the Oracle escrita por Aurora Blackburn


Capítulo 1
O Oráculo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas que ainda leem fanfic em 2019! Uma one-shot com essência Dramione, no ponto de visto do nosso bad buy favorito ♥



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Draco Malfoy encarava a porta fechada de um dos quartos da Casa dos Black. Aos dezoito anos, era a primeira vez que entrava na casa em pelo menos cinco. Sirius Black havia morrido e por mais que tivesse deixado a casa para o Potter, Draco era o dono por sangue. 

Essa era a diferença entre os objetos mágicos e os trouxas: tudo tinha uma ordem a ser seguida, um motivo para acontecer. Bruxos não criavam as coisas por acaso. As famílias puro-sangue muito menos. Draco era o único homem que sobrou na linhagem Black e tudo que foi criado ou comprado pelos familiares agora lhe pertencia, independente de papéis dizerem outra coisa. 

Ele respirou fundo, abrindo a porta e saindo do quarto. Seus pensamentos ainda estavam confusos com tudo o que havia visto lá dentro, mas não havia tempo de descansar. 

— E então, funciona? - perguntou Arthur Weasley, que tinha uma aparência cansada com profundas olheiras abaixo dos olhos.

— Sim. - se limitou a responder, passando rapidamente entre os membros restantes da Ordem da Fênix e saindo da casa. Sua mãe e Pansy Parkinson fizeram menção de segui-lo, mas com um olhar ele deixou claro que preferia ficar sozinho. 

Olhou culpado para a prima, Ninfadora, que estava vindo em direção á casa e passou por ela sem falar nada. 

A guerra bruxa tinha tomado proporções inimagináveis. Voldemort, o responsável por aquela marca horrível em seu braço, agora matava todos os bruxos que não o apoiassem, incluindo os sangue-puro. Lucius foi um dos que quase morreu em um dos ataques de raiva do lord, fazendo Narcisa fugir com o filho no meio de uma noite qualquer. 

Eles vagaram alguns dias entre as Mansões Malfoy da Europa mas sabiam que não tinham outra escolha: assim que fugiram viraram inimigos do Lord das Trevas e seriam caçados pelos comensais da morte. Narcisa então resolveu entrar em contato com sua irmã, Andrômeda, que ajudava a Ordem da Fênix e se juntar aos esforços de derrotar o homem que havia acabado com a vida sua e de seu filho. 

Olhou, ao longe, as duas figuras loiras que o observavam sair pela janela da sala. Pansy e Blaise souberam da fuga e decidiram encontrar o amigo Sonserino, com medo do que poderia acontecer se ficassem ao lado de Voldemort. O segundo havia saído junto com alguns dos Weasley para fazer a ronda em torno do terreno, garantindo que não teriam ataques surpresa durante a noite. 

É claro que o pobretão Weasley e a Weasley-Fêmea não ficaram nada felizes em ter que receber os quatro Sonserinos ali, mas Potter, Granger e qualquer outra pessoa com um mínimo de inteligência sabiam que no auge da guerra qualquer aliado é melhor do que inimigo. E, só para garantir, Remus Lupin os fez tomar Veritasserum e uma outra poção que quebra qualquer encanto que pudesse ter sido jogado sobre eles, como a maldição Império. 

— Eu disse que não era uma boa ideia te mandarem para lá, Malfoy. - ouviu a voz irritante e Hermione Granger. - Ainda acho que o mais esperto seria apagar sua memória das últimas horas, mas já que você não concorda…

Ele se limitou a pegar o maço de cigarros no bolso e colocar um entre os lábios, se sentando em um dos bancos em frente a propriedade. De quem foi a ideia idiota de construir uma casa tão perto de um parque trouxa? 

— Se precisar conversar, Malfoy, posso te ouvir. Você fez mais do que sua obrigação entrando naquela sala sozinho. 

Granger sentou ao seu lado, com um bom espaço de distância. Por mais irônico que possa parecer, ela foi a pessoa mais receptiva com ele com sua mãe desde que chegaram. 

Apagar sua memória agora parecia uma opção. Quando Lupin surgiu com a ideia brilhante de mandar o garoto para a sala oculta na Mansão Black, Draco tinha certeza que queria saber o que era guardado ali dentro. Afinal, nunca foi permitido a ele entrar em tão secreto cômodo. Quem não gostaria de descobrir o que vai acontecer em seu futuro? 

As histórias que ouviu quando era criança não faziam jus ao que realmente encontrou quando abriu a porta. Achou que veria apenas a famosa tapeçaria, que cerca quase toda a casa e talvez um livro ou uma penseira com fatos que ainda irão acontecer.

Draco colocou a mão na maçaneta, que ao sentir seu toque fez o barulho da tranca sendo aberta. Hermione Granger grunhiu: já havia tentado abrir aquela porta de todas as maneiras, incluindo o uso do feitiço Bombarda. 

O loiro então entrou, fechando a porta atrás de si. Viu as luzes acenderem, sabendo que alguém da família Black estava dentro do cômodo. 

A primeira coisa que chamou sua atenção foi a tapeçaria: os nomes que ele via na sala principal contava a história da família até o dia atual. Na sala que estava agora, via todos, incluindo os de que ainda irão nascer. 

Como qualquer pessoa curiosa, procurou o próprio nome. Encontrou primeiro o nome da mãe, junto com Andrômeda e Bellatrix. 

Da segunda, viu sua prima Ninfadora, que estava sentada do lado de fora esperando ele sair. Enlaçado ao nome dela, estava o de Remus Lupin e abaixo um último símbolo: um garoto de cabelos azuis com o nome Theodore Lupin cravado em baixo. Todos já sabiam da gravidez, já que Tonks estava com quase sete meses. Por um momento, se permitiu ficar feliz pela prima. 

Até que viu, abaixo do nome dela, uma data em vermelho: 22 de Setembro 1973 a 2 de maio de 1998. 

Esse foi o primeiro choque: hoje, 10 de abril de 1998. Sua prima iria morrer em menos de um mês, assim como o marido. A data de nascimento da criança era a mesma da morte da mãe. 

Sentiu a pressão baixar e quase caiu, se segurando na parede que há pouco lhe assustara. Parou então em frente ao próprio nome, tomando outro susto quando viu seu rosto desenhado no mural mágico. Respirou fundo, decidindo que precisava fazer aquilo. 

Draco Lucius Black Malfoy 

05 de Junho de 1980 - 31 de Outubro de 2059

 

Respirou aliviado por um segundo, pensando que ao menos viveria até os 79 anos, o que significava que sobreviveria à maldita guerra. Como num impulso, olhou para o símbolo ao lado de seu nome, reconhecendo-o: Astória Greengrass, a irmãzinha de sua amiga Daphne. 

Por Merlin, Astória tinha o quê, quinze anos? 

Permitiu-se rir da situação, a diferença de idade nem era tão grande assim mas ele mal conhecia a garota. Olhou novamente, vendo o nome de seu futuro filho: Scorpius Hyperion Greengrass Malfoy, nascido em Março de 2003. Ou seja, ele tem quatro anos para conhecer a garota, namorar, quem sabe casar e engravidá-la até o meio de 2002?

Continuou a seguir sua própria linhagem, vendo o nome de Scorpius junto com o de uma garota qualquer, escrito em azul, provando que a linha puro-sangue se manteria. 

— Oh, meu lindo neto! - ouviu uma voz fantasmagórica o chamar do fundo da sala. O susto foi tão grande que sentiu seu coração sair do peito. - De quem foi a ideia estúpida de te colocar aqui dentro, Draco? Não me diga que a ingênua que chamei de filha o colocou nisso. 

Viu, então, a figura de Druella Black, sua falecida avó, sentada ao lado de um grande espelho e vestida exatamente como a pintura que estava pendurada em uma das paredes da casa. Os cabelos escuros e os olhos iguais aos de sua mãe não o deixaram com nenhuma dúvida.

— Você é o oráculo da família. - concluiu, ainda sem se aproximar. - Não é realmente o espírito de Druella, ela nunca seria tão carinhosa. 

— Ela sempre disse que você seria o mais esperto da família. - respondeu o oráculo. - Posso aparecer na forma de outras pessoas, se preferir. Alguém que você respeita. - ela desfigurou o rosto, criando uma longa barba grisalha e transformando-se em Albus Dumbledore, o falecido diretor de Hogwarts. - ou quem sabe alguém que você não admite que ama mas está ali do lado de fora, aguardando sua volta. 

Ele se preparou para o que viria a seguir, já imaginando o ser tomando a forma da garota que era secretamente sua paixão desde os 13 anos. O oráculo riu, voltando a forma de Druella. 

— Não se preocupe, Draco. Não irei me transformar em Hermione Granger. Oráculos podem apenas tomar a forma daqueles que já se foram. - concluiu. - Imagino o que a verdadeira Druella diria se soubesse que seu neto sangue puro está apaixonado por uma sangue ruim. 

— Ela não diria nada, já que o que sinto ou não nunca fará diferença. - ele apontou para a tapeçaria. - Meu filho nascerá sangue puro independente de meus sentimentos. 

— Justo. - se rendeu -  O quê o trás aqui, então, meu jovem? 

— Você é um oráculo. Não deveria saber já a resposta? - o ser riu, sentando-se em uma cadeira e cruzando as pernas exatamente como a avó dele fazia: com a postura perfeita e o olhar amedrontador.

— Eu sei a resposta. Mas faz anos que ninguém entra aqui. Tenho que aproveitar todo o tempo que tiver. Vamos, menino, pergunte. 

Draco então fez o que foi mandando: perguntou para a falsa Druella sobre a batalha. Perguntou se o plano elaborado de Arthur e Remus daria certo. Se Potter iria encontrar todas as Horcrúxes em tempo. Perguntou se sua mãe iria sobreviver e ver o nascimento do neto, já que não queria saber o data de morte da mãe olhando o mural. Preocupou-se em perguntar quem cuidaria do filho de Tonks e se ele seria feliz. 

— Ele será feliz. Crescerá e irá se casar com uma linda mulher, criando sua própria família. 

Ele suspirou aliviado. Levantou-se da cadeira, agradecendo a figura de sua avó materna e encaminhando-se em direção a porta. 

— Porque não pergunta o que realmente quer saber, Draco? Você já está aqui, não tem nada a perder. 

Ele ficou parado por alguns segundos, pensando se realmente deveria fazer o que queria. 

Dane-se, o que ele realmente tinha a perder? Já que teria que viver para sempre com aquilo, que seja a informação completa. 

— O que acontece com ela?

Sua avó sorriu. Ele estava gostando muito mais da falsa versão do que da verdadeira que só sabia reclamar e falar sobre os trouxas. 

— Ela vai se casar com Ronald Weasley. - ele sentiu seu estômago revirar, numa mistura de tristeza e raiva. - Terão dois filhos, um garoto e uma garota. Em duas décadas irá se tornar a Ministra da Magia da Grã Bretanha. 

Ele ergueu o rosto, arrependido da pergunta. Já estava com a mão na maçaneta da porta quando ouviu a voz de Druella pela última vez: 

— Ela não será feliz com ele, Draco. Terão filhos, o que será sua felicidade por um tempo, mas quando estiverem adultos ela irá se separar. Astória já terá morrido até lá. - ela disse, sem remorso, como se falasse do clima. - Em 25 anos vocês...

— Não quero saber! - ele gritou, evitando olhar a mulher. Virou a maçaneta, saindo com raiva. 

 

Sua mente voltou ao presente, olhando a garota parada ao seu lado. Ele havia feito a vida dela virar um inferno e mesmo assim ali estava ela, pronta para lhe oferecer ajuda. 

— Eu decidi entrar. Eu tenho que viver com as consequências do que fiz. 

— O que você viu lá dentro, Draco? - ela perguntou em tom suave, falando seu primeiro nome com cuidado. 

— O futuro. O meu, o seu, o de todos lá dentro. - ela parecia surpresa, o olhando com curiosidade. - Não posso falar, Granger. Você não vai querer saber. É um fardo. Eu sei quando vou morrer, eu sei quando outros irão morrer. - ele soltou a fumaça, olhando para dentro da casa e imaginando seu primo de segundo grau crescendo sem a mãe. - Mas o que importa é que eu sei que quase todos vão sobreviver. E o mais importante, que Voldemort morre de uma vez por todas. 

Ela ficou em silêncio, soltando um resmungo quando a fumaça do cigarro alcançou seu cabelo volumoso. Ele tentava acalmar seu coração, sabendo que ela nunca seria sua e que logo estaria com o pobretão Weasley, com um bebê dele dentro de si. 

Ele sabia que ela merecia a paz de um casamento com um homem bom e o emprego de Ministra da Magia. Ele riu, lembrando disso: Granger sempre foi ambiciosa, independente de ser ou não da Sonserina. 

— Eu sobrevivo? - ela o surpreende com a pergunta. - Eu sei que não deveria ser tão egoísta e perguntar esse tipo de coisa mas…

— Sim. - ele respondeu, por fim, confortando a menina. A última coisa que ele poderia falar sobre Hermione é que ela é egoísta. - Você, o cicatriz e o pobretão. 

Ele se levantou, jogando o cigarro no chão e pisando em cima. A expressão de alívio no rosto da amada o deixava com ciúmes do que ela ainda iria viver com os amigos. Já tinha virado os calcanhares em direção a antiga casa quando ela o surpreendeu novamente. 

— Você sobrevive, Draco? - ela se arrependeu assim que terminou de falar, fechando os olhos com vergonha. A preocupação em sua voz o fez ter certa esperança e se sentir acolhido. 

— A guerra sim. 

— Que bom. - ela concluiu. - Eu gostaria de ser sua amiga quando tudo isso acabar. Deixar o que aconteceu no passado. - ela disse, honesta. Ele riu. Sabia que não conseguiria ver ela como amiga, muito menos se isso incluísse vê-la casando com Ronald e carregando seus bebês. 

— Quem sabe em 25 anos. - ele riu amargurado, lembrando da frase incompleta do oráculo. 

Viu uma movimentação estranha na entrada da casa, seguindo junto com a morena para lá rapidamente com as varinhas em punho. 

— Draco! - ouviu a voz de Pansy - Daphne e os Greengrass resolveram se aliar a Ordem da Fênix! Venha! 

Olhou a figura de Astória Greengrass, no auge dos 15 anos, parada no topo da escada, parecendo perdida. Viu Hermione se aproximar de Póllux Greengrass, o pai de Astória e resolver subir para ajudar a menina. 

Serão longos anos. Melhor começar agora. 


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