Nada é real até que se acabe escrita por asthenia


Capítulo 5
Insegurança


Notas iniciais do capítulo

Leitores lindos do meu coração, me desculpem pela demora do capítulo. Tive alguns imprevistos, maaas, cá estou para mais um capítulo!
Nesse capítulo aparece um personagem que vai ser muito importante, dou um doce pra quem adivinhar qual é!
Espero que gostem ♥



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“Every little thing you do is like a tidal wave

A fire deep within those eyes

The kill is so cliché.”

“Cada pequena coisa que você faz é como um maremoto

Um fogo profundo dentro daqueles olhos

A matança é tão cliché..”

 

“Hinata havia se perguntado o que teria feito de tão errado para estar vivenciando tudo aquilo. Tomara a decisão de abrir seu coração ao seu amor, alguém que amava desde que podia se lembrar, a quem se aproximara bastante nos últimos meses. Justo no mesmo dia que colocou a carta em que estavam todos os seus sentimentos no armário de Naruto, ele aparecera agarrando Shion, alguém a quem Hinata mal podia se comparar. Ela era linda, espontânea, alegre. Diferente dela, que se pudesse, nunca mais voltaria a escola.

Isso havia acontecido há três dias. Mesmo após esse tempo, ainda era difícil ir para a escola. Fugiu de Naruto a semana toda, dizendo que tinha algumas pendências a resolver e que não poderia dar as aulas. Isso não parecia ter sido de desagrado dele que aproveitava o tempo livre para ficar aos beijos com sua nova namorada.

Suspirou, derrotada. Chegara na porta de sua escola, cabisbaixa. Respirou fundo, tomando coragem para entrar. No entanto, alguém a impedira, aparecendo na sua frente de repente.

— Hinata!  

A pele pálida de Toneri parecia corada. Ele estava correndo. A sua expressão era assustada.

— Toneri! Está tudo bem?

Toneri Otsutsuki era um amigo de longa data de Hinata. As famílias Hyuuga e Otsutsuki eram duas importantes famílias de Konoha. Eles tinham posses pela cidade, além de serem monopólio nas empresas de tecnologia.

Não deu tempo para ele responder, logo atrás aparecera Kiba e Ino, que estavam igualmente assustados. Os três haviam saído de dentro da escola.

— Hinata, acho melhor você não entrar para a aula hoje.

— É, vai para casa, Hina. – Ino disse, concordando com Kiba. – Depois eu te passo a matéria que você perdeu.

Toneri dera um passo para frente.

— Eu te levo até sua casa.

Hinata estava confusa. Os três amigos estavam a impedindo de entrar na escola. Pela expressão dos três, algo havia acontecido. Ela não hesitou em perguntar.

— Está acontecendo alguma coisa?

Nenhum deles respondeu. Shino aparecera atrás de Kiba com um papel em mãos e esticou o braço em direção a Hinata. Diferente do resto do grupo, ele estava sério.

— Shino! O que você tá fazendo?

— Você ficou louco? – Kiba esbravejava.

— Hinata deve saber. Ela vai saber de qualquer jeito. – Ele balançou o papel em sua mão. – Veja Hinata.

A morena pegou o papel da mão de Shino. Aquela era a carta que escrevera a Naruto. Mas não era a original, era uma cópia. Seu coração começou a bater forte e seu peito começou a doer. Sua cabeça começou a rodar. O que aquilo estava fazendo na mão de Shino? Quando ela levantou seu olhar começou a reparar a sua volta. Os outros alunos estavam com o mesmo papel em mãos ao longe, encarando Hinata.

— Isso estava espalhado pela escola toda. Eu lamento, Hinata.

A voz de Shino parecia distante. Ela só conseguia ouvir seu próprio coração. Todos estiveram lendo a carta que escrevera a Naruto. Seus sentimentos mais particulares agora eram de conhecimento da escola inteira.

Não demorou para que começasse a chorar ali mesmo. Chorar pela humilhação e pelo olhar das pessoas em sua volta. Ouviu algumas risadas. Mas o olhar doía mais. Sentiu Toneri puxá-la, escondendo o rosto dela em seu peito e levá-la para algum lugar. Não conseguia parar de chorar. Algum tempo depois viu que ele a soltara e Ino a arrastava para outro lugar. Era o banheiro da escola. Ouviu Ino chamar seu nome. Não conseguia responder. Ela só conseguia voltar a se perguntar o que havia feito de errado a ele para estar vivendo aquela humilhação.”

—/-

Kiba e Shino eram seus amigos de infância. Cresceram no mesmo bairro, suas famílias se conheciam há muito, e eles sempre deram suporte a Hinata. Estar com os dois de novo era sentir que fazia parte de algo. A Hyuuga só se sentia dessa forma com os dois e com Sakura e Ino. Ouviu o barulho da chave virando e Kiba levantando o portão de metal. Estavam em uma rua mais afastada do centro, mas tão movimentada quanto.

— Então Hina, - Kiba disse entrando no estabelecimento quase vazio – aqui que será a veterinária Inukuza!

Shino e Hinata o seguiam enquanto ele entrava no local. As paredes eram brancas e limpas. Em um canto havia um balcão alto e uma prateleira atrás. Do outro lado, umas três mesas de metal embrulhadas e caixas de papelão semiabertas. O espaço já parecia ter um cheiro característico de clínicas veterinárias.

Ela olhou o sorriso iluminado de seu amigo. Ele estava realmente muito feliz e não parava de falar um minuto, mostrando cada canto. Ela também sorria para ele.

— Pensei em pintar umas patinhas na parede, sabe? O que acha? – Ele falava observando as paredes com o indicador nos lábios. – Pensei até em pintar as patas do Akamaru e colocar na parede, ia ficar um máximo!

— Essa é uma péssima ideia, Kiba. Um enorme cachorro como ele andando com patas sujas em um lugar todo branco.

Shino disse, arrumando os óculos escuros em seu rosto.

— Você podia pedir ao Sai. - Hinata pontuou, quando viu a expressão de Kiba se fechar, desapontado.

— Eu não tinha pensado nisso, é uma ótima ideia!

— Você pensou em seu cachorro pintando as paredes e se esqueceu do seu amigo desenhista e pintor.

Kiba olhou feio para Shino e começou a praguejar contra seu amigo. Hinata riu baixo. Sentia muita falta dos dois.

— Quando você vai abrir oficialmente, Kiba?

O Inuzuka desviou o olhar de seu amigo e se voltou a Hinata.

— Vamos fazer uma festa de abertura daqui há alguns dias. – O rosto dele ficou triste de repente. – Você não vai mais estar aqui, não é Hina?

Ela olhou para seu amigo. Havia se esquecido que em um certo momento ela não estaria mais em Konoha. Que em poucos dias ela iria voltar a Kumo, as suas aulas, seus alunos, e a sua vida sozinha. A vida que levava em Kumo era calma e serena, porém tinha que admitir: era extremamente sozinha. Depois que Neji falecera tudo tinha um tom mais acinzentado no seu dia-dia. Doeu ao pensar que sairia de Konoha para voltar a Kumo. Doeu em seu coração. A morena apenas concordou com a cabeça a Kiba que, visivelmente, ficara chateado. Logo depois sorriu mais uma vez, abrindo seu notebook sobre o novo balcão.

— Já estava me que esquecendo, abri uma página no Facebook da clínica, você tem que ver!

O computador já estava parcialmente ligado. Não demorou para que Kiba entrasse na sua página pessoal e, logo em seguida, abrir a página da clínica. Ele sabia que a Hyuuga não tinha nenhuma rede social. Hinata havia decidido não possuir uma página pessoal por dois principais motivos: Não achava que sua vida seria tão interessante assim de se compartilhar online e não acreditava na sinceridade das redes sociais. Ela apenas tinha uma página do Linkedin e um perfil no twitter – redes sociais que não entrava há anos.

O layout da rede social era bastante bonito. Simples, sem muita informação ainda. A foto de perfil exibia o símbolo da família Inukuza, dois triângulos compridos e vermelhos virados de cabeça para baixo, e no meio as palavras “Clínica Inuzuka” chamava a atenção.

— Kiba, você ainda quer que eu cheque o microscópio biológico?

— Claro, Shino! Está lá atrás! A gente já volta, Hina.

Os dois caminharam para o fundo do estabelecimento e Hinata continuou olhando a página online. Um sorriso enfeitava o rosto dela. Estava extremamente orgulhosa de seu amigo. Lembrava-se das vezes em que ele dizia que seria um grande veterinário e vê-lo realizar esse sonho também fazia com que ela se sentisse realizada. Desceu a página para ver as postagens. Uma imagem chamava as pessoas para a inauguração. Ao clicar na imagem, reparou em um comentário com alguns emojis. Seu coração apertou. Era o perfil de Naruto. Não resistiu à vontade e clicou no nome dele.

Uma foto dele sorrindo e logo abaixo o nome “Naruto Uzumaki” chamava a atenção. Porém, o que mais atraía era a foto. Ele estava sorrindo, com os olhos azuis mais realçados, com o rosto liso. Sorriu boba. Era possível se apaixonar por uma foto? Ele era lindo. No entanto, o que a deixara ainda mais com o coração apertado era algo abaixo da foto. Havia mais de trezentas curtidas e diversos comentários – principalmente femininos na foto. Os elogios variavam entre “lindo” e emojis de coração ou expressões faciais apaixonadas.

Esse era o maior problema e maior qualidade de Naruto: ele cativava quem quer que estivesse ao seu redor. Pela sua beleza física ou pela sua personalidade, Hinata sempre imaginou que ele seria aquele estilo que chamaria a atenção. Aquilo doía nela. Ao mesmo tempo que entendia o porquê de ele ser querido, ela se sentia diminuída.

Hinata não era mais uma adolescente, escondida atrás de sua franja ou de livros. Ela sabia exatamente disso. Ela se tornara uma mulher independente, focada. Havia cortado o cabelo na altura dos ombros há alguns anos atrás e decidira manter assim. Sua franja não tampava mais seu rosto. Sabia o quanto era preciso que se amasse mais, que o amor a si mesmo era o mais importante que qualquer outro amor. O problema era que a sua insegurança era sempre presente. A sua insegurança ainda a fazia se sentir com dezessete anos, chorando no banheiro feminino na escola, depois de ver o grande amor de sua vida com a menina mais bonita da escola. Como era possível competir com aquilo? E depois de seis anos, ele estava ali, numa rede social, ao alcance de mulheres muito mais bonitas que ela. Era seu ensino médio tudo de novo.

Apesar do aperto em seu peito, decidiu apertar a flecha que ia para as próximas fotos do perfil dele. Todas elas, absolutamente todas estavam lindas e faziam jus a beleza dele. O número de curtidas era sempre acima de cem. Mulheres sempre comentavam as fotos dele.

Quantas mulheres, além dela, haviam se apaixonado por ele? Com quantas delas ele teve um relacionamento? Quantas mulheres se encantavam com o sorriso dele? Lembrou-se da noite em mulheres que pagaram a bebida a ele. Ele não parecia surpreso, aquilo com certeza era algo comum de se acontecer. O que ela estava fazendo ali, em Konoha, com os sentimentos aflorados? A realidade era mais dura do que poderia imaginar, ela não se comparava com mulheres audaciosas como aquelas, com aquele tipo de autoestima. Autoestima boa o suficiente para paquerar o que seria o próximo candidato à prefeitura. Ela conseguia imaginar Shion tendo a mesma atitude que aquelas mulheres. Como Hyuuga Hinata podia se comparar a elas?

Hinata sentiu sua boca secar. Havia se arrependido amargamente em ter visto o perfil dele. Sentia-se insegura, com vontade de estar em Kumo, no seu quarto, assistindo qualquer comédia romântica boba na tevê, e não estar de volta ao lugar que a fazia se sentir menos, pequena e não suficiente. Xingou-se mentalmente. Seu encontro com Shion estava marcado para algumas horas mais tarde. Ela não podia ir nesse encontro, em que provavelmente se sentiria pior. Pegou seu celular e digitou, sem pensar muito, ao número em que uma loira sorridente se iluminava na foto.

Não vou poder ir hoje. Surgiu um imprevisto. Me desculpe.”

—/-

Agradeceu voltar com a carona de Shino. Hinata apreciava os pequenos momentos de silêncio que os dois compartilhavam na maioria das vezes em que se encontravam. Amava Kiba e Shino igualmente, mas com Shino a compreensão era muda e não escandalosa como com Kiba, e Shino era bastante maduro e sensato. Os dois estavam sozinhos no carro, dirigindo pela cidade, em direção a casa do pai de Hinata.

— Como você está se sentindo de volta a Konoha?

Ponderou por alguns segundos a pergunta de seu amigo. Com ele, ela poderia ser completamente sincera.

— Estranha, na verdade. – Disse, ajeitando-se ao banco do carro. – Insegura, principalmente.

— Eu imaginei. – Os olhos dele estavam focados na estrada a sua frente. – Eu sempre achei que não me encaixava no nosso grupo de amigos. Eu me lembro até hoje quando nos conhecemos na quinta série.

Hinata sorriu a ele, mesmo que ele não pudesse ver.

— Do que se lembra?

— Me lembro de pensar que Kiba não sabia calar a boca. E que você se parecia comigo, sempre mais quieta.

Hinata riu, nostálgica.

— Isso não mudou muito.

— Não mudou nada. – Shino sorriu também. – Mas depois de conhecer você, eu pude ver que eu me encaixava. Que eu e você sempre fomos essenciais.

— Você quer dizer ao Kiba?

Ele parou o carro em um farol. Olhou para Hinata, sincero.

— A todos, Hina. Você é essencial na vida de todos nós.

A Hyuuga sorriu e agradeceu a seu amigo. Sentiu-se mais leve e feliz. Shino sempre a fazia se sentir melhor.

— Tenho um pedido a fazer a você, Hinata. Veja se não consegue mais uns dias de folga para vir a inauguração da clínica. Isso faria Kiba muito feliz.

Não era comum que Shino lhe fizesse algum pedido. Ela pensaria no assunto, de coração aberto.

—/-

Ouviu seu celular vibrar em cima da mesa, ao lado da cabeceira de sua cama. O horário marcava sete horas e trinta e seis minutos. Hinata estava sentada em sua cama, lendo um livro de suspense. Fechou o livro rapidamente e pegou o celular, desbloqueou e abriu sua caixa de mensagens. Viu que Shion a havia respondido mas temeu em abrir a caixa de conversa com ela. Clicou em outra conversa. Era um grupo chamado “Minhas meninas ♥” e riu sozinha. Era uma conversa em um grupo recém criado com ela, Sakura e Ino.

Ino-chan: Vamos aproveitar a folga da testuda e vamos sair hoje!!!

Sakura-chan: Ai Ino, tô cansada demais, o plantão foi pesado hoje :(

Ino-chan: Nem vem com conversinha, quero beber hoje com as minhas garotas!!! Temos que aproveitar que a Hina tá aqui e a senhora está me devendo FAZ TEEEEMPO uma saidinha ;)

Ino-chan: Sem contar que hoje até o Sai saiu com os amigos dele!!! Quero minhas amigas também!!

Sakura-chan: Só vou se a Hina for o/

A morena pensou no que responder. Não sabia o que dizer.

Hinata: Acho que ouvi meu nome...

Ino-chan: Está mais que marcado então!

Ino-chan: Sakurinha do meu coração, vou passar na sua casa em 15 minutinhos, pega as suas coisas que a gente vai se arrumar na casa da Hina!

Hinata: Na minha casa? Mas eu nem disse se iria...

Ino-chan: Já era, Hina. Estamos indo aí e vamos nem que eu te arraste!!

Sakura-chan: Melhor não insistir Hina, você sabe que ela arrasta mesmo!

Sorriu e bloqueou seu celular, encaminhando até a sua penteadeira, do outro lado do quarto. Ela era essencial. Ela era amada. Ela tinha amigos. Isso era tudo o que precisava, pelo menos naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Beijos e até o próximo!



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