Beleza do Amanhecer escrita por Akiel


Capítulo 3
II - Caçadores


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a todos pelas respostas e pela paciência com essa história. Muito obrigada.



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And with the swords lain down

They screamed 'til the bells cried out

In search of some mercy their hope became fear

Their hope became fear

(The Bells – Aviators)

 

Nova Berk

O Grande Salão borbulha com o som das acaloradas conversas, o cancelamento do Festival do Degelo e o testemunho do retorno dos jovens cavaleiros de dragão com Eret e Quebra-Miolos feridos tendo causado o nascimento dos mais diversos rumores. Em meio ao mar de vozes, o chefe de Nova Berk pode ouvir fragmentos dos pensamentos que são trocados, a palavra “Caçadores” sendo uma constante nos lábios dos vikings. Respirando fundo, Soluço se permite mais um momento em silêncio, o verde olhar sendo desviado das conversas para os jovens cavaleiros que permanecem reunidos próximos a mesa do Conselho, as palavras trocadas baixas demais e sendo engolidas pelo barulho. Procurando pelo olhar do poderoso companheiro, o líder assente para Banguela, que devolve o movimento, a compreensão brilhando no olhar do dragão um momento antes que o forte rugido ecoe pelo salão e cale todas as vozes.

— Eu sei que todos estão se perguntando o que aconteceu. – Soluço começa, a voz adquirindo uma força e firmeza que escondem as dúvidas que se infiltram na mente e no coração – E é isso que eu vou explicar agora. – por um rápido momento, o claro olhar é desviado, buscando pelas írises azuis da esposa – Caçadores de Dragões foram vistos em Nova Berk. – as palavras do chefe renovam os múrmuros entre os vikings, mas o baixo rosnar de Banguela funciona como o aviso que faz retornar o silêncio – Eles atacaram Eret e Quebra-Miolos e deixaram um aviso de guerra para nós.

— Eles declaram guerra, Soluço? – Mala questiona, uma sombra de cautela nascendo no claro olhar.

— Não diretamente. – Dagur, de pé ao lado da esposa, responde antes que o outro cavaleiro tenha a oportunidade – Mas deixaram bem claro o interesse deles em transformar os dragões em servos ao invés de aliados.

— Nós não podemos deixá-los fazer isso. – Minden diz, o filhote de Chicote Cortante ronronando nas costas da guerreira como se concordasse.

 - E não vamos. – Soluço diz com firmeza – Não acho que os caçadores que encontramos sejam os líderes, mas antes que saíamos em busca deles, temos que garantir a segurança dos nossos.

— Concordo. – Astrid diz se aproximando do marido – Tem algo nesses caçadores, eles estavam confiantes demais. Temos que ser cautelosos.

Sob a pesada atmosfera que domina o Grande Salão, os jovens cavaleiros de dragão observam a conversa dos pais com silencioso interesse. Atentos, os vikings observam as reações que as palavras dos líderes causam naqueles que os seguem, o medo e a preocupação que nascem nas faces do povo de Nova Berk. E, por mais que tentem, os jovens guerreiros não conseguem se fazer imunes às mesmas emoções. Nascidos e criados em uma época de paz, guerra é algo desconhecido para os herdeiros, um elemento pertencente apenas ao passado e às histórias contadas pelos pais. Naturalmente, eles tem conhecimento das batalhas travadas, dos Caçadores enfrentados pelos pais em um luta por paz e coexistência com os dragões, mas a ausência de experiência – de sentir a guerra e o combate – faz com que os corajosos corações batam com uma apreensão que se recusa a ser ignorada.

— O que você sugere, Soluço? – Heather pergunta, o verde olhar percebendo a tensão sob a pele do velho amigo.

— Nós não temos como saber se Nova Berk era o único alvo deles. – o cavaleiro de dragão responde, as palavras intensificando a tensão e a preocupação nos olhares dos outros líderes – Ou se eles guardam planos para as outras ilhas do arquipélago. Por precaução, acredito que vocês devem retornar e garantir que suas ilhas estão seguras. Nós... – as verdes írises passam por todos os cavaleiros de dragão de Nova Berk – Iremos procurar alguma pista sobre esses caçadores.

— Eu vou ficar e ajudar vocês. – Dagur diz, mas logo a atenção do berseker se volta para a esposa – Você e Throk podem cuidar dos Defensores do Asa e a Heather dos Bersekers. – as duas vikings assentem, concordando com o plano.

— Obrigado. – Soluço diz, sorrindo para o berseker antes de voltar a atenção para a multidão que preenche o salão, as claras írises procurando por um face em particular – Gustav. – o cavaleiro de dragão imediatamente dá um passo à frente, o escuro olhar firme e destemido e, por um momento, Soluço se recorda de como o viking mais novo era quando criança, sempre correndo atrás dos cavaleiros de dragão até se tornar oficialmente um e, agora, um dos guerreiros mais corajosos e confiáveis de Nova Berk. – Enquanto Eret se recupera, preciso que prepare as defensas da ilha, no caso dos caçadores voltarem. – Gustav assente e o olhar do líder se volta para todos os presentes, o coração pesando com a responsabilidade para com todas as pessoas e dragões sob sua guarda – Eu sei que enfrentamos uma ameaça que até o momento não possuímos muitas informações, mas nós não vamos deixar que os caçadores ataquem nossa casa e nossos dragões. – a cada palavra dita, a voz do chefe se torna mais alta e firme, ecoando com uma força que desmancha a preocupação nos olhares dos vikings e dá esperança aos corações dos guerreiros – Nós vamos mostrar a eles por que mantivemos a paz por tanto tempo, qual é a nossa verdadeira força.

Com um intenso rugido, Banguela ecoa o discurso do companheiro, dando o apoio dos dragões para todos os cavaleiros. Tocando a cabeça do amigo em um mudo agradecimento, Soluço sorri para o Fúria da Noite, a mente e o coração buscando pelo equilíbrio necessário para enfrentar essa nova ameaça e manter todos a salvo.

Ilha Desconhecida

O fraco murmurar dos dragões acorrentados quebra o silêncio da ampla arena. No centro, um caçador permanece de pé, os dedos ágeis ao terminarem de prender a corrente ao redor do caído Nader Mortal, um último e forte puxão finalizando com qualquer resistência por parte do esverdeado dragão. Írises escuras observam o movimento ao redor, encontrando os companheiros ocupados com as outras capturas, cada dragão usando a metálica marca dos caçadores. Foi um silencioso renascimento, mas um que valeu a pena. Com um sorriso esticando os lábios finos, Einar se aproxima de um Gronckle encolhido aos pés de uma caçadora. Depois da derrota de Grimmel, os caçadores permaneceram muitos anos sem poder, sem objetivo, sem nada. Os dragões se esconderam, indo para mais longe do que qualquer caçador já se atreveu a ir, para um lugar desconhecido. Por enquanto.

Com o retorno das feras, os caçadores também puderam voltar, recuperar o poder que foi tirado pela insistência de Soluço Haddock e dos outros chefes de manterem a paz e o equilíbrio com os dragões. Nas sombras, Einar procurou pelos companheiros, por guerreiros como ele – sem medo dos dragões e que acreditam que as feras devem servir aos homens – e montou a base na qual eles se encontram agora. Uma ilha na borda do arquipélago, pequena e sem importância, facilmente passada despercebida. Exatamente o que os caçadores precisaram para se reestabelecer. Mas agora o poder retorna, os dragões se ajoelham uma vez mais e os caçadores se encontram cada vez mais perto de conseguirem a vitória final sobre as feras. A única peça que falta é exatamente o que fez com que a luz fosse buscada e o retorno anunciado: a localização do Reino dos Dragões. Conhecimento esse que pertence apenas ao chefe de Nova Berk.

Ao perceber a aproximação do líder, a caçadora desvia a atenção do dragão caído, as escuras írises procurando pelo olhar de Einar e os lábios finos se esticando em um satisfeito sorriso. O chefe dos Caçadores retribui o sorriso, os lábios pousando brevemente sobre a testa da companheira em um carinhoso cumprimento.

— Alguém está de bom humor. – a bela caçadora diz em um tom pintado com divertimento.

— Não deveria estar, irmã? – Einar questiona, retirando a corrente das mãos da caçadora e a enrolando entre os dedos – Finalmente, o amanhecer está chegando para os Caçadores de Dragão, Kari. Chega de ficar nas sombras, é a hora de irmos para a luz.

— E parece que o nosso primeiro passo está prestes a dar resultado, irmão. – Kari responde, o escuro olhar sendo desviado para os dragões que se aproximam da arena.

Seguindo a direção da atenção da irmã, o guerreiro logo reconhece o Pesadelo Monstruoso e o Machadrago que aterrissam a poucos passos de distância. O líder se aproxima ainda sorrindo e os caçadores são rápidos ao desmontarem dos dragões, os braços sendo cruzados no peito em um respeitoso cumprimento. Einar repete o movimento, a cabeça inclinando levemente em um reconhecimento extra. Logo, os dragões são levados para as celas por outros caçadores, deixando os recém-chegados sozinhos com os irmãos. O escuro olhar do guerreiro observa as faces dos subordinados, procurando por sinais de qual foi o resultado da ordem dada. Não encontrando indícios de fracasso, Einar decide dar voz ao questionamento:

— Como foi a visita a Nova Berk?

— Como programado, senhor. – Adam diz, a arrogância mostrada durante a missão sendo substituída por um neutro e submisso tom de voz – Chamamos a atenção de Soluço atacando os filhos dele e ferindo um dos cavaleiros de dragão.

— Lembre-me de novo por que apenas provocamos ao invés de atacarmos de verdade, irmão. – o questionamento de Kari, tingido com sarcasmo, faz com que uma baixa risada escape por entre os lábios do mais velho. A irmã sempre foi a mais impulsiva dos dois, sempre tendendo mais a ação do que a estratégia.

— Para consolidarmos nosso poder como Caçadores de Dragão, minha querida irmã, nós precisamos da localização do Mundo dos Dragões, o lugar de onde todos eles se originam e para onde eles foram tantos anos atrás. – o caçador aperta a bochecha da mais nova em provocação – E apenas Soluço pode nos dar essa informação.

— E não podemos simplesmente atacar Nova Berk e tomar essa informação? – Kari pergunta batendo na mão do irmão.

— Soluço é um excelente viking, irmã, eu admito isso. – Einar responde – Ele derrotou Dagur, Drago e Grimmel. Caçadores cujas histórias nós crescemos ouvindo. O dragão dele é o Alfa de todas as feras. Ele não é do tipo de guerreiro que se rende com facilidade.

— Então, o que nós faremos, senhor? – Nial questiona, uma genuína curiosidade colorindo as palavras do jovem caçador.

— Nós vamos quebrar Soluço. – um sorriso nasce nos lábios finos do caçador, o escuro olhar brilhando com a perspectiva da vitória – Do modo mais profundo e pessoal possível. E isso significa... – as escuras írises de Einar se voltam para a irmã – Atacá-lo onde dói mais. – um satisfeito sorriso se desenha nos lábios da bela caçadora – E nós já demos o primeiro passo nessa direção. – a atenção do líder dos caçadores retorna para os subordinados recém-chegados.

— Os filhos. – Adam diz, começando a compreender a intenção do chefe.

— Uma informação em troca de duas vidas. – Einar diz – É um acordo bem generoso, não acham?

Nova Berk

Atentas írises verdes observam o quieto movimento no porto, tão oposto àquele observado durante a manhã. O coração do chefe pesa com a perspectiva do futuro, das batalhas que poderão ser travadas e o que a nova guerra pode trazer para os vikings e os dragões. Respirando fundo, Soluço observa enquanto Heather abraça a filha com uma força que grita a vontade de não ir embora, de permanecer e proteger Sigrid. Tal desejo é algo que o cavaleiro de dragão pode compreender e compartilhar com facilidade, o corajoso coração não sendo estranho ao peso e a responsabilidade que ser o herdeiro de um Chefe traz, a visibilidade para os inimigos. A última coisa que Soluço deseja é ver Lara e Skjall forçados ao campo de batalha, feridos por algo que começou muito antes de eles nascerem. O retorno dos Caçadores de Dragão foi inesperado e trouxe consigo todo o peso das sombras do passado. Dos erros que eram dados como enterrados e superados.

Um movimento no navio mais próximo captura a atenção do chefe de Nova Berk, o verde olhar se voltando a tempo de ver Dagur se despedindo de Mala, a rainha dos Defensores do Asa parecendo manter uma silenciosa conversa com o marido enquanto o filho permanece envolvido em um apertado abraço que é quebrado apenas para que Siegfried se coloque ao lado do pai. Com um último beijo no marido e no filho, Mala sobe a rampa que conecta a embarcação ao porto e Soluço observa enquanto Siegfried segue o caminho de retorno para o interior da ilha em passos rápidos e distraídos. Por um momento, o chefe deixa que a confusão navegue em meio aos pensamentos, a certeza antes tida de que Mala retornaria com o filho não mais tão convicta na mente do viking.

— Ele decidiu ficar. – Dagur diz se aproximando e percebendo a confusão desenhada na face do irmão – Para dar apoio aos amigos. – a explicação faz com que um pequeno sorriso nasça nos lábios do chefe de Nova Berk, que assente, compreendendo a intenção do jovem berseker – E, honestamente, eu prefiro assim. Se os caçadores quiserem transformar aquela ameaça em realidade, Siegfried, Sigrid, Lara e Skjall serão os mais visados.

— Concordo. – Soluço concorda, o verde olhar retornando para o caminho tomado pelo filho de Dagur.

Os herdeiros. Dos Defensores do Asa, dos Bersekers, de Nova Berk. O próprio sangue coloca luzes e sombras extras sobre os jovens vikings e tanto Soluço quanto Dagur sabem que há um limite para o que eles, como Chefes e pais, podem fazer para manter os filhos seguros e protegidos. Esse conhecimento parece ser compartilhado no pesado toque que cai sobre o ombro do chefe de Nova Berk, atraído as verdes írises para o olhar da mesma cor e o sorriso de apoio que o líder dos Bersekers tenta oferecer. Olhando ao redor, para o porto que abriga agridoces despedidas, Soluço só espera que a realidade se torne diferente e distante da perspectiva temida e que, dessa vez, ele não tenha que abrir mão de nada e ninguém para manter o mundo dos vikings e o mundo dos dragões seguros.

A alguns passos do ponto em que Soluço e Dagur se encontram, Heather oferece um trêmulo sorriso para Perna de Peixe, o coração da bela berseker doendo com o fato de ter que se afastar da filha tão cedo. Fechando os olhos e respirando fundo, a filha de Oswald beija o loiro cabelo da herdeira e dá um passo para trás, as írises verdes procurando pelo azul olhar da filha. É claro para Heather a confusão e o medo presentes nos olhos de Sigrid. E compreensível. Por mais que eles tenham treinado os jovens vikings, eles nasceram em uma época de paz, com poucos dragões e nenhuma caçada. Mas agora, com a ameaça dos caçadores retornando, a realidade antes conhecida apenas como histórias irá se tornar parte da vivência dos jovens cavaleiros. E não há como o coração da berseker não doer ao saber que isso pode trazer sofrimento para a filha.

— Obedeça ao seu pai. – Heather diz apertando levemente o nariz da filha e sorrindo em uma tentativa de ocultar as próprias incertezas e preocupações.

— Sim, mãe. – Sigrid responde no tom de quem já ouviu e respondeu essa mesma orientação diversas vezes, os dedos afastando o toque da mãe apenas para serem envolvidos em um forte e surpreso aperto.

— Eu já estava esquecendo de entregar a você. – a bela berseker solta a filha o suficiente para se aproximar de Tesoura de Vento e procurar por algo no escuro alforje.

— Me entregar o quê, mãe? – Sigrid questiona, a curiosidade pintando o tom de voz e o claro olhar tentando ver o que a mãe está procurando. 

— Você trouxe?! – a animação que ecoa na voz de Perna de Peixe só faz com a curiosidade de Sigrid aumente, assim como a desconfiança com relação ao presente da mãe.

Ao retornar para a filha e o marido, Heather mostra um sorriso mais forte e firme nos lábios, os dedos segurando firmemente dois cadernos com capa de couro, a imagem de um poderoso Estridente desenhada sobre o tecido e desbotada pelo toque do tempo. Diante da visão dos cadernos, a animação de Perna de Peixe apenas aumenta e o cavaleiro de dragão tem que se controlar para não pegar o presente da filha. Com um pouco de confusão ainda pintando o claro olhar, Sigrid aceita os cadernos oferecidos, uma rápida folheada pelas páginas revelando desenhos e anotações sobre dragões e ilhas, sobre a história e os feitos dos Bersekers. A cada nova história e informação descoberta, os lábios da jovem viking se esticam em um sorriso quase tão animado quanto o do pai.

— Eles pertenceram ao seu avô, Oswald, o Agradável. – Heather diz conquistando a atenção da filha – Eles contêm muito sobre nossa história, nossas tradições e feitos. E, agora, são seus. Eu sei que você vai fazer muito bom uso deles.

Como resposta, Sigrid abraça fortemente a mãe com um braço. O outro segura os cadernos firmemente contra o peito. Sorrindo, Heather retribui o carinho, uma das mão sendo esticadas para o marido. Sem hesitação, Perna de Peixe entrelaça os dedos aos da esposa, o azul olhar preso às verdes írises da bela berseker. O cavaleiro de dragão pode ver o temor nos olhos da amada, não por si, mas pela garota que a abraça, a ameaça que os caçadores podem se tornar para Sigrid. Sorrindo, o viking aperta carinhosamente os dedos da esposa em uma tentativa de conforto e afirmação de que a filha permanecerá segura.

— Se qualquer coisa acontecer, qualquer coisa, mande uma carta do Terror e nós viremos. – Heather diz em um forte e autoritária tom de voz que denuncia a posição de liderança que a viking possui entre os bersekers.

— Com certeza. – Perna de Peixe responde sem se deixar abalar, os dedos elevando a mão da esposa para que um beijo possa ser dado sobre a pele clara.

Em outro ponto do porto, um jovem viking devolve o filhote de Chicote Cortante para a mãe, que prontamente o coloca nas costas. O claro olhar da Moça com Asas logo é desviado para o marido, um sorriso esticando os lábios ao perceber o porte despreocupado que Melequento tenta manter, mas que, há muito tempo, deixou de fazer efeito com Minden. A bela guerreira pode ver o modo como o cavaleiro de dragão se mantém um pouco mais próximo do filho do que o normal e a sombra de preocupação que tenta se esconder no escuro olhar e no confiante sorriso. Não foi muita surpresa que, ao se tornar adulto e pai, Melequento tentasse se afastar do tipo de pai que Gosmento foi, algo que o viking conseguiu. Com Magnus, o guerreiro tentou dar um novo sentido ao nome Jorgenson, algo mais equilibrado e que mostrasse uma coragem que não precisa nascer da violência. E Minden não pode deixar de sentir uma pontada de orgulho do que o marido alcançou e da influência que exerceu no caminho.

Ao abraçar o filho, a Moça com Asas sabe que ele ficará seguro com o pai em Nova Berk, mas a sombra de preocupação que Melequento tenta esconder não deixa de pesar no coração da bela guerreira e quando o claro olhar encontra as escuras írises do marido, a fachada de Melequento quebra um pouco, a mão pousando no ombro do filho em uma reafirmação de ajuda e proteção. A mão livre do cavaleiro de dragão sobe um pouco, as pontas dos dedos repousando sobre a face da esposa em um carinho quase tímido.

— Você vai obedecer seu pai, certo? – Minden questiona com um leve tom de provocação na voz, o olhar ainda fixo nos olhos do marido.

— Hm? – o tom de falso desentendimento de Magnus faz com que uma baixa risada escape por entre os lábios da mãe.

— Ele vai. – Melequento responde em um tom de voz forte e ameaçador, as mãos puxando o filho para um abraço um pouco mais apertado do que o confortável.

— Com certeza. – a concordância luta para escapar, os pulmões do jovem viking sendo quase esmagados sob o forte abraço do pai.

Contudo, não demora para que a força seja enfraquecida, o abraço retornando à intensidade normal, mas sem ser desfeito. Com o filho nos braços, Melequento tenta retribuir o sorriso oferecido por Minden, a garganta se fechando sobre as palavras que o coração deseja falar. Tome cuidado. Se qualquer coisa acontecer, me chame, Dente de Anzol é bem rápido. Mas quando o sorriso nos lábios da Moça com Asas muda, se tornando laçado com um silencioso riso, o cavaleiro de dragão sabe que a esposa conseguiu ler os pensamentos e é mais fácil sorrir em despedida. Com um rápido e intenso beijo, Minden se despede do marido, o pequeno Chicote Cortante abrindo as asas para iniciar a retirada. Magnus acena para a mãe, mas Melequento não encontra em si a vontade ou a força de soltar o filho.

Do outro lado do porto, um raro acontecimento pode ser visto. Não é comum ver as linhas de preocupação presentes na face de Cabeçaquente, que observa enquanto Ragnar se despede do pai. O calmo e familiar sorriso permanece nos lábios de Throk enquanto o guerreiro envolve o filho com os braços, mas pouco faz para afastar o eco da ameaça ouvida da mente da cavaleira de dragão. Percebendo a preocupação que afasta a animação normalmente vista em Cabeçaquente, Throk segura Ragnar com apenas um braço, o outro sendo esticado para tocar a face da esposa, os dedos pousando sobre a bochecha da amada e deslizando até poder segurá-la pela nuca e puxá-la para junto do abraço. Junto do marido e do filho, Cabeçaquente apoia a cabeça no ombro de Throk e se deixa relaxar. O guerreiro aproveita a nova proximidade e abaixa o rosto, os lábios próximos ao ouvido da esposa.

— Esses caçadores não vão ganhar.

— Não mesmo. – uma voz diz, anunciando a aproximação de um dos cavaleiros de dragão – Bafo e Arroto estão prontos e ansiosos para acabarem com a raça desses caçadores.

— Como se você fosse capaz de controlar o Bafo e o Arroto sem mim. – Cabeçaquente diz, um sorriso cheio de provocação sendo dirigido para o irmão.

— Claro que consigo. Eles gostam muito mais de mim do que de você. – Cabeçadura rebate, refletindo o sorriso da irmã.

Rindo das provocações entre os irmãos, Throk encosta a testa na do filho, a mão espalmada contra a nuca de Ragnar em um toque que divide força e confiança. Por um momento, o silêncio reina entre os vikings, os gêmeos permitindo que o guerreiro se despeça do filho com tranquilidade. Quando o contato é terminado e Throk dá um passo para trás, há um sorriso nos lábios do braço direito de Mala, um que é imediatamente respondido pelo filho. Desviando o olhar de Ragnar, o guerreiro se despede do cunhado, os braços sendo apertados em respeito e confiança. Logo, a atenção de Throk é concentrada na esposa, os dedos se entrelaçando aos de Cabeçaquente e levando a mão da amada até os lábios para um beijo de despedida, mas que pesa com a promessa de retorno, sendo respondido com um largo sorriso.

Pouco a pouco, o movimento no porto de Nova Berk enfraquece, o silêncio restante sendo agridoce para todos os que permaneceram. Com Dagnar vindo chamar o primo, Sigrid e Magnus para treinarem, apenas os cavaleiros de dragão e Dagur se encontram reunidos. Por um momento, o verde olhar de Soluço observa os amigos, o coração reconhecendo e compartilhando a preocupação sentida. Percebendo um toque suave sobre a mão, o chefe se vira para a esposa, a confiança e a força sempre presentes no olhar de Astrid ajudando a enfraquecer as sombras que pesam sobre o coração do guerreiro. Sorrindo e entrelaçando os dedos aos da amada, Soluço volta a atenção para os vikings reunidos.

— Diga-me que você tem um plano, irmão. – Dagur diz, os braços sendo cruzados sobre o peito.

— Nós voaremos em busca dos caçadores. – Soluço responde, assentindo para o berseker – Ainda temos algumas horas de sol e podemos acampar em alguma ilha conhecida durante a noite, se for preciso. Mesmo que não os encontremos, deve haver alguma coisa, algum sinal deles no arquipélago.

— Quando saímos? – Cabeçadura questiona apoiando um dos braços no ombro da irmã.

— Em uma hora. Se preparem.

Assentindo, os cavaleiros de dragão seguem o caminho para o interior da ilha. Dagur os acompanha com um último sorriso para Soluço. Quando os amigos se encontram a certa distância, o líder dos cavaleiros permite que o olhar volte para a esposa, os lábios se esticando em um calmo sorriso.

— Quão bravos eles ficaram por não poderem ir também? – a pergunta, feita em um tom de voz que denuncia que o viking conhece a resposta, faz com que um fraco riso escape por entre os lábios da companheira.

— Bastante. – Astrid responde – É até engraçado.

— O quê? – Soluço questiona, a confusão se desenhando na face e no verde olhar.

— Lara e Skjall. – a bela viking diz com um leve tom de provocação colorindo a voz – Se me lembro certo, quando você tinha a idade deles, a última coisa que queria era se tornar Chefe. – o viking ri, não podendo discordar da esposa e recordando que, na idade dos filhos, ele ainda se encontrava no Domínio do Dragão – Mas eles pedem. Eles querem assumir a responsabilidade que eles sabem que vão herdar.

— Eles não estão assustados?

— É claro que estão, Soluço. – Astrid diz, as mãos segurando as do marido em um firme e carinhoso toque – Eles nunca lutaram como nós, nunca enfrentaram os Caçadores de Dragão. – uma das mãos da cavaleira de dragão solta a do marido para acariciar o rosto do amado – Mas eles são vikings, eles são os filhos do Chefe e são tão corajosos quanto ele.

 - Oh, eu acho que parte da coragem também veio da mãe deles. – a provocação que ecoa na voz do chefe não fica muito tempo sem resposta.

Com um rápido fingimento de ofensa, Astrid soca o braço do marido, que ri com a familiaridade do gesto e a segurança que o carinho passa. Rindo, Soluço pega o braço da esposa, a puxando para si e para um beijo cuja paixão apenas aumentou com o passar dos anos.

Norte do Arquipélago

Vários dragões voam suavemente sobre o oceano, as calmas ondas refletindo as cores das belas escamas e o brilho das pesadas correntes que os envolvem e os prendem às mãos dos caçadores. Quatro desses dragões se destacam em meio aos outros. Na frente, um Chifre Estrondoso segue liderando o caminho com Einar o guiando com força e confiança. Do lado esquerdo, Kari acompanha o irmão montada em um vermelho Transformasa, o orgulho sentido por conseguir domar um dragão tão forte sendo refletido no largo sorriso da caçadora. Atrás, Adam e Nial seguem os líderes montados nos Pesadelo Monstruoso e Machadrago, respectivamente. Embora o silêncio esteja carregado com a confiança sentida pelos irmãos, os caçadores não conseguem deixar de questionar o plano do líder e a decisão de voarem para uma das ilhas inabitadas do norte sendo acompanhados pelo restante dos caçadores tanto em barcos quanto nos dragões capturados. O questionamento é mais forte em Nial, o jovem guerreiro tentando compreender os objetivos de Einar para além do confronto do qual Adam espera participar.

— Eu posso ouvir seus pensamentos mais alto do que as ondas, Nial. – o líder dos caçadores diz virando o corpo na direção do subordinado, um sorriso brincando nos lábios finos e as mãos não vacilando na condução do dragão – Fale.

— Eu não entendo, senhor. – o caçador responde aproximando o próprio dragão – Por que ir para essa ilha? Por que não voltar e atacar Nova Berk diretamente?

— Vê, irmão? – Kari questiona com a provocação colorindo as palavras – Eu não sou a única que aguarda pela chance de confrontar os Cavaleiros de Dragão.

— Tão impacientes. – Einar comenta, o eco do riso podendo ser ouvido na voz – Eu já disse: para realmente derrotar Soluço, nós precisamos quebrá-lo e um ataque direto não faria isso.

— Nem mesmo se o focássemos nos filhos dele? – Adam questiona aproximando ainda mais o Pesadelo Monstruoso.

— E dar a Soluço a chance de protegê-los? Não. – o guerreiro diz – Soluço não deixará que nosso aviso passe ignorado e, para proteger Nova Berk, ele virá atrás de nós. E nós deixaremos. – antes que qualquer um dos caçadores possa objetar, o líder ergue uma das mãos, apontando para a ilha da qual se aproximam, e continua – Nós estaremos prontos para os Cavaleiros de Dragão. Essa ilha será nossa armadilha e, uma vez que Soluço e os outros caiam nela, nosso caminho para os herdeiros estará livre.

Enquanto os dragões se preparam para pousarem, os sorrisos se fortalecem nos lábios de três caçadores. Enquanto o plano de Einar parece bom e com altas chances de ser bem sucedido, Nial se recorda de que Soluço é um guerreiro e estrategista reconhecido – principalmente por sua criatividade e adaptabilidade. Então, apesar da confiança no próprio líder, o jovem caçador sabe que nem tudo é uma certeza e que se eles realmente quiserem quebrar o chefe de Nova Berk, terão que trabalhar sem falhas.

Nova Berk

Os dedos do guerreiro são ágeis ao fecharem os laços do alforje, o claro olhar sendo brevemente dirigido para a bela viking que também se encontra terminando os preparativos para a partida. Contudo, a atenção do chefe é roubada por um toque no ombro, os olhos verdes sendo desviados para a mãe. O tempo foi gentil com Valka, preservando a beleza da corajosa viking e a realçando com a brancura do longo cabelo. A presença da mãe foi um importante ponto de apoio para o crescimento de Soluço como Chefe de Nova Berk, tendo Valka achado conforto no papel de conselheira e, mais tarde, assumindo as responsabilidades deixadas por Gothi. Sob o carinho da mãe, Soluço deixa que um suspiro escape por entre os lábios, que se esticam em um suave sorriso.

— Como Eret está? – o cavaleiro de dragão questiona, o verde olhar sendo brevemente desviado ao ouvir o barulho da esposa seguindo para o jardim.

— Ele está bem e vai se recuperar logo. – Valka responde, sorrindo com tranquilidade – Mas Gustav vai ter um pouco de trabalho para tentar impedir Eret de ajudá-lo com as defesas da ilha.

As palavras fazem com que um breve riso deixe os lábios de Soluço, o guerreiro tendo certeza de que, no momento em que Eret sentir que pode ficar totalmente de pé novamente, o cavaleiro vai querer auxiliar na defesa de Nova Berk. Colocando o alforje no ombro, o chefe deixa que o olhar retorne para o caminho além da porta, as claras írises vendo Astrid conversando com Lara e Skjall. Apesar de todas as dúvidas e medos que o retorno dos Caçadores de Dragão possa ter despertado, o coração do corajoso viking tem uma certeza: a de manter os filhos seguros e longe de uma possível guerra. Por mais que os jovens cavaleiros de dragão tenham sido treinados seguindo a guerreira tradição dos vikings, Soluço não consegue achar em si a vontade de ver os filhos lutando.

— Não se preocupe. – Valka diz, capturando a atenção do filho – Vou ficar de olho neles.

— Obrigado, mãe. – Soluço diz, o sorriso se fortalecendo antes de um beijo ser depositado na bochecha da mãe.

O chefe de Nova Berk segue o caminho tomado pela esposa, o olhar pousando brevemente sobre o amigo. Banguela se encontra a poucos passos de distância, se despedindo de Luna e dos filhos. Ao voltar a atenção para os próprios filhos, Soluço não consegue impedir que um fraco riso escape por entre os lábios. A frustração em não poder acompanhar os pais é clara nas faces de Lara e Skjall mesmo com as tentativas de Astrid de desfazê-la. Sorrindo, o cavaleiro de dragão se aproxima, uma das mãos repousando imediatamente na cintura da esposa e o verde olhar se mantendo focado nos jovens vikings.

— Queríamos ir com vocês. – Skjall diz, as írises azuis sendo voltadas para o pai.

— Eu sei. – Soluço diz, a mão livre sendo colocada sobre o ombro do filho – Mas precisamos de vocês aqui, para cuidarem da ilha enquanto estivermos ausentes.

— Como futuros chefes, é responsabilidade de vocês protegerem nossa casa e nosso povo. – Astrid completa – E confiamos em vocês para fazerem isso.

Ainda um pouco contrariados, Lara e Skjall assentem e dão um passo à frente, abraçando os pais e tendo o movimento imediatamente retribuído. Com os filhos nos braços, Soluço e Astrid trocam uma silenciosa conversa através do olhar. Um desejo de que o perigo permaneça longe de Nova Berk e dos filhos enquanto estiverem ausentes. Oferecendo um sorriso para o marido, Astrid beija o cabelo dos filhos e dá um passo para trás, se afastando o suficiente para olhá-los nos olhos.

— Se cuidem. – a corajosa viking diz – E cuidem um do outro.

— Sempre, mãe. – Lara e Skjall respondem em uníssono.

Nesse momento, Nevasca e Relâmpago se aproximam dos jovens cavaleiros, que soltam os pais para se apoiarem nos dragões. Banguela e Luna seguem os filhotes e não demora para que Tempestade chame a própria cavaleira e anuncie a chegada dos outros cavaleiros de dragão. Percebendo a chegada da hora de partir, Soluço e Astrid se despedem dos filhos e montam nos dragões, liderando os vikings no voo para o interior do arquipélago. Por um momento, Lara e Skjall observam os pais, mas logo os jovens vikings começam a caminhar em direção a floresta que rodeia Nova Berk, sendo acompanhados pelos Luzes da Noite. Em silêncio, Valka observa o afastamento dos netos, as mãos repousando sobre Luna e Destino, que permanecem próximos a casa do chefe. A guerreira não precisa imaginar para onde os vikings vão, o coração e a mente sabendo exatamente qual é o refúgio procurado pelos netos.

Norte do Arquipélago

As últimas chamas da fogueira se desfazem lentamente em cinzas entre as pedras e toras e sob o atento olhar do líder dos caçadores. As escuras írises observam a fumaça deixada pelo fogo subir como se quisesse alcançar o claro firmamento, um sorriso brincando nos lábios finos. Einar desvia o olhar para os outros guerreiros que trabalham na clareira central da ilha inabitada. Pouco a pouco, os caçadores terminam as armadilhas de dragão, adaptadas especialmente para certos cavaleiros de dragão. As chamas e a fumaça serão mantidas até capturarem a atenção de Soluço e dos outros, os chamando em um irresistível convite. E, uma vez que os cavaleiros de Nova Berk estiverem próximos o suficiente, descobrirão que essa ilha não oferece uma saída fácil. Ainda sorrindo, o caçador busca pelo olhar da irmã, que se encontra a poucos passos de distância.

Kari auxilia a montagem das acomodações para os aguardados cavaleiros, as barras de ferro e as correntes ecoando o silêncio que aguarda pela chegada de um hóspede. Percebendo a atenção do irmão, a caçadora retribui o olhar e o sorriso, se aproximando em passos lentos e confiantes. Há uma aura de satisfação ao redor da bela viking, um ar que treme com a ansiedade pelo combate, pela chance de lutar e dominar. Mas Kari também sabe como ser paciente e a caçadora confia no irmão para oferecer a melhor batalha contra as defesas inventadas por Soluço para proteger Nova Berk. Entretanto, uma curiosidade nasce na mente da caçadora, uma intimamente ligada com a própria origem dos irmãos.

— Você acha que Dagur virá também? – Kari questiona quando se encontra bem perto do irmão – Ou você acha que ele retornou para proteger a ilha dos Bersekers?

— Acredito que há uma chance de ele vir também. – Einar responde com um má contida ansiedade ecoando na voz – Na verdade, irmã, eu espero que ele venha. Isso só tornará as coisas ainda mais interessantes.

A habilidosa caçadora sorri, concordando com o irmão. Se Dagur realmente acompanhar Soluço na caçada por eles, então tudo se tornará ainda melhor. Derrotar tanto o chefe de Nova Berk quanto o chefe dos Bersekers daria uma profunda satisfação pessoal para os líderes dos Caçadores. Os planos dos caçadores, contudo, permanecem ocultos para os cavaleiros de dragão que sobrevoam o norte do arquipélago em busca de algum sinal daqueles que atacaram Nova Berk.

 O silêncio que permeia os cavaleiros é pesado e tenso, todos – vikings e dragões – se concentrando na tarefa de procurar por algum sinal que possa levá-los até os caçadores. Sob a tensa quietude, Dagur aproxima o próprio dragão de Banguela, o verde olhar procurando pela atenção do irmão. Percebendo a intenção do berseker, Soluço toca o pescoço do Fúria da Noite, indicando ao amigo que permaneça na mesma velocidade que Sleuther.

— Eu estou com um mau pressentimento, Soluço. – Dagur diz, as claras írises sombreadas pela preocupação sentida – Esses caçadores são diferentes.

— O que quer dizer? – Melequento questiona ao ouvir as palavras do viking.

— Eles ameaçam e somem sem lutar? – o líder dos Bersekers responde, deixando o desconforto pela intromissão passar – Sem pedir por nada nem tentar capturar nenhum dragão?

— Eu concordo, Dagur. – Soluço diz – Há algo que eles querem e tudo o que vimos até agora foi apenas atuação. Se quisermos ter uma vantagem, precisamos descobrir o que eles querem antes que eles descubram como conseguir.

— Soluço! – o chamado de Perna de Peixe atraí a atenção do chefe para o amigo e a esposa, que apontam para uma pequena ilha a poucos metros de distância, de onde uma alta coluna de fumaça escapa.

— Serão eles? – Melequento pergunta.

— Não sei, mas vamos descobrir. – Soluço responde em um tom de voz que pesa com seriedade – Vamos pousar, mas fiquem atentos e não abaixem a guarda.

Respirando fundo, os cavaleiros de dragão voam em direção à ilha. A aterrisagem é feita sem problemas e sob uma silenciosa discrição. Os cavaleiros seguem à frente enquanto os dragões permanecem na retaguarda. Com um movimento da mão, o chefe de Nova Berk indica que todos se aproximem com cuidado, a fonte da fumaça se tornando mais visível a cada passo dado. Logo, os passos guiam os vikings até uma clareira, onde uma fogueira queima fracamente entre cinzas e toras que ainda lutam para alimentar o fogo. Atentos, os guerreiros observam o aparentemente abandonado acampamento, ferramentas de caça a dragões espalhadas e esquecidas sobre a grama. Contudo, um fraco estalar captura a atenção dos cavaleiros e, antes que possam reagir, redes de aço caem sobre os dragões e ágeis caçadores saem de por entre as árvores, prendendo as redes no chão e forçando os cavaleiros contra a grama. Em poucos instantes, os vikings podem sentir as correntes contra os punhos tanto quanto os dragões controlados pelos caçadores.

— Ora, ora, Soluço Haddock. – Einar cumprimenta, não escondendo a satisfação que ecoa na voz e é refletida no largo sorriso – Que gentileza a sua de se juntar a nós.

Entretanto, apenas um pensamento nasce na mente do chefe de Nova Berk diante da situação.

Foi tudo uma armadilha.


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Notas finais do capítulo

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