Convivência. escrita por Jhiny Lesnar


Capítulo 1
Capítulo Único.




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Estava quente, e por mais que ela diminuísse a temperatura do ar-condicionado, parecia que o calor aumentava gradualmente. A noite estava abafada e a previsão do tempo dizia que iria continuar até as próximas chuvas começarem, ou seja, depois de outubro, que segundo Sakura, só aconteceria em novembro. O ar parava nessa estação do ano e durante o dia as temperaturas chegavam a quarenta graus Celsius com sensação térmica de quarenta e dois. Realmente, quando fazia calor, a cidade era campeã. Sakura suspirou rolando em cima da cama para o lado esquerdo, tentando de alguma forma achar o sono que havia desaparecido. Passava das nove e meia da noite e o desconforto não a deixava relaxar. Sua indignação saiu através de um muxoxo. Resignada, levantou-se preparada para ir tomar outro banho. Arrastando os pés contra o tapete extremamente fofo, Sakura seguiu para o banheiro, rezando para conseguir dormir depois. Durante sua ducha, ela imaginou como Sarada conseguira dormir calmamente sem nem se mexer. Ela foi ao quarto da filha de cinco anos há meia hora atrás, e ela simplesmente jazia num sono profundo, com a mão esquerda levada até o queixo e os cabelos escuros jogados por cima do travesseiro e ressonava tranquila. Levando em conta que o ar-condicionado também estava operando a todo vapor, refletiu. Sakura rio diante seu pensamento. Deu um beijo na testa da pequena, afastando a cabeleira para longe do rosto redondo e se retirou, silenciosamente.

Depois de quinze minutos sob a água, Sakura confirmou que sua ideia dera certo, pois sentia-se melhor, mais leve e totalmente fresca. Sakura esticou os lábios num singelo riso com a última palavra. Isso seria o que Sasuke falaria. De certa forma melhorou seu ânimo e, por fim, adormeceu.

*

Sasuke avistou o relógio no pulso esquerdo, onde marcava uma hora e quarenta e cinco minutos da madrugada. Não imaginara que chegaria tão tarde em casa, pensou. Ele havia retornado com a previsão de oito horas de voo, no entanto, devido ao atraso da companhia área a viagem se estendeu por mais três horas. Estava cansado, com o corpo dolorido e definitivamente precisava de um banho. Adentrou o hall, tirou os sapatos, colocou-os sobre o aparador e se desfez de seu blazer, levando-o consigo até chegar à sala de estar e deixá-lo sobre o sofá.

Sua casa estava silenciosa. O que era óbvio devido ao horário, debochou levantando uma sobrancelha.

Afundou-se no sofá, esticando as longas pernas pelo tapete.

— Preciso de um banho — murmurou desgostoso e se levantou, lentamente, arrastando os pés pelo piso frio, subindo as escadas com certa lentidão.

Sasuke usou o banheiro para as visitas. Não queria acordar sua mulher. Após trinta minutos de banho, escolheu uma calça de moletom cinza que estava na sua mala e se direcionou para o quarto da sua filha. Fazia duas semanas que estava longe de casa. Sentia saudades. Queria vê-la, apertá-la e fazer cócegas.

A porta do quarto de Sarada estava entreaberta, pois segundo ela, isso era uma prevenção caso ela precisasse da ajuda dos pais, algo que Sasuke era de total acordo. Seus lábios subiram num mini sorriso ao relembrar as palavras perspicazes de Sarada. Entrou suavemente e sentou na borda do colchão, afundando no processo. Afagou os grossos e abundantes cabelos lisos de Sarada, e observou o subir e descer de seu tórax. Igualzinha à sua mãe. Até o jeito que levava a mão ao queixo e a outra deixava a alguns centímetros do rosto, algo que parecia sua mulher. Ele discordava veemente quando diziam que Sarada era sua cópia. A pequena Uchiha era uma miniatura da sua esposa. As únicas coisas que lembravam ele, era seus cabelos negros e olhos numa cor preta brilhante. O resto puxou à Sakura. Totalmente.

Sasuke não soube dizer quanto tempo ficou lambendo sua cria, como Sakura costumava zombar dele, apenas ficou alisando sua cabeça numa carícia fraternal. Por fim, beijou sua testa e rumou para seu quarto.

A primeira coisa que reparou ao chegar ao seu quarto foi o frio. Extremamente frio.

— Mas o que.... — Resmungou pisando no piso congelante.

Seus passos apressados e longínquos alcançaram o tapete felpudo e, extremamente, fofo dentro de segundos.

Sasuke não fez cerimonias, aconchegou-se ao lado de Sakura, puxando-a para perto e enlaçando suas mãos em torno dela. Seu rosto se afundou em seu pescoço, numa simples carícia que representava a saudade que sentia no momento. Ela se virou para se estreitar dentro de seu abraço.

— Amor. — Seu sussurro foi sonolento.

Assim, ambos caíram no sono. 

*

Sasuke acordou primeiro ao som da chuva. Tecnicamente, essa seria a chuva do “caju”, pois nessa época do ano não chovia regularmente. Só havia uns chuviscos, assim Sakura era costumada a falar. O Uchiha aproveitou para observar a esposa sobre seu tórax, o que era raro, já que ela acordava sempre primeiro que ele. Quando ela não acordava primeiro, outra criatura o fazia. Sarada tinha o costume de entrar igual um furacão no quarto e pulava em cima de Sasuke, fazendo-o ficar sem ar. Diante suas lembranças, Sasuke olhou pela janela, apreciando a chuva lá fora. Estava com certos planos para o dia de sábado. Rezava para ser mais fresco devido à chuva, mas quando isso acontecia era uma previsão de que esquentaria mais ainda. Pela experiência que ele tinha, cada vez que caia somente umas gotas do céu, os dias ficavam mais quentes. A sua primeira alternativa era ficar o dia dentro da piscina com sua família, tomando cerveja e comendo porcarias. Tendo por segunda opção ir para a casa de seus pais e entrar na piscina, beber cerveja e comer porcarias e a sua última, e nem menos importante possibilidade, era ir na casa de Naruto, entrar na piscina, tomar cerveja e comer churrasco. De todas suas ideias, a última soou mais vantajosa. Sarada iria brincar com o Boruto e Himawari, assim, os adultos podiam aproveitar o dia. Mas antes, ele iria descontar a saudade da família e posteriormente tomaria sua tão sonhada cerveja.

Em suas divagações, o moreno não reparou que estava sendo, descaradamente, analisado. Sua esposa o encarava, atrevida, com o queixo em cima das mãos cruzadas, mãos essas que jaziam sobre seu peito, onde acompanhava sua respiração lenta.

— Pelo seu sorriso, imagino que estava pensando em algo bem gelado — Sakura sorrio ao final de sua fala, avançando os dedos indicador e o médio da mão esquerda pelo peito do marido até chegar ao seu maxilar, parando e alisando sua barba.

— Hum... diria que era cerveja — Ela gargalhou ao fitar o rosto de Sasuke e confirmar que acertou.

— Não só cerveja, Sakura. — Murmurou desgostoso, abraçando-a, e rolando por cima dela.

— Oi. — Sussurrou ao pé do ouvido da esposa, distribuindo beijos no pescoço, fazendo-a se arrepiar.

— Oi. — Ela devolveu manhosa.

— Senti sua falta — continuou descendo pelo pescoço, mordendo a pele branca e sedosa, chegando até o seio direito.

— Também senti a sua. — Suspirou quando sentiu a boca de Sasuke sobre seu seio.

O Uchiha prosseguiu o percurso pelo corpo de Sakura, chegando à sua barriga lisa, distribuindo beijos e lambidas pela pele cremosa.

— Sasuke — disse Sakura entre um suspiro e outro — Não querendo atrapalhar, mas acho que alguém já acordou. — Sakura choramingou contrariada.

Não demorou cinco segundos da fala de Sakura, quando a porta do quarto foi escancarada e uma cabeleira negra entrou correndo no recinto, pulando em sequência em cima de Sasuke e gritando copiosamente: — Papai, papai!

Sarada agarrou o pescoço do pai, apertando-o com os braços finos, começando a chorar.

— Bom dia, meu amor — Sasuke cochichou afagando os cabelos da filha. — Não tem por que chorar — beijando a testa da morena, levantou junto com ela no colo, só para pular de volta na cama e começar a sessão cócegas.

— Não... para, papai — Sarada não tinha tempo para falar, pois seu fôlego foi tomado pelos risos.

— Você não vai ter ajuda, baixinha — Sasuke frisou mordendo o pé da filha.

Sakura não sabia se ria ou ajudava Sarada. Ela, particularmente, odiava quando Sasuke inventava de torturá-la com cócegas quando queria algo dela.

— Mamãe, socorro — Sarada continuava as gargalhadas pelo quarto.

Sakura avançou pelo colchão, alcançando Sasuke e subindo nas costas dele levando-o a soltar Sarada. As pernas dela enrolaram em torno da cintura dele, apertando-o.

— Isso é golpe baixo — reclamou com o rosto afundado no colchão. — Saiba que eu deixei você me derrubar, Sakura.

Foi a vez de Sakura rir com gosto.

— É tão difícil para você admitir que sou mais forte, meu bem? — Abusada apertou ainda mais as pernas na cintura dele.

Nunca. Sasuke refletiu, jamais ele queria perder o que demorou tanto para conquistar, uma família era o que ele mais queria. Aos trinta e três ele encontrou o amor pela primeira vez. Quando completou trinta e quatro conheceu, pela segunda vez, o amor, Sarada havia chegado. Hoje, perto dos quarenta, queria poder aproveitar ao máximo a segunda chance que Deus estava lhe dando. Ele não ia perder essa oportunidade sem lutar com todas as suas armas.

— Eu amo vocês — os risos pararam quando sua filha murmurou vergonhosa.

— Também amo você, filha. — Sasuke e Sakura falaram ao mesmo tempo, encarando-se no processo.

Se alguém perguntasse para ele o que tinha de mais valioso, sua resposta era simples: sua família.


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