New Legends Universe: Saga dos Titãs escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Vamos a mais um capítulo.

Me inspirei um pouco na cena em Naruto Shippuden, em que a Hinata e o Naruto pedem que Iruka sensei vá ao casamento deles como o pai de Naruto.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784169/chapter/13

            Isabella se encaminhava para o Salão do Grande Mestre no meio da tarde. No meio do caminho, Rina a abordou.

— Olá! Por que está por aqui, Bella? A Joana não está com o Mestre, então, se quer falar com ela, já fiquei sabendo que ela está...

— Não vim falar com a Joana – respondeu Isabella, amazona de Áries. – Tenho outro assunto.

— Ahn? E que assunto seria? – retrucou a amazona de Escorpião.

            Isabella não respondeu de imediato. Rina notou outra coisa.

— E por que está andando com roupas de civil? – perguntou, notando que a colega não usava sua armadura, apenas uma roupa bege e calças jeans, além de sandálias. – É estranho ver você sem armadura em pleno Santuário, ainda mais com os rumores que temos ouvido por aí de que, bom, talvez tenhamos que lidar com uma outra crise em breve e...

— É justamente por isso – respondeu Isabella. – Meu assunto com o Mestre não requer que eu esteja diante dele como amazona, e sim como... bom, como eu mesma. Além disso, a qualquer momento pode estourar essa nova crise de que todos estão especulando. Dessa forma, prefiro resolver isso com ele já de uma vez.

— Ainda não me contou o que é. Mas... Você quer companhia?

            Isabella parou de andar, e fitou a amiga.

— Sabe, acho que uma amiga nesse momento me faria bem. Mas vá sem armadura, por favor.

— Ah, certo – respondeu Rina, e prontamente atendeu ao desejo da amiga. Tocou na própria armadura na altura do ombro, e a armadura de Escorpião soltou-se dela, juntando-se novamente na forma object e saiu voando, como um raio dourado, em direção à Casa de Escorpião. Rina usava uma camiseta branca e calças cinzas, além de sapatos pretos.  – Bom, e agora? Vai me contar o que veio fazer na Sala do Mestre Shion?

— Tenha paciência – aconselhou a moça ariana. – Venha comigo e você verá.

...

...

...

            As duas moças entraram juntas no Salão do Mestre. Conforme esperado, o mestre Shion se encontrava sozinho, sentado em seu trono.

— Minha querida – falou ele assim que as viu, dirigindo-se a Isabella. – Eu senti o seu cosmo vibrante e imaginei que viria falar comigo. Mas não imagino o que você poderia ter para me falar no momento.

— Ah, eu acho que o senhor faz uma boa ideia, sim, do que eu tenho para lhe falar – respondeu a moça lemuriana de supetão. – Espere a conversa começar que tudo ficará claro.

            Shion a observou com curiosidade por um momento. Apesar do rosto ainda relativamente com semblante jovem, as linhas de expressão presentes em sua face entregavam não apenas a sua idade avançada, como também as várias vezes em que ele precisara refletir acerca das atitudes dos cavaleiros que lhe eram subordinados.

— Entendo. E resolveu trazer sua amiga por algum motivo? – disse ele, dando a perceber a presença de Rina no local.

— Nós nos encontramos por acaso no caminho e Rina se ofereceu para vir junto – respondeu Isabella. – Para um apoio moral, caso seja necessário.

            Rina olhou para a outra rapidamente, ainda curiosa, mas disfarçou e voltou a olhar em direção ao Mestre.

— Sim, foi mais ou menos isso – disse ela.

            Shion assentiu.

— E qual é o assunto que você tem para tratar comigo, minha jovem?

— Como o senhor já sabe, é algo que já conversamos algumas vezes anteriormente... O senhor deu sua opinião antes, mas é algo que venho insistir assim mesmo. Venho pedir mesmo assim, sabendo de todas as consequências que podem surgir.

            Ela fez uma pausa, e Rina prendeu a respiração momentaneamente, sua mente formulando mil ideias sobre o que Isabella poderia estar trazendo para tratar com o Mestre. A antiga amazona de Andrômeda podia notar que o Grande Mestre também fazia suas próprias ponderações internas acerca do que poderia estar por vir na fala da moça de Áries.

— Eu gostaria que o senhor me desse a autorização para realizar meu casamento com o Matt.

            Isabella falou rapidamente, sem titubear. Rina arregalou os olhos para a amiga; enquanto não era totalmente uma surpresa o fato de que ela e Matt queriam se casar, a garota de Escorpião jamais imaginaria que a amiga teria falado, daquela forma, cheia de certeza e sem hesitação, diante do próprio Grande Mestre.

            Shion também pareceu levemente surpreso, não pelo conteúdo da fala, mas pela forma com a qual Isabella, outrora uma das moças mais tímidas do Santuário, a havia proferido.

            O Grande Mestre inspirou levemente antes de falar. Parecia que ele iria dar uma bronca na moça, mas, ao invés disso, falou:

— Bella, já conversamos sobre isso. Além de ser pouco ortodoxo que o Mestre autorize um casamento entre dois Cavaleiros de Ouro da ativa, o Santuário está sempre na iminência de uma crise ultimamente. Podem me acusar de estar sendo negligente com nossas funções caso eu dê essa permissão. Uma invasão pode acontecer bem durante os preparativos, e isso colocaria em risco todos os nossos moradores, sem mencionar as cidades vizinhas, e também...

— Meu senhor, com todo o respeito – disse Isabella, de forma firme e resoluta. – Mas é justamente por isso: se estamos prestes a viver uma nova batalha, crise, guerra ou o nome que o senhor queira usar... Eu já estou ciente dos rumores, Rina e os demais provavelmente também já estão... Não faz sentido nos prendermos a formalidades, convenções e etc. Cada dia que passa pode ser o nosso último. Em nome de tudo que já vivemos, por tudo o que já passamos juntos, eu peço ao senhor, que cuidou de mim desde que eu era pequena, que tenha piedade e me conceda esse pedido... Bem como o próximo pedido que lhe farei.

— Próximo? – disse Shion, alteando um pouco o tom de voz, visivelmente preocupado. – Além de insistir com esse pedido para mim, você ainda me pedirá mais algo, Isabella, mesmo diante da nossa situação, a qual você mesma parece estar inclusive bastante ciente?

— Sim. Eu pedirei. Porque o senhor é a figura paterna mais próxima que possuo, desde sempre, e especialmente agora. Kiki e Mú não estão mais entre nós. O senhor é meu predecessor como Cavaleiro de Áries, também. O senhor e eu compartilhamos já muita coisa, desde que eu era criança. O seu coração ouvirá e receberá o que estou pedindo, mestre Shion. Eu quero que o senhor não apenas autorize o casamento, mas também que compareça como meu pai.

            Uma lágrima escorreu pelo rosto da garota ao pronunciar aquelas últimas palavras. Até mesmo Rina engoliu em seco, deixando-se levar um pouco pela emoção, claramente surpreendida pelo rumo que a conversa havia tomado.

            Shion a contemplou, estoico e sem demonstrar expressões, por um longo momento. Em seu íntimo, Rina, incapaz de ler os pensamentos dos dois, acreditava que o mestre iria, a qualquer momento, explodir e censurar a amazona de Áries ali mesmo.

            Shion se levantou do trono.

— Eu não imaginava que este seria o seu pedido, minha menina. Eu não vejo escolha... a não ser ceder ao seu pedido.

            Isabella, ainda chorando levemente, juntou as mãos e inclinou a cabeça respeitosamente, em forma de agradecimento ao Grande Mestre.

— Bom, você me pegou de jeito, dessa vez – admitiu Shion, abrindo um sorriso de leve. – Sei que vocês provavelmente se casariam às escondidas caso eu recusasse. Provavelmente há dezenas de moradores na Vila de Rodorio que ajudariam vocês com isso de bom grado. Então, é melhor facilitarmos tudo de uma vez para todos e tornar isso oficial. Eu imaginei que você pediria, além da minha benção, que eu presidisse a cerimônia, mas... comparecer como seu pai... Bella, eu estou muito mais para avô e bisavô, talvez, do que...

— E o que é um a-avô se não um segundo pai?? – disse Isabella, pondo-se a rir levemente, ainda com os olhos marejados.

            A risada de Isabella era contagiante e leve. No Santuário, diziam que o som do riso dela afetava os demais presentes, de modo a deixa-los com o coração mais leve. Shion teve certeza disso naquele momento.

            Até Rina, que possuía fama de durona, cedeu e abriu um leve sorriso no momento.

— O certo é que há muito para ser feito. – Shion desceu os degraus e veio até a frente das garotas. – Imagino que você e Matt já tenham feito planos?

— Q-quase tudo – disse ela, se engasgando brevemente e esfregando o rosto para limpar as lágrimas. – Mas tornando de forma oficial deixa as coisas realmente mais fáceis. N-não sabe o quanto eu serei grata, mestre Shion.

— Eu também serei grato para sempre, minha menina. Levar você até o altar como seu pai... É uma emoção que não esperava sentir. Ainda mais com o tanto que já vivi.

— Ninguém mais poderia fazer o papel de meu pai, mestre Shion. Além disso, nem eu nem Matt temos mais figuras paternas. Não faria sentido haver casamento sem que tivéssemos pelo menos uma figura paterna para nos abençoar. Você foi um pai para todos nós por todos esses anos.

            Shion estendeu a mão e colocou-a no ombro da moça.

— Fico feliz, minha menina. Olho para você e lembro de quando era pequena. E vejo agora a bela mulher na qual você se transformou. Madura, sábia, e uma forte guerreira. Não é difícil perceber o que Matthew viu em você.

— Que sorte que ele não está aqui para ouvir isso agora – disse Rina, risonha.

— Por que? Por acaso não concorda comigo, minha cara? – respondeu o Grande Mestre.

— Eu concordo, sim, mas o senhor o chamou de “Matthew”. Ele odeia quando o chamam de Matthew – afirmou a amazona de Escorpião.

            As duas moças desataram a rir. Shion se permitiu dar um leve sorriso.

— Claro. Sempre esqueço que os seus egos são enormes, especialmente o dele.

            Mais risadas foram arrancadas de Isabella e Rina após essa fala.

— Bom. Eu tomarei as providências necessárias. Falarei com Gomes e com Joana. Faremos tudo da melhor forma possível, minha menina – garantiu Shion.

            Isabella tomou a mão de Shion em seu ombro e a beijou.

— Obrigada, Shion-sama.

            As duas moças se curvaram respeitosamente para o Grande Mestre, e se viraram para deixar o salão.

...

...

...

            - Maninha... O que foi isso?? – quis saber Rina logo que as duas saíram para o lado externo. – Claro que eu sabia que vocês planejavam se casar, mas enfrentar o mestre Shion dessa forma... Nem parecia você! Toda essa coragem! E ele cedeu! Ficou todo derretido com o que você disse, especialmente após você chamar ele de pai!

— Eu sei, mas tudo o que falei foi do fundo do coração. Foi o mais sincero possível que eu tinha para dizer – disse Isabella.

— É, mas ainda assim... Você DOBROU um Grande Mestre do Santuário com mais de 200 anos de experiência. Não é pra qualquer um, não é algo que se vê todo dia. Não conheço muita gente que seria capaz de conseguir isso. Um dia você vai ter de me contar como você pensou tudo isso, como conseguiu...

— Ora, Rina, não é tão complicado assim. Pensa um pouco... que pai recusaria um pedido desses a uma filha?

            Ela sorriu ao dizer isso. Rina precisou admitir para si mesma que, por detrás daquela expressão de doçura e amabilidade, havia um cérebro bastante ativo se movimentando dentro de Isabella. E mesmo, talvez, influenciado pelo coração dela, como a própria lemuriana mesmo gostava de afirmar, sempre, que as decisões delas eram baseadas no coração.

— Bom, agora só falta mesmo o anel – disse Rina, querendo deixar a conversa mais descontraída.

— Não, isso também já temos – disse Isabella. Ela levou a mão ao bolso e tirou uma pequena caixinha preta.

— Ué, mas não é o cara quem normalmente dá o...

— Matt já me deu, já me fez o pedido oficialmente – explicou Isabella. – Eu que pedi pra ficar com a caixinha para guardar o anel, só vou começar a usar depois da cerimônia mesmo. Eu o levo no bolso para mostrar ocasionalmente para as meninas. Aliás, bom, estou mostrando a você primeiro, então...

— Hahahaha, só assim para eu ser a primeira em quem você pensa para algo – riu-se Rina, em tom brincalhão. – Nessas horas é bom ser intrometida.

— Ah, também não é assim, amiga... – disse Isabella, rindo também.

— Aliás, você falou que está me mostrando o anel primeiro, mas você nem tirou o negócio de dentro da caixinha ainda, está literalmente escondendo o jogo. Vai lá, mostra ele aí, mostre que você está falando a verdade! Ahahahaha – falou Rina, ainda em tom de brincadeira.

— OK, tá bom, tá bom, vou mostrar...

            Mas antes que Isabella pudesse abrir a caixa, as duas foram interrompidas.

— Meninas? – disse Joana, amazona de Águia, que vinha subindo a escadaria em direção ao salão do Mestre. – O que está havendo? O que estavam fazendo na sala do Mestre? E o que é essa caixinha?

            Isabella parou no meio do ato, e abriu um sorriso para Joana.

— Que bom que chegou, Joana. Veio bem na hora para participar de um momento importante – disse ela para a assistente do Grande Mestre. – Chegue mais perto, quero mostrar uma coisa em primeiro... para vocês duas – complementou ela aos risos, em meio aos protestos de Rina, que ainda queria ser a única primeira das amigas a ver o anel.

...

...

...

            Na Sala do Mestre, logo após as garotas terem se ausentado, Shion sentou-se novamente em seu trono, ponderando reflexivo sobre a conversa que haviam acabado de ter.

            Enquanto remoía em sua cabeça todo o assunto em questão, o Grande Mestre se permitiu, naquele momento solitário, demonstrar sua emoção, como raras vezes fazia. Uma lágrima escorreu pelo rosto do velho cavaleiro, da mesma forma que, poucos minutos atrás naquele mesmo salão, uma lágrima havia escorrido do rosto de sua antiga pupila, agora prestes a se casar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até a próxima! Em breve eu agendarei mais um capítulo