O Assombrado escrita por Chouette


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Não leia às 3 da manhã...



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            A casa amaldiçoada ficava no meio da rua número 5.

            Não havia como evitá-la, os moradores até que tentavam. Apesar de afastada da calçada, a fachada escondida por árvores e um jardim malcuidado, era impossível não a sentir sempre que alguém passava por ali. Mesmo à luz do dia, seu aspecto abandonado e toda a história por trás dela sempre traziam calafrios à pele de qualquer pessoa sã.

            Naquele fim de tarde um casal andou pela sua calçada e não somente sentiram algo como ouviram também.

            — Espera, Marcos, eu ouvi algo — disse a garota, tirando o braço do namorado do ombro e parando bem na entrada do caminho de pedra que levava para a casa. — Não ouviu? Tem alguém lá dentro.

            — Da casa amaldiçoada? — perguntou Marcos. — Abby, corta essa, ninguém entra aí.

            — O meu irmão mais novo entra. Ele e os amigos gostam de se aventurar lá dentro.

            — Não deviam.

            Marcos tentou passar o braço no ombro da namorada de novo, mas ela o evitou. Dessa vez ele também ouviu algo e claramente a voz vinda de dentro da casa.

            — Socorro!

            — Você ouviu. — Abby abriu o portãozinho enferrujado da entrada e caminhou apressada para a porta da frente.

            — Abby, espera! O que você está fazendo? A gente não pode invadir...

            Ele não conseguiu terminar o que ia dizer, pois Abby já tinha aberto a porta e desaparecido na escuridão da casa lá dentro. Ele não viu outra solução senão segui-la.

            — Oi! — gritou ela. — Tem alguém aí? A gente ouviu você...

            Um barulho alto e seco no cômodo bem em cima da entrada silenciou a garota. A madeira parecia apodrecida e prestes a cair. Marcos sentiu um calafrio intenso enquanto poeira chovia do teto como em câmera lenta.

            — Abby, vamos lá para fora — sussurrou ele. — Se alguém precisa de ajuda, nós chamamos a polícia.

            — Pelo amor de deus, Marcos, devem ser só crianças. Ficaram presas lá em cima e agora não conseguem sair. Vamos dar uma olhada.

            Se Marcos não estivesse confuso, talvez ele tivesse impedido Abby de subir as escadas, mas aquilo estava acontecendo tão rapidamente que ele não conseguiu evitar. Estavam no corredor do andar de cima, caminhando em direção da porta fechada do quarto da frente. Abby abriu a porta e ela rangeu irritante.

            — Abby... não...

            Ela meteu a cabeça para dentro do quarto, depois tornou a fechar a porta. Voltou para perto do namorado preocupada.

            — Eu acho que tem alguém lá dentro.

            — Vamos chamar a polícia, por favor, a gente não devia estar aqui...

            — Para de frescura, Marcos. Era você que devia estar lá para checar se tá tudo bem.

            Marcos engoliu em seco, concordando com ela. Ele era 30 centímetros mais alto que ela, mas não compartilhava da mesma coragem. Tentou mostrar que não estava tão amedrontado quanto parecia e abriu a porta do quarto.

            Entrava alguma luz pela janela sem vidros, mas não muita. Não havia mobília, não tinha como Marcos se enganar do que ele viu no canto oposto do quarto: tinha alguém agachado virado para a parede.

            — Ei, você está precisando de ajuda? — Ele tentou dizer, mas a voz saiu desajeitada, tomada pelo descontrole. — Ei, eu tô falando com você!

            Deu um passo na direção dela e a pessoa olhou para trás. Mesmo com aquele rosto deformado, Marcos reconheceu de imediato: Abby estava agachada e olhando de volta como um cadáver de olhos abertos e sem vida, mas ainda assim fazendo um barulho de sucção exagerada sempre que inspirava.

            — Mas que p...

            Ela sorriu, dentes amarelos e estragados, parecia estar morta há semanas.

            Marcos reagiu rapidamente. Se virou e correu para fora do quarto. Não encontrou Abby onde a tinha deixado no corredor, e não parou para procurá-la. Aquilo estava errado, completamente errado, ele precisava fugir dali o quanto antes. Tropeçou na entrada da casa e caiu com a cara na terra do jardim.

            Algo caiu do seu lado. O barulho foi terrível e ele sabia o que era antes de olhar para o lado e constatar o pior: Abby tinha pulado ou sido arremessada do andar de cima. Não era a Abby cadáver, mas a de verdade, a sua namorada, que agora estava deitada no jardim com os membros torcidos em ângulos estranhos e perturbadores.

            O grito que saiu da garganta de Marcos chamou a atenção de toda a vizinhança, mas não era a primeira vez que ouviam algo semelhante na casa amaldiçoada... nem seria a última.


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Notas finais do capítulo

Olá, obrigado pro ler o início dessa história! Não se esqueça de comentar o que achou e me incentivar a continuar! =D



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