Letters To Hope (Hosie) escrita por 21swanqueen


Capítulo 1
Constelações




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Eu ainda sorrio, mesmo após dias, a cada instante em que minha mente me traz de volta à noite em que me confessara, de forma que eu jamais esperara, seus sentimentos por mim. É deveras extraordinário o quanto seus olhos castanhos e leves cabelos escuros passaram a assombrar-me minuto após minuto, deslumbrantes. Soa como os terríveis clichês românticos, nos quais eu não suportava. Ela é minha amiga, que me fez sentir viva outra vez, após a morte de meus pais. Ela se declarara, e eu temi, jamais ditei palavras de volta. 

Josie Saltzman. 

Elogiar-te tornou-se a tarefa mais difícil, impossível. Dizer que teu rosto, com delicados traços caricaturados, é belo não seria o suficiente. Esplêndido não faria jus aos teus olhos, tão brilhantes como os astros dos céus, em noites estreladas. Por enquanto não encontrara elogios viáveis para ti. 

Mantive-me segura de mais sentimentos, isolando-me, para justo agora suspirar por alguém? 

As decepções amorosas não bastaram? Não, Josette não era como Landon, ou como Roman.  

O que mais importa é que tudo aconteceu rapidamente. Tentei fugir, mesmo sabendo de meus sentimentos recíprocos, tentei esconder-me de todo aquele envolvimento que surgira diante de meus olhos. Em contrapartida, deslizei na armadilha que nossos corações nos pregam. Foi inevitável. Resultando, então, em toda a minha paixão. 

Nesta entristecida manhã, tão acinzentada que o sol não encontrara a chance de brilhar, encontrei a carta que Josie jurara ter queimado. Era a única coisa intacta que sobrara do incêndio. Ela, então, estava errada. Errada em achar que eu jamais teria a chance de desfrutar suas palavras. Errada em achar que conseguira se livrar do bilhete. Porém, certa em achar que eu fugiria de meus sentimentos, como sempre. 

Quando lhe entreguei o colar eu já era dela, meu coração e minha alma a ela já pertenciam. A quem mais eu queria enganar, a não ser a mim mesma? 

Ainda podia-se ser produzido em minha mente as palavras de Josie, ecoando repentinamente em meu subconsciente: 

“Eu tinha uma queda por você. Quem não teria?” 

Confesso ter sido pega de surpresa. Por todo o tempo em que compartilhamos pequenos momentos juntas, mesmo que como amigas, pensei que Josie nutria sentimentos por sua ex-namorada, Penélope Park. A forma de como ambas se encaravam e de como Park a provocava, haviam sido os principais motivos para que eu nunca deixasse meus sentimentos por Josie falarem mais alto. 

Agora, eu corria, em minha forma de lobo. Sentia a fria brisa da noite chocando-se e balançando meus pelos esbranquiçados. Sentia um certo conforto ao correr para esfriar a cabeça, e foi isso que fiz durante essas últimas noites. Correr para esfriar a cabeça. Para pensar melhor. Mas, no final de tudo, meus pensamentos sempre voltavam para ela. 

Josie Saltzman. 

Parei, finalmente, pela primeira vez em tanto tempo. Parei de correr, e sentei-me desfrutando do esplêndido céu escuro, detalhado com constelações que mais me pareciam desenhos de animais. Parei de pensar em quão covarde fui; parei de me lamentar. Apenas... Parei. Lamentar-se, afinal, não ajudaria em absolutamente nada. 

Lamentar-se, choramingar não faria com que eu tivesse Josie comigo.  

Não adianta chorar pelo leite derramado, no final de tudo. 

Agora, por longos minutos, meus olhos totalmente fixados aos céus em total contemplação daquele acontecimento que só presenciara em filmes. Não era normal o céu estar tão... tão repleto e decorado por estrelas. 

“O céu perfeito, tirando-me o fôlego, mais me parece magia.” Pensei. 

Pisquei três vezes com aquela informação, que estalou em minha mente.  

Levantei-me rodeando todo o lugar com o meu olhar observador, aliás, tudo indicava que eu não estava sozinha ali. O tempo inteiro eu estava sendo observada, e não havia percebido ou escutado passos sobre as folhas secas ao chão. 

— Quem está aí? — indaguei em alto tom, para que a pessoa soubesse que eu estava ciente de sua presença. 

Finalmente escutei passos descuidados quebrarem, talvez um pequeno galho de árvore.  

— Apareça logo! — ordenei irritada, abrindo as mãos para caso fosse alguém perigoso. 

— Acalme-se, Hope! — ouço, então, a suave voz que tanto assombrara meus pensamentos. 

Josie saiu de trás de uma das árvores, com suas mãos erguidas em rendição, e com seus lábios arqueados para cima, formando um de seus tímidos e belos sorrisos. 

Não, não era possível que agora estava ouvindo vozes também... não era possível que agora eu estivesse vendo seu rosto em todos os lugares. 

— Sou eu. — ela sorriu outra vez, aproximando-se cuidadosamente como se eu fosse um perigo. 

Eu não a culpava por estar daquele jeito... Um pouco sem graça. Afinal de contas, ela havia dito sobre seus sentimentos e eu nada respondi, e agora eu praticamente tinha a ameaçado. 

— Desculpe-me. — disse, olhando-a de lado. — Não pretendia ameaçá-la. 

Ela, por sua vez, deu uma curta risada. 

— Ninguém manda chegar e não avisar. — continuei. 

— Você foi quem chegou do nada. Eu somente ouvi você, e vim ver como estava... — a última frase foi pronunciada entre sussurros, como que se temesse minha reação ao ouvi-la. 

Naquela fração de segundos, senti-me a pior das pessoas em fazê-la achar que havia me magoado, quando, na verdade, deixou-me me sentir a pessoa mais contente ao saber que a mesma possuía sentimentos por mim. 

— O que está fazendo aqui, afinal? — ela perguntou. 

— Eu... — senti minha fala falhar, fazendo-me gaguejar, e seus olhos pousarem em meus lábios, em seguida, subir vagarosamente até os meus. Droga! Eu não esperava encontrar alguém para dar explicações. — Eu precisei correr um pouco, sabe, para dar uma volta e esfriar minha cabeça. Livrar-me de pensamentos... enfim, e você, o que faz aqui? 

Percebi uma de suas sobrancelhas arquearem discretamente, e, em seguida, ela se sentar à vontade sobre a grama. 

— Estava dando uma volta. Deixei Lizzie com MG um pouco. — deu de ombros, olhando para mim como se me convidasse para sentar ao seu lado. 

Por um segundo, observei-a abaixar a cabeça pensativa. 

— Desculpe-me, Hope. — franzi o cenho, completamente desentendida. — Eu não queria assusta-la com tudo o que eu disse naquele dia. Foi por isso que queimei a carta... Porquê sabia que iria ficar tudo muito estranho entre nós. 

— Você não me assustou... Bom, pegou-me de surpresa, mas não me assustou. — ainda de pé, inclinei meu corpo para colocar uma mecha de seus cabelos para trás da orelha. — Eu que peço desculpas por deixá-la achando que me deixou mal... Ou por não dizer que sou a pessoa mais sortuda do mundo em ser amada por você. — ela abriu e fechou a boca, talvez processando minhas palavras. 

Segurei sua mão, que ela estendera para me ajudar a sentar, e acompanhei-a ali. 

— O céu... Estava lindo. — afirmei, olhando para o céu limpo, apenas com a lua sobre ele. — Era você, não é? 

Ela sorriu, fitando-me profundamente, e assentiu. 

— Eu sabia! Estava perfeito demais para ser real. 

Josie retribuiu meu agradecimento com um outro sorriso, o que impressionantemente não me irritava nem um pouco vê-la sorrindo tanto ao meu lado. Em seguida, sussurrou palavras de um feitiço, fazendo com que o céu sobre nossas cabeças ficasse totalmente desenhado outra vez.  

Constelações das mais populares, até as mais desconhecidas, perfeitas e indescritíveis. 

— Por quê? — indaguei, olhando-a. — Por quê parou de dar sua volta para fazer um feitiço para mim? 

— Eu falei com papai que iria dar uma volta, e assim o fiz. — contava, admirando sua obra: o céu composto por desenhos feitos por alinhamentos entre os pontinhos das estrelas. — Ouvi você... Parecia estar chateada, pensativa. Precisava alegra-la um pouco. 

— Por quê?  

— Como eu disse, Hope, eu tenho uma queda por você. — respondeu um pouco irritada, voltando a me olhar, e percebendo meu sorriso para a mesma. 

Eu sabia que tocar naquele assunto; fazê-la repetir tais palavras não a agradaria, mas eu era covarde demais para dizer...  

Josie mirou seus belos pares de olhos castanhos para o céu outra vez, ficando muda e com as órbitas brilhantes. Sendo assim, acompanhei seu olhar, sentindo agitadas borboletas em minha barriga. 

— Eu te amo, Jojo. — repeti as palavras escritas nas estrelas aos céus. 

Sim, eu não tinha coragem de dizer simplesmente, do nada. E achei que aquele momento seria perfeito... Ali, em baixo das estrelas

— O fiz pra você... — sussurrei. 

— Sério? — perguntou com os olhos marejados. 

— Eu... Eu tive medo, Josie. — confessei, abrindo meu coração inteiramente. — Quando lhe dei o colar eu já gostava de você, no entanto, afasto-me de sentimentos fortes. E pensei tanto nos últimos dias... — comecei a tagarelar, sem saber ao certo o que dizer. Embora o mais importante já havia lhe dito. 

— Shi... — sussurrou, pondo seu dedo indicador em meus lábios, para que me calasse. 

Segurei sua mão, beijando seu indicador, olhando-a. Dedilhei cada detalhe de seu rosto delicado, macio e quente. 

Naturalmente, lentamente, nossos rostos se aproximaram, resultando em um beijo delicado, sentimental. Levei minha mão à sua nuca, sentindo-a me puxar mais para perto. Sua língua serpenteava em minha boca, movimentando-se junto a minha. 

Meu coração encontrava-se desenfreado, como uma locomotiva, em um misto delicioso de sentimentos e sensações por Josie. Afastamo-nos, ainda permanecendo com os rostos próximos, sorrindo juntas. 

Por fim, não me custou nada dizer que a amava... Eu apenas ganhei com isso. Ganhei seu beijo, ganhei seu sorriso, e seu repleto amor. 

“Amar é um sentimento, no qual todos estamos destinados a conhecer, mesmo que tenhâmos construído barreiras ao nosso redor.” 


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