dessa piscina agora.

Ela o olhou de forma sacana, tendo algo em mente...

— Ok... mas será que você pode me ajudar então...? Estou um pouco tonta por causa do álcool... – A garota redarguia de forma manhosa e suspeita, erguendo a mão para que ele a puxasse dali

Kiara sorria maliciosamente, deixando-o ainda mais irritado.

Steve estendeu a mão para a Segundo-Tenente, que a pegou imediatamente, só que quando a puxou para perto dele, Mary Crystal o agarrou rapidamente com seus braços e...

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O puxou com força para baixo, fazendo com que ambos caíssem dentro da piscina, de propósito...

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O Capitão caia por cima da loira, e tudo o que podia ser ouvido era o barulho da água e da música de fundo...

A garota nadou para longe, rindo desvairadamente da cara dele, que mantinha um semblante assombroso.

Steve a mirou, fixando seu olhar no dela...

Kiara estava na borda da piscina, gargalhando... completamente sem controle.

O loiro nadou até onde ela estava, a encarando colericamente, e então...

A empurrou totalmente contra a borda da piscina, impedindo-a de escapar.

Mary Crystal não parava de rir... ela estava descontrolada...

O Super Soldado se aproximou ainda mais, a ponto de seus rostos ficarem muito perto...

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— Gosta de brincar, Mary...?

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A garota o fitava sem medo, e o sorriso petulante apenas se acentuava.

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— Na arte de iludir, eu sei brincar como ninguém...

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A Segundo-Tenente olhava para o rosto encharcado do Capitão, e sua expressão de ódio... ele a encarava intensamente, feroz e selvagem.

Mary Crystal estava firme e piadista por fora… mas magoada e sangrando por dentro...

— Ilusão...? Prefiro verdades que me matem, do que mentiras que me iludem, então tente de novo, Mary... será que você tem capacidade de aguentar...!? – Ele a ameaçava implicitamente de um jeito misterioso...

Do que o Capitão América seria capaz apenas para mostrar que ela estava errada?

Mary soltava outra risada, na cara dele.

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— Pode me mostrar seu lado sombrio, Cap... eu não tenho medo do escuro...

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Steve sorriu de canto... desafiador, extremamente excitado pelo modo como ela o provocava, o forçando a ser alguém pior do que imaginava ser...

E por mais que Kiara quisesse fugir acelerada, a 210 milhas por hora e desistindo de qualquer resquício envolvendo Steve, ela se via capotando na curva daquele sorriso sedutor e agressivo...

— Se vai encarar minha escuridão, então pegue uma lanterna... você vai precisar...

— Está me ameaçando, Capitão Rogers...?

— Não faço ameaças, apenas estou te colocando a par das consequências...

— Que consequências...?

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— Faça alguma coisa enquanto ainda há tempo, pois esse jogo já está acabando com a gente...

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A Segundo-Tenente sorriu, triunfante...

— Gosto de saber que você está no meu jogo, mas não esqueça, Cap... sou eu quem dito as regras...

Steve estreitou o olhar, a encarando com ímpeto...

— São preciso dois para dançar uma valsa, Mary Crystal... – O olhar do Capitão recaiu até os lábios dela...

Ele podia sentir a respiração ofegante da garota e ver um tom avermelhado rastejando por suas bochechas, mas... não sabia se era de vergonha ou por conta do álcool...

Céus, ela estava tão linda diante da iluminação da piscina...

Seria fácil simplesmente se inclinar e beijá-la... seria fácil tornar as coisas ainda mais complicadas... seria fácil transformar mais uma briga em um momento onde trocassem um beijo... muito fácil e tentador... mas...

— Eu prefiro banguear numa roda de bate cabeça sozinha, do que dançar uma valsa com você... – Ela o defrontava da forma mais cínica possível, ainda sorrindo, mantendo sua postura audaciosa.

— É mesmo...? Então talvez você se lembre de mim, quando eu finalmente te esquecer...

Mary Crystal desfez o sorriso no mesmo instante... por mais que aquilo não parecesse de fato uma ameaça... sentia-se encurralada...

A voz dele, tão ríspida, tão implacável e perto de seu rosto, a levava para outra dimensão... outra galáxia... e toda vez que seus olhos se perdiam nos dele, tão serenos, mas tão violentos, ela chegava a conclusão que todos deviam apreciar aquela linda e perfeita contradição... como um eclipse solar...

Por mais que odiasse aquela situação e estivesse machucada por ter flagrado a cena onde Sharon Carter o beijou, e Steve nada fez, Mary ainda tinha vontade de estar perto dele...

Ela conseguiria perdoá-lo...? Talvez... mas o que desejava eram aqueles olhos desenhados no seu céu... e... por que aquele maldito Super Soldado lhe causava tanto efeito...? Seu perfume estava impregnado em sua mente... seus lábios a marcaram além da pele... seus olhos a perfuraram muito mais do que uma bala alojada num ponto vital...

E todas as vezes que seus olhares se cruzavam... ela esquecia de tudo, desejando estreitar o espaço entre ambos... e senti-lo de todas as formas... até enlouquecer... porque tudo aquilo era mais do que dois corpos em combustão... era uma colisão de duas almas apaixonadas...

Ao encará-lo tão perto... Mary sentia aquele perfume bagunçando sua mente e a visão do contorno de sua boca a hipnotizando, lhe atraindo para mais perto... porque ela o queria tão perto, que chegava a ser colado... e tão colado, que chegava a ser dentro...

Completamente afetada, porém, sob efeito do álcool, Kiara dizia o que achava daquela ameaça...

— Fui abençoada com um coração bondoso, mas em contrapartida com um pavio bem curto, Cap... sou exatamente igual a um vidro... se me jogar no chão, eu quebro… mas se me pisar, eu te corto... – Ela terminava de sussurrar tais palavras de modo insinuante perto do ouvido dele, deixando-o ainda mais... instigado...

O loiro a observava detalhadamente... milimetricamente...

Mary Crystal não saia de sua mente... seu cheiro... seu quase toque... e a sensação quase tão palpável... o quase que doía...

A garota estava numa posição que o tentava ainda mais... a piscina iluminada não escondia o corpo ameno e tão cheio de curvas... ele desejava contornar aquelas curvas com suas próprias mãos... porque seu corpo pedia o dela...

Steve também se recordava da cena do farol em Portland, de quando a teve em seus braços... tão perto... tão juntos... pele com pele...

O toque da garota em seu cabelo, seu pescoço e seu peito, arrepiando cada canto de sua alma enquanto a beijava aquela madrugada... Steve se recordava de deixar seu corpo na ponta dos dedos dela... e apenas senti-la... porque o carinho que emanava de seus poros dava para sentir... no ar, no cheiro, no gosto e no toque...

Todas aquelas lembranças causavam uma avalanche de sensações que imploravam para que o Super Soldado perdesse o controle... e fizesse o que tinha em mente...

Os olhos verdes adentravam aos dele, violentamente... muito mais do que sua essência o penetrava...

Steve engoliu a seco... mas a respondeu da forma como Mary merecia...

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— Ótimo... o melhor remédio para o orgulho é o desprezo...

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— Aah, não fala assim, Cap... eu sempre estarei com você... porque sou a âncora do seu sofrimento...! – E então, a loira sorriu novamente, provocante.

O Capitão a mirava com furor... e ele tinha 99% de certeza de que Mary o odiava, mas era o 1% de possibilidade que o mantinha assim, tão firme...

— Eu gosto de pessoas que se preocupam, que se importam, que se emocionam... e gosto principalmente de pessoas que demonstram seus sentimentos verdadeiros...

— Você quer que eu demonstre tudo isso...?

— Se vier, venha com 100% de certeza, porque de dúvidas, já bastam as minhas... – Ele sussurrava, dando um ultimato, e olhando para a gota de água que escorria do lábio inferior da garota... tão atrativa... tão convidativa...

— Eu adoro quebrar regras... mas acho que será ainda mais excitante quebrar essas regras com você, então... quer que eu demonstre isso agora mesmo...? – Ela o desafiava de volta, com o olhar afiado enquanto vislumbrava aquela boca maravilhosa que várias vezes a beijou com tanto carinho...

Kiara suspirava e piscava lentamente... embriagada não somente pelo álcool que corria em suas veias, mas pela visão esplendorosa de Steve Rogers ali, a prendendo com raiva na piscina, com aquele olhar azul de extasiar...

— Você se engana quando pensa que eu sigo todas as regras, senhorita Ellis... – O loiro a provocava com ímpeto, odiando confessar aquilo, mas amando aquelas respostas atrevidas em meio a mais uma briga entre ambos, a deixando sem fala por alguns segundos e se perguntando se Mary sentia seu coração saltar algumas batidas...

— Saiba que enquanto eu te encher o saco, brigar e discutir com você, tudo bem... mas quando eu passar a te ignorar, se preocupe... – A garota confessava, ainda sorrindo descaradamente.

.

— Eu poderia desistir, mas vejo um bom motivo pra continuar... eu adoro coisas difíceis...

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Ele sussurrava, a provocando no mesmo nível.

— Você disse que ia embora, Cap... – Ela o desafiava novamente, mordendo o lábio inferior...

— Crie soluções, não desculpas, Mary Crystal... – Steve comprimia ainda mais a distância entre ambos, apoiando as mãos na borda da piscina, ainda cercando a Segundo-Tenente, impedindo-a de sair de seu alcance.

Seus rostos estavam muito próximos... e eles já sentiam ambas respirações se misturando...

Ela o seduzia com os olhos... o atiçava através do olhar... e ele desejava decifrar e memorizar seus segredos mais íntimos... descobrir o que ela pensava e sentia...

Ele queria provocar arrepios, vê-la perder a calma e se entregar...

O Capitão só queria ser responsável pelo olhar perdido e sem foco da garota... e que de seus lábios saíssem seu nome, entrecortado e sem fôlego entre um sussurro...

Steve estaria mentindo se dissesse que não queria beijar Kiara... na verdade, era tudo o que ele mais queria no momento...

Porque eles eram assim... sem começo, sem meio, sem fim, sem solução e sem motivo...

A garota o encarava, completamente enfeitiçada pela proximidade... perdendo o fôlego e reprimindo a vontade de pedir para que ele não se afastasse...

Tudo o que ela queria era enterrar seu rosto no pescoço masculino e beijar a curva de seu queixo até parar em seus lábios... porque internamente, Mary desconfiava que Steve não resistiria se ela pedisse lhe um beijo... com jeitinho... falando explicitamente o que queria, no ouvido dele...

A Segundo-Tenente desejava a boca do Super Soldado tomando posse da sua...

Ela não era de pedir nada... mas... queria colocar sua marquinha naquele pescoço... e se ele não resistisse, iria beijá-lo até o amanhecer... mas não faria tal pedido... porque Steve não merecia...

Céus, como estava bêbada... provavelmente se arrependeria de tudo o que estava pensando e fazendo naquele momento, quando a embriaguez desaparecesse...

Porém, com o rosto muito próximo do dele, Mary sussurrava palavras que o deixariam confuso...

.

— Se suas ações contradizem suas palavras, eu nunca vou acreditar em você, Steve...

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O loiro a encarava com ímpeto, confuso com o que ela lhe disse.

— Do que você está falando...? Por que minhas ações contradizem minhas palavras...?

A garota desviou o olhar e sua expressão se tornava melancólica...

— Você é inacreditável, Steve...

— Por quê...?

— Pense... puxe de sua mente, algo que seja motivo suficiente pra eu estar aqui hoje... – Mary Crystal dava pistas, mas o Super Soldado ainda não tinha ideia do que ela falava...

— Eu... não estou entendendo...

— Então vamos encerrar por aqui... – A loira mantinha o rosto virado, prestes a empurrá-lo dali, porém...

Steve agarrou os ombros dela com força...

— Me diga, por favor...!

Kiara suspirou fundo, e então...

— Não... – Ela se virou e o encarou, obstinada...

A expressão raivosa e rebelde naquele rosto tão belo, só fazia o coração do Capitão bater ainda mais forte...

Céus... Mary Crystal era seu erro favorito... o único que continuava amando cometer...

— Eu estou pedindo... me diga...

— Está pedindo...? Se você não tem ideia do que eu digo, não tem o direito de estar aqui, então, saia agora da minha frente, ou-

— Ou o quê...? Vai me expulsar a força!? – Ele rebatia, cansado da forma hostil como ela o tratava.

Mary sorriu...

— Não preciso te agredir... tem uma forma muito mais fácil... – A Segundo-Tenente dizia, se afastando lentamente, ainda olhando no fundo dos olhos do loiro, com um meio sorriso de canto.

E então, quando Steve pensou que Mary Crystal já tinha cometido todas as loucuras existentes e inexistentes da face da terra, ele se surpreendia com o atual movimento da garota que o faria sair dali por vontade própria...

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.

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A loira desamarrava as alças de seu biquíni, se despindo... tirando a parte de cima e em seguida a parte de baixo, ficando completamente nua dentro da piscina...

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O Capitão arregalava os olhos, totalmente desacreditado, perplexo e abismado com o que ela fazia...

— Por que... está fazendo isso...!? – Ele a questionava, assustado, desviando totalmente o olhar para o outro lado da piscina.

— Vai sair agora ou não...!? Uma mulher está completamente nua na sua frente e a menos de dois metros de distância...!

Steve franzia o cenho, assombrado... como Mary Crystal conseguia agir assim?

— Por que você está fazendo isso comigo...?

— Por quê...? Quer mesmo saber, Capitão Mentiroso América!? – Ela se aproximava lentamente, enquanto Steve, recuava... alarmado...

Era sua missão deixa-lo totalmente constrangido, até que o Super Soldado saísse correndo dali como uma menininha assustada...

— Por que você está me chamando de mentiroso, Mary Crystal...? – A contestava, numa mistura de raiva, perplexidade e confusão.

Ele virava o rosto para não vê-la nua, mas seus olhos já haviam memorizado a silhueta da garota...

Ela era tão perfeita e esguia...

.

— Você não devia estar consolando a sobrinha do grande amor da sua vida nesse exato momento...!? Por que está aqui, arruinando a minha festa de aniversário...!?

.

A loira continuava andando na direção dele, com o intuito de cerca-lo.

— Espere, você...-

— Se lembrou agora...!? Você é mesmo inescrupuloso, Steve... chamando uma mulher para um encontro num dia e beijando outra no dia seguinte...!? Acho que você não é um homem tão honesto assim...

Steve se encontrava boquiaberto... então, Mary Crystal flagrou o momento exato onde Sharon o beijou?

Era por isso que ela o deixou plantado em Nova York e viajou para Los Angeles?

— Mary, ouça... não é o que você está pensando...

— Sempre é o que eu estou pensando, Capitão... – E então, a garota terminava de se aproximar, encurralando-o.

— Eu... não sabia que ela ia me beijar...

— Mas você não se afastou... ficou ali, feito um idiota que nunca foi beijado, não é mesmo?

— E-eu... não correspondi...

— Você nunca corresponde as mulheres que te roubam um beijo, não é...? Por quê...!?

— Eu... não sei, mas... posso te garantir que não tive intenção de corresponder... ela me pegou de surpresa e não tive reação... não soube o que fazer... – Ele redarguia, envergonhado e decepcionado consigo mesmo...

— Claro... eu já imaginava... você é só um idiota que nunca sabe como reagir a nada do que uma mulher faz, não é mesmo...?

E então, lá estava ela, frente a frente com ele... nua e com uma expressão ferrenha e nebulosa na face.

Evitando olhar para frente, Steve tentava acalmá-la, em vão...

— Mary, vista-se por favor...

— Por que eu deveria? Essa é a minha festa que você invadiu e eu posso fazer o que quiser!

— Se vamos continuar conversando, você precisa estar vestida, então por favor, faça o que estou pedindo...

— Uau! Eu estou pelada na sua frente e você ainda está aqui discutindo comigo!? Você é mesmo corajoso, Cap! Pensei que sairia correndo!

— Eu não vou embora só porque você tirou a roupa na minha frente...

Kiara o fitava com extremo ódio... céus, como ela queria que ele desaparecesse de sua vida... mas...

Tinha medo de desejar tanto aquele maldito Super Soldado e acabar descobrindo que ela tinha um coração e que podia amá-lo um dia...

A garota estava muito próxima... e por mais que a água cobrisse todo o seu corpo, deixando apenas seu pescoço para fora, o Capitão não tinha coragem de olhar para frente... o corpo feminino estava muito nítido, mesmo debaixo da água.

— Vai continuar aqui estragando a minha festa de aniversário até o fim, Capitão Rogers...!?

Irritado, ele se forçou a olhar para ela...

— Se eu for, não volto mais, então só me mande embora se realmente tiver certeza, Mary Crystal...!

— Eu tenho certeza do que quero! E quero você fora da minha vida! – A garota gritava, frustrada, machucada por dentro, aborrecida, triste, decepcionada, tudo junto...

O loiro a fitava... chocado...

Ela queria que ele saísse de sua vida...?

— Você... realmente quer isso...? – Ela a contestava, atônito...

— Sim!

— Eu... estava errado em pensar que a gente daria certo...

— Nós nunca daremos certo! Nunca conseguimos ser amigos, nem inimigos, nem rivais, nem companheiros de missão, nem nada! Nós nunca vamos ser nada juntos, Steve!

— Tem certeza que é isso mesmo que você quer, Mary!? Porque se o seu orgulho te matar, o meu não deixará que eu vá ao seu enterro!

— Não vá ao meu enterro então! Você pode esperar o tempo que for, porque eu nunca, mas nunca vou me rastejar até você, Capitão...!!! – Ela terminava, arrogantemente e orgulhosamente afirmando que nunca cederia... nunca...

Mary Crystal mantinha uma postura corajosa, acirrada e intrépida, mas ao mesmo tempo sensual... e Steve, não sabia se a matava por manda-lo embora de sua vida, ou morria por não conseguir ficar longe dela...

E então...

Se aquele olhar esverdeado o encarasse por mais cinco segundos, não tinha ideia do que faria...

A aproximação lenta, a tensão nos lábios, os corpos em chamas e os corações acelerados eram motivos suficientes para ambos se renderem, ainda que não quisessem...

A respiração furiosa de Mary com raiva, o estremecia... e quanto mais a encarava, mais o Super Soldado percebia o quanto seus instintos lascivos estavam completamente aflorados... no auge... porque tinha vontade de puxá-la para mais perto, agarrá-la, segurá-la em seus braços e beijá-la com todas as suas forças... a ponto de deixar aqueles maravilhosos lábios, roxos de tão inchados...

Mary notava os olhos azuis de Steve a fitarem numa posse selvagem... e então...

.

.

.

Ele a empurrou com raiva contra a parede da piscina, segurando seus quadris, pegando-a em seu colo, e pressionando seu corpo no dela...

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A garota arregalou os olhos, e tentou afastá-lo, mas... Steve parecia ter encontrado o ápice de sua força física naquele instante, já que ela o irritou até o último estágio.

Mary estava nua... nua e sendo segurada por ele naquelas circunstâncias? Onde estava aquele Super Soldado inibido que não conseguia olhar para sua nudez?

A loira odiava ser contrariada, odiava ser passada para trás, ser enganada... e odiava que mentissem para ela...

— Me larga! – Ela gritava.

— Não!!! – Ele gritava de volta.

— Me larga agora, Steve!!! – A Segundo-Tenente gritava ainda mais alto, tentando se desvencilhar das mãos dele, que seguravam seus quadris.

— Sua garotinha mimada, mafiosa, complicada, paranoica, ciumenta, pessimista e insegura!!! Pare de me torturar!!! – O Capitão gritava mais alto ainda, deixando tudo o que estava entalado em sua garganta sair.

— Pessimista!? Insegura!? Ciumenta!? Quem você pensa que é pra me chamar dessas coisas!!! Eu nunca vou sentir ciúmes de você, seu fóssil! – Ela o interrompia, esmurrando peitoral firme do Super Soldado, tentando se afastar.

— Cala boca, Mary!!! Você sempre estraga tudo que pode acontecer entre nós! Você nunca sabe o que quer, nunca é sincera comigo, nunca me diz a verdade! Está sempre me confundindo e bagunçando as coisas da pior forma possível... você... você é sempre egoísta e individualista! Eu odeio tudo isso em você!!!

— Você é muito pior, seu idiota!!! Por que acha que pode me salvar quando estou em perigo!? Por que você acha que pode me confortar quando estou chorando e... e por que você demonstra que gosta de mim, quando na verdade só está se divertindo com aquela idiota da Sharon, seu retrógrado, atrasado, ingênuo, medroso, seu mentiroso, seu... seu...

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.

— Seu...? – Steve completava, dando o sentido de que ele pertencia a ela...

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Kiara sentia seu estômago agitar... uma pressão tão forte que a fazia tremer...

O Capitão aproximava seu rosto do dela, ficando a poucos milímetros... a encurralando...

Os dois sentiam ambas respirações batendo em seus respectivos lábios... se misturando... e sofriam por antecipação antes de levarem um tiro...

As pernas bambas da garota, se encontravam presas na cintura do Capitão... ambos imersos e encaixados...

Steve a prendia, rendida em seus braços... e desejava conhecer cada curva... cada canto de seu corpo... cada pintinha, cada sinalzinho... queria conhecer mais, explorar e saber onde tocar... onde a arrepiava... onde ela se desafazia, e de como ela gostava de ser tocada...

E aquele olhar azulado a fazia perder o rumo... a direção... o foco...

Mary não desejava que seus passos seguissem em direções opostas... ela não queria encontra-lo nas esquinas de um outro alguém... porque aquela possibilidade lhe ardia as artérias... ela desejava que ele estivesse somente em seu caminho... como destino final...

O loiro tinha o mesmo pensamento... era ela quem estava em sua mente... era ela quem ele desejava...

Estava cansado de brigar com a Segundo-Tenente...

Embora gostasse de discordar dela, e seus embates fossem uma das coisas que mais gostava na relação entre os dois, não desejava mais discutir...

Ele a encarava com raiva, com fúria, mas tão, tão apaixonado... e céus... ela ficava tão linda quando estava nervosa...

Não havia motivos para que Mary ficasse com ciúmes... ela nunca teve concorrência... ela era a única que ele pensava... embora a rivalidade com Sharon parecesse apimentar as cosas... estar com ciúmes revelava certo lado animalesco, selvagem e indomável na garota...

Ambos se desejavam... com urgência... eles se queriam por inteiros...

Steve e Mary já sabiam exatamente como seus corpos se encaixavam... os braços do Super Soldado em seus quadris... as mãos dela em seu peito... e quando se entreolhavam em silêncio, já sabiam a pressão exata se seus lábios colidissem, caso cedessem e se beijassem... eles já haviam memorizado tudo um do outro...

As respirações entrecortadas e ofegantes se mesclavam... urgentes... e Steve nunca havia implorado nada em sua vida... porém, silenciosamente, implorava que Mary dissesse que o queria... que se importava com ele... ou algo do gênero... porque estavam tão próximos... faltavam poucos milímetros para que seus lábios se tocassem... era uma façanha mental não se render aquela proximidade...

O Capitão só queria percorrê-la com seus lábios e se perder naquele calor... puxá-la para o seu mundo quente e fervê-la junto dele... porque seus lábios eram como vinho... e ele desejava desesperadamente ficar bêbado...

Os dois ainda se entreolhavam em completo silêncio, exceto pela música que ainda fluía pelo local...

Extasiada e completamente enfeitiçada pelos encantos do Super Soldado, Mary deslizou os braços ao redor do pescoço masculino, abaixou a cabeça e fechou os olhos... rendida...

Seu nariz tocava a curva do pescoço dele... sentindo a fragrância magnetizante a enlouquecer...

Não existia ninguém mais belo do que ele... não existiam diamantes em nenhuma joalheria que pudessem ter o brilho que Steve possuía... não existiam flores em nenhum jardim que possuíssem aquele perfume tão delicioso que ele carregava na nuca... não existiam doces em nenhuma confeitaria, que fossem tão doces quanto o sabor daqueles lábios maravilhosos... e não havia nenhum tipo de estrela, nenhuma espécie de borboleta, nenhum dia ensolarado de verão, nenhum pôr do sol à beira do mar que pudesse ser mais belo do que ele... simplesmente não existia...

E ela se recordava de todas as cem vezes que repetiu para si mesmo que não gostava dele...

.

“Não gosto de você, não gosto de você, não gosto de você, não gosto de você... por que se eu gostar de você, eu vou perder...”

.

Ou naquele momento...

.

“Um dia eu vou te esquecer... um dia eu vou esquecer esse sorriso... um dia eu vou esquecer esse olhar... um dia eu vou esquecer esse abraço... um dia vou esquecer esse perfume... um dia vou esquecer como é te beijar... um dia, Cap... não hoje...”

.

E então, a garota sussurrou palavras no ouvido dele...

— Eu até gosto de você, mas prefiro sorvete...

— O quê...? – Quando Steve a contestou, já era tarde...

.

.

Mary tinha sua mira no alvo... e quando o loiro menos esperava, apenas sentia a garota beijando seu pescoço, de forma apaixonada e desesperada...

.

.

Porque queria deixar uma marquinha... uma pequena prova de que ele pertencia a ela... ou de que ao menos Steve poderia ter sido dela aquela noite...

A garota sugava a pele do pescoço masculino, como se de fato, estivesse degustando um sorvete, e... céus, o que álcool estava fazendo com seu cérebro...? Seria constrangedor quando tudo aquilo acabasse... mas agora já era tarde...

A Segundo-Tenente queria dedilhar as páginas daquele corpo magnífico, interpretar a sensibilidade dos versos que transpiravam pelos poros do Capitão, à flor de sua pele... degustando o sabor suave, doce e prazeroso através de seus lábios...

Steve não sabia o que fazer... estava no meio de um fogo cruzado...

Ela o desejava... ele a desejava... mas o que era certo afinal...? E quanto a toda a discussão que tiveram?

O Capitão resolvia afastá-la, pegando nos pulsos femininos, tentando entender o que Kiara de fato queria.

— O que você quer de mim, Mary Crystal...?

— Achei que estivesse obvio... – A garota sorria, ainda por estímulo do álcool.

— Não está...

— Eu crio minhas próprias regras, e eu mesma as quebro... então pare de me fazer perguntas, Cap...

Steve bufava, irritado com aquela mesma reação. Por que a Segundo-Tenente nunca era clara?

.

— Pela última vez, Mary... me diga o que você quer...

.

— Por que está me intimando...? Aceite minha loucura, ou se afaste da minha sanidade!

— Vai continuar insistindo nisso!? Tudo o que eu te digo não vale de nada!? – Ele a questionava, impaciente.

— Não tente me obrigar a dizer o que você quer, porque você não tem essa capacidade, Steve...!

.

— Certo... se as minhas palavras nunca te dizem nada, então talvez o meu silêncio possa te dizer tudo...

.

Kiara sentia um arrepio percorrer por seu corpo... por sua alma... ele iria embora...?

— Eu sabia que você não tinha capacidade de jogar o meu jogo, Capitão Rogers... você é só um perdedor...! – E então, a garota o encarou com muita fúria. Jamais diria o que pensava ou sentia... seu orgulho não lhe permitia.

— Ótimo...! Tudo o que você queria era cantar vitória e tripudiar em cima de mim, não é mesmo!? Pode estourar um champanhe, Mary! Você venceu! – E então, Steve a soltou, se desvencilhando totalmente de seu corpo.

Ele subia a escada da piscina, prestes a sair dali...

Suas roupas estavam completamente encharcadas...

A Segundo-Tenente o observava saindo... e era impossível não se sentir derrotada, ainda que passasse a impressão de ter vencido.

— Isso, vá embora para os braços da Agente 13! Aproveite, mande lembranças minhas e me chamem para ser madrinha do casamento de vocês!

Steve olhou para trás, a encarando com muito desprezo...

.

.

— No dia que você começar a sentir minha falta, lembre-se... eu não fugi... foi você que me deixou ir...

.

.

E então, ele a deixava ali... sozinha... só ela e a música...

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And I know, I know it's not your time, (E eu sei, eu sei que não era a sua hora)

But bye, bye, (Mas tchau, tchau)

And a word to the wise when the fire dies, (E pra bom entendedor, quando o fogo apaga)

You think it's over, but it's just begun… (Você acha que acabou, mas isso é só o começo)

Baby, don't cry… (Baby, não chore...)

You had my heart, at least for the most part, (Você tinha meu coração, pelo menos a maior parte)

'Cause everybody's gotta die sometime, (Porque todo mundo tem que morrer algum dia)

We fell apart, let's make a new start? (Nós nos separamos, vamos recomeçar?)

'Cause everybody's gotta die sometime, yeah, yeah… (Porque todo mundo tem que morrer algum dia)

But, baby, don't cry… (Mas baby, não chore...)

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[A Little Piece Of Heaven - Avenged Sevenfold]

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Notas finais do capítulo

Link da música final: https://www.youtube.com/watch?v=0ZJRLkILb68



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