Nada é real até que se acabe escrita por asthenia


Capítulo 8
Reparação


Notas iniciais do capítulo

Que alegria ver tanta gente acompanhando a fic!! Vocês me fazem feliz, sabia? Eu estou amando ver os comentários com participação na história. De verdade, vocês são demais! Espero que continuem gostando! ♥



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“I've been keeping this fire going

Every night since you've been gone

Feel it burn but I've never been colder

When are you coming home?”

 

“Eu tenho deixado esse fogo aceso

Todas as noites desde que você se foi

Sinto queimar, mas eu nunca estive tão frio

Quando você vai voltar para casa?”

 

“Aquele já era o segundo dia, quase o prazo final que Tsunade dera para que os culpados sobre toda a confusão da carta aparecessem. Lembrou-se do fato assim que ouviu o sinal para o intervalo. A sua frente, alguns alunos se moviam em direção a porta, mas ele não sentia sequer vontade de se mexer. Viu Sakura sair pela porta, seguida por Ino. Nenhuma das duas tinha o trabalho em olhar para ele. As duas provavelmente estava indo de encontro a Hinata.

Essa, tampouco cruzava com ele no corredor. Sentava o mais longe possível nas aulas em comum e no intervalo, durante o lanche, estava rodeada por Sakura, Ino, Kiba, Shino e também pelo mais menosprezável dos guarda-costas – Toneri. Este que sempre olhava com desdém ao loiro.

Estranhamente, Tsunade não o havia chamado para a sala da diretoria naquele dia, para perguntar sobre novas informações. Nem ele e nem Shion. Não sabia se a diretora havia esquecido, mas não ligou. O intervalo passou rápido, com Shion o tempo todo ao seu lado. Ele comeu seu lanche, devolveu a bandeja a cozinha e foi para sua próxima aula. Semana que vem era a tão temida semana de provas e ele precisava estudar. Não tinha vontade alguma em ficar lá fora. Mal respondia Shion. Combinou com ela para se encontrarem na saída da escola, não estava com paciência para sua namorada.

Mais tarde, estavam os dois no quarto de Naruto. Ele estava com seu caderno em sua escrivaninha, enquanto a loira resmungava alto deitada na cama, folheando uma revista.

— Você vai ficar quanto tempo aí, hein? Não quer vir para cama?

Ele suspirou alto.

— Shion, semana que vem é semana de provas e eu tenho que estudar.

— Você vai conseguir essa bolsa, Naruto.

— Eu vou conseguir se eu passar nas matérias.

O tom dele era mal-humorado e impaciente. Shion se levantou da cama, caminhando até ele.

— Eu posso fazer você relaxar, sabe?

— Agora não. – Naruto mal se movia, concentrado. – Você se lembra dessa fórmula de química?

— Qual?

— Essa. – Ele apontou para seu caderno. – Você pode me explicar?

— Eu não me lembro não. – Ela se inclinou sobre ele, manhosa em seu ouvido. – Esquece isso vai, vem ficar comigo.

Naruto levantou, de repente, incomodado.

— Eu esqueci meu livro de química na escola. O seu tá aqui?

— Está na minha mochila.

Naruto foi até a mochila jogada no outro canto de seu quarto, enquanto Shion voltava a sua cama, suspirando derrotada. Ao abrir a mochila de sua namorada começou a procurar pelo livro. Porém, outra coisa chamou sua atenção. Bem ao fundo da mochila estava um papel dobrado. Ao abrir reconheceu a letra. As frases. Seu nome começava a carta e a assinatura de Hinata terminava. Apertou o papel com força.

— O que isso está fazendo com você, Shion?

Ele se levantou, encarando a loira. Ela levantou seu corpo, sentando-se na cama, pálida.

— Várias cartas estavam espalhadas pela escola, não se lembra?

Naruto caminhou até ela, parando a sua frente. Shion inspirava alto.

— Essa é a original! É a letra da Hinata!

Ela se levantou. Seus olhos estavam abertos, assustada.

— Foi você, Shion! Você que fez tudo!

Ela se afastou dele.

— O que você queria que eu fizesse? – Shion berrava. - Deixasse que você achasse a carta e ficasse com a Hyuuga?

— Você é maluca! Eu estava com você! Você quis acabar com as minhas amizades, acabar comigo!

— Você só ficava enfiado nesse livro desde que aquelas aulas ridículas com ela começaram!

— Eu quero que você suma da minha frente!

— O que você vai fazer? – Ela cruzou os braços. – Você vai atrás dela? Vai humilhar ela ainda mais? Ela não é para você, Naruto! Eu sou!

Naruto a segurou pelos braços, fazendo o possível para não a apertar com força.

— Eu não sou mais nada seu, Shion. – Rosnava - Some da minha frente, some da minha vida!

O loiro soltou-se dela, indo até a mochila no chão, pegou a mochila e jogou para a sua ex. Ela continuou parada, enquanto ele abria a porta de seu quarto.

— Sai daqui!

— Você vai se arrepender por fazer isso comigo, Naruto!

Shion chorava, segurando sua mochila.

— Quem tem que se arrepender aqui é você!

O Uzumaki fechou a porta com força, assim que Shion saiu, colocando as mãos na cabeça. Sentia tudo doer.”

—/-

Ao acordar, sentiu sua cabeça pesada. Os pensamentos pareciam atrapalhados, sem ordem exata. Sentou-se na cama, passando todos os eventos da noite anterior com cuidado, refletindo o que exatamente havia acontecido. O bar, Naruto e, para finalizar a noite, seu pai com aquele assunto desapropriado. Levantou-se, cuidou de sua higiene matinal e foi até a mesa de café da manhã, perfeitamente posta. A família Hyuuga contava com uma funcionária de confiança há anos. Hinata deu bom dia a todos e se sentou na mesa.

— Você está com uma cara péssima.

— Bom dia para você também, Hanabi. – A mais velha disse sorrindo, enquanto enchia um copo com suco.

— Papai me disse que conversou com você sobre Toneri. Pensou sobre o assunto?

Os olhos de Hinata desviaram rapidamente para seu pai, que pouco parecia ter se abalado com o comentário de Hanabi, continuando a tomar seu café calmamente.

— Podemos mudar de assunto?

— Sabe, eu acho muito nada a ver o papai falar em casamento. – Hanabi continuou a falar – Até porque somos mulheres independentes e não precisamos disso.

Hiashi revirou os olhos.

— Mas eu concordo que seria ótimo você arranjar alguém. Ninguém merece ficar sozinho.

Hinata parou por um segundo. Encarou seu pai e sua irmã, que continuavam tomando o café calmamente.

— Eu não acho que esse seja um assunto para ser discutido assim.

— Relaxa, Hina. Foi ideia minha para que você voltasse a Konoha.

— Por favor, Hanabi.

A mais nova olhou profundamente a sua irmã.

— Você foi embora pela mesma razão, não foi? Por que não voltar pelo mesmo motivo?

Observou o sorriso triunfante de Hanabi. O café foi brevemente interrompido com o som da campainha. Rapidamente Hinata aproveitara o momento para ir atender a porta, impedindo que a funcionária Yumi o pudesse fazê-lo.

O rosto que viu assim que abriu a porta a deixou sem ação. À porta estava Shion, com os cabelos perfeitamente alinhados, assim como as vestes, com uma expressão sem graça. O olhar das duas se encontraram, deixando Hinata muda.

— Oi Hinata. Desculpe vir assim.

A morena continuou sem reação. Foi para o lado de fora, na varanda de entrada, fechando a porta atrás de si.

— O-Olá Shion.

Hinata disse assim que fechou a porta. Lembrou-se das mensagens que Shion havia mandado e ela, estrategicamente, escolheu não responder – ou simplesmente ler. A loira continuava parada, encarando Hinata.

— Eu decidi vir porque você não respondeu as mensagens. Podemos conversar?

—/-

Pensou se teria sido falta de educação não ter convidado Shion a entrar em sua casa ao invés de sugerir ir a um café nas redondezas. No entanto, não havia pretensão alguma em fazer amizade com ela ou compartilhar intimidades. Respirou fundo assim que os olhos ansiosos de Shion encararam os dela.

— Você não mudou nada, Hinata.

Ela já havia ouvido a mesma coisa de Naruto. A loira também não mudara muito desde o ensino médio. Ainda era possível ver o quanto era bonita. Porém, não usava mais maquiagens marcantes e roupas apertadas como na adolescência. Seus olhos pareciam mais sinceros. Decidiu apenas sorrir em resposta.

— O que precisa falar comigo, Shion?

— Eu quero te pedir perdão por tudo que fiz.

Hinata se remexeu inquieta.

— Você já pediu.

Shion olhou seriamente a Hinata.

— Não, Hinata. Você sabe que aquilo não foi um pedido sincero. Eu me arrependo de todo o mal que te fiz e quero pedir desculpas por tudo.

Hinata apertou os lábios. Decidiu não reprimir suas palavras como sempre havia feito.

— Por que agora?

— Você não esteve antes em Konoha e eu precisava fazer isso cara-a-cara, entende? Eu demorei para perceber que foi imperdoável o que eu fiz, mas eu precisava tentar.

A morena não sabia o que responder exatamente. Seu olhar se desviou de Shion e seus pensamentos se perderam por alguns instantes. Tomou um gole de seu café e em sua cabeça uma pergunta surgiu. A pergunta que a perseguiu durante anos e que se arrastou até as suas terapias.

— Por que você fez aquilo? Você era a menina mais bonita na escola. Eu, eu era.... Nada. Nada em comparação a você, entende? E eu não me importava em ser. Eu não queria competir com você, eu só... – as palavras pareciam queimar sua língua. Há anos não dizia aquilo em voz alta. – Eu só amava o mesmo garoto que você.

Shion se inclinou a mesa, seus olhos se focavam em Hinata.

— Você acha que não era nada? Você era quem ele protegia. Defendia. Idolatrava. Naruto e eu transávamos todos os dias depois da aula, no apartamento dele, sabia disso? – Hinata sentiu seu coração se apertar. Aquela não era uma informação que precisava saber. – Eu fui a primeira vez e ele a minha. Nós dois não fazíamos nada além disso. Aí você começou a dar aulas para ele. O tempo dele comigo ficou mais curto. Ele vivia dizendo coisas maravilhosas a seu respeito, que você ensinava melhor que os professores da escola, que você era boa em todas as matérias. Você podia não estar com ele fisicamente como eu estava, mas com certeza a cabeça dele você dominava.

As palavras de Shion pareciam mais ácidas. Por um momento Hinata viu a mesma Shion de dezesseis anos em sua frente, entretanto, essa impressão durou pouco. Seu coração parecia apertar.

— Isso não muda os fatos. Era com você que ele estava.

— Eu via você como uma ameaça, entende? – A loira desviou o olhar. – Eu era imatura. E eu jurava que Naruto e eu iríamos durar.

Hinata olhou Shion com mais atenção. Ela parecia sincera. A morena ponderou toda a situação. Aquela era uma chance de fazer as pazes com seu passado.

— Eu perdoo você.

Shion sorriu a ela.

— Eu confesso que não me vejo no passado com esse peso em relação a Naruto. Nós somos pessoas completamente diferentes e tivemos importâncias diferentes para ele. Talvez você tenha se confundido na época. Mas adolescentes são imaturos, não é?

Ouviu uma risada baixa vindo de Shion.

— Eu era bastante imatura, mas eu tenho certeza que você não era essa pessoa para ele. Você era mais. – Ela tomou um gole de seu café. – Mas tem que te dizer isso é ele, não eu.

Hinata respirou mais fundo, tentando afastar possibilidades de sua cabeça.

—/-

O som da porta chamou a atenção de Sakura que estava concentrada em algum arquivo em sua mesa. Suspirou alto quando viu Naruto entrar, interrompendo sua leitura sobre algum arquivo médico.

— Eu estou trabalhando, Naruto.

— Já são quase meio dia e meia, sabia? – Ele disse, sentando-se na cadeira a frente da mesa de Sakura. – Está na hora do almoço.

— Você atravessou a cidade para vir almoçar comigo? Você quer alguma coisa.

O sorriso dele só confirmou a teoria de Sakura.

O restaurante não estava incrivelmente cheio, o movimento estava mediano o que não impedia a conversa dos dois. Escolheram uma mesa mais afastada da entrada. Ao fazerem o pedido e o garçom se afastar, o loiro não demorou a falar.

— Você tem que me ajudar!

— Se isso envolver Hinata Hyuuga, esqueça.

— Qual é Sakura! – Ele olhou impaciente para sua amiga. – Por favor! Eu tô tentando!

— Eu tenho que ser a pessoa mais imparcial dessa história, Naruto. Vocês dois são grandes amigos meus, eu não posso ficar me metendo nisso!

— Você não quer a minha felicidade? A felicidade dela?

Ela olhou com desdém a ele.

— Quem disse que você é a felicidade dela? Seu histórico não ajuda.

— Nossa. Não precisava humilhar!

Sakura riu do drama dele.

— Estou falando sério. – A Haruno olhou para ele mais carinhosa. – Eu não posso escolher um lado.

— Não tem lado nenhum pra você escolher, Hinata e eu estamos do mesmo lado. – Naruto suspirou alto. – Eu não tenho mais dezessete anos, eu mudei, você sabe.

— É, eu sei bem.

— Então coloca isso na cabeça dela! Quando eu acho que me aproximei dela, ela corre! Eu não sou aquele babaca mais!

Sakura cruzou os braços.

— E se você conseguir? E se ela te der uma chance?

— Como assim? É isso o que eu quero!

— E depois? Vocês ficam juntos, ela volta a Kumo e você fica por aqui? Você tá concorrendo ao cargo de Hokage, não pode sair de Konoha.

— Eu não tô entendendo o que você quer dizer.

Sakura olhou fundo os olhos de seu amigo.

— Você está fazendo tudo isso porquê Naruto? Você só quer descobrir que Hinata ainda é capaz de amar você e depois cada um vai para o seu canto?

O Uzumaki olhou ofendido a Sakura.

— Claro que não, Sakura!

— Você não se importa se Hinata ainda é capaz de amar você?

— O quê? Claro que me importo!

Ela soltou o ar com força, olhando incrédula a ele.

— Você é patético, Naruto.

— Ei, calma! Não é isso que você tá pensando. Quando eu penso em tudo o que passou, tudo o que eu e Hinata vivemos, eu sei que o certo era que a gente tivesse ficado juntos. Mas eu não tô fazendo isso pra uma conquista só! É a Hinata, caramba, não é qualquer outra pessoa!

— Mas vocês são duas pessoas diferentes agora. Não são dois adolescentes! Vocês têm vidas diferentes, caminhos opostos que estão seguindo. Ela não voltou a Konoha, a casa dela não é aqui!

— Por que você tá jogando esse balde de água fria em mim, Sakura?

Ela suspirou alto.

— Eu quero trazer realidade para você, Naruto. Você precisa ter os pés no chão, saber o porquê faz tanta questão dessa história continuar.

— Não é só fazer questão. É porque eu sei que esse é o certo. O certo é que fiquemos juntos.

— Eu acho que você ainda não definiu o que sente por ela.

Os olhos dele se focaram em Sakura.

— Como?

— Eu nem mesmo sei se ela ainda ama você. – Sakura mentiu. Precisava colocar ele contra a parede. – Você pode estar insistindo nisso como uma forma de pedir desculpas a ela. Para reparar o que você fez a ela.

Naruto olhou sério a ela.

— Não. Não é isso.

— Você sempre teve sentimentos em relação a Hinata. Mas que sentimentos são esses afinal? É diferente, por exemplo, de Toneri. Todo mundo sempre soube que ele gostava dela na escola.

Naruto cruzou os braços e sua expressão, de repente, fechou-se. Sakura conteve a vontade de rir.

— Toneri? Pra quê falar dele agora? Você sabe meu histórico com esse cara.

— É só um exemplo, Naruto.

— Você tá dizendo que o que ele sentia por ela na época era mais válido do que eu sentia? Os dois tiveram alguma coisa? O que você tá me escondendo?

— Relaxa! – Ela sorriu. – Eu não tô escondendo nada. O que eu estou te falando é que desde o ensino médio o que você sentia por ela sempre me pareceu... Nublado, entende? Sem uma definição exata. E agora, anos depois, você não pode oferecer isso a ela. Hinata precisa de algo sólido.

O loiro olhou para ela, franzindo a testa. Pensava nas palavras de Sakura. Nunca havia realmente dado nome aos sentimentos que tinha por Hinata. Não havia feito isso pois ela já não estava mais em Konoha. Mas e agora? Sabia que eram valiosos, porém também tinha medo. Medo de sofrer como sofreu quando ela foi embora.

— Não precisava falar do Toneri pra me dizer isso.

Sakura sorriu, balançando a cabeça.

— Isso foi só para você ficar preparado.

Ele a olhou, não entendendo.

— Preparado?

— Você não sabia que as empresas de Toneri tem uma ótima parceria com as empresas Hyuuga?

Naruto sentiu seu coração pesar. Inclinou mais sobre a mesa em direção a Sakura, enquanto fechava o próprio punho.

— Me conta isso direito.


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Notas finais do capítulo

Música desse capítulo foi Lights, do Goo Goo Dolls.
Próximo capítulo o flashback será gigante!!
Que 2020 traga muita inspiração para todos nós ♥
Semana que vem tem mais!



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