Susan, a filha de um Vingador (3ª Temporada) escrita por Lia Araujo


Capítulo 15
Tratado de Contenção




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POV Susan

 

 

Um Mês Depois


Depois do ocorrido em Lagos o clima na Torre estava pesado, as crianças perceberam isso, tanto que estavam um pouco fechadas, não brincavam tanto como antes. Depois de leva-los a escola, Nico disse que cuidaria do Buffet e que eu precisava descansar um pouco, mal tenho dormido desde incidente. Só tenho conseguido respirar tranquilamente porque os deuses impediram que eu fosse reconhecida nas imagens de vídeo.

Estava na sala de estar do meu pai, liguei a televisão e estava passando uma materia sobre a missão em Lagos

"Onze Wakandanos estão entre os mortos, durante o confronto do Vingadores e um grupo de mercenários, em Lagos - Nigéria, no mês passado. - a reporter dizia - Os Wakandanos tradicionalmente reclusos, estavam em missão em Lagos, quando o ataque ocorreu."

"O sangue de nosso povo foi derramado em solo estrangeiro, não apenas pelas ações de criminosos, mas pela indiferença daqueles que juraram impedi-los - o rei de Wakanda falou em uma coletiva - A vitória as custas de inocentes, não é vitória alguma."

Mudei de canal e vi que passava outra matéria.

"Que autoridade legal, um indivíduo aprimorado, como a pessoa que estava com os Vingadores e que ainda não foi identificada, tem para operar na Nigéria..."

A TV foi desligada e olhei para o lado, vendo o Steve com o controle na mão.

— Interessante como sempre encontram alguém para jogar toda a culpa - falei e ele se sentou ao meu lado

— Não foi sua culpa - Steve falou se sentando

— Eles possuem uma opinião muito diferente - murmurei

— Eu devia ter percebido a bomba, antes de você ter que lidar com ela - Steve falou sem me olhar - Rumlow disse Bucky e de repente eu tinha dezesseis anos de novo, no Brooklin. E pessoas morreram, a culpa é minha.

— A culpa não é sua, não é minha, nem mesmo do Rumlow - falei e ele me olhou - Não temos controle de quem morre ou quem vive, não temos como salvar alguém que já está prestes a morrer.

— O que quer dizer? - ele perguntou sem entender

— Cada pessoa tem uma linha da vida, e quando ela é cortada, não há mais nada a se fazer - respondi olhando-o - Desde o momento em que chegamos em Lagos, senti que a morte de muitas pessoas estavam perto.

— Porque não me falou? - ele perguntou sério

— Porque esse fardo é meu, Steve - respondi sinceramente - A bênção de Hades me permite sentir a morte das pessoas a minha volta e sentir cada uma delas chegar ao submundo, tenho que lidar com isso desde os meus quinze anos. Já basta, o Nico e eu carregarmos isso.

— O meu trabalho é tentar salvar o máximo de pessoas possível, as vezes não significa todo mundo - Steve falou olhando para o chão - Mas se não souber conviver com isso, na próxima talvez ninguém seja salvo.

— Saber que não poderia ter feito nada para salvar aquelas vidas, diminuiria a sensação de fracasso por não ter conseguido fazer nada por elas? - perguntei olhando-o e ele ficou calado - Vou considerar seu silêncio como um não. E por experiência, digo que está certo. Eu queria poder ter feito algo.

— Não teria como você conter uma explosão como aquela - Steve falou tentando me consolar e de ar de riso

— Steve, aos 16 anos consegui conter o poder do Thor no Novo México, impedindo a cidade de ser destruída, quando tinha leucemia - falei olhando-o - Acha que não conseguiria conter ou direcionar aquela explosão?

— Você liberou de propósito? - Steve perguntou se levantando

— Não foi isso que aconteceu - falei me levantando também - A morte já estava vindo busca-las, eu não tenho autoridade para impedi-lá, apenas iria retardar a morte daquelas pessoas se eu fosse confronta-lo. Tentei impedir a morte delas, o anjo da Morte percebeu e me atingiu de alguma forma, me desconcentrei e a explosão aconteceu.

— Capitão Rogers, o Senhor Stark solicitou a sua presença - a voz dos Jarvis se fez presente - Ele o aguarda com os demais vingadores, na sala de reuniões.

— Sabe qual é o assunto? - perguntei simplesmente

— Não, senhorita Stark - Jarvis respondeu - Mas ele trouxe um convidado.

— Nós sabemos quem é? - Steve perguntou

— É o secretário de Estado - Jarvis respondeu, Steve e eu nos olhamos

— Acho melhor vermos o que está acontecendo - falei e seguimos em direção ao elevador

Fomos para o andar onde tinha a sala de reuniões dos Vingadores, assim que entramos vi, a Natasha, o Sam, o Rhodes (O Patriota de Ferro), o Bruce e o meu pai que estava sentando mais afastado no canto.

— Capitão, obrigado por se juntar a nós - o Secretário cumprimentou o Steve e em seguida me olhou intrigado - Senhorita Stark, o que faz aqui?

— Interessante, o Senhor vem a Torre e me questiona sobre o que faço aqui - falei me aproximando de uma das cadeiras para sentar - Não tenho o direito de ir e vir na minha casa?

— Desculpe, não foi isso que quis dizer, senhorita Stark - o Secretário falou fingindo um pouco de constrangimento

— É senhora Di Ângelo - corrigir e ele pareceu engolir as verdadeiras palavras que gostaria de dizer

— Desculpe o meu equívoco... - ele começou e o interrompi

— Não se desculpe, é um erro comum - falei simplesmente, ele limpou a garganta, enquanto os demais disfarçavam seu divertimento

— Só fiquei surpreso de vê-la em uma reunião com os Vingadores - ele disse e assenti

— Não posso saber o que é tão importante que precisaram reunir a minha família? - perguntei olhando-o

— Imagina, é que foi... inesperado - ele falou me olhando

— Podemos começar? - Steve perguntou e o secretário pareceu agradecer pela mudança de assunto.

— Há cinco anos, eu tive um infarto e cai bem no meio de uma partida de golfe - ele falou gesticulando como se revivesse a cena - Acabou sendo a melhor partida da minha vida, porque após treze horas de cirurgia e três pontes de safira, eu descobri o que quarenta anos no exército nunca me ensinaram... perspectiva.

Observei meu pai que estava em silêncio olhando atentamente o secretário.

— O mundo deve aos Vingadores uma dívida imensurável, vocês lutaram por nós, nos protegeram, se arriscaram - o Secretário continuava seu discurso - Mas enquanto muitas pessoas os vêem como heróis, existem aqueles que preferem o termo vigilantes.

— E qual termo o Senhor usaria, senhor secretário? - Natasha perguntou olhando-o

— Que tal, perigosos? - ele respondeu com outra pergunta - Como chamaria um grupo de aprimorados residentes americanos, que rotineiramente ignoram as fronteiras internacionais e forçam a sua vontade onde quer que vão, onde francamente parecem despreocupados com o que deixam para trás.

Ele se virou na direção do monitor, ligando-o e dando acesso para que pudéssemos ver o que mostrava.

— Nova Iorque - ele mostrava cenas dos ataques de Loki, onde os destroços do Hulk caíram sobre a pessoa que filmava a cena, Banner abaixou a cabeça

— Washington D.C. - imagens do que aconteceu durante a queda do projeto Insight durante o ataque do soldado invernal, uma das naves caiu causando uma forte onda causando afogamento de algumas pessoas

Nesse momento, Sam desviou o olhar.

— Lagos - O secretário falou mostrando imagens do prédio em chamas e de alguns corpos, dessa vez eu desviei o olhar

— Okay, já chega - Steve falou ao notar meu desconforto, o secretário desligou as imagens

— Nos últimos doze anos, vocês operaram com poder ilimitado e sem supervisão - O secretário falou firme - É uma situação que os governos do mundo não podem mais tolerar, mas acho que temos uma solução.

O assistente dele entregou um arquivo para o secretário.

— O tratado de contenção de danos, aprovado por 117 países, estabelece que os Vingadores não devem mais ser uma organização privada - O senador falou colocando o tratado na mesa e começou a andar pela sala - Invés disso, eles operarão sob supervisão de um painel das nações unidas, apenas quando e se, esse painel julgar necessário.

— Os Vingadores foram formados para tornar o mundo um lugar seguro - Steve falou direcionando seu olhar pro secretário - E nós conseguimos isso.

— Diga-me, Capitão - O secretário falou olhando-o - Sabe onde o Thor está agora? Se eu perdesse uma bomba atômica pode apostar que haveriam consequências.

Ele voltou a caminhar até o local em frente a mesa

— Compromisso. Garantias. É assim que o mundo funciona. - O secretário falava - Acreditem, esse é o meio termo.

— Então, existem contingências - Rhodes falou olhando os papéis do tratado.

— Em três dias a ONU, se reúne em Viena para ratificar o tratado - O secretário falou simplesmente

Steve olhou para o meu pai que parecia bastante distraido olhando para o celular.

— Passar a limpo - O secretário concluiu

— E se tomarmos uma decisão que vocês não gostem? - Natasha perguntou olhando-o

O secretário parou de caminhar e a olhou

— Então saem de cena - foi tudo que ele respondeu.

A sala ficou em silêncio por um tempo, não demorou muito até que o secretário fosse embora com o assistente. Cada um estava com a cópia do tratado, todos se levantaram e saíram, exceto eu e meu pai, me levantei e fui em direção a ele.

— O que tá acontecendo? - perguntei e ele me olhou

— Nada - ele respondeu se levantando

— Você sabe que não me engana - falei olhando-o nos olhos - O que está te incomodando?

— Eu só estou pensando sobre tudo isso - ele respondeu e deu um beijo na minha testa - Não se preocupa, eu tô bem.

Ele seguiu em direção a porta segurando a cópia do tratado.

— Não. Você não tá - murmurei e fui em direção a porta

Entrei no elevador e voltamos para a sala de estar do meu pai. Ele foi direto em direção a escada e seguiu o caminho para o quarto. Os demais vingadores estavam na sala, lendo o tratado, fui para a cozinha, peguei um copo com água, senti uma alma chegar ao mundo inferior, que foi encaminhada para os Campos Elíseos.

Ouvi um celular tocar na sala, olhei e vi o Steve lendo o torpedo, ele congelou no lugar e não fui a única pessoa a notar isso. Natasha se aproximou do marido.

— Steve? Tá tudo bem? - Natasha perguntou, eu notei o Steve lacrimejar e entendi o que aconteceu

Caminhei em direção a ele, que permanecia quieto.

— Peggy? - perguntei e ele assentiu - Sinto muito, Steve.

— Você sentiu? - ele perguntou me olhando e assenti

— Ela tá bem - falei olhando-o - Está nos Campos Elíseos, desfrutando do que há de melhor lá.

— Obrigado - ele falou dando um sorriso de leve.

— Quando vai ser o enterro? - Natasha perguntou olhando-o

— Hoje a tarde - ele respondeu simplesmente

— Vou preparar a sua roupa - Natasha falou se levantando

— Poderia me acompanhar? - Steve perguntou e Natasha assentiu olhando-o

— Su... - Natasha começou, mas sabia o que iria me dizer

— Eu tomo conta do Phil, não se preocupe - falei e ela deu um sorriso de canto

— Obrigada - ela falou e se retirou

Deixei o Steve na companhia do Sam que tentava consola-lo, fui para o elevador indo para o andar do meu apartamento, entrei para adiantar as coisas antes que as crianças chegassem, não demorou muito até que alguém batesse a minha porta.

Quando abri, vi a Natasha que estava com uma mochila em mãos e dei passagem pra ela.

— Vim deixar as coisas do Phil para quando ele chegar da escola - Natasha falou pondo a mochila no sofá

— Tudo bem - falei e vi que ela estava um pouco nervosa - Tá tudo bem?

— Não, não está - ela falou se sentando no sofá e pondo as mãos na cabeça - Primeiro, o incidente em Lagos, depois essa história de tratado, agora a morte da Peggy, isso tudo está afetando muito o Steve.

— Imagino, sei que vai ser muita coisa pra assimilar de uma vez - falei me aproximando dela e me sentei ao seu lado - Sei que precisam de um tempo para entender tudo o que aconteceu no último mês. Se quiser, o Phil poderia dormir aqui essa noite.

— Obrigada, Su - ela falou abaixando as mãos

— Não precisa agradecer - falei com um sorriso discreto - É meu dever como madrinha do Phil.

— Antes de irmos ao enterro trago o pijama dele - Natasha falou e assenti

— Está bem - falei e ela foi em direção a saída do meu apartamento.

Voltei para a cozinha, terminei de esquentar o almoço e fui tomar um banho bem demorado, no caminho mandei uma mensagem para o Nico dizendo que o Phil dormiria aqui e avisei ao Happy que iria buscar as crianças para avisar ao Phil que ele ficaria aqui em casa hoje.

Após terminar o meu banho, peguei um vestido confortável e o vesti. Não demorou até que eu ouvisse a porta do apartamento sendo aberta, sai do quarto e fui em direção a sala.

— Oi mamãe - Evie falou depois de largar a mochila no sofá e veio na minha direção

— Oi, meu Amor, como foi a aula? - perguntei olhando-a com um sorriso

— Foi boa - ela falou dando de ombros, mas pareceu um pouco desanimada

— Está bem, guarda as suas coisas e se arrumar pra almoçar - falei olhando-a, ela assentiu e foi buscar a mochila

— Oi Phil - ele estava muito mais quieto que o normal - Tá tudo bem?

— Tá - foi tudo que ele respondeu ajustando a mochila nas costas

— Tem alguma coisa te incomodando - afirmei sentando no sofá e puxando-o delicadamente para que ele se sentasse ao meu lado - Me conta o que é?

— Tudo parece diferente desde a missão - Phil respondeu - O papai está sempre preocupado, a mamãe sempre muda de canal quando os noticiários começam. Isso tem a ver com a mamãe pedir que eu ficasse aqui hoje?

— Não quero e nem vou mentir pra você, tá bem? - perguntei e ele assentiu - Existem muitas pessoas que estão querendo exigir muita responsabilidade dos seus pais, eles estão preocupados, mas não é por isso que vai dormir aqui hoje.

— Então porque é? - ele perguntou intrigado

— Seu pai perdeu uma grande amiga essa tarde - eu respondi olhando-o - E sei que em momentos assim as vezes precisamos ficar um pouco sozinhos para entender tudo que aconteceu. Entende?

— Entendi - ele respondeu um pouco mais tranquilo

— Agora vai ser arrumar para o almoço, enquanto eu arrumo a mesa - falei e ele assentiu levando a mochila da escola nas costas e a de roupa na mão.

Respirei fundo quando ele sumiu no corredor, pouco antes de me levantar. Tudo estava tão bem, bem até demais.


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