Devout escrita por Stormborn


Capítulo 2
Remorseful


Notas iniciais do capítulo

arrependimento
substantivo masculino
1.
pesar ou lamentação pelo mal cometido; compunção, contrição.

2.
negação ou desistência de algo feito ou pensado em tempos passados.



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Quando Sarada lhe conta de seu novo sonho - ser Hokage, assim como o seu pai - e que ele de alguma forma ajudou a garota a encontrar propósito como shinobi, Boruto quase se sente culpado.

— Hokage. — Ele quase cospe a palavra, em verdadeiro desdém. — Grande bosta.

Boruto não precisa olhar em direção a Sarada para perceber que está sendo observado. Ele nunca precisa, na verdade. A garota se acha mais esperta do que ele, mascarando parcialmente seu chakra e o seguindo por aí enquanto ele trama algumas de suas peças. Mas ele sempre sabe.

— Não duvide de mim. — Ele consegue escutar a resolução de Sarada em sua voz.

— Eu não duvido. — Boruto responde seriamente, ainda sem encontrar os olhos da garota.

Ele sente que não precisa de mais nada, que somente aquelas três palavras são o suficiente para que Sarada entenda que ele nunca vai duvidar dela. Verdade seja dita, Boruto dá mais crédito a garota do que qualquer pessoa que ele conhece. Ele vê o quão inteligente e talentosa ela é, e mesmo sua mente de onze anos é capaz de perceber que um dia, se ela quiser, o mundo todo vai se dobrar na palma de sua mão.

Shino-sensei chega na sala antes que Sarada possa responder, e Boruto sorri agradecidamente.

No decorrer da aula, o Uzumaki pensa no Hokage. Ele não é burro e sabe que as obrigações de um líder são inúmeras em tempos de paz, e o trabalho é tão árduo como em uma vila que nunca parou de guerrear.

Mas toda vez que ele chega perto de tentar entender seu pai ou pelo menos desculpar suas atitudes do passado, Boruto lembra de sua mãe e na tristeza que ele vislumbra quando ela acha que ninguém está olhando. Ele sente uma raiva que faz seus punhos cerrarem, porque não há uma pessoa nesse mundo que mereça ser mais feliz do que sua mãe.

Ela é gentil, com um bom coração, e sempre cora ao falar de seu marido para seus dois filhos. Ele nunca vê sua mãe reclamar da ausência de Naruto e sempre que Himawari chora de saudades, ela lhe abraça e diz que o papai te ama, querida, ele está protegendo todos nós nesse momento. Boruto nunca compra as desculpas de sua mãe, pois ele sabe que no fundo ela gostaria que seu parceiro estivesse ali com eles.

Certa vez ele a perguntou se ela sabia que as coisas seriam assim quando se casou com Naruto.

Boruto viu quando sua mãe arregalou seus já excepcionalmente grandes olhos Hyuuga e uma pontada de remorso bateu em seu coração; não era justo, ele não queria que sua mãe revirasse pensamentos desagradáveis. Sem pensar duas vezes, ele saltou de onde estava e abraçou a mãe com a força de quem tem medo, muito medo, de um dia se encontrar sem esse porto seguro.

Hoje, Boruto é capaz de entender que aquele fora um momento decisivo para sua relação com a mãe. Ele a ama, da forma mais pura possível, e eles dois moldam sua própria dinâmica baseada na vontade inquebrável de Boruto em proteger sua família e garantir dias melhores para todos, incluindo sua irmã mais nova.

Ele não sabe como encaixar o Nanadaime nessa realidade, porque ele é um péssimo pai, nunca está presente, e é sua obrigação perturbá-lo até que finalmente perceba que Boruto só quer que ele faça sua mãe nunca mais sentir culpa por não poder dar o que seus filhos mais querem.

Boruto não odeia seu pai, mas ele definitivamente odeia seu trabalho, ser Hokage.

Recordando das palavras de Sarada, ele encara sua nuca de cenho franzido.

Ele tem a inquietante sensação de que está diante de outro momento decisivo em sua vida. Se ele reconhece em voz alta que Sarada é capaz de alcançar seu objetivo, então se torna sua responsabilidade como um bom e leal amigo auxiliá-la em sua escalada para o topo.

Mas ele, mais do que ninguém, sabe o que isso significa para as pessoas ao seu redor, ser Hokage.

Boruto solta um suspiro longo e, apoiando o queixo na mão esquerda, passa a observar a vila pelas janelas abertas da sala durante toda a aula. Pensando, pensando... Quando o professor dispensa a classe, ele salta para a mesa de Sarada, agachando até ficar na mesma altura que a garota, ainda sentada. Ele ignora o burburinho de seus colegas e até mesmo as exclamações de Shino; olhar bem no fundo dos olhos de Sarada é a única coisa que importa.

Ela visivelmente fica abalada com a rapidez de seus atos e até mesmo pela proximidade entre os dois, o que o faz sorrir como quem sabe mais do que deixa transparecer.

— Tá decidido. — Ele então aponta para si mesmo. — Eu vou te ajudar com esse seu sonho estúpido.

Boruto percebe quando Sarada cora levemente com sua franqueza e desvia o olhar para esconder o embaraço.

Ele não se surpreende quando semanas depois eles se graduam com excelência na Academia e são colocados no mesmo time genin.


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